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Carvão biológico: entenda o que é biochar e por que ele é tão importante

Feito, entre outros materiais, das cascas do café, o biocarvão ajuda a cafeicultura a ser mais resiliente e a mitigar mudanças climáticas

O biocarvão, ferramenta promissora para a agricultura eficiente e de baixo impacto ambiental, tem mobilizado cientistas e empresas no Brasil – especialmente o que é feito de resíduos do café. Sua produção em larga escala no país vem sendo protagonizada pela NetZero, e a JDE Peet’s Brasil, recentemente, comunicou investimentos na sua utilização.

Estudos científicos sobre biocarvão ganharam força na última década, mas ainda são poucos os trabalhos sobre os que são feitos da casca do grão, especialmente em condições de campo. Pesquisadores e empresários ouvidos para esta reportagem garantem, porém, que sua aplicação é a alternativa mais efetiva para melhorar a qualidade do solo e para o sequestro de carbono na cadeia do café.

A natureza do biocarvão

Biocarvão (ou biochar, em inglês) é o termo usado para o carvão vegetal feito a partir de qualquer matéria-prima orgânica, em altas temperaturas, na ausência ou com pouco oxigênio disponível e aplicado no solo, com o qual interage profundamente.

Os benefícios são inúmeros. “O biocarvão melhora as composições química, física e biológica do solo”, resume o engenheiro agrônomo Cristiano Andrade, doutor em solos e nutrição de plantas e especialista em matéria orgânica do solo da Embrapa Meio Ambiente. “Ele permite que o solo possa reter mais água e mais nutrientes”, ensina Leônidas Carrijo de Melo, doutor em ciências do solo da Escola de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e especialista em biocarvão.

Em termos físicos, o biocarvão aumenta a porosidade da terra, aprimorando sua aeração. “Isso melhora o ambiente para o desenvolvimento das raízes”, explica Andrade, que trabalha há mais de dez anos com biocarvões.

O melhor desenvolvimento das raízes, por sua vez, aprimora a absorção de nutrientes na terra, ao mesmo tempo em que o próprio biocarvão atua como fonte nutritiva. Segundo Andrade, alguns tipos de biocarvão são materiais ricos em fósforo, potássio, cálcio e magnésio, alimentos importantes para a planta. Seu uso diminui ou, até, dispensa alguns fertilizantes.

Sequestrando carbono

Responsáveis por potencializar a produção dos cultivos desde o fim do século XIX, os fertilizantes usam combustíveis fósseis para sua produção e têm o nitrogênio (N) como um de seus ingredientes-base. Mas, na forma de óxido nitroso (N2O) – resultante da transformação microbiológica no solo (desnitrificação) e que é liberado na atmosfera –, ele se torna quase 300 vezes mais poluente do que o carbono na forma de CO2.

Num país que figura como o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e sendo a agropecuária a maior emissora de gases do efeito estufa (greenhouse gases, em inglês, ou GHG), o uso de biocarvão é, de fato, um recurso significativo.

Mas o biocarvão tem sido valorizado, principalmente, por sua capacidade de sequestrar, ou seja, de reter o carbono no solo por um longo tempo. O relatório do IPCC de 2018 já alertava para o fato de que a redução nas emissões dos GHG não é suficiente para limitar o aquecimento global em 1,5ºC, e listou o biocarvão entre as tecnologias capazes de sequestrar carbono de maneira importante para mitigar as mudanças climáticas.

O principal componente químico do biocarvão é o carbono. Termicamente alterado pelo processo de pirólise (veja ao final da reportagem, no texto “A química do carvão”), o biocarvão pode durar dezenas de anos no solo, o que cria na terra um grande estoque de carbono. “Se o carbono fica no solo, ajuda a reduzir os gases do efeito estufa”, lembra Andrade. “O biocarvão interfere diretamente no ciclo de carbono da natureza”, resume Melo, da UFLA.

A UFLA é parceira da JDE Peet’s Brasil – empresa líder mundial na produção de cafés e chás que agrupa várias marcas, como Café Pilão e Café do Ponto – na investigação dos benefícios do biocarvão na cafeicultura. O estudo, que está sendo realizado numa fazenda da NKG Fazendas Brasileiras, em Santo Antônio do Amparo (MG), e é conduzido pelo grupo de pesquisas coordenado por Melo, busca avaliar o efeito do biochar da casca de café na produtividade da cafeicultura, definir suas dosagens e verificar seu impacto na qualidade sensorial da bebida.

“Precisamos de inovações e tecnologias escaláveis para que os produtores possam produzir cafés com pegada de carbono zero”, explica Bruno Ribeiro, coordenador de compras responsáveis da companhia. Por isso, a JDE Peet’s comunicou, em julho, que está incentivando o uso do biocarvão de casca de café entre cafeicultores brasileiros, o que ajuda a promover a economia circular ao utilizar os resíduos de café na cadeia que os produz. “Esse estudo pode ser uma solução para aumentarmos o conhecimento sobre biochar na cafeicultura, já que há pouca informação sobre essa tecnologia”, analisa.

Não é adubo

O uso de sobras do café na lavoura não é novidade. Muitas fazendas utilizam as cascas secas como adubo há décadas. Mas biocarvão não é adubo, mas um condicionador de solo – que contribui para melhorar suas propriedades. Depois de uma complexa teia de processos químicos, o produto pode aumentar a eficiência dos fertilizantes. “Queremos que o biocarvão melhore a interação do solo com o adubo, man-
tendo o nitrogênio disponível para a planta por mais tempo, o que resulta em maior eficiência do adubo e seu uso em menor quantidade”, explica Melo, referindo-se à perda de quase metade da quantidade de fertilizante aplicado no solo por lixiviação, volatilização e desnitrificação (outro objetivo da pesquisa que ele coordena é, justamente, avaliar a possibilidade de redução da adubação nitrogenada).

A redução do uso de fertilizantes nas lavouras de café varia com as práticas locais e o tipo de solo. “Mas ela pode ser significativa, da mesma ordem de grandeza do aumento da produtividade”, afirma Olivier Reinaud, cofundador e diretor geral da greentech francesa NetZero, primeira empresa a produzir biocarvão no Brasil e única no mundo a fazê-lo das cascas do café.

Segundo Reinaud, além de fazer a lavoura produzir mais e de reduzir os custos do produtor com o uso de adubos, o biocarvão também agrega valor às culturas. “Já estamos vendo grandes empresas comprando culturas produzidas com biochar com um prêmio de preço para reconhecer sua maior sustentabilidade”, comenta. “Essa é uma grande oportunidade para os agricultores”.

Até 2020, não era possível certificar créditos de remoção de carbono de indústrias de biocarvão. Assim, os projetos tinham como única fonte de receita a venda do produto aos agricultores. As grandes empresas que compram esses créditos só desembolsam dinheiro para adquirir os que são certificados. A NetZero tem rastreabilidade na produção de seu biocarvão, e conseguiu certificação para emitir os créditos. “Para ter seus créditos comercializados, o biocarvão deve ser produzido com especificações, como temperatura adequada, por exemplo, para que se tenha a garantia de que ele é estável e que volta para o solo”, explica Melo. O dinheiro da compra dos créditos viabiliza o negócio, que, ao final, traz retorno econômico para os produtores de café.

Escala industrial

Pioneira na produção industrial de biocarvão de cascas de café, a NetZero conta com uma fábrica em Camarões e duas no Brasil, em Lajinha (MG) e em Brejetuba (ES) – esta, inaugurada em junho. Criada em 2021 e sediada em Paris, a NetZero é quem vende o bio carvão que a JDE Peet’s Brasil usa em seus estudos.

As duas fábricas da NetZero ficam próximas da Coocafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha), que conta com mais de dez mil cooperados. Isso porque o modelo de negócio da empresa francesa é formar parcerias: os custos da produção e do transporte da biomassa e do biocarvão são divididos entre os cooperados e a empresa. Cerca de 800 produtores associados fornecem a biomassa para as duas usinas. Em contrapartida, dispõem, sem custo, de parte do biocarvão, e compram outro tanto com desconto. “Produzir biocarvão com cooperativas é um modelo excelente”, acredita Andrade.

A implantação de uma fábrica em área próxima à fonte que fornece o resíduo e faz, posteriormente, uso do biocarvão reduz os custos de transporte e simplifica a logística. O engenheiro agrônomo Jefferson Carneiro, especialista em biocarvão e que trabalha com a startup francesa para produzir dados científicos que ajudem na compreensão do biocarvão de café, destaca a importância do modelo. “A parceria entre indústria, instituições de pesquisa e produtores é necessária para o avanço na cafeicultura e no desenvolvimento desses produtos”, afirma.

“O biochar é uma solução altamente estratégica para uma potência agrícola como o Brasil, pois o produto atende à maioria dos desafios atuais da agricultura”, comenta Reinaud. Um deles é o custo: biocarvão é um produto caro para ser feito em larga escala. Embora sua produção artesanal seja relativamente fácil, diz ele, sua elaboração em escala industrial com segurança e qualidade é bem mais complexa.

A maior parte da produção de biocarvão está na América do Norte, na Europa e na China. “São empresas que geralmente produzem quantidades menores de biocarvão, a um custo bem mais elevado, utilizando resíduos de madeira em vez de resíduos agrícolas como matéria-prima e sem usar um modelo de economia circular”, pontua.

É difícil avaliar a quantidade de biocarvão fabricada no mundo, pois a produção industrial existe há pouco tempo. “Por enquanto, os volumes são bem pequenos, mas estão crescendo rapidamente, com o surgimento de muitos projetos em todo o mundo agora que o biocarvão foi totalmente reconhecido cientificamente e que modelos como o da NetZero estão tornando a produção em grande escala mais acessível”, analisa o diretor geral. Nas duas fábricas, a empresa planeja produzir 8,5 mil toneladas de biocarvão por ano.

Por dentro do biocarvão

A maioria dos estudos sobre biocarvão ainda são feitos fora do país. Na Colômbia, dados de um experimento com o produto na cafeicultura animam Carneiro.

“Após um ano de aplicação, a produtividade dos cafezais aumentou 33%. Esse aumento se manteve nos dois anos seguintes do experimento”, detalha ele, que é doutor em ciências do solo na área de fertilidade e nutrição de plantas e conduz os experimentos de biocarvão de café da NetZero na Fazenda Recanto, em Machado, no Sul de Minas.

É em Machado, aliás, que a empresa francesa planeja, ao lado da Eisa Interagrícola (uma das maiores tradings de café e algodão do país e subsidiária do grupo suíço ECOM), construir sua terceira fábrica brasileira.

Os experimentos na Fazenda Recanto ainda estão em fase inicial, mas a NetZero também conduz pesquisas em outras propriedades. Um exemplo são os testes feitos em Afonso Cláudio (MG). O produtor Carlos Tristão de Souza, da Fazenda Bom Jardim, comemora os primeiros resultados: um aumento de até 70% na produção de frutos maduros em 400 pés de café arábica plantados a 320 m de altitude e nos quais utilizou o biocarvão. Isso resultou em 40 sacas a mais por hectare, segundo divulgou a NetZero em seu Instagram.

Reportagem de 2023 da revista Pesquisa Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) informa que, em estudos controlados feitos na última década, o uso de biocarvão aumentou a produtividade agrícola em até 50%, o crescimento das raízes em 30% e reduziu em cerca de 20% o uso de fertilizantes. Andrade cita outros deles: “Estudos de meta-análise [que analisam estatisticamente vários estudos independentes sobre o mesmo tema para integrar e sintetizar seus resultados] indicam que o biocarvão foi responsável por uma redução média de 50% na emissão de N2O do solo”, conta.

Já o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e a Embrapa Meio Ambiente ampliaram os estudos com biocarvão de café ao aproveitar a borra, gerada na produção de café solúvel, e o pergaminho, que sobra do despolpamento. Incorporados ao solo, ambos foram eficientes na redução de contaminação por metais pesados e melhoraram a qualidade da terra.

Outra vantagem do produto é a ausência da emissão de metano, que ocorre durante a decomposição da palha (como também é chamada a casca residual) do café como adubo convencional. Por fim, há a praticidade – apenas uma aplicação na lavoura pode ter efeito por vários anos (por causa da estabilidade do material no solo).

Porém, utilizar biocarvão não é tão simples, pois varia de acordo com suas propriedades, definidas em função do tipo de matéria-prima e de parâmetros como tempo e temperatura da queima. Há, também, obstáculos a ultrapassar, como o desconhecimento do produto.

“Precisamos apresentar o produto aos agricultores, e eles precisam ser convencidos”, diz Reinaud. “Quanto mais informação técnica e estudos com maior embasamento e conhecimento científico, mais segurança para os produtores testarem uma nova tecnologia”, concorda Ribeiro. Reinaud, porém, garante que a adoção do biocarvão está aumentando rapidamente. “Todos os resultados que estamos obtendo são muito consistentes com a literatura [científica]”, alegra-se.

Outra questão é seu registro. “Não há uma legislação específica para biocarvão no MAPA”, explica Melo. O produto da NetZero conseguiu ser registrado em 2023 como biochar de casca de café, mas seguindo a legislação de condicionador de solo. Se ela ou alguma empresa quiser produzir biocarvão a partir do pergaminho, por exemplo, terá que começar o registro, literalmente, do zero. “Há um movimento de pesquisadores que enviaram manifestações sobre isso ao ministério”, adianta Andrade.

Mas os benefícios do biocarvão ultrapassam, e muito, essas dificuldades transitórias. Ao oferecer uma abordagem viável e inovadora para a captura de carbono, a melhora da qualidade do solo e a promoção da economia circular, o biocarvão já é uma ferramenta do presente para enfrentar os desafios climáticos – especialmente no Brasil, abundante em resíduos agrícolas e em potencial de pesquisa e de produção industrial.

Para saber mais: A química do carvão

A pirólise (do latim, quebra pelo calor, ou seja, decomposição térmica) de resíduos orgânicos resulta em um composto definido como biocarvão. Em altas temperaturas e baixa concentração de oxigênio (ou total ausência dele), a pirólise produz um biocarvão altamente estável e rico em carbono. “Entre 550 e 600°C, o carbono da biomassa da casca de café se transforma e permanece no solo”, explica Melo. Essa estabilidade a que Melo se refere resulta de sua composição química – as chamadas estruturas aromáticas.

Estruturas aromáticas são anéis hexagonais (a representação química é semelhante a uma colmeia de
abelhas) formados por uma cadeia fechada de carbonos denominados estruturais, pois, sendo difíceis de quebrar (e, portanto, estáveis), não ficam disponíveis para serem degradados por microorganismos, permanecendo “trancados” no solo por centenas de anos.

Durante a pirólise – que acontece em fornos/pirolisadores em cerca de 20 minutos –, fatores como
o pH, a concentração de macronutrientes (potássio, fósforo, cálcio e magnésio) e o acúmulo de carbono
em sua composição mudam. Os resultados do uso da formulação também variam, dependendo das
características da matéria-prima, da temperatura de pirólise e sua duração, além da relação entre ela e o ambiente em que foi aplicado.

Já se sabe, por exemplo, que em biocarvões derivados de madeira, o alto teor de carbono estável aumenta a quantidade deste elemento químico no solo. Já, os derivados de esterco servem como fonte
de nutrientes. Biocarvões de resíduos de culturas agrícolas, como o café, têm potencial para cumprir
as duas funções.

Como não se pode medir diretamente (ou de maneira simples) a qualidade de um solo – leia-se seu funcionamento, como, por exemplo, a capacidade de reter ou não a água –, os agrônomos utilizam indicadores para avaliá-lo. Um deles é a quantidade de carbono ou de matéria orgânica contida nele.

Texto originalmente publicado na edição #85 (setembro, outubro e novembro de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Cristiana Couto (com colaboração de Gustavo Paiva) • FOTO Divulgação • ILUSTRAÇÃO Pamella Moreno

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Café com Origem: a Chapada de Minas na rota da Indicação Geográfica

Entre as regiões produtoras de café visitadas pela Espresso este ano, um dos destaques foi a Chapada de Minas, que conhecemos em novembro. A convite do Sebrae, decolamos em São Paulo e pousamos em Belo Horizonte, seguindo por mais cinco horas de estrada até o nosso destino final: a cidade de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais.

A região

A Chapada de Minas é composta por 22 municípios e conta com 40 anos de atividade cafeeira, desenvolvida principalmente por conta da migração de produtores vindos do Paraná após a “geada negra” de 1975, responsável por castigar boa parte dos cafezais do estado.

Até pouco mais de dez anos, não havia organizações sindicais na região. É o que conta Julian Rodrigues, analista de negócios do Sebrae MG, responsável pela Região da Chapada de Minas, um dos guias do nosso roteiro. Ele explica que, em meados de 2012, a cooperativa regional quebrou e deixou um dano de mais de 20 milhões, o que prejudicou muitos produtores.

Julian Rodrigues, analista de negócios do Sebrae MG, responsável pela Região da Chapada de Minas

Anos depois, em 2019, surgiu o Instituto Café da Chapada de Minas, pontapé inicial para a elaboração da estratégia da marca coletiva atual. De acordo com Rodrigues, o próximo passo é obter a Indicação Geográfica na modalidade Indicação de Procedência, que garante o reconhecimento e a valorização da produção local, e fortalece a identidade no mercado. Para isso, o Sebrae, juntamente com representantes da região, estão estruturando as informações necessárias para protocolar o pedido no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

“O Sebrae atua na cadeia do café da região da Chapada de Minas há mais de uma década”, menciona o analista. “Nosso trabalho tem como objetivo trazer inteligência para o território e desenvolver as governanças locais, organizando os grupos para que tenham representatividade e senso de pertencimento, e, ao mesmo tempo, proporcionar a eles acessos a mercados de origem controlada”, detalha.

Hoje em dia, a Chapada de Minas é responsável por uma produção que varia de 400 a 900 mil sacas anuais, composta majoritariamente por produtores familiares – apesar de boa parte da área total em produção pertencer a grandes produtores, que também plantam eucalipto. Segundo Rodrigues, a maioria do café produzido ainda é commodity, mas aos poucos o cenário está mudando, e isso pode ser visto nos concursos de qualidade.

“O terroir daqui é diferenciado”

Uma de nossas paradas foi em Aricanduva (MG), na Fazenda Alvorada, bom exemplo de produção focada em qualidade. Este ano, além de conquistar a terceira colocação na categoria natural do 3º Prêmio Chapada de Minas, a propriedade também teve grande destaque em uma das principais premiações nacionais de qualidade, o Prêmio Coffee of the Year, onde alcançou a 5ª melhor posição na categoria arábica.

Fazenda Alvorada, em Aricanduva (MG)

Em nossa visita fomos recebidos pelo produtor Sergio Meirelles, sua filha Raquel e seu genro Orlando, que contaram um pouco sobre a relação da família com o café. “Quem não é otimista, não planta. Agricultura é pra quem tem paixão, pra quem gosta”, comenta Meirelles. Ele, que também é engenheiro agrônomo, comprou a fazenda em 1981. “Só tinha mato”, conta. Atualmente, a fazenda tem 233 hectares, sendo 93 destinados à produção de café e o restante à reserva legal, pasto e plantação de eucalipto.

“Quando viemos pra cá, ninguém sabia o que plantar”, explica Meirelles, dizendo que costumava pegar referências da cafeicultura em Manhuaçu. Porém, as Matas de Minas tinha um clima diferente da Chapada. Foi então que a Epamig ofereceu a ele que fizesse um campo experimental com 15 variedades. De todas essas, duas apresentaram bons resultados: a catiguar MG2 e a MGS aranãs. De lá para cá, já foram quatro experimentos e mais de 100 variedades plantadas. Os resultados ajudaram os cafeicultores a entender melhor quais plantas eram as melhores opções para a região.

Sergio e Raquel Meirelles, da Fazenda Alvorada

Este ano foram 4.200 sacas de café produzidas, mas com o investimento em irrigação (agora são 58 hectares irrigados), a expectativa para o novo ciclo é de crescimento. “O nosso diferencial são as variedades que temos para oferecer. Hoje temos diversidade de processos, o que permite que a gente entregue diferentes características sensoriais aos nossos clientes”, destaca Raquel, que largou a vida em São Paulo e o trabalho na multinacional Nestlé para se dedicar ao cultivo do fruto na propriedade da família.

Com a criação da marca Chapada de Minas, os negócios melhoraram. “Ganhamos identidade, preço e visibilidade. Pudemos explicar melhor onde estamos e o potencial que temos. Isso abriu muitas portas”, comemora Meirelles, que agora exporta café para os Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, Israel e países da Europa. “O terroir daqui é diferenciado. A partir do momento que as pessoas entenderem que o café daqui tem um perfil único, temos muito a despontar”, projeta Orlando.

“É muito gratificante ver que a nossa produção está sendo reconhecida”

A uma hora de distância,  paramos na grande Fazenda Sequóia, no município de Angelândia (MG), onde fomos recepcionados por Rodrigo Crimaldo, que atua na propriedade desde 1999 e hoje ocupa o cargo de gerente. Enquanto tomavamos uma xícara de café cultivado na própria lavoura, Crimaldo contou sobre a produção local.

Rodrigo Crimaldo, gerente da Fazenda Sequóia, em nossa visita

A história da Sequóia começou em 1975, quando sua área total era de 474 hectares. As primeiras mudas plantadas ali foram de catuaí 62 e catuaí 99. De lá para cá o avanço foi tanto que, hoje, a propriedade conta com 3.906 hectares de área total (sendo 750 destinados ao café) e 13 variedades – do tradicional catuaí ao saboroso gesha.

Com 23 mil sacas produzidas neste ano, a colheita na fazenda, que costuma ser tardia, de junho a julho, foi antecipada para maio devido ao aparecimento de quatro floradas. “O café é muito responsivo ao clima e, nos últimos dois anos, o clima teve uma mudança brusca. Então imagino que, ano que vem, nossa colheita também será complexa”, comenta. Ele projeta que a produção de 2025 fique em torno de 14 mil sacas, devido ao clima e às podas feitas recentemente.

Além da reestruturação nos pés de café, a Sequóia também renovou os processos de pós-colheita nos últimos dois anos. “Aqui chove bastante”, conta Crimaldo. A alta umidade atrapalha a secagem dos grãos no terreiro. Como solução, a fazenda investiu R$ 12 milhões em um maquinário colombiano de processamento “in door”.

A estrutura de alvenaria possui compartimentos que se assemelham a caixas, onde os grãos são alocados. Neste processo de secagem, o ar sai por baixo e, a cada período de tempo programado, uma portinha se abre na parte inferior da caixa, fazendo com que os grãos caiam e sejam posicionados na caixa ao lado, onde ficarão por mais um período desejado, podendo variar de 18 a 36 horas, diminuindo a cada troca de caixa.

Sistema de secagem em caixas da Fazenda Sequóia

Segundo Crimaldo, este sistema resulta em uma secagem uniforme, pois, o café que está menos seco, localizado na superfície, é o que ficará por baixo na próxima caixa. A finalização da secagem é feita em um secador rotativo e, dali, o café segue para as tulhas. Um processo inteiro mecanizado.

Além de resolver o problema das chuvas, o maquinário também diminuiu a porcentagem de café quebrado, de 13% para 3%, uma vez que não passa mais veículos ou pessoas em cima dos grãos no terreiro. “Tenho um produto que passa por menos contaminação e menos risco de fermentação indesejada”, explica. Hoje, os cafés da Sequóia são exportados para mercados como os da Bélgica, Países Baixos, Polônia, Eslovênia e República Tcheca.  No 3º Prêmio Chapada de Minas, a fazenda conquistou o primeiro lugar na categoria natural e o segundo na categoria cereja descascado.

Prêmios acumulados pela Fazenda Sequóia

Mesmo para uma fazenda grande como a Sequóia, o desenvolvimento da marca Chapada de Minas foi algo positivo. “Eu acho que o principal ganho é a visibilidade”, relata o gerente. “Quando se falava em Chapada de Minas, nosso café era confundido com o Cerrado Mineiro ou as Montanhas de Minas. Nós não tínhamos um reconhecimento como produtores de café. É muito gratificante ver que a nossa produção está sendo reconhecida”, comemora.

Paralelamente ao desenvolvimento de marca para a obtenção do selo de Indicação de Procedência, o Sebrae também busca desenvolver tecnicamente os produtores, por meio de treinamentos, capacitações, dias de campo e do programa de assistência técnica e gerencial do Sebrae, o Educampo. “Queremos que esses grupos tenham acesso a outras regiões para entender o que o mercado está fazendo e como isso pode ser ajustado à realidade de cada um”, informa Rodrigues.

TEXTO Gabriela Kaneto

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Vale da Grama é reconhecido como Indicação Geográfica para café

A região tem clima ideal para a produção de arábicas de qualidade, e produz café desde o século XIX

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) oficializou, nesta terça (3), o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), para o Vale da Grama, em São Paulo. 

O anúncio foi publicado na Revista da Propriedade Industrial (RPI), consolidando a região como uma importante área de produção de cafés especiais. Em outubro, a Chapada Diamantina também ganhou seu selo IP.

Localizado no município de São Sebastião da Grama, o Vale da Grama tem altitude superior a mil metros, condições climáticas amenas, ideais para o plantio de arábicas de qualidade e solo de origem vulcânica. Os grãos da região são reconhecidos por apresentar notas cítricas, corpo médio alto, finalização prolongada e alto teor de doçura, com a bebida alcançando pelo menos 80 pontos na escala da Specialty Coffee Association (SCA).

De acordo com o processo analisado pelo INPI, o Vale da Grama destaca-se tanto por sua tradição quanto por investir continuamente em inovação, qualidade e tecnologia. O reconhecimento como IG solidifica sua posição como uma das principais regiões produtoras de cafés especiais do Brasil, celebrando sua história e projetando um futuro de ainda mais protagonismo no mercado nacional e internacional.

Uma história de tradição centenária

Desde a segunda metade do século XIX, o clima ameno e a abundância de fontes de água atraíram famílias produtoras de café ao Vale da Grama, muitas delas imigrantes europeus que escolheram a região para investir no cultivo do grão. Mesmo com os avanços tecnológicos no manejo, a colheita manual predomina. 

Em 2021, cafeicultores do Vale da Grama destacaram-se no Cup of Excellence e no 1º Concurso do Terroir da Região Vulcânica, conquistando quatro das seis principais premiações. 

Em 2023, o município de São Sebastião da Grama celebrou sua identidade cafeeira com a inauguração da Praça Vale da Grama, um reconhecimento ao papel central da região na produção de cafés especiais.

TEXTO Redação

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Campeonato Brasileiro de Cup Tasters começa hoje em Varginha (MG)

O campeão brasileiro irá disputar a final em Genebra, Suíça, em junho de 2025

O Campeonato Brasileiro de Cup Tasters começa hoje (25) e vai até 27 de novembro no Centro de Excelência em Cafeicultura (Senar), em Varginha, Sul de Minas. O provador brasileiro campeão vai representar o país no mundial de 2025, que acontece entre 26 e 28 de junho, durante o World of Coffee de Genebra, na Suíça. 

Dionatan Almeida, atual campeão mundial, está como juiz principal da competição brasileira, que conta com 40 participantes. O campeonato avalia a habilidade dos provadores em distinguir diferentes cafés por meio de degustações às cegas, no menor tempo possível.  Cada competidor tem oito minutos para separar a xícara diferente em uma sequência de oito trincas de cafés. 

O brasileiro Dionatan Almeida na competição mundial de Cup Tasters

O evento faz parte das ações do projeto “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido pela BSCA em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A competição está sendo transmitida ao vivo pela BSCA (@bsca_specialtycoffee).

O evento é gratuito e a grande final acontece no dia 27, às 18h30.

Saiba mais

Em 2023, o campeonato aconteceu de 22 a 24 de setembro. Dionatan Antunes de Almeida, provador das Fazendas Caxambu e Aracaçu, de Três Pontas (MG), sagrou-se campeão brasileiro ao superar 39 concorrentes, além de conquistar o título inédito para o Brasil ao vencer provadores de 33 países no Campeonato Mundial de Cup Tasters em abril deste ano, durante a Specialty Coffee Expo, em Chicago, EUA. Seu tempo para identificar corretamente as oito xícaras propostas foi de 2 minutos e 19 segundos, superando por 10 segundos a segunda colocada, a alemã Aurore Ceretta.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Caparaó (ES) e Sul do ES vencem o Coffee of the Year 2024

Um dos momentos mais esperados da Semana Internacional do Café, o Prêmio Coffee of the Year celebrou a sua 13ª edição, com 570 inscrições vindas de 13 regiões diferentes. Em mais um ano, o estado do Espírito Santo levou a melhor, alcançando a primeira posição nas categorias arábica e canéfora.

No arábica, o grande campeão da vez foi o produtor Paulo Roberto Alves, do Sítio Campo Azul, de Divino de São Lourenço (ES), Caparaó, com um café que pontuou, na primeira fase do concurso, 90.25 pontos. Na sequência ficou Gabriel Lamounier Vieira, da Fazenda Guariroba II, de Santo Antônio do Amparo (MG), Campo das Vertentes, em segundo lugar, e Douglas Dutra Vieira, do Sítio Cordilheiras, de Iúna (ES), Caparaó, em terceiro.

Paulo Roberto Alves, do Sítio Campo Azul, de Divino de São Lourenço (ES), Caparaó, vencedor da categoria arábica

Na categoria canéfora, o vencedor foi Antônio Cezar Demartini Landi, do Sítio do Pedrão, de Jerônimo Monteiro (ES), Sul do Espírito Santo, com um café que registrou 86,42 pontos na primeira fase de provas. O Sítio Grãos de Ouro, de Muqui (ES), Sul do Espírito Santo, levou o segundo e o terceiro lugares, com Neusa Maria da Silva de Souza e Talles da Silva de Souza, respectivamente.

Antônio Cezar Demartini Landi, do Sítio do Pedrão, de Jerônimo Monteiro (ES), Sul do Espírito Santo, vencedor da categoria canéfora

Confira o pódio completo das duas categorias:

Arábica

1 lugar Paulo Roberto Alves – Sítio Campo Azul – Divino de São Lourenço (ES) – Caparaó
2º lugar Gabriel Lamounier Vieira – Fazenda Guariroba II – Santo Antônio do Amparo (MG) – Campo das Vertentes
3º lugar Douglas Dutra Vieira – Sítio Cordilheiras – Iúna (ES) – Caparaó
4º lugar Afonso Lacerda – Sítio Forquilha do Rio – Dores do Rio Preto (ES) – Caparaó
5º lugar Sergio Meirelles Filho – Fazenda Alvorada – Aricanduva (MG) – Chapada de Minas
6º lugar Gisa Portilho – Sítio dos Portilhos – Luisburgo (MG) – Matas de Minas
7º lugar Deneval Miranda Vieira – Sítio Cordilheiras – Iúna (ES) – Caparaó
8º lugar Angelica de Fátima da Costa – Sítio Pedro Varinha – Manhuaçu (MG) – Matas de Minas
9º lugar João Vithor Medeiros Lacerda – Sítio Forquilha do Rio – Espera Feliz (MG) – Caparaó
10º lugar Carlos Alberto Monteiro – Fazenda Harmonia – Alto Jequitibá (MG) – Caparaó

Canéfora

1º lugar Antônio Cezar Demartini Landi – Sítio do Pedrão – Jeronimo Monteiro (ES) – Sul do Espírito Santo
2º lugar Neusa Maria da Silva de Souza – Sítio Grãos de Ouro – Muqui (ES) – Sul do Espírito Santo
3º lugar Talles da Silva de Souza – Sítio Grãos de Ouro – Muqui (ES) – Sul do Espírito Santo
4º lugar Nicole Nedel Duarte – Chácara Deodápolis – Nova Brasilândia do Oeste (RO) – Matas de Rondônia
5º lugar Luiz Claudio de Souza – Sítio Grãos de Ouro – Muqui (ES) – Sul do Espírito Santo

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

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Coffee of the Year divulga lista dos 65 finalistas de 2024

Após um segundo dia intenso de muito conhecimento e conexão na Semana Internacional do Café, foram divulgadas as 65 amostras finalistas do Coffee of the Year 2024. Clique aqui e confira os produtores classificados e suas regiões.

O concurso deste ano recebeu 570 amostras, vindas de diferentes regiões do Brasil. Na primeira fase, esses cafés passaram por avaliação de Q-Graders e R-Graders. Já na segunda, os dez primeiros arábica e os cinco primeiros canéfora ficaram disponíveis em garrafas térmicas codificadas para que os visitantes da SIC pudessem provar e votar em sua favorita de cada categoria, nesses dois primeiros dias de evento.

O anúncio dos nomes e da ordem final de classificação, além da premiação dos melhores cafés arábica e canéfora, acontece amanhã (22), último dia de Semana Internacional do Café, às 15h, no Grande Auditório.

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Cafezal

Por que o Brasil é a vanguarda da cafeicultura sustentável mundial

Cadeia organizada e proximidade entre seus agentes ajudam a promover boas práticas agrícolas e maior remuneração ao produtor

Atualizada em 18/11/2024, às 14h54

A sustentabilidade na cafeicultura brasileira não é um quadro monocromático. Produtores nacionais estão desenhando o caminho das boas práticas socioambientais, num mosaico de ações de âmbito local e internacional e que sublinham desde iniciativas pessoais até programas públicos, pincelados por projetos que envolvem cooperativas e associações. Há, porém, traços que borram essa tela: não há mensuração precisa de cafés provenientes dessas práticas. As certificadoras não abrem o número exato de cafezais certificados e a rastreabilidade tornou-se um desafio.

Mesmo assim, o Brasil é hoje referência mundial da cafeicultura sustentável. Tal posicionamento é reforçado em termos de escala. “A Costa Rica tem um trabalho interessante, mas numa proporção muito menor, pois exporta menos de 1 milhão de sacas”, diz a brasileira Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC). De fato, os números da cafeicultura nacional são superlativos. Maior produtor do mundo, no ano passado o país colheu 55 milhões de sacas, exportou 39,2 milhões delas e consumiu 21,7 milhões. “Muito da produção nacional fica no país. Não é brincadeira não, o que o Brasil destina ao mercado doméstico já é quase o que produz o Vietnã”, explica Vanusia, referindo-se ao país que é o segundo maior produtor do mundo. 

A sustentabilidade econômica que esses números geram tem pinceladas de todos os lados. Nos cenários estadual e federal, as iniciativas voltadas à sustentabilidade são múltiplas (veja em “para saber mais”, ao final da reportagem), como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que dá auxílio financeiro e suporte técnico aos cafeicultores. 

Com uma cadeia muito bem estruturada, o setor cafeeiro tem representações em todos os elos e bom entrosamento entre as esferas pública, privada e terceiro setor. “A gente tem uma política relevante, um centro de pesquisa extremamente importante e temos conseguido aumentar o volume de recursos para a pesquisa no Brasil”, analisa Vanusia, que destaca as ações do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), que destinou R$ 400 milhões para estudos na última década (dados do Conselho Nacional do Café – CNC). “Ainda é pouco, mas temos alcançado resultados muito interessantes”, acrescenta.

Um deles é o aumento da produtividade no café, que, dos anos 1990 para cá, avançou 400% enquanto a área de plantio reduziu 55%, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). O trabalho de várias instituições científicas, como Embrapa e IAC (Instituto Agronômico de Campinas) – que pesquisaram variedades mais produtivas, por exemplo – além do de associações, cooperativas e acesso ao crédito fizeram com que o Brasil saltasse de uma produtividade média de oito sacas por hectare para 30 sacas nos últimos anos.

Segundo o IBGE, há 265 mil estabelecimentos rurais com café em território nacional – 70% deles com área abaixo de 20 hectares e 78% de agricultura familiar. Por isso, ter programas para disseminar sustentabilidade e contar com a proximidade de agentes da cadeia (cooperativas, torrefadoras, tradings e órgãos estaduais de assistência técnica) faz toda a diferença para os pequenos cafeicultores e reflete no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em Minas, municípios com mais de 20 mil hectares de café têm IDH de 0,730, maior que a média de todos os municípios do estado (de 0,682).

Cafezal da Sancoffee, vencedora do 2024 Sustainability Award, da SCA

Sustentabilidade premiada

O cooperativismo faz diferença na difusão do conhecimento. “A profissionalização das cooperativas faz o Brasil estar no universo do ESG num nível de governança diferenciado, que não vemos em outros países”, explica a diretora da OIC. De fato, das 1.185 cooperativas do agro no país, 110 atuam no café (os dados são do Anuário do Cooperativismo do Sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB). 

Um bom exemplo é a Sancoffee, cooperativa de Campo das Vertentes (MG), que congrega 17 municípios. Fundada em 2000 por vinte produtores para agregar valor ao café e exportá-lo diretamente, viu-se num dilema em 2013, com demanda maior do que sua capacidade. Abrir capital ou aumentar o número de cooperados não era uma opção. A solução veio do próprio potencial da região. “Fizemos parcerias para criar governança para centenas de pequenos produtores, fomentar o associativismo e gerar treinamentos”, diz Fabrício Andrade, CEO da cooperativa. Assim nasceu o projeto Além das Fronteiras, cujo impacto aumenta ano após ano. Os 57 produtores iniciais e a exportação de 200 sacas transformaram-se, em 2023, em nove associações, 350 cafeicultores e mais de 11 mil sacas – o equivalente a quase 20% dos cafés exportados pela Sancoffee. Em termos de agregação de valor, isso equivale a um ágio (valor líquido) próximo de 28% quando comparado ao commodity. 

Menina dos olhos da Sancoffee, o Além das Fronteiras traz a essência do que é preciso para construir sustentabilidade. “Temos que atrair pessoas para trabalhar e enxergar o café como ferramenta de prosperidade da região”, acredita Andrade. No ano passado, a cooperativa faturou R$ 170 milhões. “Temos um arcabouço estrutural no nosso modelo de negócio que acredita ser possível fazer a diferença por meio do café, ter uma vida bacana e atrair novas gerações, tanto de produtores quanto de trabalhadores”, resume. 

A cooperativa já colhe frutos. “Por causa do uso de tecnologias e acesso ao mercado, temos visto jovens, filhos de pequenos produtores, que tinham feito faculdade e estavam trabalhando em outros lugares, retornar ao campo para ajudar os pais”, diz. Não por acaso, a Sancoffee venceu o 2024 Sustainability Award (categoria For-Profit), um dos principais prêmios de sustentabilidade do mundo, concedido pela Specialty Coffee Association (SCA). 

Entrelinhas 

Outro destaque na premiação foi a Fazenda Três Meninas, em Monte Carmelo (MG), que ficou entre os seis finalistas na mesma categoria. Referência em cafeicultura regenerativa, a propriedade de Paula Curiacos e Marcelo Urtado tem parcerias com universidades e atrai visitantes do mundo inteiro. O interesse é conhecer as práticas de agricultura climaticamente inteligente da fazenda, que resultaram num balanço negativo de carbono (- 5,16 toneladas por hectare/ano) e nas certificações do Imaflora (Preferred By Nature, Carbon on Track), da Rainforest Alliance e da Regenagri.

Pequena para os padrões do Cerrado Mineiro, a Fazenda Três Meninas tem 40 hectares de cafezais e é a prova de que a sustentabilidade não se restringe aos grandes produtores. Desde que compraram a propriedade em 2016, o casal começou um trabalho minucioso (confira os detalhes no box 2) para reconfigurar a maneira de produzir o grão. 

As entrelinhas do cafezal ganharam o plantio de forrageiras, que mantêm o solo sempre coberto. Quando roçadas, estas plantas transformam-se em adubo verde, que diminui a demanda de fertilizantes nitrogenados, os grandes vilões das emissões dos Gases do Efeito Estufa (GEE). Esse manejo também eliminou o uso de defensivos químicos e resultou na certificação SAT, de produção sem agrotóxicos, emitida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) por meio do Certifica Minas.

Recentemente, sob a orientação da academia, a Três Meninas implantou as “linhas de biodiversidade”. Elas nada mais são que florestas lineares – ruas de árvores e arbustos a cada 40 metros ou 11 ruas de café, que possibilitam a mecanização. “A biodiversidade é a base de uma agricultura equilibrada, porque nela é difícil uma praga se destacar”, ensina Urtado, que é engenheiro agrônomo, citando um dos benefícios dessa prática. O ideal é manter 30% de sombreamento. “Mas plantamos uma quantidade maior”, diz ele, que suprimiu 9% do cafezal para implantar as linhas. Nelas, ele também instalou um meliponário de abelhas nativas, já que a presença destes insetos pode aumentar a produtividade de 20% a 30%.

Linhas de biodiversidade nos cafezais da Fazenda Três Meninas

Quando as árvores estiverem adultas – e, se necessário –, algumas podem ser retiradas. Urtado não se preocupa com a perda. “Prefiro pensar que estamos garantindo a produção de 91% [dos pés de café]”. Segundo ele, estudos apontam que, com uma arborização adequada, mais do que manter, é possível aumentar a produtividade. Na Três Meninas, ela é de 54 sacas por hectare em média.

Na dianteira

Sim, a Fazenda Três Meninas faz muito além do habitual, mas, quando se trata dos aspectos socioambientais, o Brasil está numa posição de vanguarda. Todas as propriedades cafeeiras precisam seguir a Constituição Federal, que tem regras claras definidas pelo Código Florestal e pela Consolidação das Leis Trabalhistas. Este aparato legal é mandatório e tem um nível de exigência superior a vários países produtores.

Além disso, o setor cafeeiro tem se unido em ações pré-competitivas – aquelas em que empresas concorrentes trabalham juntas em pontos que preocupam a todos. Atendendo a demandas da cadeia cafeeira, a Plataforma Global do Café (GCP, na sigla em inglês) coordena duas delas (e que são prioritárias), como o “uso responsável de agroquímicos” e “trabalho e bem-estar na cafeicultura”. No primeiro caso, um dos vários ensinamentos oferecidos aos produtores pela Plataforma – associação internacional com mais de 40 membros no Brasil – é identificar e monitorar pragas e doenças para a tomada de decisão. “Se o ataque de broca for inferior a 5%, não causa prejuízo e não é preciso pulverizar”, detalha Eduardo Matavelli, consultor técnico da GCP. Quanto à iniciativa social, a plataforma esclarece sobre questões trabalhistas, saúde, segurança, remuneração e frentes de trabalho no campo.

Mas, afinal, por que o café do Brasil se destaca pela sustentabilidade? Um dos motivos é o ambiente institucional organizado, que permite ao produtor receber quase a totalidade do preço FOB do café exportado. “Os índices são 84,5% no arábica e 93% no conilon”, contabiliza Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

O único país produtor com um índice similar é o Vietnã, com uma transferência de 90%. “Nos outros países, a porcentagem varia entre 40% e 50%”, detalha Matos. A Etiópia, por exemplo, é conhecida por ter muitos atravessadores. Segundo Vanusia, as autoridades etíopes estão tentando mudar a sistemática para um modelo de compra mais direta. “Aquelas [cooperativas] que estão aplicando o novo modelo dizem que estão transferindo para os produtores os mesmos níveis de Brasil e Vietnã”, diz a diretora da OIC.

Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café

Números incertos

A quantidade de cafés sustentáveis produzida em território nacional, porém, ainda é incerta. Segundo o Cecafé, 18,6% dos grãos exportados no ano safra 23/24 enquadram-se no segmento de cafés diferenciados, que agregam valor por qualidade e/ou sustentabilidade (certificações).  “Mas este número não necessariamente representa a realidade, porque este campo de preenchimento na certificação de origem da OIC é voluntário”, comenta Matos. E, embora as fazendas de café brasileiras adotem várias certificações (Rainforest, FairTrade, IBD, 4C), falta transparência por parte das certificadoras quanto ao número de propriedades e área de cafezais auditados no país. 

Uma tendência é a criação de programas próprios de sustentabilidade pelas cooperativas e exportadores, como o Guaxupé Planet e o GMT Green. Elaborados, respectivamente, pela Exportadora de Café Guaxupé e pelo Grupo Montesanto Tavares, ambos seguem o processo denominado “mecanismo de equivalência” da GCP. Esse processo avalia se o programa está de acordo com um Código de Sustentabilidade, linguagem global de alinhamento da sustentabilidade no café desenvolvido pela plataforma. Nele, há pontos críticos que devem ser seguidos pelos cafeicultores. “Um deles é ter um programa de melhoria contínua, uma análise de riscos das propriedades e as ações para remediar riscos identificados, gerando melhores condições de vida ao produtor e beneficiando toda a cadeia”, explica Matavelli.

Na ponta final dela, não há dúvidas de que o consumidor olha cada dia mais para aspectos socioambientais ao decidir o que comprar. Prova disso é o relatório de Compras de Cafés Sustentáveis, recém-divulgado pela GCP. No ano passado, nove grandes torrefadoras e varejistas (JDE Peet’s, Julius Meinl, Melitta, Keurig Dr Pepper, Nestlé, Supracafé, Taylors, Tesco e Westrock) adquiriram 31,4 milhões de sacas de café de 39 países, sendo mais de 23 milhões delas, de grãos sustentáveis. O volume de cafés sustentáveis que representava 35% em 2019 passou para 74% em 2023.

À frente desse mosaico de sustentabilidade que é a cafeicultura brasileira está o desafio de se adequar ao EUDR (confira box 3), o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento, e de continuar o enfrentamento das mudanças climáticas. A cada seis safras, aponta o Cecafé, o Brasil perde uma por questões climáticas. Isso exige, cada vez mais, esforços conjuntos da cadeia para aprimorar as práticas de agricultura regenerativa e desenvolver novas cultivares resistentes ao estresse hídrico, para minimizar o impacto do aumento da temperatura global na produção cafeeira.

Rastreabilidade que desafia

No final de abril, em Bruxelas, o Brasil apresentou a autoridades do bloco europeu a Plataforma de Monitoramento Socioambiental Cafés do Brasil, desenvolvida pela Serasa Experian em parceria com o Cecafé. A ferramenta de rastreabilidade utiliza mais de 200 bancos de dados disponíveis para fazer o monitoramento socioambiental dos cafeicultores – incluindo a geolocalização de propriedades cafeeiras do Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro público obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de compor um banco de dados de informações ambientais de propriedades para controle, monitoramento e combate ao desmatamento.

Todas as legislações do Brasil, programas do governo de sustentabilidade na agricultura e ações e programas de sustentabilidade dos membros do Cecafé e de cooperativas e empresas nacionais e globais são reunidas numa pirâmide, cuja checagem por 24 horas é feita pela plataforma. “Costumo dizer que 40 milhões de cafés que a gente exporta são sustentáveis”, acredita Matos. 

Mas, então, qual é o receio do Brasil? A União Europeia exige rastreabilidade – a geolocalização dos produtos importados –, o que demanda uma força-tarefa nacional para fazer dois mapas desse tipo do parque cafeeiro: o de 31 de dezembro de 2020, data de corte do EUDR, e o atual. Sem isso, o Brasil terá que usar o que a Europa fornece, o mapa JRC (Joint Research Center), que avalia a cobertura florestal no mundo todo. “Por ser global, essa escala fica prejudicada e o mapa indica desmatamento em áreas de café consolidadas há mais de duas décadas”, problematiza Matos. É por isso que o Brasil e outros países produtores solicitaram às autoridades europeias a flexibilização da EUDR.

Para saber mais:

Agenda ESG 

No contexto federal, há várias ações na Agenda ESG (sigla em inglês para melhores práticas ambientais, sociais e de governança). Além do Pronaf, outra iniciativa que merece destaque é a do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que, só em 2023, capacitou 12,942 mil pessoas em 1,187 mil cursos presenciais sobre cafeicultura. A entidade também conta com um curso de ensino à distância (EAD) de sustentabilidade na produção cafeeira. São 5.421 matriculados desde o lançamento da plataforma Senar Play, em 2021.

E não para por aí. Há o programa Certifica Minas Café (MG), por exemplo, que orienta, em nível estadual, os cafeicultores sobre as boas práticas agrícolas reconhecidas internacionalmente e que já auditou e concedeu o selo para mil propriedades. Outro exemplo é a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), cujo foco em gestão e boas práticas agronômicas atende, em média, 40 mil cafeicultores mineiros por ano. Já o governo do Espírito Santo lançou, no ano passado, o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura Capixaba, que vai aportar R$ 5,45 milhões em ações de extensão rural para alcançar 8 mil produtores até 2026.

Biodiversidade na Três Meninas (MG)

O pontapé inicial rumo à sustentabilidade foi o plantio das forrageiras, cuja escolha depende da estação do ano e da finalidade desejada. O trigo mourisco, por exemplo, atrai os inimigos naturais de pragas do cafezal, como bicho-mineiro e broca-do-café. Quanto ao milheto, ele reduz os nematóides (vermes do solo que derrubam a produtividade), enquanto o nabo forrageiro descompacta o solo com suas raízes grossas, ajudando a infiltração da água. 

Já a arborização de um cafezal atenua os ventos, diminui a transmissão de doenças e cria um microclima propício para a produção cafeeira. Seguindo os ensinamentos da agricultura regenerativa, Urtado e Paula plantaram diversas espécies de árvores e arbustos. Ingá, erva baleeira, fedegosinho e fedegosão atraem inimigos naturais das pragas do café. A guapuruvu fixa nitrogênio e descontamina o solo, enquanto o jequitibá-rosa é uma espécie madeireira. 

A EUDR

O Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) – que proíbe a importação de produtos (entre eles, o café) provenientes de áreas desmatadas a partir de 31 de dezembro 2020 – está dependendo  da votação (que será em 17 de dezembro) dos órgãos regulatórios da União Europeia sobre um pacote de emendas, que irá definir se a lei entrará em vigor no final deste ano ou se será postergada. A União Europeia já publicou o guia de implementação (guidance), que orienta os países produtores sobre as medidas a serem adotadas. “Alguns pontos foram um pouco mais esclarecidos, outros seguem nebulosos, como a classificação de risco, que vai dizer qual país será de baixo, médio ou alto risco. A gente trabalha com a regionalização do risco, para que o problema da Amazônia não afete o nosso negócio”, diz Matos.

Números superlativos do café no Brasil 

  • 55 milhões de sacas colhidas (Conab)
  • 39,2 milhões de sacas exportadas (Cecafé)
  • 21,7 milhões de sacas consumidas no mercado interno (Abic)
  • R$ 400 milhões destinados à pesquisa cafeeira pelo Funcafé na última década

Representantes da cadeia cafeeira 

  • do setor produtivo: CNC (Conselho Nacional do Café) 
  • dos produtores: CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária)
  • dos exportadores: Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) 
  • das cooperativas: OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) 

TEXTO Lívia Andrade • FOTO Divulgação

Cafezal

Cafés da Fazenda Sertãozinho vencem as três categorias do 4º Concurso do Terroir Vulcânico

A Fazenda Sertãozinho foi o destaque do 4º Concurso do Terroir Vulcânico, que premiou os melhores cafeicultores da região no último sábado (9), em Botelhos (MG). A fazenda, propriedade da Orfeu Cafés Especiais, levou o primeiro lugar nas três categorias premiadas: natural, cereja descascado e fermentado – esta última, novidade da edição. 

Ao todo foram 12 municípios participantes e 65 amostras finalistas. “Este ano, a qualidade foi superior”, aponta Ulisses Oliveira, diretor-executivo da Associação de Produtores do Café da Região Vulcânica. “O concurso agrega para o produtor, abre mercado. Eles têm reconhecimento pelo trabalho feito”, afirma. 

Na categoria natural, a Fazenda Sertãozinho, de Botelhos, levou a melhor com um café de 89,5 pontos. Já nas categorias cereja descascado e fermentado, os cafés da propriedade obtiveram 86 e 87 pontos, respectivamente. 

Homero Teixeira, da Fazenda Recreio, do Vale da Grama, foi o segundo colocado na categoria natural, com um café de 87,75 pontos. Ele foi seguido por Luiz Augusto Dezena, da Fazenda Santa Maria, em Águas da Prata, que alcançou 87,25 pontos.

Quanto ao cereja descascado, o segundo e o terceiro lugares foram para o Vale da Grama, com o produtor Arnaldo Alves Vieira, da Fazenda Baobá, que pontuou 85,15 no seu café, e com a produtora Patrícia Guerra, cujo grão registrou 84,85 pontos.

Já na nova categoria fermentado, a Fazenda Baobá também levou a segunda colocação com grãos de 86,5 pontos, seguida por Eliandro Zanetti, da Agripoços (Vale da Grama), com 85,5 pontos.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Cafezal

Universidade Cornell e World Coffee Research anunciam parceria de cinco anos

Programa irá concentrar-se no desenvolvimento de variedades de café resilientes e de alta qualidade para impulsionar a produtividade e os meios de subsistência entre cafeicultores 

A Universidade Cornell, em Nova York, e o World Coffee Research (WCR) acabam de lançar uma nova iniciativa para melhorar a resiliência climática e a produtividade entre pequenos produtores de café ao redor do mundo.

O Coffee Improvement Program tem duração de cinco anos e conta com o apoio de mais de US$ 5 milhões da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O programa é liderado pelo Innovation Lab for Crop Improvement (Laboratório de Inovação para Melhoria de Culturas) da Cornell.

Em um comunicado à imprensa, as instituições afirmaram que o programa vai desenvolver ferramentas para aumentar a precisão e a velocidade do melhoramento genético do café. O objetivo principal é identificar marcadores genéticos para a ferrugem (Hemileia vastatrix) e a antracnose, ambas grandes ameaças para a produtividade do café.

De acordo com o WCR, mais de 12 milhões de pequenos cafeicultores no mundo produzem, atualmente, 60% do café consumido globalmente. No entanto, esses produtores enfrentam riscos crescentes devido às mudanças climáticas e lidam com desafios adicionais para a rentabilidade e o crescimento da produtividade devido à limitação de acesso à inovação agrícola.

“O café é parte integrante da economia global. Garantir a resiliência dos pequenos produtores de café é essencial tanto para as economias locais quanto para as cadeias de suprimento globais. Esta colaboração com a Cornell irá acelerar o desenvolvimento da próxima geração de variedades de café, beneficiando tanto os pequenos produtores quanto a indústria cafeeira”, disse Vern Long, CEO do WCR.

O ILCI da Cornell foi estabelecido em 2019 com uma doação inicial de US$ 25 milhões da USAID. Em outubro de 2024, o departamento de pesquisa recebeu uma segunda doação de cinco anos no valor de US$ 25 milhões da USAID para apoiar programas de melhoria de culturas voltados para a demanda em regiões-chave do mundo.

TEXTO Redação / Fonte: Allegra World Coffee Portal

Cafezal

Cafés do Cerrado Mineiro e da Mantiqueira de Minas destacam-se no Cup of Excellence 2024

No último sábado (2), o Cup of Excellence realizou a cerimônia de premiação da edição de 2024. Minas Gerais foi o grande destaque e levou os primeiros lugares das três categorias (via úmida, via seca e experimental). Clique aqui para conferir a lista dos vencedores.

O produtor Vitor Marcelo Queiroz Barbosa, da Fazenda Sobro e Bonito de Cima, de Coromandel, no Cerrado Mineiro, foi o vencedor da categoria via úmida, com 91.93 pontos. Ele foi seguido por Flávio Marcio Ferreira da Silva, da Fazenda Olhos D’Água, de Campos Altos, também no Cerrado Mineiro, com 90.89 pontos.

Na categoria via seca, o ganhador de 2024 foi Ronaldo da Silva, do Sítio Santa Luzia, de Cristina, Mantiqueira de Minas, com 92.32 pontos. O segundo lugar ficou com o grupo da Fazenda Sertãozinho com a Fazenda Rainha, de São Sebastião da Grama, na Região Vulcânica, com 91.89 pontos.

Já o Grupo Bioma Café levou a melhor na categoria experimental, com um café de 93.14 pontos da M&F Coffee, de Campos Altos, no Cerrado Mineiro. Na sequência ficou a produtora Carmen Lydia Junqueira Puliti Meirelles, da Fazenda Santa Rita do Xicao, de São Gonçalo do Sapucaí, Mantiqueira de Minas, com 91 pontos.

A competição também teve cafés eleitos “vencedores nacionais”, que consistem em lotes selecionados para a fase internacional, mas que ficaram abaixo dos 30 primeiros colocados.

TEXTO Redação