Receitas

Hambúrguer de feijão-preto

Ingredientes

– 100 g de feijão-preto cozido
– 3 dentes de alho
– 4 colheres (sopa) de azeite extravirgem
– 1 cebola
– 2 tomates
– 1 xícara (chá) de farinha de arroz integral
– 1 talo de coentro
– 1 colher (sopa) de páprica defumada
– 1 pimenta dedo-de-moça picada
– Sal

Preparo

Refogue a cebola e o alho no azeite. Adicione o tomate picado e o feijão. Junte a pimenta, a páprica, o coentro picado e ajuste o sal. Bata tudo no processador e junte a farinha de arroz para obter uma massa possível de ser modelada. Deixe-a descansar por 20 minutos, depois molde os bolinhos e leve-os para assar em forno preaquecido a 200 oC. É possível também usar a massa para fazer rocambole.

FOTO Daniel Ozana/Studio Oz • RECEITA Thiago Medeiros

Mercado

Sacas premiadas do 17º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café 2020 são vendidas por R$ 59 mil

Na última quarta-feira (26) aconteceu a cerimônia de premiação do 17º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café – Origens do Brasil – Safra 2020, que tem como objetivo valorizar os melhores grãos do Brasil, tanto da espécie arábica quanto da canéfora (robusta/conilon), e as empresas que investem em qualidade.

Assim como em 2020, o evento foi realizado em formato totalmente on-line e, neste ano, bateu o recorde de inscrições: foram 54 amostras, onde 23 foram selecionadas para a fase final. A edição contou com 15 origens brasileiras diferentes, sendo elas:

Minas Gerais: Matas de Minas, Campo das Vertentes, Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Chapada de Minas e Mantiqueira de Minas
São Paulo: Alta Mogiana e Média Mogiana Paulista
Bahia: Planalto Baiano – Chapada Diamantina e Vitória da Conquista
Espírito Santo: Caparaó
Paraná: Norte Pioneiro do Paraná e Norte do Paraná
Rio de Janeiro: Sul do RJ/Vale do Café
Rondônia: Matas de Rondônia

O leilão

Este ano, o leilão do concurso contou com a participação de 25 empresas e arrecadou um total de R$ 59.836 em 31 sacas negociadas. As vencedoras da edição foram a Café Excelsior, a Café Vasconcelos e a Grão Café.

Na categoria Ouro Arábica, a grande campeã foi a Café Excelsior, de Sorocaba (SP), que deu o lance de R$ 5.500 por saca de café do produtor Silvio Leite, da Fazenda Cerca de Pedra São Benedito, da Chapada Diamantina. Este reconhecimento é dado à empresa que paga o maior valor de aquisição por saca. A outra saca do produtor foi arrematada pelo Grupo 3corações no valor de R$ 5 mil. Deste modo, o microlote de Silvio conquistou R$ 10.500.

O segundo microlote mais disputado foi o do produtor Renee Van Der Goot, da Fazenda Harmonia, do Norte Pioneiro do Paraná, que totalizou R$ 6.400, sendo R$ 5 mil dado pela empresa Kaldi Cafés Especiais e R$ 1.400 pelo Grupo 3corações.

Já na categoria Ouro Canéfora, quem se destacou foi a Café Vasconcelos, de Araguari (MG), que fez o maior investimento por saca da espécie. Foi R$ 1.450 pago pela saca do leia mais…

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

Cafezal

Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso já tem data marcada

A illycaffè realiza a 30ª edição do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso no próximo dia 17 de junho, às 18h, em formato virtual. A transmissão é aberta ao público e pode ser acessada aqui.

O evento contará com a participação de lideranças da illycaffè, como o CEO Massimiliano Pogliani, o presidente Andrea Illy e os diretores Anna Illy e Alessandro Bucci, diretamente de Trieste, no norte da Itália.

Os seis melhores cafés do Brasil na safra 2020/2021 serão conhecidos na cerimônia de premiação, recebendo diplomas e valores em dinheiro. Os três primeiros colocados participarão do 6º Prêmio Internacional Ernesto Illy (EIICA), que acontece em dezembro de 2021, quando será revelada a ordem de classificação entre eles (primeiro, segundo e terceiro colocados).

Na premiação nacional, 40 finalistas concorrem ao pódio, selecionados entre os responsáveis pelas 567 amostras inscritas e aprovadas segundo os critérios do concurso. Clique aqui para conhecer os finalistas.

Na cerimônia do 30° Prêmio Ernesto Illy também serão destacados os premiados das categorias regionais. Para esta premiação, a illycaffè divide o mapa do Brasil em 10 regiões: Cerrado Mineiro, Sul de Minas, Chapada de Minas, Matas de Minas, Espírito Santo, Norte/Nordeste, Rio de Janeiro, São Paulo, Sul e Centro-Oeste.

Em 30 anos de história, o Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, uma das premiações mais tradicionais da cafeicultura brasileira, já reuniu mais de 17 mil produtores inscritos e distribuiu mais de R$ 6 milhões em prêmios.

TEXTO Redação

Inovação é essencial… Mas os resultados levam tempo!

Pela primeira vez em 20 anos, o cereja descascado desenvolvido no Brasil chegou a 10 milhões de sacas e tornou-se a segunda maior fonte de café processado por via úmida do mundo

Não é surpreendente que o Brasil, tradicional fornecedor de cafés naturais, tenha produzido até 10 milhões de sacas de café cereja descascado/honey e lavado em 2020 e que 1 milhão dessas sacas possam ser entregues à ICE, a bolsa de café de Nova Iorque? Isto torna o Brasil a segunda maior fonte de café processado por via úmida do mundo, depois da Colômbia. Na verdade, é um novo mundo de processamento de café, como já escrevi aqui antes.

O objetivo deste artigo não é promover o café brasileiro, mas abordar tanto a necessidade de inovação quanto a perseverança necessária para que a inovação alcance escala no agronegócio café. Os números do parágrafo anterior decorrem da criação de um novo sistema intermediário de processamento entre os cafés natural e lavado – o cereja descascado / CD / honey – desenvolvido no Brasil no final da década de 1980. Por mais de 200 anos, acreditou-se firmemente e nunca foi questionado em escala comercial que o café pergaminho poderia ser secado com mucilagem.

Foram os experimentos pioneiros de três produtores das regiões Sul de Minas e Mogiana de São Paulo e a solicitação ao fabricante de máquinas Pinhalense para viabilizar o sistema em escala comercial que deram origem ao novo sistema de beneficiamento. O objetivo dos produtores era obter uma xícara de café natural livre do sabor negativo característico de cerejas verdes e parcialmente maduras.

A resposta da Pinhalense foi um despolpador precedido por um separador de verdes para despolpar apenas cerejas totalmente maduras e secar o pergaminho com toda a mucilagem. Os secadores rotativos Pinhalense se mostraram capazes de receber e secar este pergaminho com mucilagem após uma pré-secagem ao sol. O resultado surpreendente foi que o café assim processado apresentava as características organolépticas de um natural de alta qualidade, ideal para espresso, um tipo de café que estava então ganhando mercado em todo o mundo!

Animado com este sucesso inicial e então diretor da Pinhalense, pensei que a aceitação do novo sistema de processamento seria imediata. Ao visitar os principais importadores e torrefadores europeus e americanos, que adoraram as características na xícara das amostras de cereja descascado, recebi a confirmação que o café era ótimo. Mas, para minha surpresa, ninguém estava interessado em comprar esse café a não ser que algumas centenas de milhares de sacas, quem sabe meio leia mais…

TEXTO Carlos Brando • FOTO Agência Ophelia

Mercado

Pesquisa Sebrae destaca que consumidor procura saber origem e produção dos cafés especiais

O Sebrae/NA – Unidade de Competividade e Unidade de Gestão Estratégica e o Sebrae/DF – Gerência de Negócios em Rede realizaram uma pesquisa on-line intitulada Cafés Especiais: Perfil e Sabor, entre os meses de outubro e dezembro de 2020, com profissionais da cadeia produtiva de cafés especiais.

Segundo os dados coletados, 52% dos profissionais da cadeia produtiva do café especial no Brasil estão há no máximo cinco anos nesse ramo.  “O nicho do café especial é totalmente novo no País, mas o fato de agregar valor ao produto e por haver uma procura maior, pelo consumidor, por cafés diferenciados, faz com que esse mercado tenha um grande potencial de expansão”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

De acordo com o estudo, o mercado dos cafés especiais conta cada vez mais com o perfil de empreendedores jovens e com uma participação maior das mulheres à frente desses negócios. Os empresários apontam a mudança de comportamento do consumidor, que têm se preocupado mais com a origem do grão e como ele é produzido.

Entre os produtores rurais que trabalham com cafés especiais, isso já representa em média 44% da produção total, a variedade catuaí amarelo é a mais cultivada entre os produtores e, no pós-colheita, o natural foi a resposta de 83% das pessoas. Os donos de torrefação, assim como os proprietários de cafeterias, levam mais em consideração o perfil sensorial, a pontuação do café e a origem do produto do que o preço que irão pagar.

O novo perfil desse consumidor reflete no aumento da produção dos orgânicos e com selo de Indicação Geográfica. “Os produtores de cafés especiais já estão produzindo cafés orgânicos. A tendência é que haja um incremento desses fatores pois há um mercado consumidor mundial ávido por produtos diferenciados”, pontua Carlos Melles.

O presidente do Sebrae destaca que a instituição tem trabalhado cada vez mais para a profissionalização desse mercado e para o aumento de registros de IG, além de estimular a participação desses empreendedores em concursos, em campeonatos nacionais e internacionais e na exportação do produto.

Segundo a pesquisa, os donos de cafeteria e torrefações levam mais em consideração o perfil sensorial, a pontuação do café e a origem do produto do que o preço que irão pagar na hora de escolher os grãos para comercializar. Em relação aos baristas, 50% dos que responderam tem especialização em cursos, 45% são prestadores e consultores de serviços na área, 30% é registrado como barista e 28% atua como freelancer. Em relação à cafeteria, o método hario v60 é o mais servido, com 72%, seguido da prensa francesa, com 63%, e da aeropress, com 52%.

TEXTO Redação • FOTO William Moreland

Mercado

Daterra realiza evento on-line e gratuito sobre empresas de café com certificação B Corp

Nos dias 1 e 2 de junho, das 13h às 16h (horário de Brasília), a Daterra Coffee realizará o The (B)ean – Diálogos sobre Empresas na Indústria do Café. Dedicado às empresas certificadas B Corp no setor, o evento on-line tem como objetivo inspirar a cadeia de cafés especiais através das experiências das empresas participantes.

Através de quatro painéis com dez palestrantes de diferentes segmentos, serão criados diálogos abertos, gerando novas ideias e até mesmo encurtando as distâncias entre as empresas com interesses semelhantes. Os participantes discutirão como as empresas de café podem gerar impacto positivo por meio de seus negócios, bem como o valor da certificação B Corp dentro do setor.

O evento contará com a presença de líderes da indústria do café: Equator Coffees, Counter Culture Coffee, Sustainable Harvest e Common’s Company, dos Estados Unidos; D R Wakefield e Origin Coffee, do Reino Unido; Daterra Coffee, do Brasil; Reunion Coffee, do Canadá; e Bocca Coffee, da Holanda; todas empresas certificadas pela B Corp.

Organizado pela produtora de cafés especiais Daterra Coffee, com apoio do B Lab Brasil, o The (B)ean será transmitido para todo o mundo em inglês e é gratuito. A programação completa pode ser acessada no site.

Serviço
The (B)ean – Diálogos sobre Empresas na Indústria do Café
Quando: 1 e 2 de junho
Horário: das 13h às 16h
Mais informações:
www.thebeanevent.com

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

BaristaCafé & Preparos

Para além da xícara: 5 projetos que transformam vidas através do café

Em 24 de maio é celebrado o Dia Nacional do Café, data escolhida para oficializar o início da colheita do fruto nas lavouras brasileiras. É neste dia que as redes sociais ficam cheias de fotos de xícaras com a bebida, mas para nós (e para muitas outras pessoas) o café é mais do que isso, é capaz de mudar vidas!

A Espresso te convida a navegar mais afundo neste universo e ter a chance de conhecer histórias de pessoas que tiveram suas trajetórias modificadas por este grão. Aqui, listamos 5 projetos sociais para você seguir, conhecer e acompanhar. Vem com a gente!

Jovens Baristas

Com as irmãs e baristas Kivian e Vitória no comando, o projeto busca profissionalizar pessoas em situação de exclusão social e contribuir para o crescimento do setor. Para isso, os jovens aprendem sobre diversos temas ligados ao café, como extração da bebida, latte art, torra, degustação e classificação, empreendedorismo e até recursos humanos. As aulas acontecem em Belo Horizonte (MG) e são totalmente gratuitas!

Siga! www.instagram.com/jovensbaristas

Selo Amor Espresso

A própria bio do Instagram já diz: Possibilitar autonomia emocional e independência financeira para mulheres em situação vulnerável. Bacana, né? O projeto atua na Zona Norte de São Paulo (SP) e ajuda a introduzir mulheres no mercado de trabalho por meio de treinamento profissional de barista, acompanhamento psicológico e oportunidades de trabalho através de parcerias privadas.

“Muitas mulheres que participam do projeto vêm de uma situação extremamente vulnerável. Nós decidimos, então, criar uma iniciativa que vai além do assistencialismo, capacitamos mulheres a se tornarem autônomas através de treinamento técnico na área de barista. Notamos que mulheres, no geral, reinvestem a maior parte de seu salário na saúde e educação da família. Sendo assim, quando investimos na vida dessas mulheres, estamos ajudando a quebrar o ciclo de pobreza na próxima geração, ajudando a sociedade como um todo”, conta Fernanda Sabará, fundadora do Selo Amor Espresso.

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Fazedores de Café

A iniciativa da rede de cafeterias Sofá Café tem como objetivo não apenas disseminar a cultura dos cafés especiais na capital paulista, mas também abraçar a causa social e dar a oportunidade a jovens carentes através do barismo.

“O objetivo é dar a possibilidade para jovens que não tem condições de pagar um curso técnico, de entrar numa faculdade, que precisam de uma segunda chance, ou até mesmo para refugiados. É fazer do café e do nosso conhecimento como cafeteria instrumentos de mudança social!”, conta Diego Gonzales, fundador da rede e idealizador do Fazedores.

Criado em 2014, o projeto gratuito ensina a extração da bebida, harmonização, receitas, gestão do ambiente e até normas de vigilância sanitária. Após o período de aulas, os alunos estagiam em outras cafeterias e ganham prática no ramo!

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Legado Cafés

A ideia é transformar a vida de refugiados por meio da paixão por café! O projeto teve início em 2019, dentro da Fazenda Santo André, que cultiva café orgânico no município de Divisa Nova (MG). Com o auxílio da ONG Fraternidade Sem Fronteiras, os estrangeiros têm a chance de recomeçar no novo país, trabalhando na propriedade (e, para aqueles que se interessam, com direito à moradia).

“A intenção não é necessariamente de que eles se fixem aqui, mas que sirva como porta de entrada para que criem suas próprias asas”, conta Rafael Jacob, idealizador do projeto. Inclusive, no ano passado, a iniciativa foi premiada pela Pesquisa Empresas Humanizadas em categorias como liderança, estratégia de valor compartilhado, colaboradores e adaptabilidade evolutiva.

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Chefs Especiais Café

Mais do que uma cafeteria, é também inclusão e representatividade. A Chefs Especiais Café, localizada no bairro do Jardins, na cidade de São Paulo (SP), dá oportunidade para pessoas com Síndrome de Down. As comidinhas servidas são feitas por eles, que são capacitados no Instituto Chefs Especiais, assim como todo o atendimento da casa, que conta com um visual Rock N Roll!

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TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Café & Preparos

Trajetória do café especial no Brasil é contada em websérie que celebra os 30 anos da BSCA

A produção “A História do Café Especial – O olhar da BSCA em 30 anos” trará 30 vídeos que exploram a história da BSCA e a trajetória inversa do café, da xícara às lavouras brasileiras

Este ano temos uma comemoração especial no setor cafeeiro brasileiro: a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) chega aos seus 30 anos! Para celebrar, foi produzida uma websérie que contará a trajetória da entidade nessas três décadas e a importância das etapas por qual o grão passa antes de chegar ao consumidor.

Com o título “A História do Café Especial – O olhar da BSCA em 30 anos”, a série de vídeos lançada hoje, 24 de maio, explora o olhar sobre o movimento da xícara ao grão. A data foi escolhida a dedo por representar o Dia Nacional do Café, que marca oficialmente o início da colheita do grão nas lavouras Brasil afora.

“Falar dos 30 anos da BSCA é falar da história do reconhecimento da qualidade dos produtos brasileiros, trabalhada a muitas mãos em um verdadeiro trabalho coletivo. Nos 30 anos celebramos as Bodas de Pérola, e nesse seriado buscaremos contar as histórias de muitas pérolas nessas três décadas e o que vislumbramos para o futuro”, celebra Vanusia Nogueira, diretora executiva da BSCA.

A Café Editora realiza a produção da websérie, que conta, ao todo, com 30 episódios lançados individualmente a cada semana. “Estamos muito felizes em fazer parte desta história, porque, com essa websérie, marcamos um momento importante. Com entrevistas e imagens, resgatamos toda a história da BSCA e do café especial no Brasil através das vozes das pessoas que fazem parte disso”, conta Mariana Proença, diretora de conteúdo da Café Editora.

O projeto tem o intuito de apresentar ao consumidor final e para todas as pessoas que não possuem conhecimento da cadeia do café especial, como funciona o processo do grão. A ideia da BSCA é lançar o movimento inverso, que rebobina o trajeto da bebida na xícara até o produtor e sua lavoura.

Os vídeos serão lançados no YouTube da BSCA e no Instagram da Revista Espresso.

TEXTO Redação • FOTO Gustavo Baxter/NITRO

Personagens

Luiz Melo: “Tive a certeza de que iria viver do café para o resto da minha vida”

Sou conhecido por alguns amigos gringos como o brasileiro que foi descobrir o café na África. Calma, eu explico. Obviamente, como todo brasileiro, tive contato com a bebida café desde criança e também com as histórias que meu pai contava sobre minha mãe nas lavouras de café ajudando meu avô, que trabalhava em fazendas no noroeste do Paraná. Porém, meu conhecimento do café e sua origem foi esse durante muito tempo. Até que, a faculdade de Direito na UFPR, lá em 2003, me levou a frequentar uma das primeiras cafeterias de café especial de Curitiba, a Exprèx Caffè, da Simone Yamaguchi, localizada em frente ao campus, e, logo depois, a Lucca Cafés Especiais, conhecida de todos. Foi onde de fato virou a primeira chave da minha relação com o café. Passei a apreciar a bebida que era só mais um produto qualquer da minha casa até então. Mas ainda faltava virar a maior chave de todas: a origem.

Tudo mudou quando, em 2014, surgiu um convite pra fazer um estudo de viabilidade de um projeto para instalação de uma torrefação na Tanzânia, leste africano. Depois de 11 anos cuidando dos negócios da minha família, que foram vendidos para uma multinacional no mesmo ano, estava aí a minha oportunidade de recomeçar minha carreira trabalhando em algo que eu realmente amava. A primeira viagem pra valer foi para o Quênia e foi nessa ocasião em que tive a certeza de que iria viver do café para o resto da minha vida. Estava no carro, indo pela primeira vez conhecer uma fazenda de café e não conseguia esconder a minha euforia. No caminho fiquei admirando a savana africana e algo divino falava muito forte ao meu coração que eu tinha encontrado aquilo que estava buscando. Senti paz. No final do dia longo, já no hotel em Nairóbi, entendi o motivo que me fazia querer me jogar de cabeça nesse universo incrível do café: as pessoas. Todos que tivessem (ou que ainda viriam a ter) alguma relação com o café, seriam o foco do meu trabalho dali pra frente.

Como o projeto na Tanzânia não andava, decidi convidar um dos meus melhores amigos e grande publicitário brasileiro para ser meu sócio no negócio, que seria responsável por algumas pequenas revoluções no mercado brasileiro de cafés especiais. Numa conversa em uma pizzaria, fomos rabiscando tudo que a gente idealizava em uma empresa que surgiria para causar impacto na vida de todos envolvidos de alguma forma com o café, desde o produtor até o consumidor final. Assim surgiu a Supernova Coffee Roasters, que tem seu nome inspirado nas estrelas que implodem para dar origem a outras estrelas. Este seria sempre o nosso principal fundamento, a empresa nunca seria maior que as pessoas, ela teria que criar novas estrelas do café, sempre. Essa inspiração, inclusive, se tornou filme, um documentário que mostra as histórias das pessoas que estão por trás de uma xícara de café.

Embora o projeto na Tanzânia tenha iniciado em 2014, um ano antes eu já vinha estudando sobre torra de café, que foi e ainda é a minha principal atividade como profissional e a que mais me fascina. Em 2015 e 2016 fiz minha certificação em Roasting e Sensory da SCA, em 2017 a de instrutor AST e, finalmente, em 2019, a de Q- Grader. Hoje, sigo a frente do Supernova, mantendo os mesmos princípios que norteiam seus ideais, dentre eles a inovação e criatividade constantes, tanto que permanece a busca incessante pela vanguarda nas várias áreas do café.

Luiz Eduardo Melo, torrefação e cafeteria na Supernova Coffee Roasters – Curitiba (PR) @luizsup

Café & Preparos

As artes de Carmo Dalla Vecchia

Com mais de 25 anos de televisão, o renomado ator também cede o seu corpo e a sua voz para discutir questões importantes no teatro e na fotografia

Pai da interpretação no Ocidente, o russo Constantin Stanislavski já dizia: “Um ator precisa de algo mais do que apenas seu talento artístico. Deve ser, também, um ser humano ideal”. A frase se aplica bem à trajetória de Carmo Dalla Vecchia, ator que já deu vida a tantos personagens “tortos” – como ele mesmo gosta de chamá-los –, mas que transborda uma personalidade doce e gentil. 

“Tenho sorte de ter uma profissão bonita, que tem o mérito de transmitir ideias e ajudar as pessoas a questionar conceitos. Mas não a acho melhor do que qualquer outra. Assim como um padeiro, um motorista, tenho uma função a cumprir”, analisa. 

Nascido em Carazinho, cidade de aproximadamente 60 mil habitantes no Rio Grande do Sul (RS), Carmo é filho de um bancário com uma dona de casa. Quando pequeno, a profissão do pai fez com que a família se mudasse para diversas cidades do interior do estado gaúcho. 

“Acho que tem uma coisa que já nasce com a gente. Eu fui um garoto que não tinha histórico de pessoas na família que gostassem de ler. Mas eu tinha afeto pelos filmes e livros. Uma coisa inexplicável”, relembra. 

Neto de alemães e italianos, Carmo ganhou pinta de galã já na adolescência, e, aos 19 anos, foi mandado a São Paulo para participar do renomado concurso de modelos The Look of the Year – que mais tarde revelaria beldades femininas como Gisele Bündchen e Isabeli Fontana. Era 1990 e ele venceu a etapa internacional. 

“O concurso contou com a presença de Cindy Crawford e da cantora Grace Jones. Para um garoto do interior era algo muito impactante”, emociona-se. O sonho de ser modelo não se realizou. Batalhando novos trabalhos na capital paulista, Carmo se viu trabalhando como vendedor de loja. “Brinco que virei ator por ser um modelo frustrado, já que esse era meu real objetivo. Toda a dificuldade que tive na carreira de modelo não tive na de ator.”

O som do sim

Depois de voltar para o Rio Grande do Sul, Carmo foi estudar Teatro no Rio de Janeiro. Com um ano na cidade maravilhosa, já era chamado para trabalhos. Mas foi um convite para ajudar a revelar a protagonista da minissérie Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados“, em 1995, que mudou a sua vida.

“Fui para o teste como apoio, ele não era para mim. A diretora acabou me escolhendo para o filho da Engraçadinha. Foi um início de carreira feliz, carinhoso. Era uma obra de Nelson Rodrigues, adaptada com todo o cuidado”, relembra.

Durval, o filho de Engraçadinha, vivia um complexo de Édipo, e inauguraria uma lista de personagens “tortos” na televisão. “Daí por diante tive a sorte de interpretar personagens estranhos, cheios de traumas e com histórias complicadas”, diverte-se. leia mais…

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Marcus Steinmeyer
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