Cafezal

Cooxupé é primeira cooperativa do mundo com protocolo de sustentabilidade reconhecido pela GCP

A Cooxupé é a primeira cooperativa do mundo a ter seu protocolo de sustentabilidade reconhecido pela  Plataforma Global do Café (GCP).

O protocolo em questão é o Gerações, que foi aceito como equivalente ao Código de Referência de Sustentabilidade do Café da GCP, desenvolvido como parâmetro para que o setor cafeeiro se alinhe às práticas e princípios fundamentais de sustentabilidade, abrangendo as dimensões econômica, social e ambiental (ESG).

A cooperativa atua em mais de 340 municípios do Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e Média Mogiana do estado de São Paulo. Para fazer esse reconhecimento, a GCP utilizou o Mecanismo de Equivalência, sistema para implementação na cafeicultura e que também inclui requisitos de governança, definição de padrões, garantia, dados e reivindicações. Para assegurar a integridade do processo, a GCP faz parceria com o International Trade Center (ITC), que avalia rigorosamente os programas.

De acordo com a Cooxupé, o Protocolo Gerações foi desenvolvido por uma equipe técnica brasileira e específica para plantações de café em clima tropical, considerando diversidade e  preservando a singularidade de cada agricultor em cada bioma.

“É de suma importância avançarmos fundamentados nos três pilares da sustentabilidade”, diz Luiz Fernando dos Reis, superintendente comercial da Cooxupé. Para ele, ser membro da GCP e equivalente ao Código mantém a cooperativa alinhada com os esforços globais em direção à sustentabilidade em toda a cadeia do café.

TEXTO Redação • FOTO Cooxupé

Mercado

CEO da Starbucks, Laxman Narasimhan é demitido

A Starbucks anunciou nesta terça (13) que está substituindo o CEO Laxman Narasimhan por Brian Niccol, CEO da Chipotle, informa a CNBC. O motivo é reverter a queda nas vendas. Com o anúncio, as ações da Starbucks subiram 20% nas negociações matinais, enquanto as ações da Chipotle caíram 10%. 

A CFO da Starbucks, Rachel Ruggeri, assume como CEO interina até 9 de setembro, quando Niccol ocupará oficialmente o cargo.

Narasimhan foi CEO da empresa desde março de 2023, escolhido pelo ex-CEO Howard Schultz, fundador da Starbucks. O desempenho da gigante do café tem tido vendas fracas nos EUA e na China, seus dois maiores mercados. No último trimestre, a Starbucks reportou queda de 3% nas vendas. Durante o mandato de Narasimhan, as ações da Starbucks caíram 21%. Desde julho, o investidor ativista Elliott Management adquiriu participação na empresa.

Já Niccol atua como CEO da Chipotle desde 2018 e, antes disso, liderou o Taco Bell e a Pizza Hut. Durante seu trabalho na Chipotle, as ações do negócio dispararam 773%. Como CEO da Chipotle, ele ajudou a rede a se recuperar do escândalo de doenças transmitidas por alimentos e liderou os restaurantes durante a pandemia. Nos últimos trimestres, o tráfego e as vendas da Chipotle aumentaram, contrariando a tendência de queda.

Uma das forças da Chipotle sob o comando de Niccol é seu aplicativo, que ajudou a impulsionar o forte desempenho nos últimos trimestres. O aplicativo da Starbucks tem sido um dos bodes expiatórios de seu fraco desempenho. Schultz e outros críticos da Starbucks apontam para a saturação de pedidos móveis, que desacelera o atendimento e prejudica a experiência do cliente. 

A Chipotle, por outro lado, adicionou uma segunda linha de montagem em seus restaurantes, especificamente para pedidos online. A cadeia de burritos tem construído locais com chipotlanes, reservados para retirada de pedidos digitais.

TEXTO Fonte: CNBC • FOTO Athar Khan

Mercado

Neumann abre primeiro escritório na China

A Neumann Kaffee Gruppe (NKG), grupo global de serviços de café verde, anuncia a abertura de seu primeiro escritório na China, a NKG Shanghai, no moderno e movimentado distrito de Changning, em Xangai. O movimento do grupo, que atua em 28 países e está sediado em Hamburgo, na Alemanha, é um marco significativo de expansão, e busca atender melhor o crescente mercado chinês de café.

“Esta expansão nos permite estar mais próximos de nossos clientes, compreender melhor suas necessidades e oferecer soluções de café personalizadas”, disse, em entrevista ao International Comunicaffe, Emily Chua, COO da NKG Shanghai. 

A NKG Shanghai tem seu próprio laboratório de cupping, e o armazém de café ficará estrategicamente posicionado nas áreas alfandegárias de Kunshan e Yangshan, facilitando as operações de armazenamento e distribuição.

TEXTO Fonte: International Comunicaffe • FOTO Divulgação

Mercado

Nespresso lança produtos à base de mel nos EUA

A Nespresso está lançando nos Estados Unidos o Nespresso Bloom, primeira linha de produtos de mel da marca. Colhido das flores das mesmas plantas que geram os grãos da cápsula Nespresso Master Origins Colombia, o mel entra nos dois primeiros produtos da linha: o mel da flor de café e o xarope de mel da flor de café. 

O primeiro é um mel que, segundo a marca, tem sabor floral e notas de caramelo e baunilha. O segundo é feito da infusão do mel de flor de café com o café Nespresso. 

As plantas têm origem nas colinas dos Andes, na região de Caldas-Antioquia, na Colômbia, país que tem o maior número de fazendas AAA certificadas pela Rainforest Alliance, e cujos agricultores exploram práticas agrícolas regenerativas como a apicultura.

O Nespresso Bloom foi desenvolvido em parceria com o Nestlé R+D Accelerator em Lausanne, Suíça. O programa Accelerator foi desenvolvido para capacitar empreendedores, permitindo-lhes moldar o futuro dos alimentos ao integrar descobertas científicas de ponta e avanços tecnológicos com uma abordagem comercial. 

“Este lançamento é resultado de como a sustentabilidade está impulsionando nossa estratégia de inovação”, disse Alfonso Gonzalez Loeschen, CEO da Nespresso North America, ao International Comunicaffe. 

Os lançamentos estão disponíveis em duas boutiques da marca, em Nova York e São Francisco e, a partir de 21 de agosto, para todo o país pelo site da marca.

TEXTO Fonte: International Comunicaffe

Cafezal

As inscrições para o Coffee of the Year 2024 estão abertas

A partir desta sexta-feira (9), as inscrições para o Coffee of the Year 2024 estão abertas. O prêmio tem como objetivo reunir os melhores cafés do Brasil e eleger os grandes destaques do ano, incentivando o desenvolvimento e o aprimoramento da produção nacional e a divulgação de novas origens.

Produtores de todo o Brasil podem registrar seus melhores cafés, nas categorias arábica e canéfora, por R$ 180. Neste ano, o prazo de recebimento das amostras (4 kg) pela IFSULDEMINAS – Campus Machado (confira o endereço no fim deste post), é 7 de outubro. É permitida apenas uma inscrição por CPF. Acesse aqui o regulamento da edição.

O Coffee of the Year

A dinâmica do concurso consiste no recebimento das amostras, que serão submetidas a um processo de avaliação por uma Comissão de Julgadores formada por especialistas nacionais. Serão selecionadas as 180 melhores amostras, sendo 150 de arábica e 30 de canéfora. 

As amostras serão disponibilizadas durante a Semana Internacional do Café, que acontece em Belo Horizonte, na sala Cupping&Negócios. Do total, os 10 melhores arábicas e os 5 melhores canéforas participam do voto popular através de degustação às cegas, pelo método filtrado, nas garrafas térmicas disponibilizadas nos dois primeiros dias de evento (20 e 21 de novembro). A cerimônia de premiação acontece na tarde do último dia de SIC, 22 de novembro.

Atenção: A ficha da amostra, devidamente preenchida (digitada), deve ser assinada pelo produtor e encaminhada com a amostra de 4 kg para o endereço abaixo:

Envio das amostras:
IFSULDEMINAS – CAMPUS MACHADO
A/C PROFESSOR LEANDRO PAIVA – NÚCLEO DE QUALIDADE DE CAFÉ CONCURSO COFFEE OF THE YEAR 2024/ SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ
RODOVIA MACHADO PARAGUAÇU KM 03 – BAIRRO SANTO ANTÔNIO
CEP 37750-000 – MACHADO (MG) 

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Barista

Quais os caminhos do barista?

A jovem profissão passa por mudanças em sua trajetória de pouco mais de duas décadas no Brasil

Um barista pode percorrer diferentes caminhos em sua carreira profissional: há os que dão cursos, mentorias e consultorias; outros abrem a própria cafeteria ou microtorrefação e tornam-se, também, degustadores profissionais. Mas há, ainda, os que engatam em competições e, até mesmo, encontram na internet a possibilidade de ganhar dinheiro.

Experts para além do preparo de cafés de qualidade, os baristas ouvidos pela Espresso para esta reportagem traçaram caminhos diversos na profissão – cuja formalização tem apenas 13 anos. Entre as trilhas escolhidas, chama a atenção o interesse cada vez maior por investir em campeonatos e comunicação.

Definir um barista como conhecedor da ciência por trás da extração de café e capaz de dominar técnicas de latte art ou de criar drinques é um conceito simplista. Há outros conhecimentos necessários para exercer a função – como entender sobre variedades, processos do plantio ao pós-colheita, torra e a influência de todos esses fatores no sabor final da bebida. Para obter esse entendimento existem diversos cursos profissionalizantes.

Além disso, as soft skills também são características exigidas pela profissão. Escuta empática, organização, criatividade, boa comunicação e espírito de liderança são algumas dessas habilidades desejadas – e que vão ajudar muito no contato com o cliente ou com a equipe. Mas, para alguns, o caminho profissional passa pelo lado de fora de uma cafeteria.

O palco é o limite

“Chega uma hora em que o balcão fica pequeno’’, diz o paulista Hugo Silva. Barista vencedor do campeonato brasileiro de Coffee in Good Spirits em 2013, Silva viu nos campeonatos uma oportu-
nidade de evoluir tecnicamente e ter visibilidade.

Na ocasião (2011), já trabalhava na Octavio Café – cafeteria paulistana hoje extinta, mas que, à época, era uma das maiores da América Latina e reconhecida por lançar grandes talentos do barismo. O jovem profissional aproveitou a chance e apostou em participar de campeonatos em diversas categorias. O pódio em 2013 levou-o à França: “Lá, pude ter contato com baristas do mundo todo, visitar feiras e entender o que estava acontecendo no cenário internacional, expandindo meus conhecimentos”, diz ele.

Já o segundo lugar no Campeonato Brasileiro de Barista, em 2022, rendeu-lhe a construção do próprio negócio. “Usei as competições para divulgar meu trabalho’’, explica Silva, atualmente mestre de torra, empreendedor e sócio-proprietário da Sabino Torrefação, em São Paulo (SP), ao lado do barista Thiago Sabino.

À esquerda, Hugo Silva, campeão de drinques com café em 2013 e segundo lugar como barista em 2022. À direita, a barista e apresentadora de campeonatos Mariana Mesquita

De lá para cá, o cenário de competições evoluiu. Um dos motivo é a entrada recente de grandes marcas como Nude, Nescafé e Melitta como patrocinadores das disputas. “A bolha dos cafés especiais está aumentando de tamanho”, acredita Mariana Mesquita, competidora e apresentadora das disputas. Formada em Ciências Políticas e residente em Brasília, a manauara tornou-se barista há oito anos. “Gosto de gente e do ambiente interativo das cafeterias”, diz ela. Mas foram as competições que atraíram sua atenção. “A entrada das marcas nesse cenário traz relevância ao mercado e faz com que a gente atinja, com dez minutos de microfone, espaços antes inacessíveis’’, revela.

Outra transformação é quanto ao impacto desses eventos, fruto do trabalho de profissionais e entidades do setor, como a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), que organiza as competições nacionais e transita com elas por diversas cidades brasileiras. “Isso permite que públicos diferentes assistam às disputas, o que gera visibilidade à nossa profissão’’, analisa Mariana.

É como se os campeonatos reunissem tudo o que um barista faz. “É uma simulação de um cenário de hospitalidade, onde o barista apresenta seu trabalho”, explica a barista, para quem as disputas também funcionam como uma inspiração e um ponto de encontro de pessoas com os mesmos interesses.

Em 2o23, o Brasil entregou, pela primeira vez, um barista campeão mundial. O feito do paulistano Boram Um, da cafeteria Um Coffee, na capital paulista, não foi pouca coisa, dadas as expectativas de profissionais da área desde 2002, quando o país estreou nos campeonatos mundiais. Este ano, foi a vez do Q-Grader mineiro Dionatan Almeida ganhar o Campeonato Mundial de Cup Tasters durante a SCA Coffee Expo, em Chicago, nos EUA. A vitória destes dois profissionais consagra, a nível internacional, a capacidade do Brasil em criar talentos. Além disso, os troféus obtidos ajudam a quebrar o paradigma de que o país produz apenas café em quantidade, em detrimento da qualidade (Boram Um usou, na competição, um café que ele mesmo cultiva).

Se uma medalha de ouro é capaz de impulsionar a carreira de barista, estar entre os mais bem colocados do país também contribui – e muito – para a ascensão profissional. “É um espaço que pode ajudar a impulsionar rapidamente o barista”, conta Mariana, que, atualmente, divide-se entre o barismo e a coquetelaria no desenvolvimento de cardápios para bares, restaurantes e cafeterias.

A cara do barista está mudando

É inevitável que um barista já experiente reflita sobre seus próximos passos. As opções para o plano de carreira são variadas, e a escolha depende das aptidões de cada um. Uma das alternativas é tornar-se mestre de torra. Essa função, situada numa das últimas etapas antes de o café chegar ao consumidor, é essencial para garantir a qualidade e a integridade de todo o processo anterior, culminando na experiência final do café.

A profissão tem sido ressignificada ao longo dos anos, com o surgimento de microtorrefações gerenciadas por pessoas negras ou mulheres, como é o caso da Café POR ELAS, de São Paulo (SP). A empresa é comandada pelas irmãs paulistanas Júlia e Nadia Nasr e tem Cássia Novaes como mestre de torra. “Ser mestre de torras é viável para aqueles que gostam de trabalhar com processos rigorosos e que são bem organizados’’, explica Júlia.

À esquerda, Nadia e Julia Nasr, da Café POR ELAS (SP). À direta, a mestre de torra Cassia Novaes

Para Cássia, a função, primordial dentro dos processos que levam o café do campo à xícara, vem ganhando relevância. Segundo ela, cada vez mais mulheres e pessoas pretas estão conquistando este espaço. “Encontrei no Café POR ELAS uma chance de aprender sobre cafés especiais em uma empresa que valoriza mulheres”, explica.

Excêntricos ou hipsters?

Quem frequentou sites estrangeiros de humor como 9gag em 2010 — época da multiplicação de cafeterias especializadas nos EUA — deve se lembrar de memes sobre ser um barista, persona que contemplava o imaginário popular desse profissional. Majoritariamente executada por jovens frequentemente estereotipados como excêntricos e hipsters, a profissão de barismo era questionada (e ainda é) como uma atividade de caráter transitório, ocupada por quem não sabia que carreira profissional seguir.

No Brasil, o cenário foi um pouco diferente. Estabelecimentos como Santo Grão, Coffee Lab, Suplicy Cafés Especiais e Octávio Café foram precursores na tarefa de formar grandes baristas e competidores mundiais. “Quando pararmos de olhar a profissão como uma brincadeira ou um hobby, passaremos a ser vistos como baristas sérios”, analisa Hugo Silva. “Tem gente que realmente quer aprender e crescer”, garante.

Além de barista, competidor e empresário, Silva é, também, um comunicador: já foi embaixador de grandes marcas e teve como missão levar cafés de qualidade para as gôndolas de supermercados. “O consumidor brasileiro sabe o valor de uma cerveja especial e preza pela sua qualidade”, reflete. “Como podemos convencê-lo, também, a considerar o café especial uma experiência e não apenas uma necessidade básica?’’, compara o empresário.

Ser influente

O crescimento de redes sociais como Instagram e TikTok nos últimos anos também transformou a profissão. Se antes era por meio dos sites de resenhas ou das páginas de jornais que formadores de opinião se comunicavam com seus leitores, hoje em dia a internet permitiu que as recomendações de um influenciador atinjam seu público em tempo real.

Uma das baristas influentes mais famosas é Maíra Teixeira. Figura constante nas redes, a trajetória virtual da publicitária, formada também em gastronomia, começou em 2015 depois de compartilhar suas experiências em cafeterias pelo Instagram – algo que poucas pessoas faziam à época.

Maíra Teixeira: conhecida influenciadora em café

Sem nunca deixar de manter as postagens, Maíra optou por trabalhar atrás do balcão para experienciar o cotidiano de uma cafeteria e, em seguida, migrar para consultorias na área. Até perceber o potencial deste verdadeiro portfólio online para novos trabalhos.

Atualmente, a barista cria conteúdo para diferentes públicos e faz publicidade para grandes marcas do setor, seguindo o que ela considera a melhor maneira de falar sobre café: “Antes de ser um influenciador, é preciso ser um bom barista”, alerta. Para Maíra, as publicações devem ter um conteúdo verdadeiro, que converse com a realidade do Brasil. “Métodos de preparo e equipamentos caros chegam no país com um preço pouco convidativo, o que, às vezes, pode ser um entrave para se tornar um influenciador digital”, explica.

Automação do trabalho

Depois da fabricação de equipamentos de café integrados a tecnologias de Inteligência Artificial – como as máquinas de café espresso Eagle One, do Grupo Simonelli, e sua Escala Inteligente Virtual (VIS), ou torrefadores de processo autônomo como o Variety e23, da Ansa –, algumas tarefas cotidianas da profissão também estão sendo substituídas por soluções tecnológicas. Afinal, o trabalho de barista não passa ileso por essas evoluções.

Nos Estados Unidos, por exemplo, já há máquinas que substituem diversas etapas da atividade, como moagem dos grãos, compactação do pó de café, extração da bebida e, até mesmo, vaporização do leite. É o que fazem os robôs baristas da Artly Coffee, em Seattle (EUA), segundo reportagem da revista Sprudge. Por meio da IA, máquinas robotizadas extraem e preparam bebidas quentes e geladas à base de espresso e de outras receitas configuradas previamente, além de executarem latte arts e terem dispositivos que identificam a qualidade da bebida.

Esse tipo de automação tem levantado debates: se a mão de obra humana será substituída, como os profissionais poderão trabalhar em conjunto com as novas tecnologias? Outras perguntas, como as vantagens de se ter um dispositivo como esse em operação e, até mesmo, se o robô barista deve receber gorjeta, estão na pauta.

Para saber mais: do clássico ao moderno

Termo originado do italiano baristi, a atividade de barista existe desde o século XIX, quando as primeiras máquinas de espresso foram criadas. Era este o profissional responsável por preparar bebidas à base de café ou de álcool, além de atender os clientes da cafeteria – um espaço que ganhava cada vez mais popularidade.

No Brasil, a profissão surgiu no começo dos anos 2000. Apesar de o país ser o maior produtor mundial de café, as cafeterias especializadas brasileiras aparecem como fruto de tendências internacionais, que acompanhavam a chamada terceira onda, movimento que preza pela qualidade, sustentabilidade e comércio justo na cadeia produtiva.

Com trabalho regulamentado somente em 2010 (Projeto de Lei 8047/10), o barista costuma ter na caixinha (valor distribuído entre os funcionários de um estabelecimento sobre os 13% da taxa de atendimento paga pelo cliente) a maior fonte de seu rendimento. Segundo a pesquisa Cafés Especiais, Perfil e Sabor, feita pelo Sebrae em parceria com a empresa Hongi, 40,5% dos 331 entrevistados declaram receber de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil mensais – 24% ganham, mensalmente, entre R$ 2 e R$ 3 mil.

Mas, é claro, não são todas as cafeterias que cobram por esse tipo de serviço. E Algumas escolhem remunerar seus colaboradores com valores acima do piso a cobrarem pela taxa. além das cafeterias, há trabalho para profissionais do ramo em bares, hotéis, restaurantes e outros espaços para o preparo de cafés, como galerias, empórios e lojas.

TEXTO Letícia Souza • FOTO Divulgação

Cafezal

3corações abre inscrições para Concurso Florada Premiada

Cafeicultoras de arábica e canéfora brasileiras têm até 20 de setembro para se inscreverem no Concurso Florada Premiada, da 3corações. A disputa, em sua 7ª edição, busca valorizar e gerar renda para produtoras de cafés especiais, e acontece em parceria com o especialista Silvio Leite e com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Clique aqui para se inscrever.

Neste ano, a premiação chega a R$ 150 mil em dinheiro, além de uma viagem para o Peru (com acompanhante) e de embalagens personalizadas. Os lotes campeões também serão comprados pelo dobro da cotação de mercado e por R$ 300 acima da cotação final. Ainda, as campeãs terão seu microlote à venda no e-commerce exclusivo do Grupo 3corações, o Mercafé.

A cerimônia de premiação está prevista para 22 de novembro e faz parte da programação da Semana Internacional do Café, que acontece de 20 a 22 de novembro no Expominas, em Belo Horizonte (MG).

O regulamento completo pode ser consultado aqui. Mais informações no WhatsApp (11) 99280-1742.

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Barista

Prisão na Alemanha abre torrefação

A penitenciária de Remscheid, na Alemanha, tirou do papel, em maio, um projeto ousado e interessante: a construção de uma torrefação de café. A ideia é que os detentos desenvolvam habilidades práticas e tenham senso de propósito, ajudando na ressocialização para a vida após a pena cumprida.

Depois de dois anos de planejamento, o local recebeu toda a estrutura para que os detentos pudessem aprender e aplicar, na prática, as técnicas de torra. Além dos dois torradores – que custaram US$ 40.640 cada –, a iniciativa contemplou um espaço para controle de qualidade e preparo, onde, diariamente, os envolvidos na tarefa realizam provas de seus próprios cafés. 

Até o momento, o projeto empregou oito detentos, que ganham um pequeno salário em troca de 39 horas semanais trabalhadas. Os grãos usados tem origem em diferentes regiões produtoras, como Colômbia, Costa Rica, Vietnã e Brasil. Nas três primeiras semanas de julho, foram 300 kg de cafés torrados, em cinco torras diárias. 

Por enquanto, os cafés torrados e embalados estão à venda na unidade prisional por US$ 5 (250 g), mas a ideia é que, em breve, eles sejam comercializados para clientes externos. 

TEXTO Fonte: Yahoo! Life • FOTO Oliver Auster/dpa

Café & Preparos

Drinque Cartagho vence fase nacional da competição da Licor 43

Ricardo Souza e seu drinque Cartagho

Inspirado na história de Cartagena, o coquetel Cartagho, criado por Ricardo Souza, é o representante brasileiro na final mundial do campeonato Bartender & Baristas Challenge, marcada entre 23 a 26 de setembro, em Cartagena, na Espanha, local de origem do destilado. 

Promovido por Licor 43, a competição desafia profissionais a criarem as melhores receitas combinando Licor 43 e café. O pódio da fase nacional foi composto pelo drinque Concert, de Gabriel Bressane, em segundo lugar, e por La Evolución, de Mariana Pina, que ficou em terceiro. 

Em seu drinque campeão, Souza usou 60 ml de Licor 43 original, 40 ml de café L’Or, 30 ml de purê de pitaya e 30 ml de suco de maçã. Os ingredientes foram colocados em uma coqueteleira com gelo e batidos por cerca de 25 segundos. Depois, a mistura foi coada em taça coupé previamente gelada e decorada com três maçãs verdes em meia lua, que simbolizam as três nações que passam por Cartagho, os povos fenícios, ibéricos e romanos.

Os critérios considerados foram: influência do Licor 43, conhecimento sobre café, facilidade para replicar/refazer, apresentação e entrega e, por fim, gosto e sabor. Entre os jurados estavam Caio Alonso Fontes, sócio da Espresso&CO, e Ensei Neto, especialista em café e autor da coluna Um Café para Dividir, do Estadão. 

TEXTO Redação • FOTO Fabiane Cintra

Cafezal

Estudo avalia a adaptabilidade ao clima com qualidade na xícara da variedade conilon

Como o clima afeta a “plasticidade fenotípica” nos cafés canéfora? Foi com esta pergunta, de terminologia aparentemente complicada, que pesquisadores do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), da Embrapa Café e da Universidade da Flórida desenvolveram um estudo para compreender melhor o comportamento da espécie em diferentes ambientes – especialmente, os de altitude.

Plasticidade fenotípica é um termo técnico que se refere à capacidade de uma planta (no caso, o café) ajustar suas características observáveis em resposta a diferentes condições ambientais. 

A pesquisa, publicada este mês na Crop Science, um dos mais importantes periódicos de ciências agrárias do mundo, incluiu ambientes com altitudes diferentes no Espírito Santo, além de combinar análises genômicas e de genótipo da variedade conilon para cada um deles durante cinco anos (entre 2017 e 2022).

Os experimentos foram feitos em altitudes entre 620 e 720 m nos municípios de Venda Nova do Imigrante (na Fazenda Experimental do Incaper), Iúna e Santa Teresa, tradicionais regiões produtoras de arábica. Os cafés foram sensorialmente avaliados por Q-Graders no Laboratório de Análise e Pesquisa em Café do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Campus Venda Nova do Imigrante.

Os resultados sugerem que o conilon pode ser “climaticamente inteligente”, ou seja, flexível e com grande variabilidade, capaz de se adaptar aos efeitos da crise climática mantendo bom desempenho de produtividade (60 sacas/ha) e qualidade de bebida. A pesquisa foi financiada com recursos do Consórcio Pesquisa Café e teve a colaboração de produtores rurais. 

Para quem quer saber mais

A produção de arábica, que representa cerca de 60% do mercado global de café, tem projeções severas de redução devido à sua maior fragilidade às mudanças climáticas: estimativas indicam que, até 2050, pode haver uma diminuição de plantio na ordem de 80%.

Mais adaptada a climas mais quentes, mais resistente a doenças e com maior variabilidade genética do que a espécie arábica, os cafés canéfora – conilon e robusta – são candidatos potenciais ao enfrentamento aos desafios climáticos, especialmente com a recente qualidade na xícara apresentada por ambas as variedades no Brasil.

Desenvolver cultivares resistentes ao clima é necessário e inclui plantas de café adaptadas a condições de plantio que possam atender à demanda por tolerância e qualidade. A plasticidade pode ajudar a mitigar o efeito prejudicial das mudanças climáticas. 

“Compreender sua dinâmica em ambientes alternativos pode abrir uma nova janela de oportunidades para realocar as práticas tradicionais de cultivo de café para climas mais adequados”, escrevem os pesquisadores do artigo.

Para responder à pergunta de como os efeitos climáticos impactam na plasticidade fenotípica do café, os parâmetros selecionados para estudo foram rendimento e qualidade da xícara avaliadas em cultivares de C. canephora e C. arabica

Ambas as espécies foram colocadas, separadamente, em três locais de altas altitudes e avaliadas por cinco anos para, entre outras coisas, identificar cultivares que possam combinar estabilidade e alto desempenho fenotípico em múltiplos ambientes e comparar a plasticidade fenotípica das cultivares de C. canephora e C. arabica avaliadas em ambientes alternativos.

Os pesquisadores chamam atenção para a possibilidade de selecionar cultivares de C. canephora mais adaptadas a regiões destinadas, primariamente, à produção de arábicas, combinando qualidade sensorial e altos níveis de produção, além de mostrar, por meio de estudos de simulação, a relevância do melhoramento a partir de técnicas de biologia molecular (como marcadores moleculares, por exemplo) para o futuro da cadeia do café.

Fontes: Incaper e o artigo científico, que pode ser baixado gratuitamente na Willey Library.

TEXTO Cristiana Couto
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