Mercado

Pela 1ª vez Região Centro-Oeste fica entre as vencedoras do 28º Prêmio Ernesto Illy

A noite da última quinta-feira (04/04) foi de muita festa e emoção na Casa Petra, em São Paulo, com o 28º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso. O presidente da illycaffè, Andrea Illy, esteve no evento e afirmou todo o seu orgulho desse prêmio.

“Os 40 finalistas já são considerados vencedores e claro um sinal que a ideia do nosso pai, Ernesto Illy, de promover qualidade e sustentabilidade no Brasil ainda é muito viva e evolui ano após ano. O modelo que ele lançou 28 anos atrás trabalhando de mãos dadas com os melhores produtores brasileiros, compartilhando conhecimento e diferença em toda a indústria, segue firme”, contou Andrea.

Produtores enviaram 1200 amostras e segundo Andrea bem difícil de escolher os 40 finalistas. Durante a premiação foram anunciados os melhores de cada região e três deles irão para Nova York e lá será divulgado o campeão do Prêmio Ernesto Illy.

Além disso, o evento, prestou uma homenagem a todas as mulheres que participam da cadeia, Priscylla Shimada de Assis ganhou uma bolsa de estudos seis meses para o curso na Università del Cafè, em Trieste, na Itália.

Os mineiros Elmiro Alves do Nascimento, de Presidente Olegário (Cerrado Mineiro), José Pedro Marques de Araujo, de Manhuaçu (Matas de Minas) e Carlos Alberto Leite Coutinho, de Sobradinho – DF , o primeiro a representar a região Centro-Oeste, foram os grandes vencedores da noite, que receberam seus diplomas e cheques no valor de R$ 10 mil cada um. No mês de outubro, eles viajarão a Nova York para participar do 4º Prêmio Ernesto Illy Internacional, ocasião em que será revelada a ordem de classificação entre eles (primeiro, segundo e terceiro colocados). A premiação internacional reunirá 27 cafeicultores selecionados de 9 países que fornecem grãos para a illycaffè, celebrando os melhores cafés do mundo.
Os produtores Luis Manuel Martins da Silva (Chapada de Minas), Maria Lucia Andrade Taramelli (São Paulo) e Rovilson dos Santos Andrade (Sul de Minas) ficaram em 4ª, 5º e 6º lugar, respectivamente.

Foram apresentados, ainda, os vencedores nas categorias Regional, Fornecedor Sustentável do Ano e Classificador do Ano. Confira a lista completa.

Prêmio Ernesto Illy – Regional
Centro-Oeste
Campeão: Carlos Alberto Leite Coutinho (Sobradinho-DF)
Vice-campeã: Cristiane Zancanaro Simões (Cristalina-GO)

Cerrado Mineiro
Campeão: Elmiro Alves do Nascimento (Presidente Olegário-MG)
Vice-campeão: Nilton Toshio Yamaguchi (Rio Paranaíba-MG)

Chapada de Minas
Campeão: Luis Manuel Martins da Silva (Angelândia-MG)
Vice-campeão: Mansur e Pimenta Agronegócios (Água Boa-MG)

Matas de Minas
Campeão: José Pedro Marques de Araujo (Manhuaçu-MG)
Vice-campeão: Luiza Araujo Miranda (Araponga-MG)

São Paulo
Campeão: Maria Lucia Andrade Taramelli (São Sebastião da Grama-SP)
Vice-campeão: Daniella Romano Pelosini (Pardinho-SP)

Sul
Campeão: Orlando von der Osten (Cornélio Procópio-PR)

Sul de Minas
Campeão: Rovilson dos Santos Andrade (Botelhos-MG)
Vice-campeão: Katia Cristina Melo Reis (Cabo Verde-MG)

Fornecedor Sustentável do Ano
Gláucio de Castro (Patrocínio – Cerrado Mineiro)

Classificador do Ano
1º lugar nacional – Hugo Passos Swerts Junior (Sul de Minas)
2º lugar nacional – Augusto Cesar Freitas de Souza (São Paulo)
3º lugar nacional – Ronaldo Cypreste (Cerrado Mineiro)

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Café Editora

Café & Preparos

10 cafeterias para quem está na correria de SP

Sabemos que São Paulo é uma cidade que não para um minuto – e muitas vezes nos vemos obrigados a entrar neste ritmo frenético da capital. Mas, para os amantes de uma boa xícara de café sempre há um espacinho na agenda para a bebida.

Pensando nisso, separamos 10 cafeterias ideais para quem quer tomar café sem gastar muito tempo. Talvez um copo para viagem, ou uns minutinhos entre um trabalho e outro. Lugares pequeninos e aconchegantes que, mesmo em meio ao caos, podem te proporcionar uma recarga extra cafeinada.

1- Supernova Coffee Roasters

Aberta recentemente na movimentada Rua Renato Paes de Barros, no Jardim Paulista, é a segunda unidade inaugurada na capital paulista pela marca curitibana. Com o balcão na calçada (literalmente), a cafeteria é ideal para quem deseja pegar um café to go. Serve espresso e coado.

Serviço
Supernova Coffee Roasters
Onde: Rua Renato Paes de Barros, 533 – Jardim Paulista
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 12h às 18h; sábados, das 10h30 às 16h30
Mais informações: www.instagram.com/supernovacoffee

2- Pato Rei Coffee Brewers

O espaço pequeno e rústico, localizado em Pinheiros, é composto por poucas mesas e banquetas. Além dos cafés e cold brews, a casa possui doces e pães artesanais para quem quer um acompanhamento. Serve clever, aeropress, hario v60, gina, torch mountain e torch donut.

Serviço
Pato Rei Coffee Brewers
Onde: Rua Artur de Azevedo, 2087 – Pinheiros
Horário de funcionamento: segunda a sábado, das 9h às 19h
Mais informações: www.instagram.com/patoreisp

3- The Little Coffee Shop

Com balcão na calçada, localizada em Pinheiros, chama a atenção pelo desenho feito na parede azul. Alguns banquinhos ficam dispostos na calçada, mas a casa é ideal para quem quer um café rápido em meio à correria paulistana. Serve apenas espresso.

Serviço
The Little Coffee Shop
Onde: Rua Lisboa, 357 A – Pinheiros
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 12h às 17h20
Mais informações: www.instagram.com/thelittlecoffeeshop

4- Bogo Café

Inaugurado no segundo semestre do ano passado, o Bogo Café é um espaço pequeno, moderninho e charmoso a sete quadras da Avenida Paulista. Possui algumas mesas com banquetas para quem deseja ficar uns minutinhos a mais. Serve batch brew.

Serviço
Bogo Café
Onde: Alameda Lorena, 448 – Jardim Paulista
Horário de funcionamento: segunda a quarta, das 12h às 18h; quinta a sábado, das 12h às 19h
Mais informações: www.instagram.com/bogo.cafe

5- Clemente Café

Com um charme delicado, a casa localizada na Vila Mariana, possui algumas banquetas na calçada, já que o espaço interno é bem pequeno. Bolos e brownies podem acompanhar as bebidas do cardápio. Serve aeropress e hario v60.

Serviço
Clemente Café
Onde: Rua Coronel Lisboa, 659 – Vila Mariana
Horário de funcionamento: todos os dias, das 8h às 18h45
Mais informações: www.instagram.com/clementecafe.sp

6- Torra Clara

Com banquetas no balcão e poucas mesas, o Torra Clara é para quem quer tomar café especial e comer algo no local. Muito bem decorado, vende alguns métodos de preparo, acessórios e pacotes de café. Opções salgadas e doces podem harmonizar com as bebidas. Serve espresso, chemex e hario v60.

Serviço
Torra Clara
Onde: Rua Oscar Freire, 2286 – Pinheiros
Horário de funcionamento: segundas, 10h às 18h30; terça a sexta, das 8h às 18h30; sábados, 10h às 15h
Mais informações: www.instagram.com/cafe_torra_clara

7- OCabral Café

Lugar simples e gostoso, OCabral se diferencia por servir seus clientes em uma janelinha na parede. Com alguns banquinhos e cadeiras, é um ambiente para quem gosta degustar cafés e comidinhas ao ar livre. Serve hario v60.

Serviço
OCabral Café
Onde: Rua da Consolação, 3423 – Jardins
Horário de funcionamento: segundas, das 12h às 18h; terça a sábado, das 10h às 19h
Mais informações: www.instagram.com/ocabralcafe

8-True Coffee Inc.

Conhecidos pelos cold brews, o pessoal da True Coffee Inc. inaugurou a casa ano passado. Apesar do espaço pequeno, a cafeteria tem ambiente moderno e charmoso. Com bancadas e cadeiras no espaço externo, o forte é o café to go. Serve hario v60 nos horários de pico e aeropress, french press e clever nos horários mais calmos.

Serviço
True Coffee Inc.
Onde: Rua Quintana, 741 – Brooklin
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 8h às 18h; sábados, das 10h às 17h
Mais informações: www.instagram.com/truecoffeeinc

9- Moa Café

Uma casinha charmosa em Moema, inaugurada em 2017, conta com algumas mesas e cadeiras na parte de dentro e de fora. O espaço é bem decorado e aconchegante para quem deseja dar uma pequena pausa na correria para tomar cafés especiais. Serve clever, hario v60, aeropress, kalita e espresso.

Serviço
Moa Café
Onde: Alameda dos Anapurus, 995 – Moema
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 9h às 20h; sábados, 9h às 18h; domingos, das 9h às 17h30
Mais informações: www.instagram.com/moa_cafe_

10- Onnie Coffee Farmers Roasters

Localizado na famosa e movimentada Avenida Paulista, o Onnie Coffee é um espacinho charmoso e todo moderninho. Há algumas cadeiras na parte interna da casa, mas funciona bem para quem está na correria da região e quer tomar uma xícara. Serve hario v60.

Serviço
Onnie Coffee
Onde: Avenida Paulista, 807, loja 58 – Bela Vista
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 7h às 21h; sábados, das 8h às 14h
Mais informações: www.instagram.com/onnie_coffee

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Mercado

Café vencedor do Cup of Excellence 2018 é vendido em cápsulas

A IL Barista Cafés Especiais ainda está vendendo a latinha com dez cápsulas feitas com o café vencedor do Cup of Excellence 2018. No leilão da competição, a saca dos grãos bateu recorde e foi vendida por US$ 18 mil (aproximadamente R$ 73 mil).

Cultivados na Fazenda Primavera, no município de Angelândia, região da Chapada de Minas, os cafés ganharam na categoria Pulped Naturals – cafés produzidos por via úmida (cerejas descascados e/ou despolpados). Alguns dos compradores são de países como Japão, Coreia do Sul, Alemanha, Estados Unidos, Grécia, Taiwan e do próprio Brasil.

A Espresso degustou e achou:
Aroma: intenso
Sabor: doce, macadâmia, limão
Acidez: média
Corpo: leve
Finalização: agradável, com notas de amêndoas

Aos interessados em adquirir as cápsulas, a latinha está à venda por R$ 84 na unidade IL Barista Escola do Café, que fica na Rua do Consórcio, 191 – Vila Nova Conceição – São Paulo (SP).

Mais informações: www.ilbarista.com.br

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

Cafezal

Canéfora: mistura amazônica

Uma jornada por Rondônia apresenta agricultura familiar, desenvolvimento de novas plantas e foco na qualidade do grão. Bem-vindo ao céu azul e ao aroma de café rondoniense

Quando em outubro de 2017 três produtores de Rondônia foram anunciados finalistas do concurso Coffee of the Year na categoria Conilon, muitos especialistas voltaram os olhos para a região. Eu, do palco, vi no rosto dos premiados cafeicultores a grande emoção de estarem ali na Semana Internacional do Café (SIC). Meses depois estaria eu, quem diria, conhecendo pessoalmente as lavouras de Tiago, André e Sérgio. E muito mais. Teria contato com toda a estrutura de ações público-privadas que alçaram o Estado de Rondônia a referência nacional recente na produção da espécie Coffea canephora. A canéfora – palavra usada para se referir aos grupos botânicos conilon e robusta – foi a primeira informação assimilada. Na região da Amazônia, as lavouras são formadas por variedades híbridas, resultado de cruzamento entre plantas diferentes.

Em meio às ruas das propriedades, veem-se folhas enormes e outras menores. A mistura, que é privilégio não só das plantas, ocorreu também na fundação do estado. Pessoas oriundas de diversas partes do Brasil deram à população de Rondônia características muito próprias. A maior parte, de paranaenses, paulistas e mineiros, formou cidades no interior rondoniense, no Norte do País. Muitas dessas famílias já vinham da cultura do café em seus estados de origem. A capital, Porto Velho, mais populosa, tem pouco mais de 500 mil habitantes. Banhada pelo Rio Madeira, a cidade foi o ponto de partida para a viagem de uma semana pela região produtora de café, que fica no centro de Rondônia.

“É muita gota de suor derramado. Não é de um dia para outro que a gente conquista”, Sergio Kalk – ao lado do irmão André no terreiro suspenso

Décadas de pesquisa

São muitas horas na estrada pela BR-364, descendo sentido sul do estado, para encontrar os primeiros pés de café. Pelo caminho, Enrique Anástacio Alves, engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Rondônia, conta que é mineiro de Viçosa e se mudou para o Norte do País com a missão de dar continuidade aos estudos sobre colheita e pós-colheita de café. Os resultados do trabalho tem motivado os produtores a investir na qualidade do grão. Fotos que circulam pelo Brasil mostrando os pés carregados de frutos fazem Rondônia ser reconhecida pela alta produtividade dos seus cafezais. Os cafeicultores, então, trabalham para unir a alta quantidade de frutos com uma melhoria na qualidade do que se colhe.

Junto nessa missão há mais tempo está Gilvan de Oliveira Ferro, técnico agrícola há 35 anos trabalhando na Embrapa Rondônia. Em 2005, ele assumiu a responsabilidade pelos experimentos realizados no campo de Ouro Preto do Oeste desde 1975, que ajudam na seleção dos clones mais produtivos e resistentes que serão enviados aos produtores como referência para uso na propriedade. Com o crescimento do café no estado – hoje sua produção é calculada em 2 milhões de sacas de 60 quilos –, a pesquisa com o fruto passou a ser mais valorizada: “Plantamos 153 clones diferentes, selecionamos 49, depois 28 e, na sequência, 15 finais para lançamento das variedades. Os clones foram avaliados por dezoito anos, depois de sete safras com produtividade média de 70 sacas/hectare, sem irrigação”, explica Gilvan.

Esse estudo dos clones faz parte de um trabalho maior da Embrapa Rondônia, que realiza pesquisas de compatibilidade entre as plantas. De acordo com Alexsandro Lara Teixeira, chefe adjunto de pesquisa da instituição, o canéfora tem como característica principal ser uma espécie alógama, com fecundação cruzada. Nesse caso, as sementes da planta são formadas a partir do pólen de outra planta, gerando uma variabilidade genética maior quando comparada ao café arábica. “Por causa dessa característica, os produtores começaram a fazer os próprios materiais e clones. Havia uma alta demanda, e hoje há doze materiais clonais bem difundidos nas lavouras”, afirma Alexsandro. Em 2012, a Embrapa Rondônia lançou a variedade oficial clonal BRS Ouro Preto, um conjunto de quinze clones. “Nosso projeto é lançar,em 2019, as cultivares individuais, para cada produtor montar sua lavoura de acordo com a vontade dele: produção, qualidade e resistência.”

A alta produtividade na região é a realidade aferida por pesquisadores que analisam os clines que mais se adaptaram ao clima de Rondônia e que chegam a produzir até 180 sacas por hectare, enquanto a média do País é de cerca de 30 sacas

Hoje em Rondônia, 65% das lavouras são seminais e somente 35% são clonais. Mas esses números tendem a mudar em breve, com a atual produção de 15 milhões de mudas por ano, num total de 29,6 mil propriedades de café no estado. Quem também faz esse mapeamento e atua diretamente no campo é a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia – Emater-RO, que está em todos os 52 municípios e vem incentivando os produtores a participar do concurso de qualidade – Concafé –, que, em 2018, chega à terceira edição.

Na cidade de Alto Alegre dos Parecis, a família do produtor Marcelo Braun conquistou o terceiro lugar no concurso estadual em 2016 com o café da Chácara Boa Esperança. Com vinte materiais diferentes, entre clones e híbridos, Marcelo virou referência na região. Com produção alta de 125 sacas/hectare em 2017, neste ano o cafeicultor pretende chegar a impressionantes 180 sacas por hectare. Ele pertence à terceira geração da família, que veio do Espírito Santo e manteve a cultura do café. “Faz oito anos que estamos desenvolvendo essas variedades de clone. Estamos testando a produção e a qualidade. Vamos separando as linhas e colhemos os materiais maduros. Descobrimos grandes vantagens, com produção alta e menor gasto”, diz Marcelo, que hoje recebe grupos em visita de campo para mostrar o trabalho que vem realizando na propriedade.Outra característica da região é a floresta nativa no entorno das lavouras e a abundância de água e de chuva, situação típica da região amazônica.

O produtor Marcelo Braun mostra com orgulho os seus pés de café na Chácara Boa Esperança, grãos premiados em 2016 no Concafé – concurso do estado

Para Leandro Dias Martins, da recém-criada Cooperativa dos Agricultores Familiares da Amazônia (LaCoop), “o potencial é muito grande, pois o perfil da agricultura de Rondônia é de famílias com 3 a 6 hectares, em média”. Para ele, o principal foco serão a qualidade e a certificação das propriedades para levar o nome da Amazônia para os mercados interno e internacional. Leandro nasceu em Cacoal, hoje a segunda maior cidade na produção do grão. Conhecida como a Capital do Café, o nome do município é uma homenagem ao cacau e ao café.

E foi em Cacoal que despontou a propriedade Sítio Cafezal dos irmãos Kalk, como são conhecidos Sérgio e André Kalk. Tiago Novais Duarte, o meeiro da fazenda, foi o grande campeão do estado em 2017. Os pais foram do Espírito Santo para Rondônia em 1998. Já plantavam café, em Colatina (ES), e a paixão pelo fruto continuou. Em 16 hectares de café, os jovens irmãos investiram em terreiro suspenso e de chão para melhorar a pós-colheita. O resultado veio logo. Conquistaram o segundo, o terceiro e o quarto lugares no Coffee of the Year 2017, durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG).

“Estamos até hoje com as pernas meio bambas. Nunca imaginei que um café robusta fosse dar bebida.” Sergio se refere às mudas de robusta que plantou. Foram 2 mil no início, o que resultou em grande produtividade. Ele alterou toda a propriedade para clones de robusta, o que também gerou qualidade. Os clones de robusta se adaptaram muito bem à região dos Kalk, pois, segundo eles, para que a planta produza e tenha qualidade, é necessário um estresse hídrico a fim de gerar uma florada homogênea, o que resulta em frutos com a mesma maturação. “O produtor rural tem que usar a matemática, senão fica patinando”, orienta Sergio. “É muita gota de suor derramado. Não é de um dia para outro que a gente conquista. Agradeço muito ao meu pai por ter conseguido levar o nome de Rondônia para o mundo.”

As lavouras precisam ter variedades de clines bem definidas, como nesta propriedade em Alto Alegre dos Parecis

Industrialização do café

Na ponta da comercialização do produto, Rondônia ainda está engatinhando. Com o nome Café da Amazônia e o apelo de marca para um produto da floresta, alguns empresários vêm investindo nesse mercado promissor. Um deles é Lucas Borghi, presidente da Café Nova Era, na cidade de Cacoal. Fundada em 2012, a marca hoje investe em uma linha de especiais com torra própria e venda on-line. Com uma rede de produtores locais, a marca esteve recentemente na Coreia do Sul a fim de negociar a extração do óleo do café verde para uma fábrica de cosméticos que deve se instalar na cidade rondoniense. A família de Borghi está há 35 anos no Estado de Rondônia e passou da produção de café ao setor industrial.

A 500 quilômetros dali, já em Porto Velho, está a família de Bruno Assis, jovem empreendedor que está à frente da Juninho Soft Café, a primeira cafeteria a servir café 100% robusta, o Amazônia Coffee. Os empreendedores resolveram servir o café do estado depois que clientes procuravam provar os grãos da região. No ano passado, Bruno já conseguiu comprar sacas premiadas e fazer microlotes dos grãos que torra e envasa no local.

O mercado de hoje está bem distante daquele que Ezequias Braz da Silva Neto, o Tuta, encontrou quando chegou a Rondônia, em 1971. Desbravador da região de Cacoal e presidente da Câmara Setorial do Café do Estado de Rondônia, ele lembra que “a terra era tão boa que não precisava de adubo. Colhíamos o café e não tínhamos a quem vender”, diz ele ao citar o pioneiro na região Clodoaldo Nunes de Almeida, que chegou com as primeiras mudas no fim da década de 1960. De uma produção que chegou a 3,5 milhões de sacas entre os anos 1980 e 1990, Tuta comemora que a previsão para 2020 seja de 4 milhões de sacas. Desafios que estão postos e que, se depender do empenho do povo rondoniense, como diz o hino do estado: “Exaltaremos enquanto nos palpita o coração”.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso referente aos meses junho, julho e agosto de 2018 – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • FOTO Renata Silva e Enrique Alves

Barista

Projeto Fazedores de Café forma sua 6ª turma em São Paulo

No último sábado, 30 de março, aconteceu a formatura da 6ª turma do Fazedores de Café, na unidade do Sofá Café Pinheiros. A ocasião contou com a presença dos organizadores do projeto, ex-alunos, apreciadores da bebida e conhecidos dos participantes.

Durante o dia, a cafeteria funcionou normalmente, mas o diferencial foi o atendimento ao público, que foi todo realizado pelos quatro formandos: Diva Dornelas e Letícia Reis, moradoras do bairro paulistano Grajaú; e Rajana Olba e Abdrahamane, refugiados da Síria e do Mali, respectivamente.

Após três meses de curso teórico e prático, os alunos estagiaram por um mês em diferentes perfis de cafeterias paulistanas para aprender na prática as lições e desafios da profissão de um barista. Além da oportunidade de uma vivência enriquecedora, o projeto funciona como uma boa porta de entrada para a carreira, já que os participantes têm altas chances de saírem com propostas de emprego.

“É um processo demorado, mas quando chega ao final você entende a necessidade de fazer um projeto tão longo assim. Nós queremos garantir a base, a formação, para que vocês tenham dificuldade quase zero para conseguirem um emprego agora”, disse Diego Gonzales, fundador proprietário do Sofá Café e idealizador da iniciativa, em discurso na ocasião. “Esse é o objetivo do Fazedores, não é só ensinar, mas é garantir uma nova situação de emprego. É como se fosse uma formação técnica. Que agora vocês saiam diplomados para o mercado de trabalho”, finalizou.

Esta é a primeira edição que conta com a presença de alunos refugiados, mas desde 2014, ano de sua criação, o Fazedores de Café já formou mais de 30 jovens carentes da periferia de São Paulo, incluindo Paulo Gabriel, aluno da primeira turma do projeto. Hoje ele atua como barista e atual coordenador do curso.

TEXTO Redação • FOTO Mariana Proença

Mercado

Nestlé assina protocolo com Governo de São Paulo

Ontem (01), a Nestlé assinou um Protocolo de Intenções com o Governo do Estado de São Paulo cujo objetivo é apoiar e realizar projetos de inovação no setor agroindustrial. Por meio de convênios com o Instituto Agronômico (IAC) e com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), a companhia investirá em novas soluções para embalagens, projetos ligados ao cultivo de café e desenvolvimento de produtos orgânicos, principalmente leite. Até 2020 deverão ser investidos R$ 680 milhões em tecnologia e inovação.

“O investimento todo é da Nestlé. No fundo o que a gente está fazendo é unindo os institutos de pesquisa da Secretaria da Agricultura para que nós tenhamos pautas”, afirmou Gustavo Junqueira, secretário da pasta.

Segundo o presidente-executivo da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior, o acordo possibilitará trabalhar em várias frentes, desde o desenvolvimento de ingredientes funcionais e aditivos nacionais para os alimentos, pesquisas de aromas naturais do Brasil, até o desenvolvimento de materiais de embalagem de fonte renovável.

A companhia também inaugurou sua nova sede, localizada na Avenida Das Nações Unidas, em São Paulo, e anunciou um programa para contratações de até 26 mil trabalhadores em 2019. Segundo Melchior, para as Américas, do total de postos, 20 mil serão destinados a pessoas com até 30 anos e 6 mil para primeiro emprego.​

Canudos biodegradáveis
Segundo reportagem publicada na Folha de São Paulo, a Nestlé viabilizará soluções para a realização de projetos de inovação relacionados a alternativas de soluções biodegradáveis. “A Nestlé sempre foi inovadora em fazer embalagens sustentáveis e canudos biodegradáveis, respeitando regras ambientais e fazendo do Brasil um País inovador”, afirmou o governador João Doria.

TEXTO Redação • FOTO Governo do Estado de São Paulo

Barista

Rafael Rodrigues, da True Coffee, é o vencedor da 1ª Copa Koar

Ontem (28/03) aconteceu a 1ª Copa Koar, no Il Barista Escola do Café, em São Paulo. Foram 23 participantes, divididos em oito grupos e depois de algumas horas conhecemos o campeão Rafael Rodrigues, da True Coffee.

Os juízes Gelma Franco (IL Barista), Edgard Bressani (Capricórnio Coffees), Luiz Salomão (Bunn), Mauro Tagliaferri (jornalista), Paulo Cesar Junqueira (Carmo Coffees), Silvia Magalhães (SM Cafés), Juliano Jorge (Juca) (influencer), Nathana Paiva Reis (Associação Brasileira de Classificação e Degustação de Cafés), Eduardo Fernandes (Grancoffee) e Mariana Proença (Revista Espresso), se revezaram para provar e escolher o melhor café de cada rodada.

O evento contou, ainda, com a presença de um dos criadores do método, o publicitário Fernando Sá, “o Koar surgiu de um curso sensorial que fiz em que pude entender melhor o que deixava o café adocicado e menos ácido. Sempre gostei da Kalita, mas o filtro era de difícil acesso, então com meses de estudo, imprimimos em 3D uma peça que pudesse usar um filtro de papel convencional e com a técnica da Kalita”. Segundo ele toda a produção é artesanal e por isso, nenhum Koar é igual.

Gelma Franco, proprietária do Il Barista e uma das idealizadoras, acredita que campeonatos como esse é uma oportunidade de trazer gente nova para o mercado e criar uma interação entre produtores, coffee lover e barista. “Isso é uma brincadeira que pode ajudar os profissionais a perderem o medo de competir, mantendo o brilho nos olhos e preparando bons cafés”.

O café utilizado na competição foi um catuaí 62 da Fazenda Rio Brilhante, segundo Ana Flávia Miranda, representante comercial da fazenda, o café é da safra 2017/2018 e tem o perfil desejado pela Gelma para a competição, de um café mais adocicado e achocolatado.

Confira os classificados:


1º lugar Rafael Rodrigues – True Coffee – ganhou 1 viagem para Recife (4 dias de hotel e áereo), 1 kit Koar; 250g do café da Copa
2º lugar Rafael Mendes – Coffee Lover – ganhou 1 kit Koar , 250g do café da Copa
3º lugar Wilclays Martins – Cafeteria do Museu – ganhou 1 kit Koar , 250g do café da Copa
4º lugar Otávio Augusto – Autônomo

Próximo evento
Gelma não para por aí, segundo ela, a ideia é que todo mês ocorra uma competição no Il Barista. Para o mês de abril será realizado o Coffee Box Surprise, em que o competidor provará dois cafés, escolherá o que mais gosta e em uma caixa de 12 a 15 itens, escolherá 5 para harmonizar com o seu café. “Serão 15 minutos de preparo e o competidor fará a bebida que quiser, o importante é apresentar a sinergia entre os ingredientes e como isso harmonizou com o café. Assim descobriremos novos talentos para criação de drinques”, finaliza.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Giulianna Iannaco e Mariana Proença

Barista

Copa Koar acontece hoje em São Paulo

Buscando avaliar o melhor preparo no coador pernambucano de cerâmica vitrificada, a 1ª edição da Copa Koar acontece hoje, às 19h, no IL Barista Escola do Café, uma das organizadoras do evento.

A disputa contará com 23 participantes que serão divididos em oito grupos. Os baristas terão livre escolha para fazer sua própria receita, decidindo sobre a moagem; quantidade de pó e água; temperatura da água; e filtro de papel. A IL Barista fornecerá o café torrado, a torre de água Bunn, a chaleira, o filtro de papel, as canecas e o método Koar. O café oficial é o Rio Brilhante, do Cerrado Mineiro. Confira abaixo a lista dos competidores:

Alex Lima – autônomo
Ana Maria Schultze – autônoma
André Girotto
Ariel – Museu do Café
Breno Faria – Café MuMu
Carolina Rodrigues
Dimara Araújo – Cafeteria Onnie
Eduardo Santos – Kaffa
Eric Chang
Fabio Soares – IL Barista
Felipe Pinheiro – IL Barista
Guilherme Oliveira – Coffee Lover
Henrique Sá
Igor Vilares – autônomo
Isabela do Monte – Sindicafé
Larissa Lopes – IL Barista
Otávio Augusto – autônomo
Rafa Mendes – Coffee Lover
Rafael Rodrigues
Rodrigo Ras – Nolita oven&bar
Wilclays – Cafeteria do Museu
Yago Unk – Coffee Lover
Zitto Rocha – Marê Café

Como vai funcionar: na primeira fase, os competidores terão oito minutos de apresentação e três minutos de preparo. Os três juízes da rodada terão cinco minutos para provarem os cafés entregues e apontarão o que seguirá para a semifinal. Já na última etapa, quando restarem apenas quatro finalistas, os baristas apresentarão de forma individual. Os juízes serão Gelma Franco (IL Barista), Edgard Bressani (Capricórnio Coffees), Luiz Salomão (Bunn), Mauro Tagliaferri (jornalista), Paulo Cesar Junqueira (Carmo Coffees), Silvia Magalhães (SM Cafés), Juliano Jorge (Juca) (influencer), Nathana Paiva Reis (Associação Brasileira de Classificação e Degustação de Cafés) e Mariana Proença (Revista Espresso).

Qualquer pessoa pode comparecer e assistir a Copa Koar, que conta com apoio do Kaffe Torrefação e Treinamento, Atilla, Bunn e Koar. Para quem não puder, a Espresso estará realizando a cobertura oficial através do Instagram @revistaespresso.

Serviço
Copa Koar
Quando: 28/3, às 19h
Onde: Rua do Consórcio, 191 – Vila Nova Conceição – São Paulo (SP)
Mais informações: www.ilbarista.com.br

TEXTO Redação • FOTO Eudes Santana

Mercado

Lavazza é considerada uma das marcas mais conceituadas do mundo

De acordo com o Global RepTrak 100 – 2019, do Reputation Institute, o Grupo Lavazza ficou em 38º lugar entre as 100 melhores marcas conceituadas do mundo. Em comparação com os resultados de 2018, a Lavazza conquistou onze posições, devido à sua inovação em processos de produtos, ambiente de trabalho e manutenção da responsabilidade social e ambiental.

O Reputation Institute monitora a comunidade empresarial de acordo com seu Global RepTrak 100, uma ferramenta que utiliza a reputação corporativa para fornecer às empresas dados que identificam o que está sendo impulsionado positivamente, o que é referência e tendência no mercado.

Quarta maior empresa do mundo em termos de reputação no setor de alimentos e bebidas, a Lavazza foi fundada em 1895, em Turim, na Itália. Tendo pertencido a quatro gerações da família Lavazza, o Grupo foi reconhecido pelos valores que dissemina para a cultura do café, tornando-se importante em todo o mundo.

As informações são do http://gcrmag.com / Tradução Juliana Santin

FOTO Café Editora

Cafezal

A união que faz o café

Diferentes histórias de vida juntaram-se por um projeto maior: o de retomar o café do Norte Pioneiro, no Paraná. Conheça famílias que abraçaram a ideia e têm feito uma revolução na qualidade do produto.

Uma região marcada pelo recomeço. Assim podemos definir o Norte do Paraná quando nos referimos à cafeicultura local. De uma enorme geada na década de 1970, que dizimou grande parte da produção, renasceu uma vontade enorme nos agricultores de retomarem suas vidas e permanecerem no cultivo do café. Nem todos conseguiram e muitos migraram para outros Estados brasileiros, já que a situação era de extrema dificuldade. Mas os que ficaram lembram-se da situação como um grande marco na vida: “antes ou depois da geada de 1975…”

Após mais de 35 anos, a região vive um momento único, de pessoas empenhadas em trabalhar o mercado do café de uma forma moderna, com qualidade, mas sem esquecer as raízes locais formadas por pequenos produtores.

Fomos conhecer algumas dessas histórias em cidades produtoras: Ribeirão Claro e Abatiá, pequenos munícipios que ainda guardam o ar bucólico, a calmaria e muito trabalho na lavoura. Ficam a mais de 350 quilômetros de São Paulo e, ao cruzar a Represa de Chavantes, a vista descortina uma região de montanhas não muito altas e alguns cafezais beirando a estrada. Em toda a região, 88% dos cafeicultores são pequenos produtores, que plantam entre 2 e 10 hectares de café. A produção local era vendida anteriormente para comerciantes da própria região e pouco se sabia sobre a qualidade do café.

Em um trabalho que começou há pouco mais de quatro anos, produtores se uniram em busca de um melhor preço e para se mostrarem aos mercados internacionais. Descobriram, então, em eventos e viagens ao exterior, que havia um mundo à parte para os cafés especiais. Percorremos quatro propriedades, para mostrar essa realidade e constatar o trabalho sério do café do Norte Pioneiro.

“Hoje a gente capricha mais”

Augusto Serafim e sua esposa Ornesta Rissá Serafim vivem “na cidade”, em Ribeirão Claro. Mas a vida toda moraram no Sítio Santo Antônio, terras que herdaram da família. Há mais de 50 anos a história começou por ali e, hoje, o filho Cleomilson e a nora Daiana, vivem e zelam mais de perto pelos 6 hectares da fazenda, a 650 metros de altitude. Seu Augusto e a família são parte integrante do projeto de certificação Fair Trade, que mudou o dia a dia no sítio e fez com que todas as práticas agrícolas passassem a ser controladas de muito perto. Em 2 hectares de café eles colheram, em 2011, 350 sacas de variedades como mundo novo, bourbon vermelho, catuaí amarelo, em processamento cereja descascado e natural. Com maquinários recém-adquiridos em programas de incentivo ao pequeno produtor, há desde despolpador até secador automático, tudo aguardando pela nova safra. Além dos equipamentos, novos terreiros suspensos muito organizados estão à disposição dos cafés colhidos.

Apenas pai e filho e mais dois temporários fazem todo o trabalho de colheita e benefício do café. Para seu Augusto, “a secagem é o que manda na qualidade do café”, por isso, ela merece atenção redobrada. Ele conta que mudou seu jeito de pensar e que o cuidado com o meio ambiente é prioridade. É possível ver o entusiasmo nos olhos deles, motivação decorrente do alcance do dobro do preço de venda da saca, que passou de 390 reais em tempos passados, para 640 reais, em 2011. Seu Augusto ainda conta com orgulho das duas sacas premiadas no Estado, que vendeu ao Lucca Cafés Especiais, de Curitiba (PR), pelo valor de mil reais, cada. “O café, segundo eles, estava com notas de doce de leite, caramelo e frutado”, ele lembra. Para completar a renda, mais de 2 mil orquídeas são cultivadas por dona Ornesta e vendidas durante o ano, além de bolos e tortas. Uma vida simples, de muito trabalho e muito florida.

“O que eles fizeram a vida inteira”

No Sítio Santa Clara, em Ribeirão Claro, os descendentes de italianos Ademir Baggio e Joana Denobi Baggio são casados há mais de 60 anos. Sozinhos, eles vivem na propriedade de 5 hectares, sendo metade dela destinada à plantação de café. Com um sorriso largo no rosto, o casal trabalha duro na colheita. O café ali é só do tipo natural, com a casca, que vai para o terreiro suspenso após passar por um sistema simples, porém essencial: o lavador. Em uma pequena tina de plástico, o café recém-colhido é despejado para uma pré-seleção. Os mais pesados afundam e os mais leves, boiam – daí o nome – ficam na superfície. Os boias são separados dos demais e considerados de menor qualidade.

Desde os treinamentos realizados durante a certificação, o casal aprendeu que essa ação faz uma grande diferença. Pioneiros na região, em 2011 os Baggio produziram 50 sacas. Querem dobrar nesta safra, empolgados com o retorno do preço mais alto conseguido no ano anterior. Seu Ademir acredita muito no trabalho de união dos cafeicultores da região: “em 60 anos de trabalho meus pais morreram sem nada. Em três anos vamos fazer o que eles levaram a vida inteira para conquistar”.

“Estamos vendo resultado”

José Avilar Rissá Filho é meeiro na propriedade de João Fernandes, na parte baixa da cidade de Ribeirão Claro. No Sítio Maranata há 4 hectares de café e um terreiro suspenso muito peculiar, com vários andares e cobertura para proteger da chuva durante a época da colheita.

A troca de serviço é prática comum nesta região, e seu José ainda cuida de uma grande horta orgânica que tem desde lindas alfaces com um verde raro de se ver, até berinjela e brócolis. Com sete pessoas trabalhando na época da safra, o agricultor colhe as mais de 120 sacas de café. A esposa, Maria de Lourdes da Silva Rissá, é responsável pelo cuidado dos legumes e verduras. Mas é o café que tem sido a menina dos olhos deles: “estamos vendo resultado e vendendo para o exterior”, diz seu José.

“Não consigo mais beber café ruim”

Chegar à casa de Hugo Raul da Silva é uma aventura para quem vive nos centros urbanos. Muitos pedregulhos e lindas paisagens depois, o Sítio São Francisco desponta em meio a curvas tortuosas de Abatiá. Com uma área de 26 hectares, o produtor é um exemplo da grande mudança na mentalidade dos cafeicultores locais, após o investimento em qualidade.

Com o pai, ele aprendeu a lidar com café e replicou as antigas regras ao negócio. Após mais de 20 cursos técnicos, do plantio, e até de degustação de cafés, Hugo viu “o que fazia de errado”. Determinado, passou a aplicar todas as dicas aprendidas. Hoje seu café já conquistou 82 pontos na escala de 0 a 100 da SCAA e todo o maquinário está pronto para a próxima safra. Até uma “komboza”, como diz, o produtor financiou para trazer os 14 funcionários que o ajudarão na colheita. Em 2011, 20% do seu café foi vendido para a certificadora Fair Trade. Neste ano, Hugo tem a meta de vender 80%. Ele e a esposa Rosineia Aparecida Pereira da Silva moram em um sítio que mais parece uma casa de boneca. Tudo organizado para a próxima colheita e com o desejo de que venham excelentes resultados.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso referente aos meses junho, julho e agosto de 2012 – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • FOTO Érico Hiller
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