Mercado

Fala Café #10: Entrevista com o presidente da illycaffè e os 30 anos do Prêmio Ernesto Illy no Brasil

Nesta sexta-feira (2), o Fala Café, projeto criado pela Revista Espresso em parceria com o portal CaféPoint, entrevistou Andrea Illy, presidente da illycaffè, marca italiana de café presente em mais de 140 países.

O 10º episódio abordou os 30 anos do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, promovido pela illy no Brasil desde 1991. Durante este período, a premiação já incentivou o melhoramento de centenas de cafeicultores e desenvolveu a compra direta dos produtores e fornecedores.

Além da categoria nacional, o bate-papo também abordou o Prêmio Internacional Ernesto Illy, que homenageia as produções cafeeiras de todo o mundo; a origem da empresa italiana, fundada em 1933 com o objetivo de difundir a cultura do café; a Università Del Caffè, que oferece treinamento teórico e prático sobre o tema em Trieste, na Itália; e as mais de 100 xícaras da illy Art Collection, desenhadas por artistas renomados de diversas nações.

A entrevista exclusiva com Andrea Illy está disponível no YouTube da Revista Espresso, assim como os outros nove episódios anteriores, que abordam assuntos do campo à xícara e trazem personagens importantes do setor cafeeiro nacional.

TEXTO Redação • FOTO Evandro Monteiro/ Emontcar Fotografias

Receitas

Pudim de tofu

Ingredientes

Pudim
– 100 ml de água fervente
– 4 folhas de gelatina
– 175 g de tofu soft (temperatura ambiente)
– 5 colheres (sopa) de mel de jataí
– 350 ml de leite de soja sem açúcar, ou outro leite vegetal (temperatura ambiente)
– 1/2 colher (chá) de extrato de baunilha

Molho
– 1 bandeja pequena de morangos cortados em cubos
– 1 colher (sopa) de mel de mandaçaia
– Suco de meio limão (cravo, siciliano ou taiti)
– Folhas de hortelã para decorar

Preparo

Misture a água quente com as folhas de gelatina numa cumbuca até que as folhas estejam dissolvidas. Corte o tofu em cubos e coloque-os no liquidificador. Adicione o mel e o leite vegetal e bata até a mistura se tornar um creme liso. Adicione a gelatina dissolvida (já em temperatura ambiente) e o extrato de baunilha, e bata por mais 2 minutos. Passe a mistura por uma peneira com a ajuda de uma espátula, assim seu pudim vai ficar mais liso e sedoso. Coloque o creme em cumbuquinhas ou formas fundas de empadinha levemente pinceladas com óleo vegetal, cubra com um filme plástico e leve-as à geladeira por 1 hora. Enquanto o pudim firma, faça o molho de morango. Amasse os morangos com um garfo ou amassador de batatas. Adicione o mel e o suco de limão. Reserve. Quando o pudim ganhar consistência, desenforme-o num prato, despeje o molho de morango sobre ele e decore com as folhas de hortelã.

Rende 5 unidades

FOTO Daniel Ozana/Studio Oz • RECEITA Guilherme Kiyoshi, da Kanto Gastronomia Singular

Mercado

Etiópia busca aumentar exportação de café para a China

De acordo com autoridades, a Etiópia deseja ter o envolvimento da China no setor cafeeiro para aumentar a agregação de valor, já que o país da África Oriental busca aumentar suas receitas de exportação de café.

Adugna Debela, diretor-geral da Autoridade de Café e Chá da Etiópia, disse à Xinhua, em uma entrevista recente, que, como parte dos esforços em andamento, o país lançou uma iniciativa para atrair investidores chineses para se juntarem aos torrefadores de café locais para agregar valor e aumentar diretamente exportação de café para a China.

Segundo Debela, a Etiópia, que atualmente está trabalhando para penetrar no mercado de café asiático, promoveu a recém-desenvolvida Marca Nacional de Café da Etiópia para o mercado chinês durante uma exposição realizada na China.

A exportação do grão é frequentemente referida como a espinha dorsal da economia da Etiópia, na qual os principais destinos de exportação de café tradicionais do país eram Japão, Alemanha, Bélgica e Arábia Saudita.

“O mercado asiático é muito bom e oportuno para expandir e vender café, principalmente a China e a Coreia do Sul”, disse Debela. “Já convidamos investidores chineses para trabalhar em joint-venture com nossos torrefadores de café aqui na Etiópia. Um café de valor agregado pode ser exportado diretamente para a China”, acrescentou.

Apesar do impacto da pandemia de Covid-19 no andamento da promoção do café especial da Etiópia na China, o diretor-geral enfatizou a forte intenção do país de impulsionar tanto o envolvimento chinês leia mais…

TEXTO As informações são do Global Times / Tradução Juliana Santin • FOTO Café Editora

Café & Preparos

Saiba sobre a importância da torra do café em sexto episódio da websérie da BSCA

Nesta quarta-feira (30) acontece o lançamento do sexto episódio da websérie “A História do Café Especial – O olhar da BSCA em 30 anos”, realizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Café Editora.

O vídeo da vez fala sobre os processos de torra do grão. Quem explica sobre a importância da etapa é Paulo Kleinke, Jordan Henrique Gomes e Eluana Santos, da Probat Leogap; Fernando Trajano, do Café Versado; e Donieverson dos Santos, da Bourbon Specialty Coffees.

Movimento da xícara ao grão

Com novos episódios lançados todas as quartas-feiras no YouTube da BSCA e no Instagram da Revista Espresso, o projeto busca levar informações relevantes sobre a cadeia do café especial ao consumidor final e a todas as pessoas que não possuem conhecimento deste universo, rebobinando o trajeto da bebida da xícara ao produtor e sua lavoura.

Com o intuito de aproximar as pontas do setor, a websérie conta com linguagem acessível e tradução em inglês. Deste modo, mais pessoas ao redor do mundo também podem conhecer de perto a história do café especial no Brasil e ficar por dentro de toda a qualidade da produção nacional!

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

Mercado

Consumo mundial de café em 2021/2022 será superior à produção do grão

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo mundial de café em 2021/2022 deve crescer e superar a produção do grão nesta temporada, causando uma redução nos estoques finais globais.

Segundo o relatório “Café: Mercado Mundial e Comércio” é previsto um aumento do consumo de café de 1,8 milhão de sacas de 60 kg, em relação à temporada anterior, chegando a 165 milhões de sacas, enquanto que a produção deve cair 11 milhões de sacas, para 164,8 milhões de sacas. O relatório também aponta que os estoques no final da temporada cairão para 32 milhões de sacas, o menor desde 2017.

O principal motivo do déficit de produção, como é conhecido no mercado, é a queda da produção brasileira, devido ao período de entressafra do ciclo do arábica (bienalidade negativa) e ao clima mais seco que o normal.

O USDA estima que a safra 2021/2022 do Brasil seja de 56,3 milhões de sacas, menor que as 69,9 milhões da safra anterior. Também é esperado que a demanda do mercado interno brasileiro cresça para um recorde de 23,7 milhões de sacas, o que reduzirá a exportação de 9 milhões de sacas, para 32 milhões de sacas. Os estoques finais no maior produtor de café do mundo devem encolher para apenas 1,5 milhão de sacas.

O USDA também prevê que a produção do segundo maior produtor, o Vietnã, suba para 30,8 milhões de sacas (mais 1,8 milhão) em 2021/2022, enquanto que o terceiro maior produtor do grão, a Colômbia, terá uma safra ligeiramente menor, de 14,1 milhões de sacas (queda de 200 mil sacas).

A produção da América Central e do México deve cair em 400 mil sacas, para 17,4 milhões de sacas, uma vez que os pequenos ganhos na Guatemala, Nicarágua e México são compensados por Honduras, que deve registrar redução de 700 mil sacas, colhendo 5,5 milhões.

TEXTO As informações são da Reuters / Tradução Juliana Santin • FOTO Joshua Glass

Barista

Bartenders e baristas: Inscrições abertas para competição de drinques com licor e café

Este ano, a Licor 43 apresenta a 5ª edição do Licor 43 Bartenders & Baristas Challenge, campeonato anual que desafia os profissionais participantes a criarem as melhores receitas que levem Licor 43 e café.

Essa é a segunda vez que o Brasil participa da competição. As inscrições gratuitas ficarão abertas entre os dias 21 de junho e 11 de julho, no site global da marca. Para participar é necessário que o candidato seja bartender ou barista profissional. O desafio é criar uma receita exclusiva contendo os dois ingredientes.

Saulo Yassuda, da Veja São Paulo; Mariana Proença, da Revista Espresso; Tomas Vieira, da Zamora Company América do Sul; e Zulu, mixologista responsável pelo grupo São Bento Gastronomia, irão avaliar os coquetéis dos seis finalistas. Nesta etapa serão levados em consideração: a ideia por trás do coquetel, o nome, a influência do Licor 43, a facilidade na hora da execução, a originalidade, a apresentação, a entrega, o sabor, o aroma e o conhecimento sobre café, novidade da edição.

O vencedor nacional será conhecido no dia 2 de agosto através de live no Facebook da Licor 43 Brasil e, em seguida, disputará a final global, realizada em outubro deste ano no YouTube oficial da marca.

No ano passado, em disputa acirrada entre os seis finalistas, o bartender do Rio de Janeiro, Genilson Ribeiro, levou o título de campeão e conquistou a vaga para disputar o mundial com o coquetel Impédio, que além da combinação sensorial, relacionou histórias do Brasil Colonial a cada um dos ingredientes da receita.

A combinação do coquetel Império, servido em taça coupé, leva 25 ml de Licor 43, 15 ml de café espresso, 10 ml de bitter, 20 ml de vinho Jerez e 20 ml de uísque The Famous Grouse. Para decorar, uma folha pequena e três grãos de café finalizam a bebida.

Entre os juízes globais estão: o guru dos coquetéis Merijn Gijsbers; o consultor e educador de café, Timon Kaufmann; e Penelope Bass, editora sênior da revista americana Imbibe. A tarefa deles será encontrar a melhor nova receita de coquetel Licor 43 com café. Em 2020, Annarose Krone, do O Nic’s on Beverly Bar, em Los Angeles, foi a grande vencedora global.

Mais informações: www.instagram.com/licor43brasil

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Rede Social do Café completa 15 anos

O ano era 2006 e a internet no Brasil ainda engatinhava. Vivia-se a lenta transição entre a internet discada e a banda larga. O movimento de redes sociais começava a despontar. O Myspace foi desenvolvido em 2003, o Facebook foi criado em 2004, o Twitter lançado em 2006 e o Instagram somente em 2010. Nenhuma dessas redes sociais tinha se destacado no Brasil e, na época, o que existia, ainda de forma embrionária, era o Orkut. O iOS – Sistema Operacional Móvel da Apple foi lançado, nos Estados Unidos, somente em 2007, e,  em 2008, surgiria o Android – sistema operacional que se tornou líder mundial. O WhatsApp, principal aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones, foi lançado somente em 2009.  Nesse contexto de grandes transformações, surge a Rede Social do Café.

Na virada do milênio, foi fundada a Radium Systems, da fusão de mentes inquietas, homens de negócio, professores universitários, jovens programadores e criadores ávidos pelo novo horizonte digital que começava a se abrir. A empresa nasceu com o DNA da inovação, colaboração e conexão, possibilitados pelos meios digitais. Os esforços se direcionaram para a construção da Plataforma de Mídia Social Peabirus. Desde sua gênese, a rede foi criada para conectar profissionais, instituições e empresas, de forma a incentivar o compartilhamento de informações, construção do conhecimento e desenvolvimento de oportunidades.

O Peabirus chegou ao setor cafeeiro por intermédio do então secretário executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), Alberto Duque Portugal e do então gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Ferreira Bartholo, que gerenciava o Consórcio Pesquisa Café. O café foi uma das pautas que sustentou o Peabirus desde o lançamento, dia 28 de junho de 2006, há 15 anos.  Daí em diante, desenhou-se uma revolução no modelo de comunicação entre as instituições participantes do Consórcio e os demais segmentos da cadeia café, numa troca dinâmica de informações para incentivar a incorporação das tecnologias geradas pela pesquisa e colocar a cadeia produtiva dentro do moderno contexto da sociedade da informação.

Desde os primórdios a RSC contou com articulação e mediação de Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador cientifico do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituição vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Com o passar dos anos, das comunidades de prática ligadas ao café existentes no Peabirus, sobreviveu apenas uma, a Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira, que evoluiu, em 2011, para a Rede Social do Café (RSC).

Ao completar 15 anos, a rede demonstra uma força surpreendente, com a marca de 24 milhões de acessos em mais de 65 mil tópicos com foco no sistema agroindustrial dos cafés do Brasil. Trata-se de um leia mais…

TEXTO Sergio Parreiras Pereira • FOTO Agência Ophelia

Cafezal

A ovelha cafeicultora da família

Guiada pela intuição, Cristiane Zancanaro mudou os rumos do negócio familiar e pôs o Cerrado goiano no mapa do café especial

Há oito anos, a advogada Cristiane Zancanaro descobriu que estava grávida – do terceiro filho e do sonho de trabalhar com café especial. O pequeno Felipe foi concebido durante uma viagem ao Chile, quando ela e o marido, Daniel, conheceram as famosas vinícolas do país. Ao ver o cuidado no processamento das uvas viníferas, ela teve um estalo: aquilo também deveria ser feito com os grãos de café colhidos na propriedade da família, a Fazenda Nossa Senhora de Fátima, em Cristalina (GO).

À época, Cristiane comandava o departamento de recursos humanos do negócio dos Zancanaro. “Queria ser advogada e atuei por alguns anos, mas logo percebi que a advocacia é dos homens, que a justiça não é de Deus. Muitas vezes uma pessoa ganhava causas sem prova ou perdia porque o empregador era mais esperto. Isso me desestimulou demais. Por isso vim para a empresa familiar, para deixar as coisas certas. Fomos a primeira empresa rural do Brasil a ter ponto eletrônico”, lembra. Com o embrião do café na cabeça, no entanto, foi difícil pensar em voltar para o escritório.

Durante a licença-maternidade, Cristiane mergulhou de cabeça no café especial: entre visitas à fazenda com os três meninos e cursos no Coffee Lab, em São Paulo (SP), ela estava decidida a mudar de carreira. “A maternidade faz você ficar com os sentidos mais aguçados, mas eu acho que, mesmo se não tivesse ido ao Chile, teria encontrado o caminho do café. A gravidez me trouxe a sensibilidade de encarar um projeto como esse”, afirma.

Cristiane Zancanaro

O começo não foi fácil: da propriedade dos Zancanaro saem não só sacas de café, mas de milho, feijão e soja – e os frutos do cafezal eram tratados como grãos comuns, ou seja, eram armazenados com os outros produtos, sem grandes cuidados, misturando-se as variedades. Na primeira safra, ela lembra, eles tiveram que vender um lote inteiro mais barato porque o café havia sido armazenado, inadvertidamente, ao lado de um trator – ficou com gosto de borracha. “Fui aprendendo na marra. A gente tem essa vantagem por ser novata num negócio: nós gostamos de novas tecnologias, de novidades. Mas também erramos muito!”, comenta. Pouco a pouco, ela conseguiu convencer o conselho familiar a instalar o maquinário de beneficiamento dos grãos, além dos terreiros de secagem.

Cristiane ainda enfrentava outro problema nesse começo: a insegurança, remediada com uma boa dose de intuição. “Eu conversava com agrônomos, consultores, especialistas, mas sabia o que estava fazendo. É algo que ainda trabalho dentro de mim, essa autoconfiança. Às vezes a mulher não se valoriza nesse sentido. Quando vejo que sou a única mulher em uma reunião, penso: como vou falar algo contra todos esses homens? Mas eu sei do que estou falando. Muitas vezes, a explicação não está só na ciência, tem intuição. Eu me realizo muito no café especial porque vejo minha intuição aparecendo”, afirma. leia mais…

TEXTO Clara Campoli • FOTO Rafaela Felicciano

Café & Preparos

Estudo indica que café pode reduzir risco de doença hepática crônica

O consumo de café está associado a uma redução significativa do risco de desenvolver doença hepática crônica, ao mesmo tempo em que reduz pela metade o risco de morte por doenças hepáticas, de acordo com uma pesquisa publicada recentemente.

Os resultados favoráveis ​​foram associados ao café com cafeína e descafeinado, incluindo café espresso, embora tenham sido menos pronunciados entre os consumidores de café solúvel (instantâneo).

Pesquisadores do Reino Unido se debruçaram sobre os dados do UK Biobank, envolvendo quase meio milhão de participantes do estudo cujo consumo de café foi relatado no início de um período médio de estudo de 10,7 anos. Entre todos os participantes, 78% relataram beber algum tipo de café, enquanto os 22% restantes se identificaram como não bebedores de café.

Dentro desse intervalo de tempo médio, os bebedores de café de todos os tipos tiveram um risco reduzido de 21% de doença hepática crônica e um risco reduzido de 49% de morte por doença hepática crônica, de acordo com a pesquisa publicada no BMC Public Health.

Vários dos pesquisadores envolvidos – representando as Universidades de Southampton e Edimburgo – também lideraram um estudo publicado em 2017 que descobriu que pelo menos uma xícara de café por dia pode reduzir o risco de câncer de fígado pela metade.

O estudo mais recente descobriu que o pico de redução do risco ocorreu entre os consumidores de café tradicional com cafeína ou descafeinado, de 3 a 4 xícaras por dia. “O café é amplamente acessível e os benefícios que vemos em nosso estudo podem significar que ele pode oferecer um potencial tratamento preventivo para doenças hepáticas crônicas”, disse o Dr. Oliver Kennedy da Universidade de Southampton no anúncio da publicação. “Isso seria especialmente valioso em países com renda mais baixa e pior acesso aos cuidados de saúde, onde o fardo da doença hepática crônica é maior”, completou.

Os pesquisadores também alertaram que o consumo de café foi relatado no momento da ingestão de cada participante e não foi reavaliado durante o período do estudo, embora os resultados não possam ser generalizados a outras populações além da predominantemente branca baseada no Reino Unido.

TEXTO As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin • FOTO Wade Austin Ellis

Café & Preparos

O amadurecimento de Negra Li

Às vésperas de completar 25 anos de carreira, a cantora se prepara para apresentar ao público um álbum repleto de letras autorais e reflexivas 

Brasilândia é um bairro na zona norte de São Paulo onde nasceu Liliane de Carvalho, mais conhecida como Negra Li. Apesar da condição financeira limitada de seus pais, a cantora e atriz se lembra de uma infância feliz. “Havia coisas que gostaria de ter ou comer e não podia. Contudo, a maior lembrança que tenho é de correr pra cima e pra baixo e de brincar bastante. De ser uma criança que aproveitava o mundo da periferia”, destaca. 

A música entrou devagarinho na sua vida por meio da mãe, a quem descreve como “superafinada”, e de seu pai, que tocava sax na igreja. Nas rodas dos coleguinhas da escola e na rua, ela já era requisitada para cantar. Mas foi nos cultos que recebeu o primeiro elogio. “Meus pais são evangélicos. Na igreja que frequentávamos, não havia apresentação: todo mundo cantava no seu lugar”, relembra. “Eu costumava ir especialmente aos domingos e ficava cantando os hinos. As pessoas que ficavam ao meu lado é que me ouviam. Certo dia, uma irmã me disse que eu cantava bem. Eu me lembro de me questionar: será mesmo?”. 

Como na casa da família não havia aparelho de som, apenas rádio, a pequena Liliane não tinha muita informação a respeito de música. Costumava somente ouvir um pouco de rap no walkman e discman dos irmãos mais velhos, quando os aparelhos estavam livres. “Meus irmãos escutavam muito Racionais MCs, Planet Hemp e Gabriel o Pensador”, lista. “O fato é que eu tinha tudo a ver com o rap, sem saber. Na escola, era contestadora e adorava as aulas de História. Lembro-me de questionar os professores sobre os motivos da escravidão do negro, sobre o que era negroide, entre outros pontos”.

“O rap me escolheu”

Foi na escola, aos 15 anos, que a carreira de Negra Li começou a acontecer. Um aluno da sala de aula que tinha um grupo de rap ouviu a colega cantando. “Na época eu não sabia inglês e cantava Whitney Houston tipo ‘embromation’”, diverte-se. O colega fez um convite a ela para que entrasse no seu grupo como backing vocal. O começo foi recheado de aventuras e perrengues. “Não raro a gente cantava para três pessoas ou somente para o DJ. Eu andava muito pela madrugada, passando frio. Ficava doente frequentemente. Até que percebi que não havia mais condições de continuar dessa forma e avisei a todos que seria a minha última apresentação”.

Aquele não seria um show qualquer, era para abrir uma apresentação do RZO, o Rapaziada da Zona Oeste. O grupo de rap brasileiro – fundado em 1980, no distrito de Pirituba, e que revelaria outros grandes nomes do segmento, como Sabotage – encantou-se com o talento da jovem. Ela foi convidada a se juntar à trupe. O ano era 1996. “Por isso digo que eu não escolhi o rap: foi o rap que me escolheu”, emociona-se.  leia mais…

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Gui Gomes
Popup Plugin