Mercado

Museu do Café ganha nova identidade visual

Com papel fundamental na preservação da história do café e na disseminação do conhecimento sobre o grão, o Museu do Café apresentou seu novo posicionamento institucional. 

“O propósito dessa mudança é estabelecer uma conexão emocional e de afetividade com diversos públicos, desconstruindo a imagem intimidante e elitista [do museu]”, explica a diretora-executiva do Museu do Café, Alessandra Almeida.

Em processo desde 2021, o rebranding, desenvolvido em conjunto com o Istituto Superiore per le Industrie Artistiche Roma (ISIA Roma Design), incluiu o lançamento de uma nova identidade visual que destaca o lado humano e social do café além da xícara, trazendo assuntos como gênero, raça e imigração. 

Para isso, os novos atributos adotados pelo Museu do Café nesta fase (vivo, participativo, internacional, socialmente responsável e afetivo) serviram de base para a atualização da identidade visual, que utilizava a mesma logomarca desde a fundação, em 1998.

O novo logotipo foi inspirado em movimentos orgânicos e circulares que fazem parte da cadeia de produção e consumo, influenciado, também, por traços e elementos do prédio que abriga o Museu, como Salão do Pregão, a cúpula, o relógio da torre e as colunas greco-romanas. 

“A forma circular da xícara vista de cima vai ao encontro do sinal dinâmico da gota. O resultado é uma letra C suave”, explica Massimiliano Datii, professor do ISIA. “Os rostos dos produtores e consumidores, os elementos naturais, os rituais nas diversas partes do planeta, as cores do mundo do café, cada detalhe é integrado ao sistema visual e contribui para enriquecer a imagem do Museu”, completa.

A nova identidade pode ser vista pelo público no site do Museu do Café – que foi totalmente reformulado –, nas redes sociais e no vídeo da campanha institucional

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Café & Preparos

Café é tema de exposições em São Paulo e no Rio de Janeiro

Exposição “Café através dos sentidos”, que acontece até o dia 22 de fevereiro, no Polo Cultural ItanianoRio

Até o dia 22 de fevereiro, na cidade do Rio de Janeiro, o Polo Cultural ItalianoRio (av. Pres. Antônio Carlos, 40 – Centro) oferece a exposição gratuita Café através dos sentidos. A experiência imersiva busca fazer com que o visitante explore os sentidos através de vídeos e itens em exposição, que vão desde a produção, como grãos de café, até informações sobre o tradicional espresso italiano e os utensílios históricos utilizados na cerimônia do café na Etiópia. 

Um dos destaques da mostra é a reprodução da pintura “Colheita de café” (1958), de Candido Portinari, que retrata uma cena de trabalho nos cafezais. Especialmente no dia 20 de fevereiro, a exposição recebe João Candido Portinari, filho do artista, que fará uma palestra sobre a relação de seu pai com o café, esmiuçando a arte e as culturas brasileira e italiana. 

Exposição “Passione Italiana: l’arte dell’espresso”, que acontece a partir de 21 de fevereiro, no Museu da Imigração

Já em São Paulo (SP), o Museu da Imigração (rua Visconde de Parnaíba, 1316 – Mooca) recebe, a partir do dia 21 de fevereiro, a exposição Passione Italiana: l’arte dell’espresso, que aborda a evolução do design e da tecnologia dos artefatos de café, relacionando os itens à imigração italiana para o Brasil. A mostra gratuita, que esteve no Museu do Café, em Santos, reúne 60 máquinas para uso doméstico e profissional, além de um acervo de xícaras. 

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Mercado

Como o preço do café pode impactar o mercado e o consumo

A escalada de preços abre espaço para alternativas de consumo, como as bebidas ready-to-drink e o café solúvel

Foto: Agência Ophelia

Nos últimos meses, a alta expressiva dos preços do café tem sido um assunto em debate. Em 2024, o custo do grão para o consumidor cresceu 37,4%, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em coletiva realizada na última quarta (5). Estoques baixos, tanto nos países produtores quanto nos consumidores, problemas climáticos – com projeções de que as condições devem persistir em 2025 – e a alta do dólar são algumas justificativas para essa valorização. 

Estimativas de produção para o próximo ciclo também impactam os preços. Em 28 de janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou sua primeira estimativa para a safra brasileira de café 2025, indicando uma produção de 51,8 milhões de sacas, queda de 4,4% em relação ao ano anterior. 

Enquanto isso, nas gôndolas, um simples café de mercado está na casa dos R$ 30 – e a previsão não é animadora. “Devemos ter aumento adicional no preço final. A indústria não tem como evitar esse aumento e repassou os valores para os intermediários e consumidores finais”, disse Pavel Cardoso, presidente da Abic, na coletiva. “Nos próximos dois meses, devemos ter um aumento de 25%”, acrescentou.

Foto: Agência Ophelia

Entre a produção e o cliente

Alex Lima, fundador da Torra Fresca Cafés, de Mococa (SP), sente os efeitos da rápida escalada. Em entrevista à Espresso, ele comenta que cerca de 15% dos clientes deixaram de comprar café nos últimos meses. “Fizemos um repasse de 50% entre novembro e janeiro. Os clientes assustam, tentam manobrar e, em alguns casos, deixam de comprar”, explica.

À frente da torrefação há 11 anos, Lima trabalha não apenas com café especial, mas também com gourmet – produto que tem sido uma alternativa para quem busca manter certo padrão de qualidade. “O gourmet apresentou aumento nas vendas. Antes, o cliente comprava dois especiais. Hoje, tem comprado um especial e um gourmet”, relata. 

No norte do país, em Belém, no Pará, o empresário Bruno Wariss, da Alquimista Bebidas Especiais, também se reinventa para driblar a situação. “É importante ser flexível”, pontua. Ele, que vem de família que trabalha com café há décadas, relembra outros momentos difíceis: “Entre 2015 e 2016, em que tivemos impeachment de presidente e caminhões parados, os produtos não chegavam e a gente precisou se adaptar. Depois veio a covid-19, três meses totalmente fechados, sem funcionar, não estávamos vendendo café. Mas precisamos nos adaptar ao mercado”.

Foto: Agência Ophelia

Wariss explica que o repasse para o cliente se faz necessário para manter o negócio funcionando. “Nós tentamos segurar o preço, mas infelizmente tem que repassar. Antes eu vendia, para cafeterias, um café de 82 pontos, para espresso, a R$ 75 o kg. No momento está custando R$ 120, mas vem escalando de dez em dez reais a cada 15 dias. É a nova realidade. Não adianta segurarmos o preço, senão vamos ter que fechar a empresa”, aponta o empresário.

Ele também comenta que o fato de estar longe de grandes centros produtores, como Minas Gerais e Espírito Santo, o obriga a comprar quantidades maiores de café por vez – o que financeiramente não tem sido um negócio fácil. “Há 12 meses, com 100 mil reais, comprávamos 60 sacas de 60 kg. Agora, com 100 mil reais, conseguimos comprar 28 sacas. Antes, o produtor dava 120 dias de prazo, agora ele dá 30”, relata. “Então é uma adaptação completa, até da minha vida pessoal. Meu pró labore diminuiu 30% para que a gente possa se adequar às novas compras de café. É um estudo financeiro, de gerência e de venda, e ao mesmo tempo uma relação com o produtor”, detalha.

Foto: Agência Ophelia

Em contrapartida, para manter o interesse do público nos cafés de qualidade, Weriss tem investido na educação do público com treinamentos que acontecem em seu espaço. “Treinamos de duas a três mil pessoas por ano, entre baristas, coffee lovers e donos de cafeterias, e com isso o consumidor fica cada vez mais esperto sobre o real valor do café, no sentido sensorial, e já sabe reconhecer muito bem o que é o café especial”, destaca. 

Ele também faz parcerias com empresas de consultoria. “Elas oferecem aos meus clientes uma palestra gratuita e depois, caso queiram, eles acabam fechando negócio. Ou seja, essas empresas se aproveitam do meu networking para fechar possíveis contratos, e, ao mesmo tempo, fomentam meus clientes a serem melhores profissionais. Mantemos o terreno fértil aqui”, explica.

Novas formas de se consumir a bebida

Claro que o café filtrado não será substituído, mas a escalada de preços pode impactar a forma de consumo, dando margem para que novas bebidas entrem no jogo, como as bebidas ready-to-drink e o café solúvel. “O solúvel está sendo inserido como mais uma forma de se tomar café em determinados momentos do cotidiano”, afirma Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics). 

Café solúvel – Foto: Felipe Gombossy

Nos últimos meses, o produto teve bom desempenho, como indica a atualização do AbicsData, plataforma da Abics, divulgada no final de janeiro. Segundo os dados, o Brasil registrou aumentos recordes tanto nas exportações quanto no consumo interno. Em 2024, os envios de café solúvel somaram 4,093 milhões de sacas – crescimento de 13% na comparação com o ano anterior. No mesmo período, o consumo nacional alcançou o seu maior nível histórico: 1,069 milhão de sacas. Para Lima, a melhora da qualidade e o leque de opções são fatores que justificam a maior demanda pelo produto. “São vários blends de canéforas e arábicas, além da diversificação dos processos, como o aglomerado, o spray dried ou o freeze dried, que tem várias aplicações, e também os muitos tipos de embalagens. Com isso criou-se uma prateleira maior para os consumidores”, explica. 

Na prática, a versatilidade, o preço da dose e sua maior vida útil também são fatores a favor do solúvel, como menciona a consultora da Abics, Eliana Relvas: “no caso do solúvel, não tem desperdício. O consumidor faz doses únicas, geralmente 1g ou 1,5g por xícara, misturado com leite ou água. Além disso, pode durar até dois anos se embalado corretamente. Já o torrado e moído tem uma validade menor, pois oxida mais rápido”, comenta. “Lembrando que o café solúvel é só café e água. Usamos só pressão e temperatura em sua produção”, destaca.

Hoje, o solúvel representa 28% do consumo total global e 5% no cenário brasileiro – número este que vem crescendo nos últimos anos, como mostra a série histórica da Abics (veja imagem abaixo), que os acompanha desde 2016. 

“Como segundo maior consumidor de café, o Brasil tem muito espaço para crescer no consumo do produto, e isso está muito ligado à nossa capacidade de transmitir aos consumidores que o café solúvel não é tudo igual, que tem, sim, várias aplicações”, afirma Lima. “As expectativas são as melhores e devemos seguir crescendo no Brasil a um ritmo bastante interessante”, completa.

TEXTO Gabriela Kaneto

Barista

Casa Hario oferece workshops sobre preparo de café

Localizada em São Paulo (SP), a Casa Hario, primeira e única cafeteria da marca japonesa Hario no mundo, oferece três workshops que abordam o preparo da bebida. Ministradas pela educadora e mestre de torra Regina Machado, as aulas acontecem na própria cafeteria, nos primeiros três sábados do mês, com duração de 3h. As vagas são limitadas (de 6 a 8 alunos por turma) e as inscrições podem ser feitas aqui.

Ideal para iniciantes, o workshop “Introdução aos cafés especiais” (R$ 390) mostra as principais diferenças entre cafés tradicionais e especiais, além de ensinar o preparo da bebida nos métodos v60 e switch. Para quem deseja expandir os conhecimentos, o “Mundo café Hario” (R$ 390) explora a teoria e a prática dos métodos, como v60, sifão, french press. Por último, o “Laboratório Hario” (R$ 490) é voltado para aqueles que têm experiência e querem se aprofundar em conteúdos técnicos com foco em ajuste de variáveis, como moagem, temperatura e tempo de preparo. 

Serviço
Workshops Casa Hario
Onde: Casa Hario – rua Manuel Guedes, 426 – Itaim Bibi – São Paulo (SP)
Horário de funcionamento da casa: seg. a sáb., das 9h às 23h; dom., das 11h às 18h
Inscrições: www.eventbrite.com
Mais informações: www.instagram.com/casahario 

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A fatura do caos

“A inflação é o caos em sua forma mais eficiente e arrasadora”
Monica de Bolle

A Torre de Babel, na narrativa bíblica, trata do mito sobre a construção de uma torre que deveria alcançar o céu. Diante dessa arrogância humana, Deus, indignado, criou os diversos idiomas, impedindo-os de continuar a obra proposta, pois se tornaram incapazes de mutuamente se entender. O mito narra o surgimento do caos no seio da civilização, ou melhor, uma imagem de sua barbárie.

Parte dos cidadãos estadunidenses celebram os primeiros dez dias de novo presidente, e a outra parte começa a se posicionar contrariamente aos seus atos iniciais. Entretanto, dois tópicos despertam a atenção de toda a humanidade: a elevação dos impostos para os produtos importados pelos EUA e a radicalização da política imigratória com repatriações em massa.

Ambas as políticas terão impactos significativos no bem-estar dos estadunidenses. Sem a força de trabalho representada pelos imigrantes (documentados ou não), muitos ramos econômicos serão estressados. A agropecuária, os serviços em hotéis, bares e restaurantes, as obras de infraestrutura, a construção civil, entre outros, estão afetados pelo temor dos imigrantes trabalhadores de serem caçados, algemados e repatriados, em algumas situações, com requintes de crueldade e sevícia.

Paralelamente, a imposição de taxas para as mercadorias importadas pode desencadear uma guerra comercial planetária, com enorme potencial de reduzir a expansão econômica das nações, uma vez que o crescimento econômico e o avanço do comércio internacional possuem covariância positiva, ou seja, quando um cresce, o outro também e vice-versa.

A liderança econômica/militar global dos EUA vem, progressivamente, sendo corroída, gerando um sentimento de declínio enquanto potência mundial. Tal sentimento concede ensejo para o surgimento de políticos populistas, oferecendo soluções fáceis, porém erradas, para problemas complexos.

Conjugadas, ambas as políticas tendem a resultar em elevação dos preços, ou seja, mais inflação. O desdobramento de processos inflacionários corroem as capacidades de governabilidade das nações, ou seja, preparando um contexto para a produção do caos.

Quando surgem processos inflacionários generalizados, abrangendo todos os continentes (desdobramento da mútua imposição de tarifas alfandegárias), a riqueza representada pelas moedas é dilapidada, redirecionando o interesse em buscar proteção patrimonial nas mercadorias, especialmente, aquelas negociadas em Bolsa de Valores, como, por exemplo, o café.

Atualmente, o mercado mundial de café atravessa severa restrição de oferta. Decorrentes de problemas originados pelas mudanças climáticas, os principais países produtores exibiram substancial redução de oferta, o que levou a um paulatino consumo dos estoques remanescentes. Porém, para fazer frente a um incessante aumento da demanda, sendo o caso recente mais emblemático a procura por café pelos chineses, os estoques se exauriram e todo o mercado passou a atuar, no jargão comercial, da “mão para a boca”. 

Tal situação foi antecipada pelo mercado de cacau, outro produto tropical que, em menos de vinte e quatro meses, registrou elevação de cinco vezes em sua cotação média histórica. No mercado de café, esse mesmo cenário se repetiu com o registro de cotações em máximas históricas (similares às alcançadas quando da geada negra de 1975). Assim, se soma ao contexto de suprimento limitado e a demanda aquecida o fator econômico da pressão inflacionária.

A Bolsa de Nova York, no ano civil, movimenta em papeis dez safras mundiais de café. A busca por proteção patrimonial por meio da aquisição de contratos representados pelas mercadorias transacionadas será pressionada em detrimento da corroída moeda. A consequência imediata consiste na manutenção das cotações com possíveis novas altas, pressionada pelo crescente número de contratos de compra em aberto.

O ambiente de negócios sempre navegou em cenários de incerteza e de risco. A cafeicultura enfrentou o lockdown imposto pela pandemia; em seguida, houve as três ondas de massa polar com geadas generalizadas pelos cinturões cafeeiros; as altas temperaturas prejudicando o pegamento (ramos banguelas) e diminuindo o tamanho dos grãos e, na atual safra, a longa estiagem de 2024 que, em muitos casos, trouxe perdas de 30% a 40% na produção antes esperada.

Às incertezas e riscos intrínsecos de uma indústria a céu aberto se soma, neste momento, a incerteza de natureza política (uma verdadeira marcha da insensatez) e o medo (repatriação dos imigrantes). Formou-se o caos. A resposta imediata do FED estadunidense será subir juros para conter a inflação. Frente ao caos há somente uma solução, a fatura dos malfadados juros altos. Nisso, as autoridades monetárias brasileiras são useiras e vezeiras. Pois que venham os estadunidenses tomar cá algumas lições.

TEXTO Celso Luis Rodrigues Vegro - Eng. Agr., MS, Pesquisador Científico do IEA - celvegro@sp.gov.br 

Mercado

O consumo de café no Brasil cresceu 1,11%

Dados coletados pela Abic até outubro do ano passado revelam também que o consumo per capita diminuiu 2,2% no país; quanto à falta de café no mercado, o país está preparado para o enfrentamento

O consumo de café no Brasil cresceu 1,11% em 2024, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) apresentados em coletiva de imprensa nesta quarta (5). Isso significa que os brasileiros consumiram 21,92 milhões de sacas em 2024, contra 21,67 milhões em 2023.

Já o consumo per capita de café torrado e moído entre 2023 e 2024 caiu 2,2% (de 5,12 kg por habitante por ano para 5,01), por conta do crescimento da população (a Abic utilizou a base populacional feita pelo IBGE, que cresceu). Os dados acima foram coletados entre novembro/outubro de 2023 e novembro/outubro de 2024.

Questionado pela Espresso se faltará café no mercado interno por conta da pequena oferta atual, Pavel Cardoso, presidente da Abic, nega que tenhamos problemas. “Sempre há estoques reguladores nos países produtores e exportadores. Por conta da EUDR, as importações europeias foram aceleradas para estoque”, diz ele.

Embora a safra brasileira de 2025 seja “ligeiramente menor”, nas palavras de Cardoso, para Fábio Sato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) e que também participou da coletiva, a safra brasileira poderá trazer alívio para essa baixa oferta. Segundo Edvaldo Frasson, presidente do Sindicafé-SP, “a indústria está preparada”.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Mercado

Lançamentos da Carmomaq para torrefação e empacotamento de café

Várias marcas do mercado aproveitam a Semana Internacional do Café para fazer seus lançamentos. A Carmomaq, que atua no setor de equipamentos, apresentou três novidades. Uma delas foi a empacotadora Exatto, que visa facilitar o trabalho de envase de pacotes de café nas microtorrefações e cafeterias. Em vez de realizar um processo manual de dosagem dos grãos, o equipamento, que comporta de 15 a 20 kg de café, permite que o usuário programe a quantidade desejada por pacote e faça um empacotamento sequencial.

Além da Exatto, as outras duas novidades são os torradores Caloratto Pro Roaster e Stratto Lab. O Caloratto, disponível em versões para 5 kg, 10 kg, 15 kg e 30 kg, tem sistema de automação embarcado, que permite ao usuário pernalização e maior controle. Já o Stratto Lab, 100% elétrico, é portátil, com capacidade para 250 g, ideal para torras de amostras e pequenos lotes.

Mais informações: www.carmomaq.com.br

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Equador: a última fronteira do café sul-americano?

De todos os países sul-americanos que produzem café, o Equador talvez seja aquele cuja produção ainda é a mais subestimada no Brasil. O país, relativamente próximo de nós, está encurralado entre tradicionais produtores, como a Colômbia ao norte e o Peru ao sul, além da cordilheira dos Andes ao centro e da floresta amazônica ao leste.

A produção equatoriana é superior até mesmo a algumas origens consolidadas, como El Salvador e Ruanda. O país andino chega a produzir cerca de 50% a mais do que El Salvador e três vezes mais do que Ruanda, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC).

Além disso, é um dos poucos países com produção funcional tanto de arábica como de robusta. A produção anual gira em torno de 700 mil sacas, o que coloca os equatorianos em um honroso posto entre os vinte maiores produtores de café do mundo. Se considerarmos apenas os países que produzem tanto arábica quanto robusta, o Equador sai com um ainda mais honroso posto de oitavo maior produtor do mundo. 

Mas como é possível um país ter uma produção tão diversa? Ou ainda, como é possível que a maioria do público leigo, e até mesmo boa parte do público especializado do café, não conheça muito bem esta origem? Existe café de qualidade por lá? Estas três perguntas não são tão simples de responder, e envolvem fatores diversos como a geografia, a economia e, até mesmo, a criminalidade do país. 

Comecemos pela diversidade da produção. O Equador tem três zonas geográficas bem definidas: litoral, serra e costa. No litoral está Guayaquil, a cidade mais rica e populosa. Esta região costeira tem clima tropical parecido com o das regiões costeiras do Brasil e abriga o porto mais importante do Pacífico equatoriano. Além disso, o terreno na zona costeira é relativamente plano e de fácil manejo. Portanto, a produção do café robusta em larga escala pode prosperar, apesar da enorme tradição regional no cultivo de frutas. Existe ainda a produção do cacau, sendo país o quarto maior produtor mundial, com nada menos do que o dobro da produção brasileira. 

Ao leste, as regiões amazônicas equatorianas também contam com produção de robusta, restando ao arábica as zonas serranas que cortam o país ao centro no sentido norte-sul.

A maioria do público entusiasta de café não conhece o Equador justamente pelo país ser eclipsado pelos seus vizinhos e pela estrutura do mercado de café local. Com fronteiras extensas, pouco fiscalizadas e muitas vezes tomadas por serras e florestas, o tráfico de café do Equador para a Colômbia e o Peru acontece de maneira exacerbada. E, ainda, as torrefações locais não têm condições de competir com o preço pago pelas empresas colombianas e peruanas. Assim, o consumidor equatoriano acaba tomando seu próprio café torrado e empacotado na Colômbia ou, até mesmo, no Peru. 

Além disso, o conhecimento de cafés especiais tanto por parte dos consumidores como dos produtores ainda é limitado, o que dificulta o desenvolvimento da cadeia de especialidade. A única exceção acaba sendo, de certa maneira, o café solúvel, que tem no Equador uma indústria organizada e capaz de atender as demandas internas e, até mesmo, externas.

Por último, vale dizer que os fundamentos do terroir equatoriano não difere, em larga medida, do colombiano nem do peruano. Portanto, o país tem um enorme potencial de produção de cafés especiais. Além do mais, o país tem diferenciais de marketing para a comercialização de cafés de alta qualidade de dar inveja a qualquer outro produtor: o café produzido nas Ilhas Galápagos e a complexa cadeia de vulcões espalhada pelo país e que oferece solos ricos e experiências complementares ao consumo do café.

Mesmo que o país ainda tenha um longo caminho a percorrer para melhorar a qualidade dos seus grãos, já se pode notar algumas marcas tentando elevar o nível do produto ofertado e algumas cafeterias especializadas surgindo por Quito, a capital do país, que tem 1,8 milhões de habitantes – dez por cento da população equatoriana. 

Para o desenvolvimento da cafeicultura local a demografia equatoriana é uma vantagem, pois conta com uma população jovem, cada vez mais urbana e vivendo em uma economia dolarizada. 

Se, por um lado, o jovem urbano está mais interessado pelo consumo da bebida, ele acaba fazendo falta no trabalho do campo e na sucessão rural. A questão da economia dolarizada acaba influenciando, e muito, os hábitos de consumo do país – nem sempre de modo positivo. Mas este seria um tema para uma próxima coluna.

Gustavo Magalhães Paiva é formado em relações internacionais pela Universidade de Genebra e é mestre em economia agroalimentar. Atualmente, é consultor das Nações Unidas para o café.

TEXTO Gustavo Paiva

Barista

Campeonato Brasileiro de Brewers 2025 acontece no IAC em março

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) divulgou, nesta sexta (31), a data e o local de realização do Campeonato Brasileiro de Brewers 2025. A competição acontecerá de 20 a 22 de março, das 9h às 19h, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no interior de São Paulo.

As inscrições online abrem em 6 de fevereiro, às 10h. O link será disponibilizado no Instagram da BSCA (@bsca_specialtycoffee). Neste campeonato, cada competidor tem dez minutos para entregar aos juízes três receitas iguais de café filtrado, além de explicar o método e o café escolhidos. O atual campeão da categoria é Rubens Vuolo, da Amado Grão, de Cuiabá (MT).

O vencedor de 2025 representará o Brasil no Campeonato Mundial de Brewers, marcado para acontecer durante a World of Coffee, de 15 a 17 de maio, em Jacarta, capital da Indonésia.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Barista 2025
Quando: 20 a 22 de março
Onde: IAC – avenida Barão de Itapura – Campinas (SP)
Mais informações: www.bsca.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Fundação Mundial do Cacau (WCF) debate desafios do setor em evento em São Paulo

Nos dias 19 e 20 de março, a Fundação Mundial do Cacau (WCF) realiza, em São Paulo (SP), o Partnership Meeting, evento global dedicado ao cacau e ao chocolate. Com o tema “Nosso futuro: resiliência por meio da sustentabilidade”, a edição deste ano (segunda realizada no Brasil) aborda os desafios enfrentados pelo setor. As inscrições para participar já estão abertas no site.

Assuntos como mudanças climáticas, queda de produtividade, doenças do cacaueiro, novas regulações, déficit de oferta e volatilidade de mercado serão debatidos por profissionais do setor e especialistas na área. O objetivo é destacar a necessidade de práticas sustentáveis para desenvolver resiliência – individual e coletiva – e garantir o futuro da produção de cacau e da indústria.

Entre os palestrantes estão confirmados Michel Arrion, diretor-executivo da Organização Internacional do Cacau; Eduardo Bastos, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG); Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal; Vinicius Ahmar, gerente de Bioeconomia do Instituto Arapyaú; Sarah Dekkiche, diretora de Políticas e Parcerias da Iniciativa Internacional para o Cacau (ICI); Michael Ekow Amoah, diretor adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento do Conselho de Cacau de Gana; e Santiago Gowland, CEO da Rainforest Alliance. Confira a lista completa no site.

“Dado os desafios e o ritmo das mudanças que transformam o setor global de cacau, este é um momento crucial para reunir líderes e buscar soluções em comum”, afirmou Chris Vincent, presidente da WCF, em comunicado sobre o evento. “Estamos entusiasmados por sediar o evento deste ano no Brasil, um país singularmente posicionado para inspirar novas ideias, promover trocas Sul-Sul e apresentar inovações em agricultura sustentável”, completou.

Serviço
Partnership Meeting 2025
Quando: 19 e 20 de março
Onde: Tivoli Mofarrej São Paulo Hotel – Alameda Santos, 1.437 – Cerqueira César – São Paulo (SP)
Ingressos e programação: https://worldcocoafoundation.org/partnership-meeting/join-us#about 

TEXTO Redação
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