Mercado

Lançamentos da Carmomaq para torrefação e empacotamento de café

Várias marcas do mercado aproveitam a Semana Internacional do Café para fazer seus lançamentos. A Carmomaq, que atua no setor de equipamentos, apresentou três novidades. Uma delas foi a empacotadora Exatto, que visa facilitar o trabalho de envase de pacotes de café nas microtorrefações e cafeterias. Em vez de realizar um processo manual de dosagem dos grãos, o equipamento, que comporta de 15 a 20 kg de café, permite que o usuário programe a quantidade desejada por pacote e faça um empacotamento sequencial.

Além da Exatto, as outras duas novidades são os torradores Caloratto Pro Roaster e Stratto Lab. O Caloratto, disponível em versões para 5 kg, 10 kg, 15 kg e 30 kg, tem sistema de automação embarcado, que permite ao usuário pernalização e maior controle. Já o Stratto Lab, 100% elétrico, é portátil, com capacidade para 250 g, ideal para torras de amostras e pequenos lotes.

Mais informações: www.carmomaq.com.br

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Equador: a última fronteira do café sul-americano?

De todos os países sul-americanos que produzem café, o Equador talvez seja aquele cuja produção ainda é a mais subestimada no Brasil. O país, relativamente próximo de nós, está encurralado entre tradicionais produtores, como a Colômbia ao norte e o Peru ao sul, além da cordilheira dos Andes ao centro e da floresta amazônica ao leste.

A produção equatoriana é superior até mesmo a algumas origens consolidadas, como El Salvador e Ruanda. O país andino chega a produzir cerca de 50% a mais do que El Salvador e três vezes mais do que Ruanda, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC).

Além disso, é um dos poucos países com produção funcional tanto de arábica como de robusta. A produção anual gira em torno de 700 mil sacas, o que coloca os equatorianos em um honroso posto entre os vinte maiores produtores de café do mundo. Se considerarmos apenas os países que produzem tanto arábica quanto robusta, o Equador sai com um ainda mais honroso posto de oitavo maior produtor do mundo. 

Mas como é possível um país ter uma produção tão diversa? Ou ainda, como é possível que a maioria do público leigo, e até mesmo boa parte do público especializado do café, não conheça muito bem esta origem? Existe café de qualidade por lá? Estas três perguntas não são tão simples de responder, e envolvem fatores diversos como a geografia, a economia e, até mesmo, a criminalidade do país. 

Comecemos pela diversidade da produção. O Equador tem três zonas geográficas bem definidas: litoral, serra e costa. No litoral está Guayaquil, a cidade mais rica e populosa. Esta região costeira tem clima tropical parecido com o das regiões costeiras do Brasil e abriga o porto mais importante do Pacífico equatoriano. Além disso, o terreno na zona costeira é relativamente plano e de fácil manejo. Portanto, a produção do café robusta em larga escala pode prosperar, apesar da enorme tradição regional no cultivo de frutas. Existe ainda a produção do cacau, sendo país o quarto maior produtor mundial, com nada menos do que o dobro da produção brasileira. 

Ao leste, as regiões amazônicas equatorianas também contam com produção de robusta, restando ao arábica as zonas serranas que cortam o país ao centro no sentido norte-sul.

A maioria do público entusiasta de café não conhece o Equador justamente pelo país ser eclipsado pelos seus vizinhos e pela estrutura do mercado de café local. Com fronteiras extensas, pouco fiscalizadas e muitas vezes tomadas por serras e florestas, o tráfico de café do Equador para a Colômbia e o Peru acontece de maneira exacerbada. E, ainda, as torrefações locais não têm condições de competir com o preço pago pelas empresas colombianas e peruanas. Assim, o consumidor equatoriano acaba tomando seu próprio café torrado e empacotado na Colômbia ou, até mesmo, no Peru. 

Além disso, o conhecimento de cafés especiais tanto por parte dos consumidores como dos produtores ainda é limitado, o que dificulta o desenvolvimento da cadeia de especialidade. A única exceção acaba sendo, de certa maneira, o café solúvel, que tem no Equador uma indústria organizada e capaz de atender as demandas internas e, até mesmo, externas.

Por último, vale dizer que os fundamentos do terroir equatoriano não difere, em larga medida, do colombiano nem do peruano. Portanto, o país tem um enorme potencial de produção de cafés especiais. Além do mais, o país tem diferenciais de marketing para a comercialização de cafés de alta qualidade de dar inveja a qualquer outro produtor: o café produzido nas Ilhas Galápagos e a complexa cadeia de vulcões espalhada pelo país e que oferece solos ricos e experiências complementares ao consumo do café.

Mesmo que o país ainda tenha um longo caminho a percorrer para melhorar a qualidade dos seus grãos, já se pode notar algumas marcas tentando elevar o nível do produto ofertado e algumas cafeterias especializadas surgindo por Quito, a capital do país, que tem 1,8 milhões de habitantes – dez por cento da população equatoriana. 

Para o desenvolvimento da cafeicultura local a demografia equatoriana é uma vantagem, pois conta com uma população jovem, cada vez mais urbana e vivendo em uma economia dolarizada. 

Se, por um lado, o jovem urbano está mais interessado pelo consumo da bebida, ele acaba fazendo falta no trabalho do campo e na sucessão rural. A questão da economia dolarizada acaba influenciando, e muito, os hábitos de consumo do país – nem sempre de modo positivo. Mas este seria um tema para uma próxima coluna.

Gustavo Magalhães Paiva é formado em relações internacionais pela Universidade de Genebra e é mestre em economia agroalimentar. Atualmente, é consultor das Nações Unidas para o café.

TEXTO Gustavo Paiva

Barista

Campeonato Brasileiro de Brewers 2025 acontece no IAC em março

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) divulgou, nesta sexta (31), a data e o local de realização do Campeonato Brasileiro de Brewers 2025. A competição acontecerá de 20 a 22 de março, das 9h às 19h, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no interior de São Paulo.

As inscrições online abrem em 6 de fevereiro, às 10h. O link será disponibilizado no Instagram da BSCA (@bsca_specialtycoffee). Neste campeonato, cada competidor tem dez minutos para entregar aos juízes três receitas iguais de café filtrado, além de explicar o método e o café escolhidos. O atual campeão da categoria é Rubens Vuolo, da Amado Grão, de Cuiabá (MT).

O vencedor de 2025 representará o Brasil no Campeonato Mundial de Brewers, marcado para acontecer durante a World of Coffee, de 15 a 17 de maio, em Jacarta, capital da Indonésia.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Barista 2025
Quando: 20 a 22 de março
Onde: IAC – avenida Barão de Itapura – Campinas (SP)
Mais informações: www.bsca.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Fundação Mundial do Cacau (WCF) debate desafios do setor em evento em São Paulo

Nos dias 19 e 20 de março, a Fundação Mundial do Cacau (WCF) realiza, em São Paulo (SP), o Partnership Meeting, evento global dedicado ao cacau e ao chocolate. Com o tema “Nosso futuro: resiliência por meio da sustentabilidade”, a edição deste ano (segunda realizada no Brasil) aborda os desafios enfrentados pelo setor. As inscrições para participar já estão abertas no site.

Assuntos como mudanças climáticas, queda de produtividade, doenças do cacaueiro, novas regulações, déficit de oferta e volatilidade de mercado serão debatidos por profissionais do setor e especialistas na área. O objetivo é destacar a necessidade de práticas sustentáveis para desenvolver resiliência – individual e coletiva – e garantir o futuro da produção de cacau e da indústria.

Entre os palestrantes estão confirmados Michel Arrion, diretor-executivo da Organização Internacional do Cacau; Eduardo Bastos, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG); Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal; Vinicius Ahmar, gerente de Bioeconomia do Instituto Arapyaú; Sarah Dekkiche, diretora de Políticas e Parcerias da Iniciativa Internacional para o Cacau (ICI); Michael Ekow Amoah, diretor adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento do Conselho de Cacau de Gana; e Santiago Gowland, CEO da Rainforest Alliance. Confira a lista completa no site.

“Dado os desafios e o ritmo das mudanças que transformam o setor global de cacau, este é um momento crucial para reunir líderes e buscar soluções em comum”, afirmou Chris Vincent, presidente da WCF, em comunicado sobre o evento. “Estamos entusiasmados por sediar o evento deste ano no Brasil, um país singularmente posicionado para inspirar novas ideias, promover trocas Sul-Sul e apresentar inovações em agricultura sustentável”, completou.

Serviço
Partnership Meeting 2025
Quando: 19 e 20 de março
Onde: Tivoli Mofarrej São Paulo Hotel – Alameda Santos, 1.437 – Cerqueira César – São Paulo (SP)
Ingressos e programação: https://worldcocoafoundation.org/partnership-meeting/join-us#about 

TEXTO Redação

Café & Preparos

Indústria global do café renova compromisso de US$ 10 milhões para pesquisa e inovação

Investimento coletivo busca fortalecer melhoramento genético, sistemas de sementes e garantir resiliência climática para o futuro do setor 

A indústria global do café, liderada por mais de 190 empresas associadas à World Coffee Research (WCR) em 29 países, renovou seu compromisso de US$ 10 milhões para financiar programas de melhoramento genético e sistemas de sementes até 2027, informa a WCR. A iniciativa visa sustentar a diversidade de origens, aumentar a produtividade e garantir a resiliência climática do setor, enquanto busca a adesão de governos para co-investir em pesquisa agrícola e inovação.  

Com os preços das commodities em alta devido a desafios como clima extremo, pragas e doenças, a demanda por novas tecnologias é urgente. A WCR alerta para uma lacuna global de US$ 452 milhões anuais em financiamento de P&D agrícola, crucial para oferecer aos agricultores acesso a variedades de café mais produtivas e resistentes. Segundo a organização, esses investimentos são fundamentais para sustentar a prosperidade dos cafeicultores e garantir um fornecimento estável e diversificado para a indústria e os consumidores.  

Avanços e parcerias estratégicas  

Os recursos captados pela WCR ajudaram a lançar duas redes globais de melhoramento para as variedades arábica e canéfora, com a colaboração de 11 países produtores, responsáveis por 43% das exportações globais de café. Até 2030, essas iniciativas devem entregar 100 novas variedades de café, garantindo a estabilidade e diversidade do suprimento.  

A iniciativa também tem atraído compromissos públicos. Em 2024, a USAID destinou US$ 5,4 milhões para uma parceria com a Universidade Cornell e a WCR, enquanto a agência alemã GIZ investiu € 1,2 milhão no programa nacional de melhoramento de café na Etiópia.  

Liderança da indústria  

Empresas como Starbucks, Keurig Dr Pepper, JDE Peet’s e Taylors of Harrogate estão entre as dez que firmaram compromissos plurianuais com a WCR. As associadas estão unidas na promoção de uma agenda de pesquisa colaborativa para moldar o futuro do café, assegurando que pequenos agricultores tenham acesso às ferramentas necessárias para enfrentar os desafios globais e locais.  

Com governos e empresas trabalhando juntos, a WCR projeta um futuro onde inovação e sustentabilidade caminhem lado a lado para preservar a cultura e o mercado do café em escala mundial. 

TEXTO Redação

Café & Preparos

Ingressos para o SPCF começam a ser vendidos em 25/1

Seguindo a tradição, convites para a quarta edição do festival, de 27 a 29 de junho, ficam disponíveis a partir da data de aniversário de São Paulo

A quarta edição do São Paulo Coffee Festival, evento único que celebra a comunidade e a cultura do café na capital paulista, acontece no Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera entre 27 e 29 de junho com a promessa de superar os números impressionantes do último ano. Os ingressos estão disponíveis a partir deste sábado, 25, com desconto, e o evento é uma oportunidade imperdível para quem aprecia a bebida. 

O SPCF é realizado na capital paulista pela Espresso&CO em parceria com a inglesa Allegra Event. Com um público vibrante em torno do grão, os coffee festivals acontecem anualmente em várias cidades do mundo, como Amsterdã, Londres, Milão, Cidade do Cabo e Nova York. 

Em 2025, a expectativa é receber 15 mil visitantes e 150 expositores para participar de uma programação interativa e inédita, vibrar com o campeonato Copa Barista e conhecer as novidades no setor que recheiam todos os espaços da Bienal.

Entre os destaques que ocupam todo o piso térreo e o primeiro andar da Bienal estão o Sensory Experience, um espaço em que o público pode explorar aspectos sensoriais e muito conhecimento sobre o café, o Laboratório, que traz palestras e debates com especialistas sobre as tendências e inovações do setor, e a Cozinha Show, que reúne chefs conhecidos e baristas para apresentarem receitas e harmonizações que tem o grão como protagonista. 

Sucesso nas edições anteriores, o Coffee & Art também incrementa as atividades nesses três dias de evento, ao estreitar a conexão entre o produto e manifestações artísticas para todos os gostos, assim como as performances dos baristas na Copa Barista, que elege o melhor profissional de café, e as demonstrações interativas no preparo preciso da bebida com leite no Latte Art ao Vivo. Tudo isso embalado por boa música, comida e drinques com café. 

Viva o incrível mundo do café. Participe da experiência e compre seu ingresso aqui.

São Paulo Coffee Festival
Quando: de 27 a 29 de junho
Onde: Pavilhão da Bienal – Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana, São Paulo – SP)
Quanto: ingresso (1 dia) – a partir de R$ 70 (primeiro lote) |passaporte (3 dias) – a partir de R$ 180 (primeiro lote) | VIP (1 dia) – a partir de R$ 180 (primeiro lote)

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia/SPCF

Mercado

Pronto para beber: como marcas nacionais exploram o mercado RTD

Are brazilians ready to drink? Empresas nacionais entram na onda das bebidas com café prontas para beber e surfam em um mercado que já movimenta bilhões. Saiba o que está por trás desse sucesso e as expectativas para o apreciador brasileiro

“Vamos tomar um café?” Para o brasileiro, o convite, tão arraigado à nossa cultura, é a certeza de uma pausa para um momento de comensalidade, acompanhado de uma bebida perfumada e fumegante na xícara. Mas, agora, o mesmo convite pode ter um resultado bem diferente: entra em cena um café gelado com leite (vegetal ou não), prontinho na garrafa descartável, oferecido antes do treino na academia.

Pode soar absurdo para muitos, mas as chamadas bebidas “ready-to-drink” (RTD) já são uma realidade no dia a dia de apreciadores, que chancelam novos formatos de consumo que vão além do nosso tradicional cafezinho.

Consolidado principalmente nos Estados Unidos e na Ásia, com receita que ultrapassou os 36 bilhões de dólares no mundo em 2024, segundo o Statista (plataforma global de dados e inteligência de negócios), o mercado de RTD com café ainda engatinha no Brasil. Enquanto somente o Japão é responsável por 12,12 bilhões de dólares, nosso país tem a receita combinada de 960 mil dólares em 2024, mas tudo caminha a passos largos. Enquanto a expectativa de crescimento mundial é de 3,33% ao ano no período de 2024 a 2029, para o Brasil esse número sobe para 5,53%.

“O Brasil destaca-se como um dos principais mercados globais para as bebidas de café prontas para beber da Nescafé. O país apresenta um crescimento robusto nas vendas dessa categoria, impulsionado pela alta demanda dos consumidores por conveniência e variedade de sabores”, conta Rodrigo Suzuki, gerente de marketing de bebidas da Nestlé.

A marca internacional, que lançou o primeiro RTD de café no Brasil em 2015, reforçou a categoria em 2023 com o relançamento da linha Nescafé Gelado, nos sabores Cappuccino Clássico, Chococino, Latte e Cappuccino sabor Canela, e com a ampliação do portfólio da linha Starbucks RTD com as receitas de Café Clássico, Mocha e Caramelo.

Outra grande empresa cafeeira no país, a 3corações também ampliou sua linha de RTD com dois lançamentos neste ano: Cappuccino sabor Caramelo Salgado e Cappuccino sabor Cookies‘n Cream. Agora, totalizam 11 receitas de bebidas prontas no mercado, incluindo versão zero e com whey protein. “Temos lançado produtos que atendem a novos desejos daqueles que são movidos a café. E uma das tendências que acompanhamos é a de que os consumidores estão cada vez mais atentos a temas relacionados à saúde, ao bem-estar, mas sem abrir mão da indulgência e do sabor”, explica Anderson Spada, head de marketing do Grupo 3corações.

Por trás de todo esse movimento em torno do segmento no país está, sem dúvida, a geração Z (nascidos entre 1997 e 2010). “Tem alguns estudos que mostram que a geração Z não só consome o café quente pela manhã, mas também ao longo do dia e, à tarde, dá preferência para uma bebida gelada. É uma geração que está aberta a novas propostas de consumo”, diz Alex Söderberg, co-fundadora e CMO da Naveia. A empresa, focada em bebidas vegetais à base de aveia, apresentou durante a Semana Internacional do Café, em novembro, sua nova linha de lattes nos sabores Mocha e Cold Brew, ambos com café, e Matcha, com chá-verde, com vendas a partir do início de 2025. “O RTD é um canal novo para nós, passamos do nicho das cafeterias de café especial para um público mais amplo, com uma proposta mais popular e democrática. É um produto perfeito para uma prateleira de ‘grab and go’”, acrescenta Alex.

Embora apenas 7% dos brasileiros tenham o hábito do café gelado segundo a pesquisa da Abic realizada em 2023, a geração Z é, sem dúvida, uma grande aposta para fomentar as RTDs. Conforme pesquisa da Nielsen encomendada pela Nestlé, divulgada em abril deste ano, o consumo de café gelado tem crescido a duplo dígito nos últimos anos, principalmente entre essa geração. Em 2023, esse aumento foi de 45% em relação ao ano anterior, resultado dez vezes maior que o de outras faixas etárias.

“O público da geração Z que consome as bebidas RTDs de café da Nestlé é bastante diverso, refletindo a multiplicidade de drivers de consumo na categoria. Há aqueles que buscam indulgência, com bebidas que oferecem experiências sensoriais diferenciadas e sabores marcantes, outros são atraídos pelos benefícios da cafeína, como energia e foco, enquanto muitos procuram soluções práticas que se alinhem ao estilo de vida dinâmico e conectado dessa geração”, complementa Suzuki, da Nestlé.

A importância do cold brew

Nessa formação de paladar para as bebidas geladas, é inegável a importância do cold brew como porta de entrada do café gelado para quem quer praticidade e a qualidade do café especial. E a extração a frio do grão torrado tem sido um caminho para cafeterias e produtores de cafés engarrafarem suas bebidas. A rede Café Cultura retornou com seu cold brew engarrafado em PET nas geladeiras de suas mais de 45 lojas pelo país. Na sua receita vai somente água e café do blend da casa, com as variedades bourbon amarelo, catuaí vermelho e icatu amarelo.

Já a Fazenda Aliança, em Monte Santo de Minas, no sudoeste do estado, apostou na variedade catuaí amarelo para o lançamento neste ano do cold brew de marca própria. Inicialmente foram fabricadas 8 mil latas, de olho no mercado em academias, empórios e cafeterias. “A decisão veio de uma viagem de nossa família ao Canadá, onde conhecemos o cold brew em lata gaseificado”, conta Juliana Paulino da Costa Mello, que é da 5ª geração da família de cafeicultores e montou o planejamento do novo negócio focado no público jovem.

Com o propósito de tirar o complexo de “bebida esquecida na garrafa” e entregar alta qualidade pronta para beber, Carol Pereira, da torrefação Bixo Café, em São Paulo, leva 25 horas para infusionar seu cold brew, que é colocado em garrafas de vidro de 200 ml e vendido via e-commerce para todo o país. “O brasileiro precisa entender essa complexidade da bebida gelada e dar uma chance”, diz Carol, que produz cerca de 400 garrafas por mês e garante um shelf life de 50 dias sem refrigeração. “E estou fazendo estudos para extrair mais doçura e cafeína na receita final”, completa.

E o gesha, uma das variedades mais desejadas entre os coffee geeks, foi o escolhido para a receita do cold brew do Frescoffee, bebida com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2025. “Fizemos teste com outras variedades e o gesha teve o melhor desempenho em boca, deixando a bebida mais leve” comenta Rodrigo Lucente, um dos sócios da marca. O café vem das fazendas da família de Luiz Paulo Pereira Filho, da CarmoCoffees, que também é sócio da Frescoffe. “Outro diferencial é que a bebida é gaseificada, o que ajuda na ‘drinkabilidade’. E o Frescoffee é para entrar no lugar de quem toma suco, refrigerante. É um novo momento de consumo, não compete com o café”, complementa Pereira.

O poder da cafeína nos RTDs

O universo de RTDs com café está estreitamente conectado ao mercado das chamadas bebidas funcionais (veja reportagem na edição 79 da Espresso) pelo poder da cafeína no organismo. Muitas marcas, como SuperCoffee, +Mu e Dux oferecem produtos prontos para beber que reúnem o benefício da cafeína e a carga proteica do whey protein (proteína do soro do leite). Marcas de laticínios também entram no mesmo jogo, como Piracanjuba, Italac e Danone, com sabores que vão do café espresso ao cappuccino, assim como as bebidas proteicas veganas, como NotCo e Nude, que exploram versões com café e caramelo, baunilha, entre outros.

Ainda há o caminho dos “energéticos naturais”, onde somente a cafeína do café é extraída e associada a outros ingredientes. A recém-lançada Origem, por exemplo, faz um “suco” com a polpa do fruto do café e adiciona frutas como maracujá, uva e limão. “Meu público é cada vez mais de pessoas jovens que estão diminuindo o consumo de álcool e procurando produtos naturais”, comenta Pereira, da CarmoCoffees e sócio da Origem.

Texto originalmente publicado na edição #86 (dezembro, janeiro e fevereiro de 2025) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Beatriz Marques (com colaboração de Sandra Racy)

Mercado

Como a Inteligência Artificial pode servi-lo nas cafeterias?

A tecnologia, que começa a ser usada pelas cafeterias no mundo, oferece bebidas consistentes e eficiência nos processos da operação do negócio

Todos os dias parece surgir uma nova manchete sobre Inteligência Artificial (IA) revolucionando – ou mesmo ameaçando – o mundo como o conhecemos. Mas, por trás do alvoroço, essa poderosa tecnologia tem o potencial de reinventar a economia global e já está sendo aproveitada por empresas de café e de hospitalidade, trazendo novas possibilidades em áreas como personalização do cliente, consistência de bebidas e eficiência operacional.

É necessária uma coordenação, em altíssima velocidade, entre bilhões de neurônios no cérebro humano para que um barista receba um pedido de café, prepare a bebida e deseje um bom dia ao cliente. Cada vez mais, porém, há outra mente sofisticada trabalhando atrás do balcão. A Inteligência Artificial não é mais ficção científica, e já está sendo utilizada por empresas de hospitalidade ao redor do mundo para otimizar operações e fornecer atendimento personalizado ao cliente com uma precisão nunca vista antes.

Embora a tecnologia ainda esteja em sua infância, a IA promete revolucionar a economia global e, até, a humanidade. Um relatório recente da consultoria digital Accenture estimou que a IA poderia, até 2035 nos países desenvolvidos, dobrar o crescimento econômico nacional anual e aumentar a produtividade do trabalho em até 40%. Ao mesmo tempo, um grande estudo da PwC (antiga PricewaterhouseCoopers) estima que a IA poderia acrescentar 15,7 trilhões de dólares à economia global até 2030 – com 6,6 trilhões de dólares gerados apenas pelo aumento da produtividade.

Para o mercado da hospitalidade, a IA pode trazer um salto quântico na eficácia operacional ao melhorar a produtividade, a eficiência, a satisfação do cliente – e, em última análise, a lucratividade. Em meio a concorrência crescente e aumento de custos, o potencial de oferecer experiências perfeitas e qualidade consistente em escala é simplesmente grande demais para ser ignorado.

O que é IA?

O conceito de “inteligência artificial” existe desde a década de 1950, quando o “jogo da imitação” de Alan Turing (transformado em filme em 2014) testou a capacidade dos computadores de imitar respostas humanas. Nos anos 1960, o pioneiro da computação, John McCarthy, utilizou a linguagem de programação LISP para desenvolver os primeiros programas de computador autossuficientes. Com a chegada dos microchips nos anos 1970, os atuais supercomputadores em exaescala podem processar bilhões de cálculos por segundo para fornecer um poder de “pensamento” sem precedentes para programas de IA.

Em resumo, a IA pode ser definida como a simulação da inteligência humana por computadores e dispositivos digitais conectados que podem aprender, criar e analisar com um alto grau de autonomia. Algoritmos de aprendizado de máquina (em inglês, machine learning) de IA podem gerar entendimento a partir de amplos conjuntos de dados, como programas de fidelidade e transações em tempo real, que seriam muito demorados para uma análise manual. Existem também ferramentas de aprendizado profundo (em inglês, deep learning) que utilizam redes neurais para reconhecimento de imagens e análise de séries temporais, podendo otimizar fluxos de trabalho e monitorar o fluxo de clientes para prever níveis de pessoal.

Outra aplicação são os algoritmos de processamento de linguagem natural (em inglês, natural language processing), que podem responder a prompts de texto e de voz para exibir sugestões personalizadas de produtos ou guiar os clientes durante o processo do pedido.

A maior rede de cafeterias do mundo, Starbucks, já desenvolveu sua própria plataforma de IA, a Deep Brew, que utiliza a ferramenta e seu aprendizado para coletar insights de equipamentos habilitados para a Internet das Coisas (IoT ou Internet of Things) e transações de aplicativos para oferecer experiências personalizadas aos clientes, otimizar fluxos de trabalho nas lojas e gerenciar inventários. A plataforma também pode agregar dados de receita e desempenho de fluxo de clientes para determinar os melhores
locais para a abertura de novos estabelecimentos.

Enquanto isso, a Coca-Cola, proprietária da Costa Coffee, anunciou recentemente uma parceria estratégica de cinco anos com a Microsoft, no valor de US$ 1,1 bilhão, para acelerar iniciativas de nuvem e IA generativa em seus negócios globais. Ao utilizar o Azure OpenAI Service, modelo de codificação e linguagem de IA da Microsoft, o gigante das bebidas espera “ajudar os funcionários a melhorar as experiências dos clientes, simplificar operações, fomentar a inovação, ganhar uma vantagem competitiva, aumentar a eficiência e descobrir novas oportunidades de crescimento.”

Uma mão amiga para a hospitalidade?

A IA ainda não atingiu o nível de sofisticação necessário para tomar decisões significativas em termos de hospitalidade sem a intervenção humana. No entanto, a automação aprimorada por IA pode fornecer aos operadores um conjunto adicional de mãos para reduzir o tempo gasto em tarefas repetitivas, melhorar a precisão e aumentar a produtividade.

“O café está pronto para ser digitalizado. Se você comparar com outras indústrias de alimentos, o café está ficando para trás”, diz Andreas Idl, CEO e cofundador da Cropster. Criada em 2007, a Cropster desenvolve soluções de software IoT para comerciantes de café verde, torrefadores e operadores visando melhorar a eficiência, a conectividade e a consistência deles.

Para Idl, a IA é o próximo passo na automação para empresas de café que desejam extrair insights profundos de pedidos de clientes e telemetria de equipamentos. “A tecnologia básica existe desde os anos 1970, mas, agora, temos conjuntos de dados grandes o suficiente e computadores potentes o suficiente para executar IA e treiná-la. Você pode treinar a IA todos os dias com novos dados, então, mesmo que seu equipamento mude, ela vai aprender, se adaptar e melhorar com o tempo”, explica.

A torrefação de café é a área em que a Cropster aplica IA para gerar a compreensão detalhada de dados – e até prever o futuro. O Roasting Intelligence faz uso da IA para prever quando vai acontecer o crucial primeiro crack do processo de torra, o que “nos permite saber como a temperatura provavelmente se desenvolverá nos próximos 120 segundos, mostrando isso ao usuário em tempo real”, diz Idl.

Olhar dois minutos no futuro parece, a princípio, uma janela de oportunidades pequena, mas a ferramenta de IA pode gerar benefícios significativos para torrefações de café em larga escala, que precisam atender a especificações rigorosas de produtos. Isso é especialmente importante para grandes clientes de varejo, como supermercados, para os quais até mesmo uma pequena inconsistência pode levar à rejeição de um lote inteiro.

“Os torrefadores vão saber se estão diante de um potencial defeito ou se estão no caminho certo para algo que desejam. A precisão é tão alta que não podemos melhorá-la sem construir um sistema melhor de sensores”, afirma Idl.

A Probat é outra empresa de equipamentos de café que está adotando a IA. “A IA permite decisões melhores e mais rápidas baseadas em dados”, diz Scott Stouffer, diretor de vendas da empresa com sede em Hamburgo.

Lançado na SCA Expo em Chicago, em abril de 2024, o Roastpic da Probat é um aplicativo para smartphone que usa IA para analisar a qualidade do café verde com base em imagens inseridas no sistema. “Os resultados são armazenados na nuvem e podem ser correlacionados a diferentes torrefações. Este produto tem um potencial tremendo para mudar a maneira como observamos e medimos o café ao longo da cadeia de valor, do campo à xícara”, diz Stouffer.

O toque humano

Apesar do inegável potencial de negócios da IA, há sérias preocupações sobre como a tecnologia pode impactar empregos, meios de subsistência e a privacidade das pessoas. Um relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) estimou que 14% dos empregos em 21 países correm alto risco de automação, incluindo robótica treinada por IA e ferramentas administrativas, com trabalhadores que preparam alimentos e operadores de máquinas dessa indústria sendo os mais afetados.

Outro estudo do McKinsey Global Institute projetou que, até 2030, 800 milhões de empregos poderiam ser substituídos pela automação e recomendou que os governos comecem a requalificar os trabalhadores em ocupações de risco.

Enquanto isso, grandes corporações como Walmart, Nestlé e Starbucks têm se destacado pelo uso de ferramentas de IA como a Aware, uma empresa de IA especializada em análise de comunicação interna de funcionários. A Aware relata ter coletado, até agora, 20 bilhões de interações individuais entre os mais de três milhões de funcionários.

Porém, para a maioria das empresas de café e hospitalidade, a IA é vista como um instrumento para reduzir tarefas repetitivas e demoradas, para que os funcionários possam concentrar-se na prestação de serviços ao cliente e na qualidade da bebida.

“Usamos ferramentas de IA em toda a empresa para aumentar nossa produtividade”, diz Liam Farrow, vice-presidente de digital da Bluestone Lane, grupo de cafés boutique dos EUA, que dá o crédito às ferramentas de IA, como o Chat GPT na produção de textos de marketing e o Gemini Advanced AI para acelerar a modelagem financeira, como adições valiosas à equipe.

“Recentemente, usamos o Chat GPT para validar a modelagem do nosso programa de fidelidade. Isso resultou em melhorias no valor que poderíamos criar no programa, alinhado com nossos objetivos. Essa tarefa poderia ter levado dias, talvez até semanas, mas foi concluída em horas ao lançar todas as variáveis diferentes no modelo”, diz Farrow.

“Vejo a vantagem imediata em ajudar a tornar os recursos de apoio eficazes. A hospitalidade geralmente não permite grandes equipes de apoio, então você precisa ser eficiente. Remover tarefas tediosas e mundanas ou a necessidade de recorrer a recursos externos para coisas como redigir textos significa que você pode se mover mais rápido e ter mais impacto”, acrescenta.

Idl, da Cropster, concorda que a IA funciona melhor na função de apoio para empresas de café e hospitalidade. Ele destaca que, enquanto a IA pode fornecer dados para um torrefador de cafés e até automatizar o controle de tempo e temperatura, o trabalho manual na torrefação, como carregar grãos no equipamento e definir parâmetros, ainda precisa ser feito por gente. Por isso, Idl vê a IA como uma ferramenta para aumentar a qualidade e a consistência enquanto reduz o desperdício, em vez de substituir pessoas da equipe. “A IA não vai carregar seu café. Ela não vai blendar o café – nem tomará a decisão sobre como fazê-lo –, e você ainda vai precisar retirar amostras de controle de qualidade”, considera.

Dito isso, a IA já está influenciando a apreciação sensorial do café. Em abril de 2024, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) revelou uma nova ferramenta de IA para uso na prova da bebida. Os avaliadores inserem as notas de degustação de café em um aplicativo, que usa então um algoritmo para gerar “estilos” de bebidas. O objetivo é fazer com que grupos de cafés com características semelhantes ou atraentes sejam mais fáceis de identificar pelos consumidores, aumentando, assim, o apelo comercial do grão.

“Nosso foco é o consumidor, para que possamos comunicar o que ele precisa saber no momento da compra, de modo que ele escolha seu café favorito entre os diferentes estilos disponíveis”, diz Camila Arcanjo, mestre em análise sensorial e consultora de qualidade da ABIC.

“No futuro, conseguiremos analisar o café verde na origem e sugerir como ele pode ser torrado em amostras para alcançar o perfil de sabor que o mestre de torra deseja. Vamos avaliar digitalmente o produto final e sugerir correções de torra e de blend para obter exatamente o que o mestre de torra deseja. Finalmente, iremos pré-programar as máquinas para torrar quatro toneladas por hora de um ‘African Ice Coffee Blend’ para ser perfeito em qualquer pedido feito. Talvez até conectemos IA às máquinas de espresso para extrair shots perfeitos”, diz Scott Stouffer, da Probat.

Esse futuro já está mais próximo da realidade para a Kaffa Roastery, sediada na Finlândia, que em abril de 2024 lançou seu blend de café ‘AI-conic’. Segundo o fundador da Kaffa, Svante Hampf, um modelo de IA recebeu descrições dos cafés da marca e foi instruído a criar um blend “novo e empolgante”. O modelo, “de maneira um tanto estranha”, escolheu misturar quatro origens – Brasil, Colômbia, Etiópia e Guatemala – em vez das duas ou três habituais. No entanto, Hampf diz que o projeto marca “o primeiro passo para ver como a IA poderia nos ajudar no futuro.”

O uso da IA em cafeterias

A IA pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar a aumentar a produtividade da equipe – mas será que máquinas autônomas poderiam substituí-la algum dia? Keith Tan, fundador e CEO da Crown Digital, com sede em Singapura, aposta que o futuro das cafeterias reside em um serviço totalmente autônomo e aprimorado por IA.

Tan começou a desenvolver seu conceito de café totalmente automatizado, o Ella, depois de enfrentar uma grave escassez de funcionários em sua primeira empreitada em café. A barista robótica movida a IA pode preparar 200 xícaras de café por hora, utilizando mais de 300 receitas diferentes, e atualmente opera em locais como metrôs e aeroportos em Singapura.

Ella, o conceito autônomo de café aprimorado por IA da Crown Digital

“As cafeterias são muito manuais e requerem mão-de-obra humana, mas pode levar seis semanas para treinar uma equipe, que pode se desfazer depois de oito semanas. Em algum momento, você vai precisar automatizar os processos, seja por meio de robótica ou de máquinas superautomáticas, e a IA vai gerenciar os dados e trazer insights de consumo inigualáveis em massa”, diz Tan.

A Crown Digital optou, desde o início, por máquinas superautomáticas Eversys e construiu grandes conjuntos de dados para tempos de extração, granulometria e temperaturas de entrada e saída em todos os locais. Agora, a IA usa esses dados para gerar insights em tempo real para ajudar na gestão de estoque orientada pela demanda, prompts de pedidos sensíveis ao tempo, sugestões personalizadas, manutenção preditiva e reabastecimento.

Tan usa a analogia de ser capaz de aproveitar o conhecimento do barista local, que sabe as preferências de pedidos de seus clientes, e escalar esse conhecimento por cidades, regiões e, até, à nível global.

“O café é uma bebida muito pessoal – tudo se resume à consistência e à familiaridade. É muito difícil alcançar isso em múltiplos espaços, mas com IA e automação, a personalização em massa é possível”, afirma.

Quão longe a IA pode ir?

Máquinas aprimoradas com IA poderiam, um dia, oferecer experiências de hospitalidade totalmente autônomas. A questão, no entanto, é se isso é desejável em uma indústria como a hospitalidade, onde as conexões humanas são fundamentais.

Para Liam Farrow, da Bluestone Lane, a IA tem limites claros. “Ainda é muito cedo para que a hospitalidade busque a IA e a automação, mas os operadores devem analisar seus negócios e ver onde há oportunidades para gerar eficiência. Vendas adicionais inteligentes com base na análise dinâmica das cestas para fornecer uma experiência mais personalizada é o máximo que podemos fazer agora. O elemento humano do nosso negócio é o coração da Bluestone Lane, e isso tem que permanecer verdadeiro”, diz ele.

Muitos líderes empresariais dizem que conhecimento é poder. Em um mundo onde a internet tornou o acesso à informação onipresente, usar IA para gerar ideias significativas a partir de conjuntos de dados é o próximo passo da computação, e pode ser um grande salto para o negócio do café.

Por trás do hype e das manchetes, a Inteligência Artificial já permite que empresas do ramo alcancem mais eficiência operacional, precisão e personalização em larga escala. “Não sei para onde a IA, a torrefação de café e a Probat estão indo. Mas sei que aprenderemos coisas novas todos os meses e que novas oportunidades vão surgir. O resultado será dados melhores para decisões mais rápidas”, acredita Scott Stouffer, da Probat.

Essa lógica, certamente, deve soar verdadeira para as milhares de empresas de hospitalidade ao redor do mundo que enfrentam aumentos de despesas gerais, custos maiores de produtos e escassez de pessoas.

Mas, por enquanto, a Inteligência Artificial Geral (AGI) – máquinas capazes de aprender independentemente da intervenção humana – permanece firmemente como ficção científica e, provavelmente, não irá se tornar realidade por várias décadas.

A Inteligência Artificial, porém, está avançando rapidamente. No momento em que este artigo foi escrito, o Chat GPT estava amplamente disponível há cerca de 18 meses e já parece uma parte irrevogável da vida cotidiana.

Consumidores mais jovens e nativos digitais já exigem experiências de hospitalidade e varejo perfeitas que não seriam possíveis há uma década – e a IA pode fornecer as soluções para atender aos clientes do futuro.

Com gigantes da tecnologia como Microsoft, Apple e Google investindo bilhões em pesquisas de IA – e Elon Musk prevendo que ela será “mais inteligente do que qualquer humano até o final de 2025” – é, decerto, apenas uma questão de tempo até que a tecnologia se torne tão onipresente quanto uma conexão de internet.

Pode estar no início, mas a IA já traz benefícios tangíveis para empresas de café e hospitalidade, gerando entendimentos operacionais que permitem decisões mais rápidas, precisas e de maior valor. O potencial da inteligência artificial na hospitalidade é enorme, desde que a indústria mantenha em mente seu objetivo mais importante – forjar conexões humanas profundas.

Texto originalmente publicado na edição #85 (setembro, outubro e novembro de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Tobias Pearce (5THWAVE)

Mercado

Certificação de origem dos cafés do Cerrado Mineiro cresce 160% em 2024

Volume salta de 115 mil para mais de 300 mil sacas certificadas com Denominação de Origem

A Região do Cerrado Mineiro registrou um crescimento de 160% no número de sacas certificadas com o selo de Denominação de Origem (DO). O volume saltou de 115 mil sacas em 2023 para cerca de 300.500 sacas este ano, consolidando a região como referência na produção de cafés de qualidade e origem controlada.

Segundo Juliano Tarabal, diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, esse salto é resultado de estratégias inovadoras, como o fortalecimento da rastreabilidade, a simplificação do processo de certificação e ações de valorização da marca Cerrado Mineiro. Entre as iniciativas, destacam-se a certificação de cafés em bica corrida nas cooperativas, a adoção de normas que garantem o selo para cafés com pontuação acima de 80 pontos e a rastreabilidade de lotes armazenados fora da área demarcada. “A transparência foi ampliada com o envio automático dos certificados e laudos de qualidade aos compradores, atendendo às exigências dos mercados internacionais e fortalecendo a confiança no nosso produto”, explica Tarabal.

Infraestrutura para rastreabilidade
Atualmente, a cadeia produtiva do Cerrado Mineiro conta com seis cooperativas,seis exportadores e sete armazéns credenciados, garantindo o controle e a rastreabilidade da produção regional. Entre os exportadores que atuam na região estão nomes como Cafebras, Dreyfus, Sucafina, e Volcafe, enquanto cooperativas como Carmocer e Coopadap integram a estrutura de certificação.

Para o presidente da Federação, Gláucio de Castro, o início da nova política de Denominação de Origem em 2024 foi fundamental para o avanço. “Agora, todas as cooperativas e armazéns credenciados podem lacrar e identificar cafés da região, aumentando a visibilidade da qualidade produzida no Cerrado Mineiro e o trabalho do produtor”, afirma.

Campanha e mercado internacional
A campanha “A verdade é rastreável” também ajudou, ao conscientizar produtores e consumidores sobre a importância do selo de origem e combater o uso indevido da marca “Cerrado Mineiro”.

Entre janeiro e dezembro de 2024, os cafés certificados pela RCM conquistaram mercados na Europa – com destaque para Polônia, Grécia, Alemanha e Itália –, além de forte presença nos Estados Unidos e na Coreia do Sul.

Outro destaque foi a parceria com a torrefação italiana illycaffè, que, desde outubro de 2023, comercializa uma linha especial de cafés torrados com o nome e a marca Cerrado Mineiro e o selo de agricultura regenerativa.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Cafeteria & Afins

Revo – Santos (SP)

Situada no coração da ponta da praia, em Santos (SP), a cafeteria Revo Manufactory é mais do que se imagina. O prédio, de fachada clássica, foi reformado e restaurado por dentro para abrigar um espaço que, embora mantenha detalhes tradicionais, abraça os estilos moderno e industrial. Ao caminhar pelo grande galpão, com janelas amplas e pé-direito altíssimo, sua decoração traz, ainda, um ar vintage, com peças que chamam a atenção, como cristaleiras, espelhos e aparadores. Os arranjos de folhas e flores complementam a experiência de forma encantadora.

O conceito de manufatura é visível assim que se entra no edifício. Logo na entrada há um balcão de pães e doces ao lado da estação de café e de bebidas. A cozinha de finalização, aberta ao público, oferece proximidade com essas muitas mãos operantes.

O atendimento é feito nas mesas e, para iniciar a experiência, escolhemos uma das duas opções de café coado disponíveis: um gesha (R$ 20), de processo natural fermentado produzido por Luiz Paulo na Fazenda Santuário Sul, em Carmo de Minas (MG). Extraído na v60, o café entrega um aroma floral acentuado, com uma acidez agradável e fácil de beber.

O cardápio é extenso e variado, com muitas ofertas da padaria e da confeitaria servidas durante a tarde. O croissant (R$ 16) com geleia da casa (R$ 5) e a empanada humitá com creme de milho e pimenta jalapeño (R$ 21) foram as pedidas desta visita. O croissant tem uma caramelização impecável, com exterior crocante e estética refinada, digna da clássica viennoiserie (produtos cuja massa fermentada é mais rica e amanteigada do que a dos pães tradicionais). Seu miolo, levemente ressecado, poderia ser aprimorado com alguns segundos a mais de calor antes de chegar à mesa. A geleia, com boa acidez e dulçor, complementa bem o folhado. Já a empanada, muito bem assada, de massa fina e recheio cremoso de queijo e milho tostado, poderia ter um tempero menos tímido.

Café gesha ao lado do croissant e bolo de festa com calda, sorvete e brigadeiro

O bolo de festa (R$ 33) foi a sobremesa da vez: mega chocolatudo (estilo devil’s cake da Matilda), servido com calda quente de chocolate, quenelle de sorvete à escolha e um pequeno brigadeiro enrolado. Um doce úmido e indulgente, certamente a pedida perfeita para compartilhar, mas quase impossível de se comer sozinho, dada a doçura intensa. O sorvete de frutas vermelhas trouxe uma refrescância que conectou todos os itens do prato. Para acompanhá-lo, um espresso (R$ 9) equilibrado, com baixa acidez e amargor na medida.

A conta é paga diretamente no caixa, onde revisam seu pedido e incluem corretamente o serviço, já que a Revo é um exemplo de ótima hospitalidade. Ao lado do caixa há uma pequena mercearia, onde se pode escolher um pedaço dessas manufaturas para levar para casa, como cafés, vinhos, biscoitos e queijos.

A reunião de um ambiente aconchegante, pet friendly e frequentado por pessoas de todas as idades torna a experiência um passeio acolhedor e revigorante.

Nossa conta: R$ 104 + taxa de serviço
Café coado – R$ 20
Croissant – R$ 16
Adicional de geleia – R$ 5
Empanada – R$ 21
Café espresso – R$ 9
Bolo de festa – R$ 33

A equipe da Espresso visitou a casa anonimamente e pagou a conta.

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Avenida Doutor Epitácio Pessoa, 737
Bairro Ponta da Praia
Cidade Santos
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://https://www.instagram.com/revomanufactory/
Horário de Atendimento De segunda a sábado, das 9h às 23h; domingo, das 9h às 22h
TEXTO Redação • FOTO Equipe Espresso
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