Cafeteria & Afins

Comandada pelo Fitó, cafeteria do Pina Estação traz opções de cafés especiais

Conhecido no mundo da gastronomia da capital paulista, o restaurante Fitó é o novo responsável pela cafeteria do Pina Estação, um dos edifícios da Pinacoteca de São Paulo, também localizado na região central, próximo à estação da Luz.  Agora, além de conferir as exposições artísticas do Museu, os frequentadores podem apreciar uma boa xícara de café especial. 

Foto: Divulgação

Com curadoria da cafeteria paulistana Pato Rei, a casa conta atualmente com duas opções de grãos: um de processamento natural, de perfil chocolate e caramelo, produzido pela Fazenda Morro Arto, do Grupo Eldorado, em Ibiraci (MG), e um fermentado, com notas mais exóticas de maracujá, cultivado pela Fazenda Jaguara, em São João Del Rey (MG). Ambos estão disponíveis no espresso, enquanto que o cold brew e o filtrado (batch brew) são preparados com o natural. Há, também, opções com leite animal ou vegetal (Nude), como latte, cappuccino e cortado.

Para comer, o Fitó Estação traz opções rápidas, como pão de queijo, misto quente, queijo quente (com ou sem cebola caramelizada), bolos de laranja e cenoura, e brigadeiro. Vale ressaltar que todas as comidinhas e bebidas prontas, como o cold brew e os chás, são preparadas na cozinha do restaurante Fitó. 

A Espresso visitou a cafeteria e nossa pedida foi o bolo de cenoura com cobertura de ganache de chocolate branco e raspas de limão, finalizado com uma calda de cenoura com lavanda. Além de visualmente bonito, harmonizou muito bem com o espresso feito com o café fermentado. “Nosso desafio é manter a identidade do Fitó, mas se adaptando aos espaços”, contou Renata Adoracion, líder de bar do Fitó.

Bolo de cenoura com ganache de chocolate branco, café filtrado e chai

A equipe também experimentou o filtrado, que é um café sem erro para quem quer uma bebida mais básica, o latte, feito de café, leite vegetal e xarope de especiarias brasileiras (cumaru, amburana, pimenta da Jamaica, canela, cravo da Índia e puxuri) e o chá de hibisco com cumaru, opção refrescante para os dias quentes.

Nossa última parada foi na unidade do restaurante Fitó que está localizada no prédio Pina Contemporânea, no parque ao lado da Pinacoteca. O espaço, agradável, tem decoração moderna e mesas do lado de dentro e na varanda. O atendimento inclusivo foi um ponto positivo em nossa passagem.

Aqui, almoçamos o Baião da Pina (arroz e feijão de corda cozidos, carne de sol feita pelo Fitó, queijo coalho, moranga assada com melaço e cheiro verde) e o PF com milanesa de carne, composto também por purê de cará, vinagrete de feijão fradinho e folhas verdes. Finalizamos a visita com uma fatia de bolo de chocolate coberto com paçoca de amendoim, um pudim de pão artesanal com especiarias e ameixa em calda e um espresso martini, que leva vodca, caramelo salgado de café (produzido na cozinha do Fitó à partir do café filtrado da cafeteria) e ristretto.

Para quem for conferir de perto as exposições dos prédios da Pinacoteca, vale a pena estender a visita para as unidades do Fitó – que, inclusive, irá inaugurar mais uma na própria Pinacoteca, em dezembro.

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Largo General Osório, 66
Bairro Santa Ifigênia
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://www.instagram.com/fitocozinha/
Horário de Atendimento De quarta a segunda, das 10h às 17h30
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Letícia Souza

Cafezal

Coffee of the Year já premiou 160 cafeicultores brasileiros

A premiação, que tem inscrições até 7 de outubro e acontece durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, reforça a valorização do produtor

Criado em 2012, o prêmio Coffee of the Year (COY) surgiu para valorizar os produtores de café e promover os grãos especiais no mercado nacional. A ideia nasceu no Espaço Café Brasil, embrião da Semana Internacional do Café (SIC), como uma competição nacional em que os melhores cafés do país, previamente selecionados por especialistas, fossem avaliados e provados pelo público.

O objetivo principal do COY é aproximar os brasileiros dos cafés de alta qualidade, que até então eram mais conhecidos por provadores e, em grande parte, exportados. Desde o primeiro campeão, a Fazenda Sertãozinho (MG), o prêmio tem ajudado a ditar tendências no setor e a abrir portas para os produtores.

Em 2016, o prêmio inovou ao incluir os cafés canéfora (conilon e robusta), reconhecendo a qualidade dessas variedades, especialmente de estados como Espírito Santo e Rondônia, consolidando o COY como uma plataforma de valorização dos melhores cafeicultores do país, independentemente da espécie ou região.

Hoje, o Coffee of the Year, que vai acontecer durante a SIC entre 20 e 22 de novembro, em Belo Horizonte, é uma referência no setor, promovendo a excelência da produção cafeeira brasileira em todas as suas vertentes e destacando a diversidade dos cafés nacionais.

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Mercado

UE propõe adiar novas regras de desmatamento após pressão de governos e agricultores

O período adicional de 12 meses serve como fase de transição para garantir a eficácia de implementação da lei

A União Europeia sugeriu, nesta quarta-feira, postergar em um ano a implementação de novas regulamentações que proibiriam a comercialização de produtos ligados ao desmatamento, após receber críticas de diversos governos, que alegam que a medida pode prejudicar o comércio e impactar negativamente os pequenos agricultores.

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, indicou que a nova legislação poderá ser aplicada a partir de 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e de 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas, caso os 27 países membros e o Parlamento Europeu aprovem a proposta.

A regulamentação abrange uma gama ampla de produtos, incluindo cacau, café, soja, gado, óleo de palma, borracha, madeira e derivados. 

Os críticos afirmam que a medida pode ser prejudicial para países com vastos recursos florestais, comprometendo suas exportações. Já os defensores argumentam que a regulamentação é essencial para proteger as florestas globalmente, uma vez que o desmatamento é a segunda maior fonte de emissões de carbono, ficando atrás apenas dos combustíveis fósseis.

Ao propor o adiamento de um ano, a Comissão Europeia justificou a decisão citando as preocupações de vários parceiros internacionais sobre sua capacidade de adaptação, destacadas recentemente durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York.

A Comissão também sugeriu que o período adicional de 12 meses funcionaria como uma fase de transição para garantir que a implementação da lei seja realizada de forma eficaz, dado que as ferramentas técnicas já estão prontas. A medida depende agora da aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho.

TEXTO Redação / Fonte: Associated Press

Cafeteria & Afins

Café Cultura chega a São Paulo com unidade em Moema

Nova cafeteria da rede catarinense destaca-se pelo circuito do café, que oferece a oportunidade de torrar o café na hora

No último sábado (28), a Espresso conheceu a primeira unidade do Café Cultura em São Paulo (SP). Com lojas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Piracicaba, no interior paulista, a rede catarinense chega à capital paulista em uma imponente esquina de Moema, entre a rua Ministro Gabriel de Rezende Passos e a alameda dos Arapanés.

A fachada de vidro abriga um ambiente espaçoso, moderno e aconchegante, decorado com detalhes em madeira e iluminado por grandes lustres envoltos por sacas de café – que dão mais charme à cafeteria. Com mesas, poltronas e sofás, a casa é destinada tanto aos clientes que querem uma rápida xícara, quanto àqueles que buscam um lugar para trabalhar e ficar por mais tempo.

O Café Cultura trabalha com grãos arábica produzidos em fazendas como Recanto, de Machado (MG), no Sul de Minas, e Capadócia, em São Gonçalo do Sapucaí, na Mantiqueira de Minas, que podem ser preparados nos métodos french press, hario v60, chemex e espresso. Bebidas como cappuccino, latte, mocha, matcha, chocolate quente, frappé, espresso tônica e iced latte também são alternativas disponíveis no cardápio. 

Para acompanhar, a cafeteria tem misto-quente, queijo quente, croissant, waffle de pão de queijo, cookie, brownie, bolos, tortas e cinnamon roll. Para quem deseja uma refeição mais completa, a cozinha prepara brunch (servido todos os dias até às 14h), ovos e omeletes, sanduíches, sopas, saladas, bowls e, até, mac’n cheese, feito com linguiça Blumenau.

Para quem tem o hábito de preparar café em casa, pacotinhos de grãos, métodos de preparo e acessórios, como canecas e filtros de papel, ficam expostos no ambiente e estão disponíveis para compra. 

Circuito do café

Durante a visita, nossa equipe pôde participar do circuito do café, uma experiência imersiva que apresenta os processos do grão, da lavoura à xícara. O roteiro foi conduzido pela barista da casa, Kelly Souza, que contou um pouco da história do café, as diferenças entre cafés tradicional e especial, as etapas de produção e pós-colheita na fazenda e as percepções sensoriais que podemos ter na xícara. 

A importância de uma boa torra foi explicada por Joshua Stevens, fundador da rede ao lado de sua esposa, Luciana Melo. Além da conversa, Stevens também fez a torra de grãos ao vivo em um torrador Kaleido. Ao final, o café torrado foi moído e preparado em uma french press para os convidados. 

O circuito do café é uma atividade permanente da unidade, e acontece em horários selecionados. Além de aprender sobre o grão, o cliente pode torrar o seu próprio café, com o auxílio do responsável pela torra, e levar para casa. 

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Ministro Gabriel Rezende Passos, 521
Bairro Moema
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://www.instagram.com/cafecultura/
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Cafezal

Cafés cultivados em solo vulcânico

Entre Minas Gerais e São Paulo, existe uma região que consolida-se em solo vulcânico e une gerações em torno da produção de cafés especiais

A Região Vulcânica está em uma área conhecida como caldeira vulcânica – resultado de um vulcão extinto há aproximadamente 80 milhões de anos e que definiu um território de solo vulcânico entre o sul de Minas Gerais e o nordeste de São Paulo. Formada por doze municípios, como Andradas, Botelhos e Poços de Caldas, no estado de Minas Gerais, e Águas da Prata e São Sebastião da Grama, em São Paulo, suas condições de clima e relevo delimitam um “terroir” singular onde são produzidos cafés. 

A vegetação é predominantemente formada por florestas tropicais do tipo Mata Atlântica. As altitudes das lavouras variam entre 700 e 1.300 metros (com uma média de 1.075 metros) e a temperatura anual média na região fica entre 17 e 20ºC. 

“Vimos a importância de a região ter uma associação para agregar valor ao produto e ao local”, explica Leandro Paiva, diretor do Polo Inovação Agroindústria do Café no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, um dos primeiros a incentivar a criação da Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica, que conta com cerca de 800 produtores de café – 70% deles praticam agricultura familiar. “As pessoas já comercializavam o café com o nome de Poços de Caldas, Andradas, por exemplo, citando a presença, no local, de vulcões”, comenta. 

Com um histórico de produtos diferenciados por conta do terroir,  a marca Cafés da Região Vulcânica foi lançada oficialmente em 2020, durante a Semana Internacional do Café (SIC). “No começo foi difícil,  levou tempo, principalmente para o produtor entender que todas as ações tinham como propósito mostrar notoriedade, valorizar a terra e, assim, gerar valor para a produção”, destaca Paiva. 

“Nosso intuito é fomentar, mostrar o potencial de cada produtor local. Muitos já mudaram a vida através do nosso trabalho, e é isso que vale, o crescimento e ascensão dos cafés’’, diz Marco Antônio Lobo Sanches, presidente da Região Vulcânica e proprietário da Fazenda Curitiba. 

Marco Antônio Lobo Sanches, presidente da Associação dos Cafés da Região Vulcânica

Primeira parada 

Com o objetivo de plantar e comercializar cafés de referência, o grupo AgroFonte Alta surgiu em 2009. Hoje em dia, os grãos nascem em três fazendas, duas na cidade de Campestre e uma em Machado, no Sul de Minas. “Começamos a pesquisar sobre variedades, processos e cuidados no pós-colheita”, conta Leonardo Custódio, supervisor de qualidade no grupo há mais de dez anos.

Para fortalecer a marca Mantissa, a primeira ideia foi enviar os cafés para concurso. Deu certo. Além de finalistas por diversas vezes do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, em março de 2023 o grupo alcançou a quinta colocação, e, em 2022, o primeiro lugar no concurso da Região Vulcânica com o café cereja descascado. 

Atualmente, eles comercializam doze variedades, mas têm um banco com mais de quarenta delas para teste. Segundo Custódio, os testes examinam tecnologia, o modo como o café se comporta, resistência a pragas e doenças e produtividade. “Aqui também ajudamos outros produtores, auxiliando com dicas para melhorar na qualidade e, até, a chegar à final de concursos. Ajudamos nesse avanço para crescermos juntos. Somos uma região privilegiada”, acredita ele. 

Leonardo Custódio é supervisor de qualidade há mais de dez anos

Montanhas, picos e morros tornam a colheita manual a única opção viável. O calor durante o dia e o frio à noite geram cafés mais ácidos e com mais açúcar, segundo Custódio. “Cafés plantados de um lado da montanha não entregam a mesma bebida na xícara que o café plantado do outro lado”, explica.

Foco nos estudos 

Ilma Rosa Corrêa Franco, do Sítio Terra Nova, em Campestre, é uma das maiores promotoras da Região Vulcânica. “Precisamos de divulgação e ajuda. Aceitar que a troca de informações só vai melhorar os cafés da região”, comenta Ilma, cuja dedicação diária aos cafés rendeu a ela o primeiro lugar no concurso organizado pela Prefeitura de Campestre, em 2022. “Eu mesma trabalho no terreiro, no secador, coloco a lona depois que o sol vai embora e faço a torra”, detalha. 

Ilma, da segunda geração de cafeicultores, destaca a importância de cursos para melhorar cada vez mais o café que produz. “Acho que nasci num pé de café”, diz. “Somos sete irmãos e a maioria trabalha com café, cada um em seu espaço”, relata ela, que tem 800 pés de café herdados do pai. Além deles, hoje em dia, ela possui catuaí amarelo, catuaí vermelho, bourbon e mundo novo, totalizando 50 mil pés.

Dona Ilma e sua dedicação ao café especial

Da produção de commodities, Ilma e o marido, João Antunes, migraram para os especiais. “Fui uma das campeãs do concurso Florada, da 3corações, e a premiação foi em Campestre. Já batizei o talhão enviado para esse prêmio de ‘premiado’”, emociona-se. Em 2022, Ilma participou da Semana Internacional do Café e conseguiu compradores para seus grãos. “Criei a marca Rosa Franco. Rosa é meu sobrenome e Franco, o do meu marido, daí descobri na minha árvore genealógica que havia Franco nos meus antepassados, e assim decidimos a marca”, conta. 

A união pelo especial 

Cabo Verde tem altitude (785 e 1.255 metros) e clima (úmido) favoráveis para a produção de cafés especiais. Mas tem também um grupo de produtores dedicados, que faz parte da Associação dos Produtores de Cafés Especiais de Cabo Verde (Assprocafé), fundada em 2014. Atualmente, são trinta cafeicultores cujo objetivo é encontrar melhorias e soluções para valorizar o trabalho no campo e a produção de cafés especiais.

A Assprocafé, em parceria com o Sebrae, quer colocar, ainda, os grãos como referência nacional nesse segmento. Em 2022, cinco cafeicultores da associação estiveram na SIC. 

Henrique Palma Neto, dos sítios São Bartolomeu e dos Palma, conta que sua produção é antiga. Seus antepassados chegaram da Alemanha em 1882, em Santos, foram para São Paulo e, depois, para Cabo Verde. “Aqui compraram o primeiro pedaço de terra. Crescemos no café”, explica ele, que cultiva catuaí e arara. “Queremos desenvolver um projeto de turismo rural, para que as pessoas possam conhecer nossa região”, completa ele, que também produz o destilado de café João Fortes. 

O destilado homenageia João Batista Fortes, um homem bem-humorado e muito profissional no trabalho da fazenda. Sempre bem trajado, com chapéu, bota e facão na cintura, ele e seu cavalo Gaúcho cortavam diariamente as lavouras de café das serras de Cabo Verde. No fim de cada dia de trabalho, havia parada garantida em pelo menos um dos bares na rota para casa. Nessas paradas, João Fortes, que apreciava a cachaça, era solidário com o Gaúcho, que também tinha direito a uma dose servida no chapéu do cavaleiro. O café que compõem o destilado é extraído das cerejas, colhidas seletivamente nas lavouras e fermentadas. “Então, extraímos o mosto, secamos e seguimos com o processo de preparo da cachaça”, explica Neto.

Leandro Rodrigues dos Reis, do Sítio Córrego Fundo, da quinta geração de produtores, tem café sombreado em clima ameno, características que proporcionam uma maturação lenta e de qualidade. “Sabia que os nossos grãos tinham qualidade, mas meu pai preferia colher mais café do que ter atenção aos detalhes, então passei a cuidar do especial e seguimos ajudando um ao outro”, lembra. “Ainda temos o café do jacu, do qual produzimos uma leva pequena”, conta ele, que produz caturra, catuaí vermelho e catuaí amarelo, faz colheita seletiva e seca em terreiro suspenso. 

O café alimentou três gerações da família de Laís Podestá, da Fazenda do Córrego. Ela conta que foi para São Paulo estudar e especializou-se em fotografia. Com a pandemia, voltou para a fazenda e passou a se envolver com as divulgações da associação e apresentar seu café. 

Já Marcos Antonio Oliveira Carvalho, da Fazenda Fazendinha e atual presidente da Assprocafé, tem na sua propriedade, a mil metros de altitude, as variedades mundo novo, catuaís amarelo e vermelho, bourbons amarelo e vermelho e catucaí 2SL vermelho. 

A história com o café de Ivan Santana, da Fazenda Jangada, começou aos 11 anos, quando passou a ajudar a mãe, Zilda Goulart, na lavoura. “Aos 13 anos, minha mãe disse que eu precisava estudar e me formei técnico em cafeicultura”, recorda Santana. “Comecei a trabalhar em qualidade e anos depois comprei uma parte da fazenda em que minha mãe trabalhava”, completa. Os primeiros anos foram difíceis, a produção era commodity e eles tiveram que aperfeiçoar cada etapa. Até que, em 2019, ele conseguiu incluir seu café em uma compra coletiva e logo fez parceria com a cafeteria Dude Coffee. 

Santana fez outras parcerias e atualmente torra os cafés e os envia para todo o Brasil. A fazenda cultiva catuaí amarelo, catuaí vermelho, bourbon vermelho, mundo novo, arara e catuaí amarelo.

Companheirismo 

A história de Dulce Vieira Franco de Souza e Ablandino Saturnino de Souza começa com o bisavô e o avô de Dulce no Sítio Belém, em Campestre, quando, em 1878, foram plantados os primeiros pés de café.  Seu pai, Otoniel, não tinha tanto interesse nas produções como os outros irmãos. 

“Meu pai tinha paixão por tecnologia. Quando meu avô dividiu as terras, deixou as melhores partes para os outros filhos, pois acreditava que meu pai seria o primeiro a vendê-las. Ele só não contou com o fato de que minha mãe [Orminda] não concordaria com a venda”, conta Dulce. 

Dona Dulce e Ablandino

Mesmo insistindo, o pai de Dulce não conseguiu vender as terras, e esforçou-se para que os filhos estudassem para não depender da roça. “Mesmo assim, ninguém saiu da roça”. Dulce tornou-se dentista e mudou-se para Botelhos. “Trabalhei por 35 anos. Meu marido é pastor e no final de semana viajávamos muito com a igreja para realizar visitas missionárias, mas onde eu estivesse os pacientes me encontravam”, brinca. 

Ablandino, seu marido, passou a cuidar da propriedade e aprender ainda mais sobre o café. “Comecei a dividir meu tempo e quebrar a cabeça para melhorar a produção”, explica ele, que contou com um funcionário que cuidava de tudo até que o casal assumisse a gerência dos cafés. 

“Dei trabalho para a cooperativa, pois queria aprender cada detalhe, questionava cada valor e desconto, virei uma encrenca”, diverte-se Dulce. 

Com a ajuda de um agrônomo da Educampo, entenderam como dar qualidade ao café. “O profissional nos desafiou a pensar em soluções e começamos a fazer cerejas descascados. Temos um microclima que nos favorece, faltava só alinhar detalhes da produção. Hoje temos em 22 hectares as variedades arara, catiguá, paraíso e plantamos um pouco de geisha”, detalha ela. 

Eles já venceram dois anos seguidos o concurso de Campestre e foram finalistas do Florada Premiada, da 3corações. “Concurso de café é como vestibular, alguém vai passar e pode ser eu, então é sempre bom tentar”, completa a produtora. 

Pioneirismo

João Batista de Abreu, avô de Daniela Abreu da Silveira, da Fazenda Santo Antônio, é famoso em Botelhos por ter iniciado a comercialização de café e expandido a cultura na região. 

Daniela Abreu contou com o incentivo de seu avô para seguir no café

Daniela cresceu na fazenda, sob os ensinamentos do avô. “Em 1970 ele já produzia cafés com qualidade, mas ele era comerciante, casou novinho com a minha avó e tinha tino para o comércio”, conta ela. Desde novo o avô trabalhava numa farmácia da qual virou dono e onde começou a comprar e revender cafés. Até que propôs ao pai de Daniela, quando ainda era noivo de sua mãe, a produzir café de verdade. Compraram uma fazenda pequena. “Meu pai era caminhoneiro e andava pelo Brasil todo. Meu avô quis entender cada detalhe da produção, então eles foram para Santos estudar a Bolsa de Valores, o comércio e todo o universo dos grãos”, detalha ela. 

Daniela vivia na fazenda ajudando o pai, formou-se e fez mestrado em agronomia. “Mas eles não me ouviam, qualquer palpite meu era ignorado. Então, fui fazer outras coisas”, lembra. Ao lado da jornalista Vânia Marques, Daniela fundou o jornal Folha Agrosul. “Isso abriu o meu leque sobre mercado”. 

Em 2009, após a morte de João Batista, a família dividiu a propriedade. A família de Daniela assumiu uma parte, que, além do café, tinha gado. “Fui aprender na prática. Buscamos novas tecnologias e construímos um gado de corte e um de leite. Do café só fui cuidar com meu pai em 2020.”   

Em 2021, a família ganhou o concurso de Botelhos. No ano seguinte, vieram mais prêmios – o primeiro lugar da Região Vulcânica e entre os finalistas do Florada Premiada. Resultados da mudança no pós-colheita, como cuidado na secagem, feita em lotes. “Escolhi o terreiro, sequei com todo o cuidado e assim conquistamos o prêmio”. As variedades plantadas são catucaí, mundo novo, catuaí vermelho, catuaí 62 e arara.

Fazendo história

Em São Paulo, na divisa dos municípios de Caconde e Divinolândia, há um lugar colorido. É o Sítio Boa Vista do Engano, de Roberta Bazilli, cheio de ilustrações e que produz o café Dinocoffee. 

Roberta faz parte da quinta geração de cafeicultores e, desde 2005, está à frente da marca. A família se dedica à produção desde 1916 e todo o processo é feito artesanalmente, no interior da propriedade. Em 2007, o café de Roberta foi servido ao Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil, e, em 2013, ao Papa Francisco, em sua passagem por Aparecida. “Devagar e sempre, vamos fazendo história”, orgulha-se ela.

Quando se formou em hotelaria, em 2002, Roberta decidiu voltar para Caconde, terra dos avós. Pós-graduada em Planejamento e Marketing de Produtos e Destinos Turísticos, técnica em cafeicultura e com cursos na área de barismo, classificação e degustação de cafés, ela decidiu reestruturar a plantação de café commodity da família. “Meu pai foi, aos poucos, adquirindo partes da fazenda. Assim, estruturamos o casarão”, explica. 

Roberta Bazilli e seu filho Theo

Entre 2002 e 2005, trocaram maquinários, mudaram o tipo de colheita, montaram a torrefação e, atualmente, Roberta e a família moram no sítio e enviam seus cafés a cafeterias e supermercados. Em média, são 400 sacas beneficiadas de mundo novo, catuaís amarelo e vermelho, bourbon amarelo e arara, ao lado de alguns pés de gesha. Embora pequeno, o sítio abriga uma cafeteria no mirante, a 11 Café Bar, um verdadeiro cartão-postal. 

Mudanças

Divinolândia nasceu plantando café, mas o empresário Silvio José Ferreira, proprietário das marcas Café Caldense e Pão de Queijo Xodó de Minas, não cultiva o fruto. Ele tem um espaço destinado a cursos, visitas, rebeneficiamento e torra dos grãos. “Aqui, ensinamos prova e torra de cafés”, explica Ferreira. O espaço chama a atenção pela tecnologia que oferece. Exemplos disso são o equipamento Full Collor, que faz a separação de até 100 sacas de café verde por hora, retirando até 99% dos defeitos do cafés, e a máquina de seleção de cafés torrados, com capacidade para mil quilos por hora. 

Antes dessa tecnologia, a seleção de cafés era manual, dificultando a produção de quantidade com qualidade. Boa parte dessa mudança é creditada a Ulisses Ferreira, diretor-executivo da Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica. “O trabalho do Ferreira com a região é muito importante, uma forma de unir e apresentar soluções e oportunidades aos produtores’’, elogia. 

Leonardo Custódio e Ulisses Ferreira, diretor-executivo da Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica

Ferreira ajudou a alavancar, ainda mais, a região e unir os produtores. Técnico agrícola, Ferreira cursou administração e tem pós-graduação em cafeicultura. Sua família não tem ligação com o café, mas ele sempre se interessou por tudo que envolve a bebida. “Sempre gostei de trabalhar com associações e nossa região tem muitos produtores com potencial”, comenta. “Somos um grupo de pequenos produtores, e temos um trabalho dedicado a trazer a informação e a ajudar no desenvolvimento de cada etapa”, completa Ferreira. 

Fundada em 2005, a Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod) também faz suas conexões – entre pequenos produtores e o mercado consumidor através da Fairtrade, um movimento global em busca de mudanças para um comércio justo. O objetivo do movimento é incentivar o pagamento justo e sustentável para o produtor. “O comprador de fairtrade respeita o preço mínimo na hora de adquirir o café. E os produtores são engajados”, explica Francisco Sérgio Lange, conselheiro, consultor do meio ambiente e um dos fundadores da associação. 

Em 2012, a Aprod conquistou a certificação Fairtrade, que conta hoje com 69 associados. Só pode fazer parte quem é do município de Divinolândia e possui, no máximo, 30 hectares. O espaço da Associação foi inaugurado em 2015 e, ali, os produtores podem ter o controle do próprio café, rebeneficiá-los e armazená-los. “É um dos poucos armazéns que trabalham com microlotes”, conta Lange. 

Carmen Silvia de Avila da Costa, presidente da Aprod, ressalta como os produtores aprenderam a entender seus cafés, tanto na produção quanto na xícara. “Nossos produtores estão com a situação financeira equilibrada”, comemora ela. Alguns cafeicultores já estão trabalhando com agricultura regenerativa. Lange alerta para o fato de que eles precisam atentar para as mudanças climáticas, estudar mais sobre isso e como o fenômeno afeta a produção. “Temos um grupo engajado, que sabe que o trabalho não é da noite para o dia, é lento, mas que haverá mudanças. Tudo isso fez e faz a diferença”, explica Carmen. 

A Bourbon Specialty Coffees, exportadora de café verde que envia os grãos para o mundo todo, também ajudou a modificar a Região Vulcânica. Igor Ignacio, supervisor de qualidade, destaca o trabalho de anos até a consolidação da região. “Acompanhei a luta dos presidentes das associações para orientar produtores e refletir sobre as mudanças”, conta Ignacio. “Hoje, temos um trabalho consolidado, uma verdadeira mudança cultural. Os produtores estão sabendo o que estão plantando e não teria como a Bourbon ficar de fora.’’ 

Roberto Pereira, também do setor de supervisão de qualidade da Bourbon, afirma que todas essas ações agregaram conhecimento e  incentivaram cafeicultores a produzir qualidade. “Sentimos a mudança na hora de provar os cafés, e o produtor também sabe identificar sua bebida na xícara.’’ 

Em fevereiro de 2023, houve a primeira exportação dos cafés pela Bourbon com o selo da Região Vulcânica. É uma conquista importante para os cafeicultores da região, que estão há mais de dez anos trabalhando para o reconhecimento dessa origem. O primeiro lote foi para o Japão, país que já busca a origem e reconhece a qualidade dos cafés desse terroir. Para compor os lotes, entraram cafés premiados das Fazendas Santo Antônio, em Botelhos, e da Fazenda Recreio, em São Sebastião da Grama.

Texto originalmente publicado na edição #79 (março, abril e maio de 2023) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Agência Ophelia

Cafeteria & Afins

Acervo Café – Brasília (DF)

Em uma manhã calma de domingo, nossa equipe foi teletransportada no tempo. Visitamos a Acervo Café, unidade situada na Asa Norte de Brasília (DF). O espaço, amplo e aberto, tem influências do modernismo brasileiro, com janelas de vidro que vão do chão ao teto, reforçando a interação com a vida lá fora.

Já o mobiliário remete a uma aconchegante casa mid century, tendência entre os anos 1940 e 1960. Mas, se olharmos de perto, notamos, além das confortáveis poltronas, que existe um setup de ponta operando: moedores Mahlkonig, PUQpress, uma estação de modbar para preparar espressos e, também, um equipamento de som que lembra a época analógica, mas trabalha conectado a serviços de streaming de música.

O atendimento é feito diretamente no balcão. Os baristas são educados e muito simpáticos. Para comer, pedimos os mais vendidos da casa: um avocado toast com queijo minas, uva passa branca e amêndoas. De sobremesa, a favorita dos clientes, a coffeecake – um denso bolo de chocolate com café, estilo devil‘s cake.

Espresso feito com grãos da Fazenda Ninho da Águia, do Alto Caparaó (MG), e fatia do coffeecake

Para beber, um coado extraído na hario v60, da variedade naomi, de fermentação anaeróbica e produzido pela fazenda Daterra (Patrocínio, MG). Para finalizar, um espresso duplo naked, sujeito à disponibilidade dos grãos do dia – naquele momento, eram os da fazenda Ninho da Águia, lá do Alto Caparaó (MG).

Os pratos não demoraram a chegar. O avocado toast, embora um clássicos das cafeterias, aqui é apresentado de forma criativa. Desta que para as múltiplas camadas de acidez, fruto da fermentação do pão de sourdough, das uvas brancas e do queijo, que contribui também para a untuosidade do prato, ao lado das amêndoas – ambos, aliás, pregam uma peça na boca, que tenta identificar as diferentes texturas. Tudo isso embalado pela cremosidade do avocado.

Avocado toast e um coado extraído na v60 a partir de grãos da Fazenda Daterra, de Patrocínio (MG)

O coado, servido em frasco de vidro estilo Erlenmeyer, desses encontrados em laboratórios de química, tem notas de morango, cereja e jasmim – e entrega tudo o que promete. O aroma do café invade nossa mesa. Partimos para o bolo de chocolate com café, que é denso, cremoso e chocolatudo – com café na medida certa. O único erro foi pedir apenas um pedaço. Já o espresso, tinha um corpo sedoso, com notas de caramelo, aroma bem frutado e finalização limpa e prolongada.

Algumas das louças da Acervo foram desenvolvidas exclusivamente pela artista Heloísa Galvão, de São Paulo (SP). Entre elas estão copos de porcelana que têm forma própria, com bordas não retilíneas sugerindo pequenas ondas. Beber cafés em recipiente assim é confortável e não atrapalha, em nada, a percepção da bebida.

Agradável também é a playlist, que alterna músicas indie e lo-fi tranquilos. Todo esse conforto faz com que a gente não perceba o tempo passar.

Nossa conta: R$ 111 + taxa de serviço
Espresso duplo – R$ 14
Filtrado Naomi Daterra – R$ 32
Avocado toast – R$ 38
Coffeecake – R$ 27

A equipe da Espresso visitou a casa anonimamente e pagou a conta.

Informações sobre a Cafeteria

Endereço CLN , 116 Edifício Castanheira, bloco F, loja 47
Bairro Asa Norte
Cidade Brasília
Estado Distrito Federal
País Brasil
Website http://www.instagram.com/acervocafe
Horário de Atendimento De segunda a sexta, das 12h às 20h; sábado e domingo, das 10h às 19h
TEXTO Equipe Espresso • FOTO Equipe Espresso

A capital latina dos cafés especiais

Se alguém contasse que a capital mais apaixonada por cafés especiais fica em um país que não planta café, você acreditaria? Claro, pois os primeiros palpites que vêm à mente poderiam ser, facilmente, Berlim, Amsterdã ou Viena, por exemplo. Mas, e se alguém dissesse que até mesmo entre países latinoamericanos esta lógica se repete? Dependendo dos quesitos considerados, a resposta é evidente: Buenos Aires é a capital latina dos cafés especiais.

Apesar da crise persistente e do descontrole inflacionário na Argentina, a capital do país assistiu, nos últimos anos, ao crescimento exponencial de estabelecimentos oferecendo grãos especiais. Esta coluna foi, então, conversar com baristas, clientes e donos de cafés para entender o fenômeno bonaerense, saber quais lições poderiam ser aplicadas ao Brasil e entender por que, apesar de tantas dificuldades econômicas, o café especial é mais respeitado na capital argentina do que nas grandes cidades brasileiras.

Antes de mais nada, é importante quebrar o primeiro preconceito relacionado ao consumo de café pelos argentinos: a suposta rivalidade com o mate. Café não é mate. Apesar das semelhanças, o consumo de mate muito raramente é feito em estabelecimentos comerciais. 

Existe uma diferença enorme entre pessoas se encontrarem para tomar mate e irem a um estabelecimento consumir mate. Além disso, o consumo do mate se dá em momentos específicos – antes do café da manhã, geralmente, ou no meio da manhã ou da tarde, quando as pessoas estão trabalhando ou estudando. Consome-se mate, também, no tempo livre, para contatos sociais, para compartilhar algum assunto. Por fim, a variedade de métodos de preparo de café, de origens dos grãos e de experiências oferecidas pelas cafeterias, diferem largamente da cultura do mate. 

Ao olhar para os indicadores econômicos e sociais, fica clara a vantagem da capital argentina em relação às outras no quesito educação. Com um ensino público acessível e de qualidade, as universidades locais recebem estudantes de vários países da América Latina, inclusive do Brasil. Pelo fato de ter um dos mais altos índices de IDH entre esses países, aconteceu em Buenos Aires o que geralmente ocorre em mercados com consumidores e mão de obra qualificados: os argentinos souberam, rapidamente, entender a importância da valorização da qualidade do produto. Mas, principalmente, aprenderam a identificar e consumir um produto de qualidade superior.

A capital argentina tem, hoje, dezenas de cafés relativamente bem espalhados pela cidade. A proporção é maior nas áreas de escritórios no centro da cidade, nas zonas ultra-turísticas de Palermo e Recoleta, e nas zonas residenciais, como Colegiales, Belgrano, Núñez e Chacarita. 

Foi justamente nesta última que o contexto dos cafés especiais começou a mudar. Cansados das hordas de turistas, dos preços surreais e da alta concorrência, muitos donos de bares e cafés deixaram Palermo e migraram um pouco mais para o oeste, para o bairro vizinho de Chacarita. O bairro, tradicionalmente de classe média, foi tomado pelos hipsters, pela gentrificação, e, claro, pelas torrefações de café de qualidade.

É evidente a influência dos bares de Palermo quando se visitam as cafeterias de Chacarita. Muitas delas parecem cervejarias artesanais, com música alta e ambiente alternativo, servindo diferentes métodos de preparo e uma ampla variedade de origem dos grãos. Mas existem, ainda, outros estilos de cafeterias que agregaram o café especial a um ambiente mais calmo, onde se pode ler, trabalhar e levar as crianças.

Por outro lado, até mesmo as redes tradicionais de café incorporaram elementos da quarta onda, ao trazerem informações detalhadas sobre a origem, o beneficiamento e o perfil da xícara – embora essas ofertas limitem-se apenas ao método espresso, e com grãos similares ou um pouco melhores dos oferecidos pelas redes comerciais brasileiras. 

É importante destacar que nestas cafeterias não se serve mate. As raras pessoas que são vistas tomando a bebida por ali já trazem tudo de casa ou pedem apenas água quente ao estabelecimento, que geralmente oferece sem custos, desde que o cliente esteja consumindo alguma coisa no local.

O sucesso também se deve ao apelo ao público jovem, que frequenta as cafeterias tanto como consumidores, quanto como baristas. Muitos destes jovens argentinos são estudantes universitários, mas há, também, a participação de imigrantes colombianos, venezuelanos e peruanos. O café especial ajuda estes imigrantes a se sentirem conectados aos seus países de origem, e também os valoriza pelos seus conhecimentos, já que muitos têm uma relação prévia com o café.

É evidente também que Buenos Aires e os argentinos tem um espírito ‘de rua’, de desfrutar a cidade e consumir algo fora de casa – seja para tomar ou comer algo entre amigos ou com parceiros. Em tempos de crise, sair para tomar um café acaba sendo muito mais econômico do que sair para jantar ou almoçar. Então, o café especial torna-se a alternativa viável para que o hábito de se conectar com pessoas queridas fora de casa não se perca.

Todos sabem das conquistas recentes do futebol argentino e da sua superioridade em relação à seleção brasileira. E todos conhecem a situação econômica e social do país nos últimos anos. Ou seja, os argentinos sabem fazer mais com menos recursos. Talvez o início da solução para nós, brasileiros, seja a humildade de aprender com eles e a maturidade de deixar de lado picuinhas nacionalistas infantis. Também vale revisitar ideias antigas como a de investimento em educação e integração de populações estrangeiras, bem como o hábito de chamar pessoas queridas para tomar um bom café.

Gustavo Magalhães Paiva é formado em relações internacionais pela Universidade de Genebra e é mestre em economia agroalimentar. Atualmente, é consultor das Nações Unidas para café.

TEXTO Gustavo Paiva

Mercado

UE mantém firmeza sobre lei antidesmatamento e descarta adiamento na OMC

Legislação entra em vigor em 30 de dezembro, o que pode originar potencial confronto internacional

A União Europeia (UE) reafirmou na Organização Mundial do Comércio (OMC) que não vai adiar a implementação de sua lei antidesmatamento, apesar da pressão de países exportadores agrícolas, como o Brasil. O bloco europeu confirmou que a legislação entra em vigor em 30 de dezembro deste ano, desafiando as críticas e insistindo que qualquer adiamento exigiria uma mudança legal. A decisão abre caminho para um potencial confronto no comércio internacional em 2024.

Durante uma reunião do Comitê de Agricultura da OMC, a UE foi alvo de diversas críticas de exportadores, mas manteve sua posição, explicando que a nova legislação é necessária para fornecer segurança jurídica e que todos os elementos para sua implementação estão sendo preparados. O regulamento visa bloquear o acesso ao mercado europeu de seis commodities – incluindo carne bovina, soja, café e óleo de palma – provenientes de áreas desmatadas após o fim de 2020.

A legislação afeta diretamente o Brasil, um dos maiores fornecedores dessas commodities para a UE, o que pode prejudicar significativamente o comércio brasileiro a partir de 2025. O Brasil, junto com outros países exportadores como Indonésia e Argentina, pressionou o bloco, argumentando que a lei é unilateral e punitiva, ignorando leis nacionais de combate ao desmatamento e criando barreiras comerciais discriminatórias.

A UE, no entanto, defendeu que o objetivo do regulamento é combater as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade, e garantiu que sua legislação está em conformidade com os compromissos assumidos na OMC. Além disso, a UE afirmou que está desenvolvendo uma metodologia para classificar os países por risco de desmatamento, e que essa avaliação será baseada em dados científicos e objetivos, embora ainda esteja em elaboração.

Países como Estados Unidos, Canadá e Austrália também expressaram preocupações, solicitando que a UE adie a implementação até que os desafios relacionados à conformidade sejam resolvidos. Mesmo com a pressão crescente, a UE manteve sua posição, sinalizando que está em conversas bilaterais com países sobre o tema, mas não indicou nenhuma mudança nos planos.

Com a entrada em vigor iminente, a possibilidade de disputas comerciais e medidas retaliatórias por parte de países afetados pela lei europeia é cada vez mais real. O Brasil, por exemplo, já considera a criação de mecanismos próprios para restringir importações, com base em critérios ambientais, como resposta às medidas unilaterais adotadas por parceiros comerciais.

TEXTO Redação / Fonte: Valor Econômico • FOTO Agência Ophelia

Mercado

Embrapa e UnB desenvolvem metodologia que simplifica análise sensorial de cafés

Denominada PDO, a técnica surgiu a partir de uma dissertação de mestrado e torna avaliação sensorial mais rápida e acessível a consumidores, sem a necessidade de especialistas 

Pesquisadores desenvolveram uma nova metodologia que facilita a avaliação da qualidade do café por pequenos produtores e empresários. Adaptada pela primeira vez para o setor cafeeiro, a técnica denominada Perfil Descritivo Otimizado (PDO) oferece uma análise mais simples e rápida do que os métodos sensoriais tradicionais, permitindo sua aplicação em pequenos estabelecimentos, cooperativas e instituições de pesquisa. A inovação, feita pela Embrapa e pela Universidade de Brasília (UnB),  visa democratizar o acesso a ferramentas de controle de qualidade, acelerando processos que antes eram complexos e demorados.

Uma das principais mudanças é que a equipe de avaliação pode ser formada por funcionários e consumidores, em vez de especialistas, com um treinamento simplificado. “As metodologias oficiais exigem várias etapas de avaliação realizadas por especialistas. Com essa alternativa, os testes são mais simples, e qualquer pessoa com paladar e olfato apurados pode participar”, explica Sônia Celestino, pesquisadora da Embrapa Cerrados.

A metodologia atende às demandas de fazendas, cooperativas e centros de pesquisa. “As cooperativas, por exemplo, podem montar suas próprias equipes para avaliar os cafés e decidir se vale a pena inscrevê-los em concursos”, acrescenta Sônia.

O processo foi detalhado no Manual de Análise Sensorial Descritiva de Café, fruto da dissertação de mestrado de Manuella Nascimento, na Universidade de Brasília (UnB). O estudo avaliou cafés do Cerrado cultivados com diferentes fontes de potássio, um nutriente cuja influência na qualidade do grão é tema de debate.

Durante a pesquisa, a equipe optou por adaptar o PDO em vez de utilizar a Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), o padrão-ouro entre os métodos sensoriais, devido à pandemia de Covid-19, que inviabilizou o treinamento necessário. “O ADQ exige um treinamento mais longo, enquanto o PDO pode ser aplicado com uma equipe semitreinada, facilitando sua implementação”, explica Sônia.

Para compensar o treinamento reduzido, o PDO utiliza um número maior de avaliadores, geralmente 16, podendo ser reduzido para dez se bem treinados. Cada sessão de análise foca em um único atributo, agilizando o processo.

O PDO oferece resultados rápidos e de baixo custo, enquanto a ADQ fornece descrições sensoriais mais completas. Ambos os métodos são úteis para controle de qualidade e identificação de oportunidades de mercado.

Metodologias

Para ser classificado como “especial”, o café precisa alcançar ao menos 80 pontos em uma escala de 100, segundo a metodologia da Specialty Coffee Association (SCA), usada globalmente por avaliadores certificados. A técnica analisa atributos como aroma, doçura, acidez e sabor, entre outros.

Sônia Celestino, da Embrapa Cerrados, explica que a metodologia desenvolvida pela Embrapa e UnB serve como uma análise inicial dos grãos. “Como a avaliação da SCA é paga, nossa técnica ajuda a identificar o potencial dos cafés internamente, antes de investir em uma avaliação oficial”, afirma. Isso permite que cooperativas e universidades selecionem seus melhores grãos previamente.

A nova metodologia usa uma escala de 50 pontos, categorizando cafés como ruins, bons ou ótimos. “Ela é uma facilitadora, fornecendo informações úteis para as avaliações da SCA”, diz Celestino. Além disso, oferece resultados mais rápidos, permitindo que equipes avaliem atributos individuais, como acidez ou amargor, de forma ágil.

TEXTO Redação / Fonte: Embrapa

Barista

Por trás da torra

Todo o processo do café é importante, mas é aqui que acontecem as grandes descobertas sensoriais que serão percebidas na xícara. Saiba detalhes sobre essa etapa tão decisiva e anote as dicas para quem quer começar a torrar

Você sabia que, quando verde, o grão de café não tem cheiro de café? Os deliciosos aromas que amamos e identificamos de longe quando abrimos um pacotinho de café recém-moído, extraímos a bebida ou tomamos o primeiro gole dela só aparecem durante a torra. A mestre de torras Angélica Luizz explica que nesta etapa são desenvolvidos de 800 a mil compostos aromáticos diferentes. E são eles os responsáveis pelos aromas e sabores da nossa bebida favorita. Você sabe como este processo acontece? Destacamos, aqui, algumas informações importantes sobre técnicas e sobre os equipamentos utilizados nesta etapa!

Como se dá a torra do café?

Este é um processo complexo e fundamental para o resultado final do café. O produtor pode cultivar o fruto com todo o cuidado e atenção, mas se o torrefador não souber trabalhá-lo nesse momento, o grão pode perder todo o seu potencial. A etapa da torra envolve o controle cuidadoso do calor (energia) e do tempo aplicado à matéria-prima.

Angélica explica que existem vários métodos diferentes para torrar café, mas o mais comum é utilizar um torrador de tambor, que conta com um tambor giratório, aquecido a gás ou à eletricidade. Uma vez dentro do equipamento e expostos ao calor, os grãos de café verde são torrados à medida que o tambor gira. “Essa ação de rotação garante que todos os grãos sejam torrados uniformemente, recebendo a mesma carga de energia aplicada”, diz Angélica. Para entendermos o processo, ela divide em três etapas:

Secagem/desidratação: Os grãos precisam ser secos, desidratados. Para que isso aconteça, o café deve perder seu percentual de umidade, e chegar a cerca de 12%. A temperatura média no final deste ciclo é 160ºC. Esta etapa também é importante para a captação de energia para o grão, uma vez que a última etapa da torra envolve a produção de calor.

Escurecimento/caramelização e desenvolvimento/finalização: Embora a fase de escurecimento ocorra após a secagem, ela continua durante a fase de escurecimento. “A partir de 160ºC, aproximadamente, o grão exala aromas específicos de pão torrado. É quando os precursores de aroma começam a se converter em compostos aromáticos”, explica Angélica. Nessa etapa de caramelização/escurecimento, vários açúcares presentes no grão cru são decompostos – ou caramelizados – devido à exposição a altas temperaturas no interior do equipamento. Segue-se, então, a Reação de Maillard, que é uma reação de escurecimento não enzimática presente em diversos tipos de processamento de alimentos. “Na reação de Maillard, certos açúcares (redutores) e aminoácidos reagem, formando centenas de compostos de aroma e cor diferentes, conhecidos como melanoidinas”, detalha ela. Neste estágio, a torra desacelera naturalmente – alguns mestres de torra, porém, podem induzir essa desaceleração, para garantir manobras no desenvolvimento do sabor.

O desenvolvimento é a fase final da torra, que começa no primeiro crack e termina no final do ciclo. A temperatura final da torra depende do grau de torra desejado. “O desenvolvimento é, geralmente, a etapa responsável, diretamente, pela modulação do sabor”, ensina Angélica. Essas reações, aliadas à temperatura de retirada do café (temperatura do torrador quando o mestre de torra conduz o café para a bandeja de resfriamento), definem de modo mais claro o nível de doçura e acidez do café.

Angélica destaca que cada café exige um processo ligeiramente diferente. Geralmente, os profissionais alteram a temperatura e a duração do processo. Dependendo do tipo de torra, o grão de café pode precisar de mais ou menos tempo para ser torrado, a temperaturas mais altas ou mais baixas. “Mestres de torra experientes elaboram fórmulas perfeitas para seus cafés, ao conhecê-los como a palma da mão, depois de muito estudo, avaliação e provas”, diz a especialista. Isso é necessário porque a torra adequada para um determinado grão envolve várias tentativas (e erros). “É preciso paciência”, aponta.

Estágio de resfriamento: É a etapa final do processo. A torra é interrompida para que os grãos cheguem à temperatura ambiente, cessando, de forma pontual, as modulações químicas que estavam acontecendo durante a torra. O tempo médio de resfriamento é de três a cinco minutos.

Agora que sabemos como se dá, quimicamente, o processo de torra dos cafés que consumimos, vamos conhecer um pouco mais sobre os equipamentos utilizados.

Principais características de um torrador

Um bom torrador tem um painel de controle para administrar a temperatura de torra e a rotatividade do tambor (este último existe apenas em alguns modelos). É preciso, ainda, que o torrador tenha um mecanismo que regule o fluxo de ar. Angélica destaca que a principal diferença entre os torradores é a transferência de calor aplicada aos grãos, que pode se dar por condução, convecção ou radiação.

Condução: É a transmissão de calor que envolve o contato direto de um sólido mais quente (no caso, o metal do tambor) com outro sólido cuja temperatura é mais baixa (o café cru). “A condução ocorre quando o metal condutor, já aquecido pela chama do torrador, transfere calor para os grãos”, detalha a torrefadora.

Convecção: É a a transferência de calor diretamente para o grão de café cru, por ar aquecido. A convecção acontece de duas maneiras. Uma delas é a convecção natural, em que o ar quente sobe e o ar frio desce naturalmente. Já na convecção forçada, o ar quente é expelido por um ventilador/ciclone ou ducto, transmitindo calor aos grãos.

Radiação: Aqui, não é preciso que haja contato direto entre um sólido e outro para que aconteça a troca ou emissão de calor. “O corpo aquecido emite energia radiante em todas as direções dentro do torrador”, explica Angélica. “Essa energia é refletida e transferida a outros corpos. Quando absorvido, o calor torra os grãos de maneira uniforme”, completa.

Dicas para quem quer torrar café

Quem quiser entrar no ramo de torra deve ter em mente que essa atividade depende, principalmente, do investimento na aquisição de equipamentos. Angélica recomenda que, como pontapé inicial, o torrefador iniciante dê preferência a equipamentos nacionais. “Eles têm um custo-benefício melhor”, conta a profissional. Ao mesmo tempo, equipamentos nacionais dispõem de assistência técnica, o que é essencial. “Vale investigar o que cada marca oferece a esse respeito”, sugere Angélica.

Dicas para torrefadores que desejam aumentar sua produtividade

O primeiro caminho é procurar torradores que comportem uma quantidade maior de grãos por vez. É necessário, porém, certificar-se da consistência que o equipamento oferece. “Com o auxílio de softwares específicos para monitoramento preciso dos efeitos aplicados no processo, você garante a consistência e a replicabilidade da torra desejada”, garante ela. Mas, quando o projeto do torrefador é aumentar a produção, ou seja, adquirir um torrador maior, Angélica alerta que é importante ficar atento a outros segmentos, pois essa mudança envolve todo o setor operacional, como envase e logística.

A importância do registro de dados

Aliada ao uso do torrador, a utilização de softwares de torrefação permite que o usuário trace, em tempo real, as informações em um gráfico, seguindo-as com exatidão. “Utilizar um software que se enquadre às necessidades e preferências do torrefador é uma ótima maneira de entender melhor o café utilizado e como ele reage à torra”, ensina ela.

Os dados coletados permitem ajustar fatores importantes na torra, como a temperatura, a fim de melhorar o próximo lote. Além disso, registrar dados durante o processo ajuda o torrefador a recriar perfis com consistência. “Com o tempo, o software pode gerar dados suficientes para contribuir com a criação de um banco de dados, que pode ser utilizado para planejar torras futuras”, diz Angélica. Segundo ela, os processos de produção tornam-se, então, mais eficientes, e as métricas disponíveis contribuem para a tomada de decisões de compra mais inteligentes.

O que é a reação de Maillard? Angélica explica:

A reação de Maillard é uma série de reações químicas que desempenham um papel importante no desenvolvimento dos sabores característicos do café e da cor marrom do grão torrado.

Para entendermos melhor, vamos primeiro analisar a interação entre os açúcares redutores e os aminoácidos quando o café é submetido a altas temperaturas. Os açúcares redutores são quaisquer açúcares capazes de atuar como agentes redutores, que são elementos ou compostos que perdem (ou doam) um elétron para um receptor de elétrons (agente oxidante) em uma reação química. De uma forma bem resumida, quando submetidos a altas temperaturas, os açúcares redutores reagem com as proteínas presentes quando decompostas em seus blocos de construção (aminoácidos). Vale ressaltar que o café já contém alguns desses aminoácidos sem a necessidade de quebrar as proteínas.

Ainda na reação de Maillard, em suas etapas finais, ocorre a formação de polímeros marrons contendo nitrogênio – conhecidos como melanoidinas –, que fornecem aos grãos torrados grande parte da cor do café e podem ter sabores torrados, maltados, de pão, amargos e queimados. As melanoidinas também têm um papel fundamental na percepção de corpo na bebida.

A taxa de reações de Maillard torna-se significativa na torra do café a partir de cerca de 140°C. Acima de 160°C, a caramelização entra em ação e começa a consumir os açúcares restantes. O peso molecular do café é afetado pelo tempo que fazemos a reação de Maillard na torra. Como mestre de torra, não é apenas importante fazer isso de forma correta e consistente entre os lotes, mas é uma das decisões mais importantes que tomamos antes do início do processo.

Quanto mais prolongamos a reação, maior será o peso molecular do café. Se queremos um café mais desenvolvido, a reação de Maillard é nossa amiga. Se for mais prolongada, obteremos uma sensação na boca mais pesada e rica em notas de caramelo. O importante, aqui, é prestarmos atenção à etapa de caramelização – que ocorre quase que ao mesmo tempo em que acontecem as reações de Maillard –, que também afeta a doçura do café, mas de forma diferente. Assim como na fabricação de doces, a caramelização e o escurecimento do açúcar são o início da redução da doçura percebida. Se a caramelização prolongar-se por muito tempo, o café fica com sabor queimado. Se muitos açúcares solúveis forem queimados, a xícara terá muito menos doçura e mais sabores desagradáveis, amargos ou estranhos.

Por outro lado, se a reação de Maillard durar menos tempo, o peso molecular do café será menor. Em termos de sabor, isso é ótimo para cafés que possuem qualidades inerentemente frutadas ou florais – obter um corpo leve e uma acidez pronunciada requer uma reação de Maillard que dure menos tempo, a fim de desenvolver o caramelo/a doçura sem que estes sejam ressaltados, de modo a “passarem por cima” de outras notas sensoriais.

Essas são algumas importantes decisões ligadas à reação de Maillard que os mestres de torra devem tomar na hora de construir um perfil sensorial para o seu café, levando em consideração o que a matéria-prima tem a entregar. E muita, muita prova de xícara para que haja um monitoramento e investigação dos perfis sensoriais desenvolvidos, na garantia de ter como feedback uma resposta positiva ou não às suas decisões!

Texto originalmente publicado na edição #81 (setembro, outubro e novembro de 2023) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Agência Ophelia
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