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Café é o item que mais cresceu em receita da Nestlé nos últimos seis meses

Produtos da Nescafé têm bom desempenho para a gigante suíça na Europa, América do Norte e China, compensando parcialmente outra queda nas receitas da Nespresso

O café é o que mais contribuiu como produto em crescimento na paleta de alimentos e bebidas da Nestlé. O café instantâneo Nescafé e os produtos licenciados da Starbucks e Ready to Drink (RTD) impulsionaram o crescimento da Nestlé na Europa, em meio a uma queda de 2,7% na receita semestral do grupo, com receitas caindo ano a ano em todas as regiões, exceto na América Latina.

Em comunicado à imprensa, a Nestlé disse que desacelerou o ritmo de seus aumentos de preços mais cedo do que o planejado, à medida que os consumidores continuam a reduzir os gastos. A empresa ajustou sua previsão de crescimento das vendas anuais de 4% para 3%.

Mesmo assim, os produtos de café tiveram forte desempenho no período e crescimento global de vendas, apesar da queda nas receitas da Nespresso.

Os produtos prontos para beber (RTD) da Nescafé e uma nova linha de bebidas de café focadas na saúde, feitas com as cascas do grão, cresceram na China, enquanto o café instantâneo Nescafé e os produtos licenciados da Starbucks impulsionaram o crescimento na Europa, permanecendo estável no seu maior mercado, a América do Norte.

Quanto à Nespresso, a Nestlé espera recuperação nas vendas com as máquinas de café profissionais Momento e a expansão das cápsulas de papel compostáveis, presente em sete mercados europeus (como França e Suíça) e prestes a entrar na Índia. 

TEXTO Fonte: World Coffee Portal

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Com parceiros, Naveia lança café em grãos e chocolate vegano

A Naveia, marca de produtos veganos à base de aveia, aumentou o portfólio e divulgou duas novas collabs. Uma delas partiu da provocação “será que existe um melhor café ou uma melhor torra para se tomar com leite vegetal?” e deu origem ao Café Naveia, em parceria com a marca curitibana Moka Clube. 

O Café Naveia é um arábica orgânico da variedade obatã, de processamento natural, cultivado na Alta Mogiana (SP). A torra ficou com o pessoal do Moka Clube, que afirma que o café apresenta, na xícara, notas doces e corpo persistente, características complementares ao leite.

O outro lançamento pertence ao universo bean to bar. O chocolate ao leite com café, chamado Chocolate Cappuccino, tem café com curadoria do atual campeão brasileiro de Coffee in Good Spirits, Daniel Munari, e parceria da Utopia Tropical, de Curitiba (PR). A Utopia entrou com o cacau paraense do produtor João Evangelista, e a Royalty Quality Coffee, torrefação de Munari, foi a responsável pela torra do catuaí vermelho, natural, da produtora Maria Gabriela Baracat, do Cerrado Mineiro.

O Café Naveia está disponível no e-commerce da marca por R$ 48 (250 g), e o Chocolate Cappuccino pode ser encontrado no site da Utopia Tropical por R$ 30.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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A arte de pensar fora da caixinha

Como um conceito de marca consolidado, combinado com um design de embalagens bem aplicado, pode conquistar consumidores e impactar positivamente nos negócios

“A embalagem é um meio e não um fim”. A afirmação, extraída do livro Design de Embalagens, de Fabio Mestriner, resume a função do design de um pacote no contato da marca de um produto com o consumidor. Embalagens não servem apenas para transporte, mas também para contar a história de seu conteúdo, transmitir os valores de uma marca e, assim, capturar a atenção de quem compra. No caso dos cafés, os diversos pacotinhos encontrados hoje em dia nas prateleiras das cafeterias e nas gôndolas dos supermercados são um bom exemplo de como este mercado evoluiu.

Em pouco mais de uma década, saímos de desenhos de xícaras com grãos espalhados ao seu redor para embalagens singulares, que exploram jogos de cores, ilustrações criativas, além de tamanhos e formatos fora do padrão. Pensar “fora da caixinha” tornou-se um exercício de descoberta da infinidade de caminhos que uma marca pode percorrer para mostrar sua identidade e cativar o consumidor.

Tudo começa pela estratégia de ação de uma marca. “Ter estratégia é o ponto de partida, o norte durante o processo e na hora de decidir caminhos”, afirma Pedro Cappeletti, publicitário e fundador do estúdio Pedro e o Lobo, em São Paulo, referindo-se ao conhecimento do universo da marca, de seu posicionamento, seu propósito e público-alvo.

Pedro Cappeletti, designer responsável pelas embalagens da Orfeu Cafés Especiais, e a garrafa da edição Arara

Desde 2015, Cappeletti cuida da criação das embalagens da Orfeu Cafés Especiais, uma das principais marcas brasileiras de cafés de qualidade do país. De lá para cá, a parceria já rendeu pacotes pardos de pegada rústica, caixinhas com ilustrações coloridas, garrafas de vidro com rótulos elegantes e embalagens inspiradas nas curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer – estas últimas, lançadas em abril. Cappeletti pensa nas embalagens como uma mídia, em que o importante é entender a que ponto da estratégia elas correspondem. “Assim, entendemos a quem elas se dirigem”, explica ele. No caso da Orfeu, que tem várias linhas de café, cada uma atende a partes da estratégia. “Somadas, elas perfazem os objetivos estratégicos da marca”, conclui.

Foi rascunhando sua estratégia que Vinícius Lima, head da marca baiana Colheita das Alegrias, conseguiu explorar os elementos desejados em seus pacotes de café. “Queríamos uma identidade visual vibrante, que transpirasse alegria e tivesse uma profunda conexão com nossa baianidade”, descreve. A equação, que também deveria despertar emoção e desejo “ao primeiro olhar na gôndola”, resultou na combinação de elementos gráficos característicos do café, como flores e grãos, a cores alegres que remetem ao estado. “O grande desafio é chegar a um equilíbrio entre comunicação e design”, acredita Lima. “Uma embalagem superconceitual pode ser interessante, mas pode falhar em comunicar assertivamente o produto”, alerta.

Latinha da empresa baiana Colheita das Alegrias

Ousadia com conceito

Assim como Cappeletti, Diego Ferreira, fundador do Madura Coffee, do Rio de Janeiro, considera que definir o público-alvo é um elemento fundamental na criação do conceito de uma marca e na elaboração de seus produtos. Assim como a Colheita das Alegrias explora elementos baianos, o Madura Coffee busca inspiração na cultura carioca. “Um de nossos rótulos faz referência à bala tamarindo, muito famosa em terras cariocas”, conta Ferreira, referindo-se à embalagem de um de seus cafés carros-chefes.

Além do Tamarindo, o Cura Ressaca, seu drip coffee, venceu ano passado a 5ª edição da Espresso Design, exposição que acontece na Semana Internacional do Café (SIC) e que premia criatividade, originalidade e eficácia das embalagens de cafés. “A cura não é só etílica, mas refere-se também ao cansaço do dia a dia”, explica o fundador do Madura Coffee sobre a escolha criativa do nome do café. Mas ele também dá uma dica: “Não force a barra se uma ideia nova não te representa e não representa a marca.”

Embalagens da carioca Madura Coffee. O drip coffee (à esquerda) foi o vencedor do concurso Espresso Design 2023

Ser ousado sem se distanciar do conceito é o que Juliane Maciel, diretora de negócios da Oitenta Café, destaca como importante na criação de um projeto. “Uma provocação para quem planeja construir uma marca é sempre pensar no consumidor e encontrar gaps no mercado”, ensina. A marca brasiliense apresenta seus cafés em latinhas com diferentes estampas que, de alguma forma, buscam conversar com as notas sensoriais dos lotes.

Para Juliane, o tipo de embalagem escolhida para a marca já chama a atenção dos consumidores, mas seu layout só será relevante se a qualidade dela for boa. “A embalagem sempre deve representar o produto que carrega, as verdades por trás dele”, acredita ela. Isso porque o design de uma embalagem também leva em conta, além da comunicação com o consumidor, outros critérios importantes, como o de acomodar, proteger, preservar e facilitar o transporte dos grãos.

Embalagens da marca Oitenta Café, de Brasília (DF)

A construção de uma marca

Uma marca deve ser a expressão do motivo pelo qual um negócio existe e de como ele se conecta com o mercado consumidor. A frase, que ressoa como um dos principais mandamentos de um manual didático, é o princípio que rege as ações de Fábio Gianetti, diretor de marketing da Orfeu. “Uma marca é bem mais do que um conjunto de elementos visuais”, teoriza Gianetti.

A sequência da engenharia de uma marca parece trabalhosa: é preciso, em primeiro lugar, definir o propósito central da marca e seus valores fundamentais. Depois, estudar o mercado, seus concorrentes e público-alvo. Daí, então, define-se o posicionamento da marca na sua categoria. “Só assim você tem o conhecimento fundamental para escrever um conceito e desenvolver um briefing para a criação de sua marca”, instrui Gianetti, referindo-se ao nome, logotipo, tipo de embalagem, código de cores, entre outros elementos. Se bem feito, garante ele, esse passo a passo ajuda uma marca a diferenciar-se no mercado e estabelecer uma conexão real com os consumidores.

“A construção de uma marca autêntica, sólida e reconhecível perpassa pela visão de valor dos clientes em relação ao seu produto ou serviço”, acrescenta Lima. Com o briefing pronto em mãos, o passo seguinte é buscar referências criativas, tanto no mercado de café como fora dele. “Geralmente, outros mercados trazem insights inspiradores e disruptivos para o setor de cafés”, ensina Cappeletti.

Foi nas décadas de 1980 e 1990 que Guilherme Dossin, sócio e responsável pelo branding e pelas ilustrações da Dude Coffee Company, do Rio Grande do Sul, inspirou-se para construir o DNA da marca. “Meu objetivo era criar uma experiência leve e descontraída de consumo”, define. Os pacotes da marca gaúcha carregam, por exemplo, ilustrações que lembram filmes e personagens da época. “É preciso ter uma proposta de valor clara, ser autêntico e verdadeiro e, por isso, não importa se o conceito é supersimples ou elaborado”, acredita Dossin. Para ele, o importante é ser genuíno, para ter consistência e para que o público assimile a proposta da marca. Ele também reforça a importância de uma equipe alinhada à proposta, tanto em termos estéticos quanto nas mensagens e no tom de voz definidos para a marca.

Embalagens da marca gaúcha Dude Coffee Company

Só beleza não se sustenta

Dois aspectos são essenciais para a percepção da qualidade do café: o visual da embalagem e a sua funcionalidade. “Se o visual for adequado ao posicionamento da marca, ele ajudará a transmitir o padrão de qualidade e o posicionamento do produto pelo tipo e material de embalagem e pela estética do layout, como cores, distribuição de informações, qualidade de impressão e linguagem utilizada”, detalha Gianetti.

A experiência deve permanecer, é claro, durante o consumo do produto. “Não há beleza que sustente uma embalagem que não funciona bem”, garante Gianetti, ao se referir especificamente a detalhes, como a abrir ou fechar a embalagem, e problemas, como vazamentos, má conservação do café e fragilidade do material escolhido, que contribuem para uma percepção negativa.

Coleção da Orfeu Cafés Especiais em homenagem aos 100 anos da Semana de Arte Moderna

Afinal, um produto cuidadosamente selecionado como um café especial precisa de uma embalagem à altura. É por isso que Juliane também não abre mão de detalhes que fazem toda a diferença, como a válvula, que permite a saída dos gases do café recém-torrado mas evita a entrada do oxigênio, que provoca sua oxidação. Ela ainda reforça a importância de incluir informações relevantes e detalhadas do grão, como os selos de qualidade que ele conquistou e detalhes sobre sua origem, que podem ser acessadas em seus pacotes por QR Code. “Isso facilita ao consumidor interpretar nosso produto já na gôndola”, explica ela.

Nos pacotes da Colheita das Alegrias, Lima ainda busca informar o nível de torra, a moagem e as notas sensoriais do café, para antecipar ao cliente o que esperar da bebida, acrescentando, ainda, instruções de preparo. Uma tarefa desafiadora já que, como ele mesmo ressalta, prateleiras de um supermercado exigem da embalagem uma comunicação explícita, simples e objetiva com o consumidor. “Nesse contexto, o ponto de contato com o comprador é rápido e limitado”, lembra ele, comparando-o a uma roupa: “É o primeiro ponto de contato com o produto”.

Outro ponto relevante é a sustentabilidade. Materiais recicláveis, biodegradáveis, compostáveis ou de composição mista minimizam a geração de resíduos e, atualmente, são questões quase obrigatórias.

A evolução do design das embalagens

A evolução do design dos pacotes de café está atrelada a alguns fatores. O primeiro deles, segundo
Cappeletti, é a qualificação do consumo. “Com a ampliação do aumento do poder aquisitivo, não é só a
possibilidade de poder comprar um produto mais caro que importa. É preciso saber qual deles comprar, para quê e quando”, ensina o publicitário.

O modo de consumo, por sua vez, é um reflexo das questões de diferenciação pessoal ou social. Apesar de relativamente recente para os mercados de massa, o fenômeno é inerente ao mercado de luxo. “Isso viabilizou, por exemplo, a supersegmentação de um setor”, explica. E, consequentemente, a diversificação de opções de design para encantar uma gama bem mais ampla do que ele chama de “faixas de atitudes de consumo”.

Outro fenômeno importante é que muitas marcas de café e fazendas produtoras foram assumidas pelas novas gerações, que trabalham para melhorar qualidade, agregar valor a um produto historicamente encarado como commodity e que trazem uma visão mais atual de mercado, consumo e, consequentemente, de diretrizes estéticas para suas embalagens. Cappeletti ressalta, ainda, a qualificação dos departamentos de marketing dedicados ao setor cafeeiro. “Isso é decisivo para a qualidade do design, desde seu briefing até sua aprovação”, conta.

Texto originalmente publicado na edição #84 (junho, julho e agosto de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

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Baden Torrefação e Magian Cacao lançam chocolates com café especial

A collab entre a Baden Torrefação e a Magian Cacao é de dar água na boca. As marcas gaúchas adicionaram dois sabores à linha de chocolates com café especial, que já contava com a opção 45%. “Nós já conhecemos o chocolate da Magian Cacao há bastante tempo, eles têm uma pegada muito parecida com a gente, familiar”, comenta Guert Schinke, barista, mestre de torra e proprietário da Baden Torrefação.

Os lançamentos da vez são o chocolate branco 37% e o chocolate amargo 70%, ambos feitos com cacau amazônico e um nanolote especial torrado pela Baden. Atualmente, o grão escolhido foi um arábica da variedade catuaí 81, de processamento cereja descascado, cultivado por Reginaldo Costalonga, em Vargem Alta (ES). 

Sobre a escolha dos ingredientes, Guert comenta que a ideia é que haja um contraste de sabores entre o café e o chocolate. “Sempre procuramos por um nanolote por ele ser mais complexo sensorialmente, pois não faria sentido colocar um bourbon vermelho, que já tem notas de cacau, por exemplo, em um chocolate”, destaca. “Buscamos algum dos nossos cafés que seja mais frutado, com notas de especiarias, algo assim, e o nanolote sempre tem essa pegada mais exótica”, explica. As origens do cacau e do café variam de acordo com a disponibilidade.

Os chocolates da collab podem ser encontrados por R$ 25 (70 g) nas unidades da cafeteria em Porto Alegre (nos bairros Passo D’Areia e Santana) e no site.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

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Provamos 6 cafés de diferentes origens produtoras do país

Um total de 58,81 milhões de sacas em 2024. Essa é a estimativa de produção de café do Brasil – o maior produtor e exportador do mundo – para este ano, um aumento de 6,8% em relação a 2023 (os dados são de maio, da Companhia de Abastecimento – Conab). Justamente pelas dimensões continentais e ambientes diversos, a degustação deste mês privilegia seis origens do grão.

O fruto é produzido em diferentes estados e municípios brasileiros, com variações de relevo, clima, manejo e variedades, fatores que influenciam diretamente o resultado final e o valor do grão na xícara. Daí a relevância da Denominação de Origem (DO) – selo concedido pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) que certifica produtos cujas qualidades ou características são obtidas exclusiva ou essencialmente de determinada região. Ou seja, o produto só é daquele jeito por conta do local em que foi produzido, considerando o meio geográfico e os fatores naturais e humanos. É a principal (e mais desejada) certificação das duas categorias de Indicação Geográfica (a segunda é a Indicação de Procedência ou IP).

Na produção de café, seis regiões possuem o selo: Cerrado Mineiro (a primeira DO de café do país, em 2013), Mantiqueira de Minas (que recebeu o selo em 2020), Caparaó (2021), Montanhas do Espírito Santo (2021), Matas de Rondônia (2021) e Canastra (2023). Nesta degustação, selecionamos um café de cada uma dessas denominações. O barista Arthur Rieper, da Café Store, preparou as bebidas no método chemex, a uma proporção de 1 g de café para 12 g de água. Confira as nossas anotações:

1 – SM Cafés – Robusta Amazônico

Um canéfora da variedade robusta R25, cultivado por Geanderson Gambarte em Rio Verde, Matas de Rondônia.
Torrado por: SM Cafés
Aroma: doce, castanhas, chocolate amargo
Sabor: castanhas, amadeirado, frutado
Acidez: alta
Corpo: médio
Finalização: longa, limpa
A redação achou: um bom café, suave
Instagram: @sm_cafes

2- Black Tucano – Fruity Coffee

Um café da variedade catuaí vermelho cultivado por Derio Brioschi, em Venda Nova do Imigrante, região Montanhas do Espírito Santo (ES), a mil metros de altitude.
Torrado por: Black Tucano
Aroma: frutado, melaço
Sabor: floral, melaço
Acidez: média/alta
Corpo: médio
Finalização: limpa, agradável
A redação achou: vai bem a qualquer momento
Instagram: @blacktucanocoffee

3- Cadin de Minas – Docin

Produzido na região da Mantiqueira de Minas (MG) pela Fazenda São José, em Santa Rita do Sapucaí. É um arábica da variedade catuaí vermelho.
Torrado por: Cafetelier
Aroma: especiarias, doce
Sabor: frutado
Acidez: média
Corpo: médio/baixo
Finalização: leve, agradável
A redação achou: uma boa opção para o dia a dia
Instagram: @cadindeminas_

4- Ninho da Águia – Jardim do Sol

Produzido na região do Caparaó (MG) a 1,3 mil metros, na Fazenda Ninho da Águia, no município de  Alto Caparaó. É um blend de arábicas catuaí vermelho e amarelo.
Torrado por: Fazenda Ninho da Águia
Aroma: doce, frutas vermelhas
Sabor: compota de morango, caramelo
Acidez: média
Corpo: alto, aveludado
Finalização: persistente
A redação achou: um café equilibrado, para momentos especiais
Instagram: @cafefazendaninhodaaguia

5- Santiago Café Especial

Um café composto por grãos arábica bourbon amarelo 86, produzido pela Fazenda Santiago a 1,1 mil metros de altitude, em Presidente Olegário, no Cerrado Mineiro (MG).
Torrado por: Santiago Café Especial
Aroma: cravo, picante
Sabor: chocolate amargo, frutado
Acidez: média/baixa
Corpo: médio
Finalização: leve
A redação achou: um café agradável, fácil de tomar
Instagram: @fazendasantiago.cafe

6- Canastra Coffees – Casa Brás

Um geisha cultivado na região da Canastra (MG) por Pedro Brás, na Casa Brás, em Vargem Bonita, a 1,3 mil metros de altitude.
Torrado por: Canastra Coffees
Aroma: doce, mel, caramelo
Sabor: chocolate ao leite, caramelo
Acidez: média/baixa
Corpo: médio/alto
Finalização: presente
A redação achou: um bom café para começar o dia
Instagram: @canastracoffees

Texto originalmente publicado na edição #84 (junho, julho e agosto de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Agência Ophelia

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São Paulo Coffee Festival já tem data marcada para 2025

Entre os dias 21 e 23 de junho, a 3ª edição do São Paulo Coffee Festival reuniu mais de 15 mil pessoas na Bienal do Ibirapuera, um crescimento de 20% na comparação com os anos anteriores. Depois do sucesso deste ano, a organização já anunciou a data para a 4ª edição: 27, 28 e 29 de junho de 2025

O que aconteceu

Além dos estandes das mais de 130 marcas presentes, o evento foi palco de workshops, palestras e experiências sensoriais, culturais e gastronômicas, embalados pela boa comida de restaurantes locais e pelo som de artistas independentes. Voltado principalmente para coffee lovers, consumidores finais e profissionais do setor, o SPCF abriu espaço para os negócios e relações B2B, funcionando como uma plataforma de ativação para produtores, cafeterias, microtorrefações e marcas de produtos que orbitam o universo dos cafés especiais, como chocolates, biscoitos, pães artesanais, matchas e queijos. De acordo com a organização, o ticket médio de compra geral do evento foi de R$ 180.

A grade de programação da edição contou com a 8ª Copa Barista, campeonato que premia os melhores profissionais na preparação de espressos, filtrados e bebidas com leite. Após três dias de disputa, Hugo Silva, da paulistana Sabino Torrefação, foi o grande campeão. O pódio foi composto por Elis Bambil, da Punga Cafés Especiais (SP), na segunda colocação, e por Thiago Sabino, também da Sabino Torrefação, que ficou em terceiro lugar. 

O Sensory Experience foi um espaço em que profissionais do mercado puderam ministrar workshops sobre o preparo da bebida e guiaram experiências sensoriais que compararam diferentes cafés e combinaram a bebida com outros ingredientes. Ainda explorando os sentidos, a área A Torrefação contou com uma imersão pelas lavouras de Minas Gerais através de óculos de realidade virtual, seguida pelo processo de torra realizado ao vivo pela Orfeu Cafés Especiais.

Workshop “Café combina com o quê? Conheça os princípios da harmonização”, ministrado pelo barista Juarez Gomes

Na parte gastronômica, a atração A Cozinha convidou chefs para produzirem ao vivo receitas que levavam café ou que harmonizavam com a bebida. Já o Masterclass Home Barista, única atração paga dentro da programação, trouxe profissionais do Senac para ensinar sobre o preparo na v60 e como combinar o café em drinques. 

O papo cabeça foi realizado no O Laboratório, ambiente aberto que reuniu convidados para debater assuntos importantes, do campo à xícara. Os paineis da edição contaram com temas como diferenças entre arábica e canéfora, criação de métodos brasileiros de preparo, economia circular, primeiros passos para abrir uma torrefação, a importância do terroir, os processos do cacau fino, entre outros. 

Painel “Primeiros passos para abrir uma torrefação”, com Matheus Tinoco (Intertorra), Thiago Sabino (Sabino Torrefação), Julia Nasr (Café Por Elas) e Carol Pereira (Bixo Café)

Para aproveitar tudo isso

Chamado de Food Stations, o espaço externo do São Paulo Coffee Festival contou com sete restaurantes parceiros de referência na capital paulista (Canto do Picuí, Fôrno, Komah, La Peruana, Pita Kebab, Shihoma Deli e T.T. Burger), que elaboraram cardápios especiais para o público do evento. Do lado de dentro, o Hyde Park foi palco de artistas independentes que embalaram a edição com sons de diferentes estilos. Já a área Café & Arte expôs registros feitos pelo fotógrafo Marcos Piffer em suas viagens a lavouras de café de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rondônia.

A 3ª edição do São Paulo Coffee Festival teve realização da Allegra Events e da Espresso&CO, patrocínio master de 3corações, Melitta e Orfeu Cafés Especiais, e apoio da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), A Tal da Castanha, Café Store, Nescafé, Nespresso, Philips Walita, Senac, SumUP e Prefeitura da cidade de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Turismo.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

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Experiências sensoriais acontecem durante o São Paulo Coffee Festival

A capital paulista recebe novamente um dos principais eventos de café do país. Em sua terceira edição, o São Paulo Coffee Festival reúne apaixonados pela bebida entre sexta (21) e domingo (23), na Bienal do Ibirapuera. Entre cafés e comidinhas de diferentes marcas, experiências sensoriais são esperadas na programação da edição.

O espaço Sensory Experience é uma das atrações mais aguardadas pelo público. As duas salas fechadas (com limite para 15 pessoas por horário) são palco de workshops ministrados por profissionais do setor, como o barista Juarez Gomes, que faz uma harmonização entre elementos doces e salgados com o café na aula “Café combina com o quê? Conheça os princípios da harmonização”. Na mesma linha, Arcélia Gallardo, da Mission Chocolate, apresenta o workshop “Degustação às cegas: aprenda a identificar as diferenças entre o chocolate comercial e o bean to bar”. Clique aqui e confira a programação completa do Sensory Experience.

O espaço A Torrefação também oferece uma imersão especial aos participantes do SPCF. Voltada para os processos do café antes dele chegar à xícara, a experiência visual acontece através de óculos de realidade virtual, com vídeos que apresentam a cafeicultura de três regiões mineiras: Mantiqueira de Minas, Matas de Minas e Cerrado Mineiro. Depois disso, profissionais da Orfeu Cafés Especiais e da Carmomaq conduzem o processo de torra ao vivo, explicando detalhes sobre a etapa e esclarecendo dúvidas. Ao final, os participantes levam para casa pacotinhos com grãos que foram torrados durante a experiência. Clique aqui e confira os horários da A Torrefação, que possui limite para 10 pessoas por turma.

Chefs conhecidos conduzem a programação da A Cozinha, com uma diversidade gastronômica que vai de drinques a quitutes doces e salgados para combinar com uma boa xícara. O conteúdo “Nosso bar: cachaça e café, duas paixões nacionais” fica por conta de Rogério Rabbit, da Rabbit Caipirinha na Praia, enquanto o tema “A confeitaria peruana: bolo très leches” é ministrado por Jesús Plateros, da La Peruana, e as receitas do “Com qual omelete eu vou?” são oferecidas pela chef Alicia Araujo, da Gastronomia Periférica. O espaço A Cozinha é aberto ao público do evento: só chegar, sentar e assistir! Clique aqui e confira os temas e horários dos conteúdos da A Cozinha.

E tem mais! 

O São Paulo Coffee Festival não pára por aí. Para você curtir os três dias de evento, o Food Station conta com a presença de restaurantes que são referência na gastronomia paulistana, com pratos que agradam todos os gostos. Os parceiros da edição são o Canto do Picuí, Fôrno, Komah, La Peruana, Pita Kebab, Shihoma Deli e T.T. Burger. Para combinar, vá até o Beer Bar e peça a cerveja oficial do SPCF 2024, a Tarantino Coffee Lager, desenvolvida pela Cerveja Tarantino. 

Curta tudo isso ouvindo uma boa música ao vivo no Hyde Park, espaço destinado a artistas de diferentes gêneros, ou apreciando a exposição de fotos de Marcos Piffer, fotógrafo que registrou as lavouras cafeeiras e o trabalho no campo em suas viagens a Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rondônia, estados produtores do grão.

Serviço
São Paulo Coffee Festival 2024
Quando: 21 a 23 de junho
Horário: das 14h às 21h (sexta), e das 10h às 18h (sábado e domingo)
Mais informações e ingressos: www.saopaulocoffeefestival.com.br e @saopaulocoffeefestival 

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

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Café em tubo é lançado por startup suíça

A startup suíça No Normal Coffee  acaba de lançar um café instantâneo em tubo. Cada embalagem contém 100 g de pasta à base de arábica, levemente adoçada, da qual se pode extrair cerca de 20 xícaras de café.

Segundo o Daily Coffee News, que divulgou a notícia, embora o café em formato de pasta de dente possa parecer novidade aos apreciadores da bebida, o formato é bastante comum na Suíça desde a década do pós segunda guerra mundial. Ainda há tubos com pastas de alimentos não perecíveis, de temperos a carnes e vegetais, em supermercados no país.

Fácil de compartilhar e usar, os blends são misturados com água quente ou fria, leite ou consumidos diretamente como pasta. Há indicação para situações esportivas, como escaladas, ou piqueniques. O café é certificado pelo Fairtrade da Colômbia, de onde vêm os grãos,e torrado e transformado em pasta pela HACO Swiss, fabricante de alimentos com sede na Suíça. Cada tubo custa em torno de US$ 17, mas o produto ainda não é despachado para o Brasil. 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Leite vegetal que não rouba o sabor do café: conheça o NotMilk Barista

O mercado de bebidas vegetais tem aumentado exponencialmente e sobre isso não restam dúvidas: basta olhar a variedade de opções nas gôndolas. De acordo com dados divulgados pela Scantech, o setor de leite de origem vegetal apresentou um crescimento de 40% em 2023 na comparação com o ano anterior. 

De olho neste movimento, a NotCo – que no mesmo período apresentou um salto de 70% na categoria – vem investindo em qualidade e tecnologia. Recentemente, a foodtech global e líder em alimentos à base de plantas lançou o NotMilk Barista, com foco nos apaixonados por café e na diversidade de combinações que esses dois ingredientes podem oferecer.

“O NotMilk Barista é um produto neutro, fácil de trabalhar e harmonizar, para dar protagonismo ao café”, comenta Henrique Pin, barista e consultor da marca. Mas, para chegar a essa fórmula ideal, não foi da noite para o dia. Ao todo foram seis meses de criações e testes, com a ajuda de profissionais do mercado e de ferramentas tecnológicas.

O processo de criação do NotMilk Barista

“Iniciamos o desenvolvimento estruturando o que seria o produto e sua performance”, conta Mariana Guimarães, Team Leader de R&D na NotCo BR. “Após isso, utilizamos o Synthesis, que é uma das plataformas do Giuseppe”, explica. Apesar do nome, o Giuseppe não é uma pessoa, mas sim uma Inteligência Artificial proprietária da marca, que possui mais de 300 mil plantas em sua base de dados. Com todo este conhecimento, ele foi uma peça fundamental no processo de criação do NotMilk Barista. “Ele otimiza os experimentos com os parâmetros definidos, como funcionalidade, cor e textura. Com isso, chegamos na base do NotMilk Barista”, afirma. 

Com essa base em mãos, a próxima etapa foi o desenvolvimento de sabores e suas aplicações com o café. A receita foi aprimorada até chegar em uma que se assemelhasse sensorialmente ao leite comum, porém 100% vegetal. Para isso, Giuseppe criou uma fórmula que leva aveia, ervilha, abacaxi e óleo de girassol. “Cada um desses ingredientes tem um papel nesta formulação, como, por exemplo, o suco de abacaxi, que traz as notas lácteas que sentimos ao consumir o produto”, destaca Henrique. “Tínhamos demandas para testes, como proteínas diferentes, tipos de gordura, proporções… E a IA não só nos permitiu ser mais criativos no desenvolvimento, como também trilhou um caminho para melhorar diversas fórmulas de leites vegetais no futuro”, comemora.

Como disse Henrique, o NotMilk Barista é um produto neutro, ou seja, vai bem em diversos preparos, como café, matchá e até em drinques. Muito disso é devido à sua base de aveia, que como é um ingrediente menos adstringente, não deixa um gosto residual no produto. “Tivemos a preocupação de sentir as notas lácteas e o sabor do café, sem o residual de cereal, quando comparado com as opções do mercado”, destaca Mariana. A equipe teve o cuidado de realizar uma combinação ideal de açúcares e gordura para que a vaporização do NotMilk Barista fosse tão boa, macia e consistente quanto à do leite integral de origem animal, muito utilizado no latte art. “Esses fatores são essenciais na performance da vaporização e do corpo do produto quando aplicado no café”, conta ela. 

Essa combinação também resultou em uma tonalidade branca, semelhante ao leite animal, o que diferencia o NotMilk Barista da grande maioria dos leites de origem vegetal disponíveis atualmente e contribui para uma melhor composição visual das bebidas. “Esse equilíbrio fino de ingredientes na fórmula permitiu uma liberdade de construção do sensorial, trazendo notas levemente lácteas e amanteigadas. O sabor lembra um biscoito doce, mesmo tendo um teor de açúcar bem menor do que o leite integral de vaca”, exemplifica o barista. “O NotMilk Barista foi construído para ser um coadjuvante perfeito”.

Nas mãos de quem entende do assunto

“A etapa final foi a escalabilidade, que é a fabricação do produto em uma escala maior que o piloto, levando-o para as cafeterias para aplicações e recebimento dos feedbacks direto dos baristas”, explica Mariana. E a pesquisa com os baristas continua até hoje. “Converso frequentemente com os profissionais que usam o produto para entender os pontos fortes, o que mais esperam e o que gostariam de ver nas opções de leite vegetais”, afirma Henrique.

Essa troca de experiências também se dá através do Clube WhyNot Baristas, que visa contribuir ainda mais com os avanços do mercado e com a valorização dos profissionais do café, além de estreitar o relacionamento entre eles e a NotCo. Neste Clube, os participantes têm acesso a eventos, degustações e TNTs patrocinados pela marca, além de newsletters mensais com conteúdos relacionados ao tema e envio de produtos. 

Para participar, basta entrar em contato com a NotCo nas redes sociais e preencher o formulário enviado pela equipe. Por enquanto, o Clube WhyNot Baristas está disponível para baristas da capital paulista, mas em breve serão divulgadas novidades sobre o assunto!

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TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Mercado

A vez das bebidas vegetais no café brasileiro

Depois de garantir lugar nas prateleiras dos supermercados brasileiros, as bebidas vegetais ganham espaço nas cafeterias e nas xícaras dos consumidores de cafés especiais. Questões éticas, ambientais e de saúde explicam o crescimento global do consumo de leites à base de plantas. Entre baristas e apreciadores da bebida, o rol de motivos inclui também critérios como sabor e textura.

O comércio global de bebidas vegetais cresceu cerca de 70% entre 2015 e 2020, enquanto sua venda no Brasil avançou 15% em um ano – entre 2021 e 2022 (os dados são da Euromonitor, fornecedor de pesquisas de mercado). Nas cafeterias brasileiras, os leites vegetais estão em alta: de redes como The Coffee, We Coffee e Sterna Café a casas em várias capitais – Heimen Café (Rio de Janeiro), Messkla (Florianópolis), King of the Fork e Botanikafé (São Paulo), Kaffe (Recife), Royalty Quality Coffee e Manana Cafés (Curitiba), Dude Coffee Company (Porto Alegre), para citar algumas –, todas têm a bebida como opção.

Nos últimos anos, o nicho tem sido atendido por diversas marcas, como Nude, NotCo, Naveia e A Tal da Castanha, além da Ades (da Coca-Cola Company, que no rebranding de 2018 aumentou a oferta de opções) e da Nature’s Heart (da Nestlé).

O surgimento de novas marcas e tecnologias na fabricação de bebidas vegetais permite ao barista combinar qualidade e sabor – além da soja, há opções feitas a partir de aveia, coco, amêndoa, castanha-de-caju, castanha-do-pará e arroz. Isso porque, até pouco tempo, o acesso a esses produtos no Brasil era difícil, e, quando estavam disponíveis, não eram bem aceitos por conta do sabor, considerado pouco atrativo, e do preço, também nada convidativo (bebidas vegetais custam, em média, três vezes mais do que leites de vaca).

Com alternativas, as cafeterias conseguem atender um público mais diverso. Mas, para além do sabor e da qualidade na xícara, a escolha por trabalhar com ou por consumir bebidas vegetais indica, mais do que tudo, responsabilidade.

O normal pode ser vegetal

O aumento da busca por leites vegetais não se limita ao crescimento de movimentos como vegetarianismo, veganismo e flexitarianismo. Há tanto motivações éticas e ambientais, como a conscientização quanto à crueldade contra os animais e às mudanças climáticas, quanto questões econômicas, como gastos de água e de energia na fabri cação do produto. Existem, ainda, preferências por hábitos saudáveis – como evitar a ingestão de hormônios e antibióticos que podem estar no leite de origem animal – ou questões médicas, como ter intolerância ou alergia à lactose.

Até 2030, o mercado mundial de leites à base de plantas, avaliado em US$ 10,1 bilhões em 2022, pode alcançar US$ 25,3 bilhões. A análise, feita em 2023 pela Fact & Factors, provedora de pesquisas de mercado, prevê ainda uma taxa de crescimento anual de 10,2% nos próximos anos, sendo ela mais expressiva na região da Ásia-Pacífico. Segundo análise da Allied Market Research de 2020, a expansão do mercado de produtos plant-based é resultado da busca por alimentos com menor impacto ambiental, de alto valor nutricional e de consumo consciente.

Em 2023, um artigo publicado na Nature Food, a partir de extensa revisão de dados sobre regime alimentar com 55 mil pessoas de 119 países, indicou que dietas veganas geram 75% menos emissões de gases do efeito estufa e têm 46% menos impacto quanto à poluição da água.

No Brasil, 46% dos brasileiros já excluem, voluntariamente, a carne de sua rotina em, pelo menos, uma refeição da semana (os dados, de 2021, são da Inteligência em Pesquisa e Consultoria – Ipec). Além disso, uma pesquisa do Ibope em 2018 indicou que 14% da população do país declarou-se vegetariana – um aumento de 75% em relação a 2012.

O Brasil é o terceiro maior produtor de leite de origem animal do mundo. São mais de 34 bilhões de litros por ano, produzidos em 98% dos municípios brasileiros, segundo o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária). Não é à toa que as alternativas ao leite de vaca só chegaram ao Brasil na década de 1990 (confira Bebidas vegetais históricas, ao lado).

O hábito de beber leite e utilizá-lo em preparações ajuda a explicar o interesse aparentemente tardio do Brasil pelas bebidas vegetais. Levantamento feito em 2022 pela GFI Brasil (The Good Food Institute) indica que 73% dos brasileiros consomem laticínios pelo menos três vezes por semana, 14% a mais do que em 2020. O leite de vaca também está presente em 62% dos lares do país, com a mesma frequência.

Aveia: ela é o momento

No rol das opções veganas, o leite de aveia tem sido preferido pelos profissionais do café. Além do baixo impacto ambiental do cultivo de aveia em relação às plantas em geral, o leite feito dela destaca-se pelo sabor mais suave e doçura equilibrada e por agradar vários perfis.

“A bebida de aveia é ‘neutra’, casa com cafés de diferentes tipos sensoriais e agrada também quem toma leite de origem animal”, explica a barista Keiko Sato, da Punga Cafés Especiais, em São Paulo, referindo-se à doçura natural do leite de aveia. A professora, consultora e mestre de torra também acredita que, assim como café, os tipos de leite devem ser pensados observando a harmonia da bebida final e de acordo com o público que frequenta a cafeteria.

“A bebida de aveia proporciona a mesma experiência sensorial de uma preparada com leite de vaca”, diz o barista mineiro Eduardo Olímpio, campeão brasileiro de latte art em 2023. “Temos clientes que nem percebem a diferença, de tão complexa e rica que foi a experiência de tomar um cappuccino vegetal”, garante ele, que atualmente é embaixador da Naveia.

“É o único produto vegano que conseguiu ‘furar a bolha’’’, acredita a sueca e vegana Alexandra Soderberg, CEO e fundadora da Naveia ao lado do marido, o brasileiro e também vegano Felipe Chagas. A Naveia surgiu em 2020 após visitas a feiras de alimentação saudável pela Europa e pesquisas sobre a fabricação da bebida à base do cereal. Um dos processos na produção de leite de aveia é a enzimação. A técnica utiliza enzimas para quebrar o amido da aveia, o que melhora seu sabor e confere dulçor sem a adição de açúcares.

Uma questão de sustentabilidade

A escolha da aveia como base da única bebida vegetal da marca também contempla questões econômicas. “Utilizamos menos água e energia para produzi-la”, diz Alexandra. Um dos estudos da marca contabiliza, por exemplo, que o consumo diário de 200 ml de leite de vaca corresponde à utilização de mais de 45 mil litros de água em sua produção. Em contraste, a ingestão cotidiana da mesma quantidade de leite de aveia equivale ao gasto de pouco mais de 3,5 mil litros de água na sua fabricação.

Além disso, entram na equação da fabricação da bebida Naveia preocupações ambientais. “O cultivo da aveia é regenerativo, com rotação de culturas”, detalha a empresária, referindo-se às técnicas agroecológicas adotadas pelos produtores que plantam o cereal para a marca no Rio Grande do Sul.

Sustentabilidade também dirige as ações da Nestlé. Entre elas estão obter 30% das matérias-primas das bebidas vegetais de quem aplica práticas regenerativas até 2025, reduzir 1/3 do plástico virgem das embalagens até 2025 e ter 100% das embalagens desenhadas para reciclagem ou reutilização”. Já a NotMilk consome, em seu processo produtivo, 83% menos água e emite 80% menos CO2 do que a produção de leite animal”, diz Ana Vinha, gerente de comunicação da NotCo. A empresa, que usa inteligência artificial, pesquisadores e chefs no desenvolvimento dos produtos, é parceira do EuReciclo, o
que significa que 100% das embalagens são compensadas.

Zerar a emissão de carbono é, para Giovanna Meneghel, da Nude, um compromisso com o planeta. O pensamento permeia a concepção da empresa, criada há três anos e que também adota a rotação de culturas. Cerca de 45% de toda a pegada de carbono gerada pela cadeia produtiva da bebida de aveia vem do campo. Por isso, a Nude compra créditos, mas a meta de Giovanna é zerar essas emissões. Seu outro objetivo é ser sustentável para o bolso do consumidor, o que esbarra em questões fiscais.

“A produção de leite vegetal tem 40% a mais de impostos do que a de leite animal”, explica ela. “Assim, ter incentivo governamental é importante para baratear os custos de produção e, com isso, fazer com que o valor final do produto seja acessível a todos’’, completa.

Por isso, a marca criou a Base Planta, associação em parceria com A Tal da Castanha, NotCo, Positive Company e Vida Veggie, para buscar incentivo fiscal para a indústria de alimentos à base de plantas. Já a Nude desenvolve o Mostra sua Pegada, movimento voltado à sustentabilidade e que reúne 28 empresas, criado para divulgar o baixo impacto ambiental desses produtos e promover sua produção responsável.

Linha do barista e produto artesanal

Além do sabor neutro, os baristas costumam preferir o leite de aveia por sua textura, aspecto fundamental nas técnicas de vaporização de um leite – seja ele de origem animal ou vegetal. “A crema das marcas disponíveis no mercado brasileiro são estáveis, homogêneas e elásticas o bastante para fazer bebidas clássicas com ótima apresentação”, explica Keiko.

“Temos crescido significativamente com a variedade Barista, à base de aveia e que potencializa a performance em latte art sem roubar a predominância sensorial do café”, diz Leonardo Tauil, head of marketing coffee and beverages da Nestlé Professional.

Até pouco tempo, porém, uma das dificuldades das marcas era quebrar o preconceito dos profissionais do café em relação às alternativas vegetais. “Os baristas geralmente diziam que a bebida era ruim e que vaporizava mal”, recorda Alexandra. Já os donos das cafeterias, lembra a empresária, pensavam não existir público para elas. “E não existe mesmo, se você não permitir que as pessoas conheçam um novo produto’’, argumenta.

Entre as ofertas comerciais, a bebida de aveia também foi a escolhida por Gabriela Barretto, chef e proprietária do Futuro Refeitório, em São Paulo, exigente quando o assunto é sabor e valor de um ingrediente. “Encontramos uma bebida de aveia que nos contentou em termos de paladar e que é feita de maneira cuidadosa, sem excessos de industrialização’’, explica a chef.

Mas no caso do leite de coco, que ela harmoniza com os cafés torrados na casa (um casamento não tão óbvio), o jeito foi fabricá-lo. “Não encontramos um produto que nos agradasse em termos de sabor e textura, além do fato de que os disponíveis têm altas concentrações de conservantes e estabilizantes’’, explica Gabriela, que o produz diariamente. “O coco é um ingrediente brasileiro de fácil acesso, que combina bastante com algumas receitas do café. Fazemos nosso leite com coco seco e água de coco verde, em uma máquina específica para produzir leite vegetal’’, detalha. Esse trabalho tem um preço e no cardápio, o valor adicional é especificado. “Fabricar costuma ser mais barato do que comprar pronto, mas existe o custo da mão de obra e o de produção”, calcula Gabriela.

Na arena

Em 2023, numa decisão histórica, a World of Coffee Events alterou algumas regras e liberou o uso de bebidas vegetais no Campeonato Mundial de Barista. Deixar que elas façam parte da mise en place de competidores e competidoras proporciona mais liberdade criativa e permite explorar novas formas de trabalhar com o café. A presença dessas bebidas nas competições possibilita, também, que alternativas vegetais alcancem um público maior e possam quebrar preconceitos.

Pensando nisso, a marca Nude investiu em um time de baristas embaixadores, que prova, opina sobre a qualidade do produto e o promove, além de participar de campeonatos pelo Brasil. Para Pedro Lisboa, head of coffee relations da empresa, a aceitação desses profissionais foi imediata. “A vaporização, a quantidade de crema, de bolhas e de microbolhas são aspectos importantes”, detalha Lisboa. “A gente queria criar um produto que deixasse o barista feliz’’, comenta.

Bebidas vegetais históricas*

Fazer leite à base de plantas não é novidade. Há uma longa história de bebidas vegetais produzidas por diferentes culturas ao redor do mundo. Na Europa medieval, a mais comum era feita de amêndoas. No
inverno, período de baixa produção de leite animal, a bebida extraída dessa oleaginosa ajudava os europeus a sobreviverem às baixas temperaturas.

Várias receitas medievais tinham como opção substituir o leite animal pelo de amêndoas, que entrava no preparo de sopas, caldos, mingaus e molhos. A medicina antiga também contemplou seu uso como medicamento (assim como o de todos os alimentos). Em sua riqueza teórica, ela classificava ingredientes de acordo com suas qualidades e os designava a determinadas pessoas, que, por sua vez, tinham perfis também distintos. Assim, alguns alimentos eram considerados “quentes” ou “frios”, o que não estava relacionado à temperatura de serviço, mas a uma de suas qualidades. Na leitura dos religiosos, porém, alimentos quentes tinham o poder de aumentar o desejo sexual. Por isso, a Igreja Católica proibiu seu consumo em datas sagradas. O leite de vaca estava entre eles. Nos séculos XVII e XVIII, a bebida de amêndoas tornou-se uma opção para esses dias de restrição alimentar.

Os chineses produzem bebidas vegetais há milênios. A extração do leite de arroz consistia, basicamente, em macerar os grãos e filtrá-los. Além da bebida de arroz, os asiáticos também consomem leite de soja – que, até pouco tempo, foi uma das poucas opções acessíveis nas prateleiras para vegetarianos, veganos e intolerantes à lactose. A soja é consumida na China desde 220 a.C. e seu uso como bebida data do século XIV. A técnica para obtê-la consistia na trituração e no cozimento dos grãos para extrair seu líquido nutritivo.

Ao longo dos séculos, sua produção foi aprimorada. Uma das inovações foi a introdução do tofu, provavelmente durante a Dinastia Tang (618-907 d.C.), que é um derivado da bebida de soja coagulada. Os grãos são mergulhados em água, depois moídos até o ponto de pasta, que é então cozida para realçar os sabores e filtrada. Há, ainda, a opção de saborizá-la com açúcar, baunilha e outros ingredientes.

A produção das bebidas vegetais espalhou-se pela Ásia, chegando a países como Japão e Coreia. Com a
globalização, a bebida de soja tornou-se popular em todo o mundo.

*Fonte: Dupuis, E. Melanie. Nature’s perfect food – how milk became America’s drink (New York University Press, 2002)

Texto originalmente publicado na edição #83 (março, abril e maio de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Letícia Souza • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz