Cafeteria & Afins

Caffè Latte – São Paulo (SP)

Instalada em uma construção do século XIX, a cafeteria serve café nos métodos espresso e coado, que podem ser acompanhados de sanduíches, bruschettas, doces e salgados. A casa serve ainda saladas e pratos rápidos.

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(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua do Comércio, 58
Bairro Centro
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://www.caffelatte.com.br
Telefone (11) 3242-1700
Horário de Atendimento De seg. a sex., 8h/20h; fecha sábados, domingos e feriados

Cafezal

De volta às origens

A ideia de retornar ao campo começou a se concretizar há treze anos. De lá para cá, a família Moraes vem conquistando outras pontas do agronegócio café.

de volta às origens

A umidade baixa é uma das protagonistas em um trecho produtor paulista. Na região de Marília e Garça, o segundo município se destaca por possuir características que convergem para este fator: altitude média em torno de 600 metros, que condiciona temperaturas médias na faixa de 21 a 22 graus, e solo arenoso.

O outro protagonista desta história? O retorno às    origens. Na equação, o cansaço causado por uma vida tumultuada em um grande centro e a vontade de mudança. E no resultado, nenhuma volta ao mundo como tanto temos visto por aí. No lugar de jogar tudo para o alto e programar uma megaviagem, José Carlos de Moraes Filho, formado engenheiro civil, pegou o caminho da roça. O processo o levou de Vinhedo, na região de Campinas, ao município de Garça, distante 415 quilômetros da capital.

A ideia de retornar ao campo, onde ele guardava suas melhores lembranças da infância, começou a se concretizar há treze anos. Em Garça, José Carlos, apelidado pelos amigos de Zito, adquiriu uma propriedade com características que a destacam no cenário regional. Segundo ele, foi paixão à primeira vista. Mas a esposa, Maria Cristina Beisman de Moraes, também engenheira civil, lembra que foi preciso promover mudanças. “No início, o terreno era muito malcuidado e o Zito promoveu mutirões para pôr tudo em ordem”, diverte-se.

Técnicas modernas

O Sítio Água da Mata tem em sua lavoura o que José Carlos explica ser “uma privilegiada face ensolarada, sem vento sul”. Zito também decidiu plantar o cafezal em linhas que se curvam no sentido que vai de leste para oeste. Quem apresentou a propriedade e a região ao produtor foi Luiz Salutti, corretor de fazendas e de café, e que se tornou amigo da família. “Aqui na região de Garça temos cafeeiros com média de vinte anos de idade. A produtividade do município é geralmente de 35 sacas por hectare”, afirma ele sobre a origem, hoje pouco lembrada no cenário nacional, mas que mantém algo em torno de 12 mil hectares plantados, e entre 20% e 30% das lavouras irrigadas só no município.

Com a casa organizada, veio a busca por técnicas que colaborassem para manter uma produção resistente a baixa umidade. Através de uma técnica chamada enxertia, Zito implantou uma lavoura de raiz e base do conilon, mas que mantém o tronco, a árvore e, claro, seus frutos de café arábica. “A técnica torna o cafezal mais forte e traz menos perda na hora do plantio”, explica ele, que cultiva obatã, mundo novo, ouro verde e iapar.

Os cafeeiros da propriedade têm seis anos, em média, e em 2016 tiveram boa recuperação na produtividade, que, no ano anterior, caiu em decorrência da seca. A lavoura hoje, inclusive, é 100% irrigada e a colheita mecanizada é o carro-chefe. “Enquanto na época em que só havia colheita manual a fazenda precisava de cinquenta trabalhadores dedicados ao processo, hoje são nove pessoas na parte agrícola, contratadas durante todo o ano”, pontua Zito.

Entre as variedades, Zito explica que a obatã é mais tardia e seus frutos amadurecem, em geral, por último. A diversidade de desenvolvimento ajuda a programar a colheita e conseguir concluir praticamente tudo com o maquinário ao longo do terreno, que se mantém entre 700 e 800 metros. O solo arenoso também traz alguma tranquilidade. “A umidade é baixa e por isso o café que cai no chão não apresenta, tão rápido, problemas com fermentação”, explica ele, que credita a esse fator as características de acidez média, que destacam o aroma da bebida final.

Entre o campo e o beneficiamento, Zito descobriu sua vocação para o café. Hoje, o produtor passa boa parte da semana no Sítio Água da Mata

Entre o campo e o beneficiamento, Zito descobriu sua vocação para o café. Hoje, o produtor passa boa parte da semana no Sítio Água da Mata

Antes de chegar à xícara, porém, muita água precisa correr. Embora os cafés da propriedade sejam naturais, na separação é o lavador que trabalha constantemente. Próximo ao maquinário, um terreiro de cimento revestido de asfalto aguarda os cafés. A camada extra ajuda a elevar a temperatura e acelera a secagem dos grãos, que são revolvidos pelo menos a cada trinta minutos por dois trabalhadores em uma moto adaptada para o processo.

O tempo necessário no terreiro varia de acordo com o clima. “Neste ano, os grãos estão secando muito rápido. Tem café que você lava, passa um dia no terreiro e no outro já vai para o secador mecânico.” Os dois equipamentos mecânicos são movidos a gás e a lenha e se revezam no trabalho final dos lotes. “Em três dias, o secador movido a gás seca até 30 mil litros de cafés”, conta Zito, explicando que, para alguns cafés cerejas, o processo consiste apenas em manter a ventilação do equipamento para uma secagem diferenciada.

Por fim, há uma tulha com quatro repartições, onde os cafés descansam após a seca. “A ideia é fazer mais três silos para manter a umidade dos grãos entre 11% e 12%”, afirma Zito. Cada um dos silos hoje armazena até 500 mil litros de café.

Na busca pelo crescimento, a aposta na união entre produtores trouxe bons frutos. Com a assistência técnica de um agrônomo independente, Zito e outros cafeicultores da região se uniram para fazer a compra coletiva de adubos, assim como a venda em conjunto das sacas de café verde. “Ganhamos mais poder de barganha juntos”, pontua. Para fazer valer os investimentos, Zito e Maria Cristina decidiram ir além, no universo da torra. Nesse ponto, não demorou para que ela se pusesse à frente da nova empreitada. “A fazenda é com ele, mas a venda do nosso café eu faço com muito gosto. Valorizo o trabalho porque a gente precisa confiar no produto e levá-lo para todo o mundo”, declara.

Zito revolvendo o volume   de café recém-chegado ao terreiro e detalhe da torra, que acontece na torrefação Lugus

Zito revolvendo o volume de café recém-chegado ao terreiro e a torra, que acontece na torrefação Lugus

Mergulho na torra

Quase uma década se passou com a marca Café Aroma desde a decisão de ingressar na industrialização. “No início, a torra era terceirizada, mas decidimos trazer o processo para perto”, conta Zito. Foi então, há seis anos, que a torrefação Lugus – junção dos nomes dos dois filhos do casal, Luísa e Gustavo – começou a operar na propriedade. Hoje, 60% do café produzido no Sítio é torrado e o próprio Zito decidiu estudar a técnica, quando, em 2015, fez um curso de curva de torra com o consultor especialista em Marketing e Qualidade de Cafés Especiais, Ensei Neto.

Nesse caminho, outro emigrado da cidade grande viu na cultura cafeeira um novo potencial. Rafael Joseph, que havia trabalhado junto a Zito em uma grande empresa, também deixava a vida de escritório quando foi fisgado pelo café. Com a ideia de atuar diretamente na internet, Rafael iniciou um clube de assinaturas voltado para monodoses, o Clube das Cápsulas. Com o amigo produtor ele encontrou uma nova possibilidade para seu público-alvo. “A ideia de trazer uma marca feita pelo produtor dá muito valor à cápsula, traz toda a história do grão para o consumidor”, explica Rafael.

Depois de muito planejamento, tem sido através de encapsulamento terceirizado que os cafés do Sítio Água da Mata entram em mais um segmento da cadeia. “Criamos a cápsula Nonna Cella inspirados na minha avó, matriarca da família, que era uma mulher extremamente forte e independente”, conta Maria Cristina.

A circulação das cápsulas no clube e no mercado começou neste ano, e a família traça planos. “Estamos seguindo as normas da certificação 4C para obter mais sustentabilidade e valorização para o café.” A propriedade  busca também obter outro selo, o da UTZ – que tem auditoria agendada para março de 2017 –, e, a partir da experiência, Zito já mantém preservados 24% da propriedade com áreas de reserva ambiental e área de preservação permanente, as chamadas APP’s.

Entre todos os investimentos e ganhos com o sítio, Zito não deixa de frisar que quanto mais alto chegarem, melhor, mas que o retorno ao campo ainda é o item número 1 para toda a empreitada.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Thais Fernandes • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

Cafeteria & Afins

Cafeeira Garibaldi – Itajaí (SC)

A cafeteria está situada a poucas quadras da Praia Brava e oferece blends próprios vindos de diversas regiões produtoras. Os cafés podem ser apreciados como espresso, coado e prensa francesa. O local não serve comidinhas.

Cafeeira Garibaldi

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rodovia Osvaldo Reis, 2.877
Bairro Praia Brava
Cidade Itajaí
Estado Santa Catarina
País Brasil
Website http://www.cafeeiragaribaldi.com.br
Telefone (47) 3349-5569
Horário de Atendimento De seg. a sex., 8h30/19h; fecha sábados, domingos e feriados
TEXTO Da Redação • FOTO Divulgação

Cafeteria & Afins

Lucca Cafés Especiais – Curitiba (PR)

São 32 as opções de café e a torra é feita no próprio local. Os cafés podem ser degustados nos métodos espresso, coado, Hario V60, Chemex, Aeropress, entre outros. Para acompanhar a bebida, peça pães e comidinhas de criação própria.

Lucca Cafés Especiais

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Alameda Presidente Taunay, 40
Bairro Batel
Cidade Curitiba
Estado Paraná
País Brasil
Website http://www.facebook.com/cafesespeciais
Telefone (41) 3016-6675
Horário de Atendimento De seg. a sex., 8h/22h; sáb., 9h/22h; dom. e feriados, 12h/22h

Cafezal

Fermentação positiva. O que é?

fermentação positiva do café

A expressão café fermentado é usada há décadas para definir café de má qualidade, mas experimentos recentes provam que a fermentação simplesmente ainda tem muita história para contar

Na era dos cafés especiais, cada ponto do cupping final é valioso (na metodologia norte-americana SCAA)! Grãos com pontuação alta podem ter o preço até quatro ou cinco vezes maior que o de mercado. “Já pagamos R$ 2.700 na bica corrida de cereja descascado do Rancho Dantas (Brejetuba-ES). Ele foi campeão do concurso de qualidade que promovemos em 2015 no Espírito Santo e atingiu 91,5 pontos”, conta o trader da Bourbon Specialty Coffees, Thiago Trovo.

Ao entrar no mercado de cafés especiais, o produtor tem mais chance de aumentar seu lucro e ainda não fica refém das oscilações de preço de commodity. É por isso que muitos estão investindo tempo, trabalho e dinheiro no campo e no manejo pós-colheita para melhorar cada vez mais o perfil sensorial dos grãos. É nesse cenário, portanto, que técnicas de fermentação positiva no café estão sendo testadas e estudadas.

Foi com um café de fermentação positiva, por exemplo, que o atual campeão brasileiro de barismo – Leonardo Moço – ganhou seu último título, em 2015. “Usei um lavado (washed) com uma levedura específica que fermenta cervejas tipo ALE, em parceria com o produtor Thiago Mota, da Fazenda Jatobá, na cidade de Patrocínio”, explica Leonardo.

O experimento, porém, foi uma casualidade. Ao saber que o barista procurava um café único para sua apresentação no
campeonato, o representante da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, Juliano Tarabal, sugeriu que ele usasse grãos do Cerrado. Para escolher um perfil sensorial diferente, técnicas de fermentação com levedura de cerveja foram adotadas. Esse café “tinha características de um washed como se fosse colombiano ou da América Central”, recorda Leonardo.

Testes e muitas perdas

Na esperança de produzir cafés que vão surpreender o paladar, testes com diferentes leveduras e de fermentação natural (com micro-organismos presentes na fazenda) estão acontecendo em várias regiões do Brasil. Alguns deram muito errado, poucos continuam com resultados positivos.

Antes de celebrar um aumento de 40% nos preços de sua saca (com cafés de maior pontuação) por meio de técnicas de fermentação, Mariano Martins, produtor da Fazenda Santa Margarida, localizada em São Manuel (SP), amargou grandes prejuízos. “No começo, perdi de 20% a 30% do valor até acertar a mão”, recorda-se. Ele decidiu manipular o processo de fermentação no ano de 2008, quando foi registrado o inverno mais chuvoso de que se tem notícia. “Isso foi logo no começo, quando assumi a fazenda e o café não secava no terreiro de jeito nenhum!”, conta.

As piores crises são berço das melhores ideias e foi assim que Mariano começou a estudar alternativas. Suas respostas foram encontradas na Colômbia, mais especificamente em Huila, região onde as características climáticas eram semelhantes às de sua fazenda, com a única diferença de que os grãos colombianos têm fama no mundo todo. “Para minha surpresa, descobri que os cafés lavados dessa região eram 40% mais caros que o padrão brasileiro”, afirma.

Outro acaso também inspirou o pesquisador da IFRJ Ademário Júnior a estudar os caminhos da fermentação positiva de cafés. Segundo ele, a ideia de pesquisa surgiu quando um cafeicultor da região da Serra do Caparaó esqueceu algumas sacas de plástico cheias de café cereja no campo, na sombra entre os pés de café. Para não jogar fora, Ademário decidiu ir em frente, provou o café e notou que seu sabor estava melhor. Foi assim que um projeto de pesquisa foi
redigido, em conjunto com cafeicultores, provadores de café e pesquisadores, e aprovado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Após longas discussões com os cafeicultores, foi preparado um experimento que controlava: (I) tempo de fermentação nas condições originais, (II) tipo de descascamento (ou não) da polpa e (III) altura de pilha no terreiro para quatro cafeicultores de altitudes diferentes”, explica o pesquisador. Além disso, a temperatura da sacaria em que o café fermentava foi medida durante os sete dias (prazo máximo) de fermentação, de meia em meia hora.

Cada cafeicultor gerou quinze amostras na combinação desses fatores em sacas de plástico. Os cálculos feitos a partir da resposta sensorial por cupping mostraram que havia uma melhora de qualidade. “A resposta não era a mesma e dependia do cafeicultor, mas, de modo geral, quatro dias de fermentação funcionavam bem para todos eles naquela região”, afirma.

Pesquisas e resultados

A cafeicultura do maior produtor do mundo, porém, não pode viver de acasos. Foi por isso que o professor e pesquisador da IFSULDEMINAS Leandro Carlos Paiva começou uma pesquisa em 2015 para mapear diferentes processos de fermentação. “No começo, as experiências buscavam melhoria sensorial na qualidade do café de acordo com a metodologia SCAA. O objetivo era apenas achar um meio de aumentar a pontuação, valorizando o produto final”, explica Leandro.

Nessa primeira fase, o tempo de fermentação estava entre catorze e dezoito horas em caixa d’água de plástico na IFSULDEMINAS e em tanques de concreto nas fazendas. “A ideia era evitar um ambiente laboratorial, onde qualquer parâmetro pode ser controlado. Queremos simular as condições que qualquer produtor terá em sua propriedade”, conclui. Durante os testes, notou-se uma fermentação bem intensa com temperatura máxima do mosto de 28 ºC, e o pH variou entre 5 e 3. Nesse cenário, o café não apresentou nenhum cheiro de ácido acético (vinagre), mas dava para observar que a polpa já havia se desprendido.

fermentaçao-positiva

Na Fazenda Santa Margarida, em São Manuel (SP), o produtor Mariano Martins realiza as fermentações em tanques, com medição precisa do pH e da temperatura

Vale lembrar que esse processo é utilizado na Colômbia há mais de cinquenta anos, mas nunca houve um estudo científico que avaliasse os sabores e aromas. Essa técnica é usada por lá para retirar a polpa rapidamente e evitar a fermentação ruim em clima muito úmido. Ou seja, a técnica é a mesma, mas os objetivos são totalmente diferentes entre Colômbia e Brasil. Como conclusão dos experimentos do ano passado, uma novidade bastante inspiradora: “Notamos um aumento médio de 3 pontos na classificação da SCAA”, afirma.

Essa constatação provada cientificamente nos estudos da IFSULDEMINAS já permeava as teorias de Mariano Martins e do barista Leonardo Moço muito antes. Em toda a história da Fazenda Santa Margarida, da família Martins, essa foi a primeira vez que ela produziu cafés com perfis tão diferentes, na safra de 2009.

Mesmo com um café melhor, não houve interessados na compra daquele grão diferentão. “Tive que vender o café como commodity, mas procurei entender o que ele tinha de diferente”, explica Mariano.

Depois de enviar amostras para diferentes degustadores, foi a barista Isabela Raposeiras que incentivou seus experimentos ao provar o café. “Ela me disse: ‘Não sei o que você está fazendo, mas continue fazendo. Eu conheço o café da região e esse está diferente’.’’ Na sequência, ela indicou um comprador em Nova York que adorou o resultado final. “Ele disse que o café tinha uma acidez macia”, afirma Mariano.

Com boas perspectivas no horizonte e sem estudos acadêmicos em mãos, ficou decidido que era necessário compreender esses cafés cientificamente. Foi quando uma parceria com uma universidade da Europa foi fechada e testes de cromatografia (teste laboratorial que mede quantitativamente a presença de ácidos nas unidades por grama) foram realizados.

Desde então, “comecei a modular o tipo de ácido que eu queria no café”, conta Mariano. Para 2016, seu desafio é dominar corpo, textura, maciez e finalização. “Quero acrescentar camada de potência sensorial mais pesada, como foi com o Guaranoia (corpo agradável, licoroso, com potência aromática). Esse é nosso brinquedo mais recente”, conclui.

Lá em Machado, na IFSULDEMINAS, o desafio deste ano é dar sequência à pesquisa com os resultados positivos registrados em 2015. Essa segunda fase, que ainda está em andamento, tem o objetivo de identificar que tipo de levedura será mais eficiente no melhoramento sensorial do café. Três leveduras (cerveja, vinho e champanhe) e dois lactobacilos (thermófilos e mesófilos) estão sendo testadas em intervalos de tempo diferentes: entre sete e cem horas no tanque de fermentação.

Feita em cooperação técnica com as fazendas O’Coffee (Pedregulho/SP), Iracema (Machado/MG) e Santa Jucy (Cassia dos Coqueiros/SP) e a IFSULDEMINAS/Machado, a pesquisa já mostra indícios surpreendentes. De acordo com o pesquisador Leandro, os resultados preliminares indicam que as leveduras tiveram respostas, mas os resultados foram parecidos independentemente do tipo de fermento. “O mais importante na fermentação é dar condições para ela acontecer e saber o momento certo de finalizar. Os parâmetros importantes nessa decisão são temperatura e pH. O ideal é manter entre 25 ºC e 30 ºC e pH entre 3 e 5”, explica.

fermentaçao do cafe

Detalhe da mão do produtor com o melado do açúcar natural do fruto do café, que contribui para o sabor final da bebida

Perguntas e respostas

Entre os experimentos que estão acontecendo em diferentes partes do Brasil, alguns fatos foram citados pelos aventureiros que estão apostando na peleja dos cafés fermentados.

Leveduras realmente fazem a diferença? Resultados prévios da IFSULDEMINAS indicam que o uso de leveduras diferentes não representa grandes alterações sensoriais na xícara. De modo geral, elas melhoram o perfil sensorial, mas não conferem características mais frutadas ou mais doces ao grão. Ou seja, uma levedura de cerveja não garante uma nota mais cítrica, por exemplo.

Existe uma fórmula para seguir? Não existe uma “receita de bolo” ou uma padronização de fermentação. Cada região, cada fazenda, cada talhão faz a diferença, principalmente se a fermentação for natural (com micro-organismos do local). Para testar em sua fazenda, o produtor tem que estar disposto a aprender e a perder um pouco de dinheiro em testes. “Você vai ter que estudar muito! Você terá que ser um integrador de conhecimento”, ressalta Mariano.

Fermentação de café versus fermentação de cerveja e vinho? Infelizmente, a fermentação do café não tem as facilidades e os padrões da indústria do vinho e da cerveja. De acordo com o professor Leandro Carlos Paiva, existe um controle melhor de temperatura e pH do vinho e da cerveja e o controle da quantidade de açúcar do mosto do vinho, do lúpulo e do malte da cerveja é mais simples. “Esse controle é mais fácil para decidir o volume de levedura que será adicionado (número correto de micro-organismos que serão inseridos por litro) ao café”, explica.

No café, o controle de açúcar e temperatura não existe. Portanto, fica complicado definir a quantidade exata de levedura (número de micro-organismos por litro de café cereja – que pode ser descascado ou natural).

Além desses parâmetros, o café pode sofrer muita influência na secagem dos grãos e ainda passa por um processo térmico: a torra. Daí a complexidade dos cafés de fermentação positiva. Existem altos riscos de perder toda a qualidade adquirida na fermentação se a secagem for malfeita. O mesmo princípio é válido para a torra. “Por isso, muitas vezes certas fermentações não têm o resultado esperado”, finaliza Leandro.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

TEXTO Kelly Stein • FOTO Divulgação Martins Café/Fazenda Santa Margarida

No Curso

coluna baristica

Descobrir a origem das palavras para mim sempre foi um grande divertimento. Então, dia desses fui ao dicionário saber o significado de “curso”. Para minha surpresa, vieram muitas definições. Desde o ato de correr em si, um movimento contínuo, com rumo e direção, até um caminho percorrido por um rio, que segue seu curso. Ou ainda uma sucessão temporal, como um curso de acontecimentos ou de raciocínios. Uma palavra, tantos caminhos possíveis na nossa rica língua portuguesa.

Assim vejo hoje o nosso mercado de cafés. A cada dia surge uma cafeteria, uma microtorrefação, uma marca de café. Em todos os cantos do Brasil, no interior, nas capitais, há muitos empreendedores investindo na área. Porém, uma tendência que vem junto com essas inaugurações é o ato de oferecer cursos. Muitos novos negócios abrem no Brasil e junto com eles surge o braço educacional.

O fato é que os jovens empreendedores desse setor perceberam, já há algum tempo, que não há como conquistar um novo público consumidor de café especial sem educar, dar bases e parâmetros de aprendizado, ensinar e trocar experiências de degustação de café e outros produtos. Num momento em que há um crescimento do interesse dos jovens por produtos saudáveis, de procedência, origem e rastreabilidade é que entram as perguntas, as dúvidas e os aprendizes.

Por isso, em toda nova cafeteria ou microtorrefação há um curso básico começando, uma degustação comparativa, harmonização com outros produtos gastronômicos e, o mais importante, existe o público interessado. Cada vez mais pessoas estão a fim de conhecer algo novo e com isso compartilhar com amigos e familiares.

Dessa forma os novos espaços conseguem agregar valor ao local, incrementar a renda com ganhos extras de cursos e ainda fidelizar aquele cliente, que compra o café no estabelecimento e leva novos apreciadores para conhecer o lugar.

Entram também nesse rol de opções as fazendas que oferecem experiências de hospedagem e abrem cafeterias dentro das propriedades, tema já tratado por aqui em colunas atrás. Os consumidores estão ávidos por conhecer um pé de café, fazer uma colheita com as próprias mãos, provar do grão que teve a sua participação direta. Viver esses momentos únicos é o que cativa pessoas de todas as idades para que aprendam sobre café, uma bebida democrática, que atinge todas as camadas da nossa sociedade.

Não me canso de dizer que trabalho com café e de arrancar um sorriso do rosto da pessoa que perguntou. A pergunta sempre vem acompanhada de curiosidades sobre qual é o melhor café, as espécies, a produção, enfim, há um mundo de aprendizes buscando conhecimento a respeito da bebida mais consumida no Brasil e que poucos sabem de onde vem, poucos conhecem o curso pelo qual o fruto passa até chegar à nossa xícara.

São esses inúmeros cursos por que o café passa que todos querem saber. E é cursando essas histórias e experiências que conseguiremos construir um novo público consumidor, mais conhecedor, interessado e, claro, exigente com o que está tomando. Seguimos.

*Mariana Proença é jornalista. Em 2006 assumiu a direção de conteúdo da Espresso e, meses depois, o café já tinha virado uma paixão, que dura até hoje. Nesta coluna ela aborda diversos assuntos e experiências sobre o tema.
Fale com a colunista: mariana.proenca@cafeeditora.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Cafeteria & Afins

Ernesto Cafés Especiais – Brasília (DF)

Ernesto Cafes Especiais

Quem vai à cafeteria nunca se contenta com apenas uma xícara de café, cujas opções de grãos são variadas, assim como os métodos de preparo. Não há como deixar de pedir o pão artesanal (de fermentação natural), bolos caseiros, tapiocas, sanduíches e sobremesas.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço SHC/S CL Quadra 115, Bloco C, lj. 14
Bairro Asa Sul
Website http://www.facebook.com/ErnestoCafesEspeciais
Telefone (61) 3345-4182
Horário de Atendimento De ter. a sáb., 8h/23h; domingos e feriados, 8h/22h

Cafeteria & Afins

Agridoce Café – Porto Alegre (RS)

Agridoce Café

O café está localizado em uma casa dos anos 1920 e possui uma biblioteca coletiva, aonde os clientes podem levar e trazer livros livremente. Os grãos utilizados são da marca William & Sons Coffee, servidos no espresso, coado (Hario v60) ou na Prensa Francesa. Também serve bebidas alcoólicas e possui água filtrada de cortesia. A dica são os doces da casa com confeitaria própria.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Sarmento Leite, 1.024
Bairro Cidade Baixa
Cidade Porto Alegre
Estado Rio Grande do Sul
País Brasil
Telefone (51) 3392-7746
Horário de Atendimento De ter. a dom., 12h/22h.

Cafeteria & Afins

Cafeteria da Fazenda – Belo Horizonte (MG)

Cafeteria da Fazenda

É nas imediações do bairro Anchieta que esta cafeteria traz os ares do interior de Minas para Belo Horizonte. Com um blend próprio, a casa sugere para degustação a bebida feita no coador tradicional, na Hario v60 e na Chemex. Há ainda as versões em espresso, Prensa Francesa e Cafeteira Italiana. Como acompanhamento, quitutes mineiros como o Nhô Joca, sanduíche de linguiça caseira com cebola caramelada e alface. A casa serve treze marcas de café.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Montes Claros, 752
Bairro Anchieta
Cidade Belo Horizonte
Estado Minas Gerais
País Brasil
Telefone (31) 3324-7774
Horário de Atendimento De ter. a sáb., 8h/20h; dom. e feriados, 8h/16h

Receitas

Bolo clássico de chocolate

bolo clássico de chocolate

Ingredientes
• 3 xícaras (chá) de farinha de trigo
• 2 xícaras (chá) de açúcar
• 1 xícara (chá) de chocolate em pó
• 1 xícara (chá) de óleo
• 2 ovos
• 1 colher (chá) de fermento em pó
• 1 colher (chá) de bicarbonato
• 1 pitada de sal
• 2 xícaras (chá) de água fervente

Preparo
Unte uma forma com furo no meio. Misture levemente em uma vasilha todos os ingredientes, menos a água. Acrescente a água quente por último e misture bem. Despeje na forma e leve ao forno a 200 ºC por 10 a 15 minutos.

Rende 10 fatias

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

FOTO Daniel Ozana - Studio Oz • RECEITA Ateliê Fabiola & Liana
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