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Efeitos da pandemia em diversos países
“Uma boa cafeteria é como um farol de sanidade no meio de um mar turbulento” – quem me disse isso foi Dan Urieli, fundador do Café Nahat, em Israel, enquanto me contava sobre o alívio que seus clientes sentiam ao ver a cafeteria aberta, como se ela fosse um sinal de normalidade no meio da confusão, um pedacinho da vida de antes.
Acredito que esse sentimento seja quase universal entre nós, amantes do café. O ritual de ir a uma cafeteria, que já era algo precioso, agora parece ter ganhado um ar de urgência. Enquanto ainda não recuperamos toda a liberdade que desejamos, vale a pena entender como está a cena de cafés especiais pelo mundo. Para isso, conversei com vários amigos que fiz por aí – enquanto alguns também estão passando por momentos difíceis, outros mostram que há esperança.
Comecei pela China, o primeiro país a sofrer com a Covid-19. Falando com Dianne Wang, uma profissional do café, vi que por lá as coisas já voltaram praticamente ao normal. Durante a pandemia, os chineses usaram muito os serviços de delivery e de takeaway (o nosso famoso “embrulha para viagem”). Dianne me contou que, com as portas fechadas, muitas marcas passaram a fazer vendas on-line pela TV – sim, à moda antiga! Foi uma febre, mas não é nada fácil vender café pela tela: “O café é um produto que exige a vida real”, conta. Dianne observou que um dos grandes desafios foi fazer com que a paixão pelo café permanecesse acesa: “Com tantas dificuldades financeiras, foi difícil manter os profissionais focados, o que dificultava o planejamento para qualquer mudança, mesmo que para melhor”.
Voltando a Israel, falar com Dan foi uma injeção de esperança, afinal o país já está quase livre do vírus: com a população vacinada, as restrições estão quase todas revogadas e máscaras não são mais necessárias em espaços abertos. Mas não foi sempre assim: Dan conta que, durante meses, ele e seus sócios viveram momentos de incertezas: “Devemos demitir os funcionários? O governo vai nos ajudar de alguma maneira? Quanto de café devo comprar para este ano?”. Essas eram perguntas às quais eles não conseguiam responder.
Num primeiro momento, a Nahat passou a depositar todas as energias no e-commerce, e precisou afastar trinta funcionários – para cortar custos, os próprios donos se encarregaram de fazer entregas, mantendo a loja aberta apenas para takeaway. A estratégia foi não renunciar à qualidade: “O consumidor está disposto a pagar por ela. Optamos por oferecer apenas o que temos de melhor, e o público valorizou isso”, disse Dan.
Infelizmente, nem todos os lugares se recuperaram completamente ainda – na Itália, a situação pede atenção. Quem me disse isso foi Alessandro Galtieri, o atual campeão italiano do Brewer’s Cup e terceiro colocado no mundial de 2019. Alessandro conta que, assim como no leia mais…