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Piatã: com os pés no céu

A cidade baiana mais alta do estado abriga pequenos produtores que cultivam cafés premiadíssimos em meio a paisagens exuberantes e colheita selecionada.

Quando adentrei a pista do aeroporto e o avião apresentou o registro do nome da pioneira aviadora brasileira Ada Rogato, tive o sinal de que precisava: seria uma ótima viagem. Há anos a Espresso quer trazer uma nova reportagem sobre a famosa região de Piatã, na Chapada Diamantina, a terra baiana de prêmios nacionais conquistados em sequência desde 2009. Exatamente neste ano fizemos nossa primeira matéria, antes dos impressionantes resultados.

O sonho pessoal da repórter que escreve estas linhas começou nas conversas com o classificador Silvio Leite, anos antes, que tem uma relação muito próxima com os produtores da região. Ele foi um dos primeiros a acreditar no potencial dos cafés ali cultivados. Pioneirismo e muito trabalho levaram a região a ser especialista em produzir ótimos cerejas descascados – os cafés que passam por maquinários próprios para a separação dos frutos entre verdes, maduros, etc, e que vão para o terreiro de secagem sem a casca. Um esmero que resultou em muitas vitórias. A descoberta de que esse seria o melhor caminho para os cafés locais fez com que produtores investissem em qualidade.

Quem nos recebeu e nos guiou pelas andanças de quatro dias na região foi o produtor e empresário Cândido Rosa, que hoje reside com parte da família em Vitória da Conquista.

Orgulhoso do trabalho que é realizado na região, Cândido nos explica — durante a viagem de mais de quatro horas pelas estradas baianas — que a Chapada Diamantina recebe milhares de turistas o ano todo em busca das belezas naturais do Parque Nacional. E aos poucos essas paisagens vão se revelando no percurso de montanhas rochosas, cachoeiras e serras. São 24 municípios que integram o entorno de um dos maiores parques do País.

A cidade de Piatã, reduto de cafés especiais, é a localidade mais alta da Bahia, e também a mais fria. Microclima perfeito para o café: durante o dia as temperaturas são amenas e à noite chegam a impressionantes 9 graus.

A colheita ocorre principalmente nos meses de junho e julho. Neste ano a safra foi menor na região e muitos produtores já estavam finalizando a panha. A colheita seletiva precisou ser bem rigorosa para não desperdiçar os muitos verdes que ainda insistiam em não maturar.

A demora fez com que produtores como Salvador Souza, com 2 hectares, ainda tivessem muitos frutos chumbinho (verdes) nos pés plantados entre muitas árvores, as grevíleas, que servem de quebra-vento e protegem os cafezais. Salvador, da Fazenda Tanque, demonstrou paciência ao aguardar o melhor momento para a retirada dos cafés. Ali eles precisam manter o foco na qualidade para compensar a baixa produção. Em 2014, o produtor conquistou o 19º lugar no concurso Cup of Excellence.

Grandes campeões
O primeiro lugar da visita: Chácara São Judas Tadeu e Fazenda Ouro Verde. A família detém o tricampeonato do Cup of Excellence nos anos 2009, 2014 e 2015. Intento muito difícil de alcançar. A maior pontuação foi 94,05, com o impressionante valor de comercialização no leilão da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) de US$ 106.223 por dezesseis sacas de café, em 2014. Os cafés vencedores do concurso, criado em 1999 no Brasil, passam por rigorosas provas de qualidade e por isso Antonio Rigno, da São Judas, é tão orgulhoso: “São 35 anos produzindo café e precisamos ter cuidado para não estragar o que a natureza nos dá”. Com a sua voz rouca característica, Rigno é grande referência na região: “Pequenos e miniprodutores é o que mais temos aqui”, ele explica. Quando conquistou os prêmios, ele presenteou cada um dos dez funcionários que trabalham diariamente na sua fazenda com motocicletas.

O produtor Antonio Rigno, pioneiro na qualidade, é tricampeão no concurso Cup of Excellence com cafés cereja descascado

Sua esposa, Teresinha de Oliveira, é quem recebe as visitas quase que diárias de todas as partes do mundo e do Brasil dentro do seu Recanto do Café, na própria fazenda: “Japonês, dinamarquês, coreano…”. Enquanto mostra a coleção de bules, Teresinha serve uma mesa farta de bolos e outros quitutes típicos baianos que ela aquece no fogão a lenha, usando folhas de planta típica da região, o candombá. E é ela quem explica as características da bebida: “O sabor do café de Piatã é único no mundo. Quando ele se junta a um blend, torna-se perfeito”.

Neste ano, a família testou pela primeira vez a seca em terreiros suspensos. Durante a colheita, são 200 pessoas para ajudar em todas as etapas do processo. As estufas e os secadores a lenha mostram uma estrutura bem organizada. Lá, 100% do café é cereja descascado, benefício que deu ótimos resultados para a fazenda. Alguns lotes chegam a ficar doze horas em tanques. Mas, segundo Rigno, são “as mãos que fazem o café”. E sempre com o auxílio das bênçãos de São Judas Tadeu, que há três anos ganhou uma capelinha em sua homenagem na propriedade.

Aprendizes de sucesso
Rigno fez escola em Piatã. Ao circular pelas propriedades da região, encontramos produtores que sempre citam a importância de investir na qualidade e fazer lotes especiais. Conterrâneo de Rigno nessa busca pelas altas pontuações, Michael Alcântara, da Fazenda Divino Espírito Santo, conta que, nos seus 10 hectares plantados, produziu 420 sacas em 2016. Investiu no primeiro despolpador da região, em 2000, quando começou a enviar cafés para concursos: “Sonhava que um dia Piatã ia ser campeã, pelos atributos do café que são muito diferentes”.

Ele e a esposa, Patrícia, tocam a microtorrefação da família na própria fazenda e comercializam o Café Gourmet Piatã na capital, Salvador. Uma produção bem familiar, que é vista de perto pelas filhas, que estão estudando para dar continuidade ao negócio.

Michael, a filha Cecília e a esposa, Patrícia Ancântara. A família, que foca em café de qualidade, mora na região há mais de vinte anos

A plantação familiar e em poucos hectares é regra por ali. Seguindo um pouco mais pelas estradas de terra, encontra-se a área do Cafundó. Na Fazenda Santa Bárbara fomos recebidos por toda a família de José Joaquim Oliveira, campeão do Cup of Excellence 2016 na categoria cereja descascado e sexto lugar com o lote do Sítio Cafundó. Em seu 1,5 hectare trabalham oito pessoas na época da colheita, sendo a maioria da própria família: a esposa, Marlene, filhos e noras. A colheita seletiva passa retirando os frutos pelos cafezais até quatro vezes. Com os R$ 19 mil que eles conseguiram em cada saca fizeram melhorias na propriedade: construíram mais uma estufa e também compraram outro terreno para ampliar a área. O sorriso no rosto de todos corre solto ao comentarem sobre a conquista. Somente dois filhos viajaram até Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná, para acompanhar o resultado. Giliardi Torres de Oliveira conta que a emoção foi muito grande. Assim como o orgulho dos vizinhos, entre eles Pedrinho Santana, que, depois de viver vinte anos em São Paulo, voltou para a roça e também produz café. Nessa localidade eles dividem o despolpador e todos têm hortas para consumo próprio. O excedente de frutas e legumes é vendido na tradicional feira de Piatã.

O campeão do Cup of Excellence, José Joaquim Oliveira, faz a colheita seletiva no seu 1,5 hectare

Cooperativismo e microlotes
O potencial dos cafés da região fez com que, no ano passado, dos 24 finalistas do Cup of Excellence – Cereja Descascado, impressionantes dezenove fossem de Piatã. Tal feito incentivou ainda mais os produtores a se organizar em uma nova cooperativa: a Coopiatã, que hoje conta com 41 membros. Rodolfo Moreno, presidente da organização e proprietário da Fazenda Ponte, explica que ele e Renato Rodrigues (Chácara Vista Alegri) estiveram, em 2015, na Semana Internacional do Café e perceberam haver no mercado uma oportunidade para a produção de microlotes. Em reunião realizada durante a nossa visita, os produtores debatiam sobre a importância de participar de novos concursos e também de capacitações que serão oferecidas na cooperativa.

Integrantes da nova Coopiatã reúnem-se para focar a capacitação e a governança

Nosso roteiro foi finalizado na localidade das Gerais, onde produtores ainda menores cultivam café há mais de cem anos. São famílias que vivem em casas de pau a pique e chegam a colher trinta sacas. É o caso de Vilson Araújo Oliveira, que nasceu ali e que, aos 52 anos, não tem dúvida quando diz: “Eu gosto da roça”. Ele e a família do irmão, Wilson, produzem café natural por falta de condição de investir em um despolpador. A agricultura de subsistência encontra dificuldade no acesso à água – outro desafio local. Mas as alternativas existem e os produtores aproveitam o espaço que têm para fazer plantações consorciadas com a produção de maracujá e outras frutas.

Novos projetos por vir
Com o intuito de contar essas histórias, a Coopiatã está unindo forças com outros profissionais da região. Segundo Glayco Barbosa, o Gau, Secretário de Agricultura de Piatã e engenheiro agrônomo, “são cinquenta produtores que vivem do café de qualidade. Estamos colhendo os resultados nesses últimos cinco anos”. Como a produção da maioria é em pequena quantidade, a saída é o especial, para que consigam bons preços, apesar da pouca quantidade de café: “Essa também é a realidade do meu pai”, exemplifica.

Uma grata surpresa foi encontrar no mercado municipal da cidade o barista Lucas Campos, que, junto ao boxe da família de Euvaldo José Costa Jones (Café Taperinha), prepara quinzenalmente drinques de café em diversos métodos para a população local. O trabalho ganhou também um braço; um passeio que começará a ser feito com turistas que visitam a região, o CaféTur.

Entre as atrações do roteiro, um pôr do sol para finalizar, na localidade das Gerais, com uma vista incrível das montanhas da Chapada Diamantina, acompanhado de preparos de café sem o uso de eletricidade.

O sol começa a desaparecer entre as formas diversas que ganham contornos dourados na paisagem inesquecível. Um término e tanto para uma viagem que começou lembrando a pioneira da aviação que voou longe para conquistar seus objetivos. Então, finalizamos o roteiro com os pés no chão entre campos de sempre-vivas e cafés incríveis de uma das regiões mais premiadas do Brasil. Há sempre espaço para mais, para a pluralidade e para a qualidade.

TEXTO Mariana Proença • FOTO Ravena Maia

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3Corações lança café fruto de iniciativa de produtoras

Fruto do Projeto Florada, o Café 3Corações Florada foi produzido por Jane Muniz, cafeicultora da região do Sul de Minas. O conceito foi inspirado em uma das fases da produção cafeeira, a florada, período em que as lavouras ficam cobertas com a beleza e o perfume das flores, além de ser quando a natureza dá sua primeira dica sobre a colheita: quanto maior a quantidade de flores, mais café.

Com grãos da Fazenda Santa Tereza, o produto tem certificado da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e Rainforest Alliance, que garantem qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade. O blend da bebida possui aroma floral, doçura intensa e notas de caramelo.

Disponível na versão torrado e moído, o produto será distribuído nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Já na versão cápsula, será comercializado no e-commerce da marca.

Concurso 3Corações Florada Premiada
A marca 3Corações anunciou nesta quinta-feira (8/3) a 1ª edição do concurso 3Corações Florada Premiada. Em breve, todas as mulheres produtoras de cafés arábica do Brasil poderão apresentar seus cafés da safra 2018, tendo seus grãos valorizados e adquiridos pelo grupo 3Corações. O anúncio das seis vencedoras será entre os dias 7 e 9 de novembro, na Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte.

O Projeto Florada é uma plataforma exclusiva de apoio e fomento às conquistas das mulheres no campo. Lançado no Dia Internacional da Mulher, em Varginha (MG), a iniciativa une e empodera as mulheres produtoras, trazendo melhores práticas de cultivo de cafés especiais e gerando valor para toda a cadeia, da produção ao consumo.

Mais informações: http://bit.ly/2Frqrw3

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Encontro une mulheres e cafeicultura esta semana, em MG

No dia 8 de março, na cidade de Patos de Minas (MG), acontecerá o encontro “Elas no Café”. O evento, realizado em comemoração ao Dia das Mulheres, é uma grande oportunidade para empresárias e empreendedoras da região do Cerrado Mineiro conhecerem e experimentarem o mundo da cafeicultura.

Com início às 9h, a programação especial conta com caminhada, almoço, painéis e palestras, que tratarão de temas como os caminhos encontrados por mulheres para fazer do café seu negócio e revolução feminina. Nomes como Caprice Cerchi Borges, mestre de torra e sócia-proprietária da Ísole Cafés Especiais; Eliane Cardoso, superintendente da Coocacer Araguari; e Mariana Proença, jornalista e Diretora de Conteúdo da Café Editora e Revista Espresso, entre outros, estarão presentes.

Realizado na Fazenda Chácara Agrícola Colônia, localizada no Distrito Industrial, em Patrocínio, o “Elas no Café” é gratuito, porém conta com vagas limitadas. Para participar, basta realizar a inscrição através do telefone (34) 3839-9300.

Mais informações: http://bit.ly/2Fl4meq

TEXTO Redação • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

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Brasileiro campeão de concurso bate recorde mundial em leilão

O campeão do concurso Cup of Excellence – Brazil 2017 na categoria Pulped Naturals, Gabriel Alves Nunes, bateu o recorde mundial no leilão dos vencedores. Seu café com Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, produzido na Fazenda Bom Jardim, em Patrocínio (MG), recebeu o lance de US$ 130,20 por libra peso, o que equivale a mais de US$ 17,2 mil por saca de 60 kg, ou aproximadamente R$ 55,5 mil por saca.

Segundo informações da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), instituição responsável pela realização do concurso, o café campeão foi divido em dois lotes: o primeiro recebeu o lance de US$ 130,20 por libra pesa, valor que corresponde a aproximadamente R$ 55.457,60 por saca de 60 kg, e o segundo foi negociado por US$ 120 por libra peso, ou R$ 51.116,17 por saca. As empresas que adquiriram o produto foram Maruyama Coffee e Sarutahiko Coffee, ambas do Japão, e Campos Coffee, da Austrália.

Para Nunes, o resultado do leilão é motivo de extrema satisfação e orgulho, já que seu café bourbon é cultivado a 935 metros de altitude, enquanto outros países produzem a uma altura muito mais elevada, o que propiciava, até então, uma certa vantagem na obtenção da qualidade: “nosso café mostrou que se pode buscar excelência dentro dessas características. Pela primeira vez a região do Cerrado Mineiro vence o concurso e bate recorde mundial”.

Ele tem total consciência de que investir em qualidade é recompensador: “meu pai mexe com café há 30 anos e passei a mexer há quatro. Desde que voltei à fazenda procurei investir em estrutura e melhoramentos, sempre buscando qualidade, pois sabemos que o café está no mesmo caminho do vinho, com os consumidores cada vez mais exigentes”.

Com vistas na mudança de cenário por parte dos consumidores, o cafeicultor investiu em capacitação da equipe da propriedade para modificar a forma de produzir os cafés, almejando agradar aos compradores finais. Nunes destaca que o prêmio do leilão será quase que integralmente investido na fazenda, buscando preservar cada vez mais o meio ambiente e visando qualificar ainda mais os funcionários.

“Estamos em constante busca de termos sustentabilidade ambiental e social para alcançarmos nosso reconhecimento econômico na comercialização. Temos funcionários dedicados, que tratam com carinho cada lote na fazenda.  Há três anos estamos evoluindo e chegamos ao resultado, evidenciando todo o cuidado desde a produção até a pós-colheita. Obtivemos valores superiores aos cafés de altitudes mais elevadas, que possuem qualidade excepcional pelas questões fisiológicas envolvidas”, analisou o campeão.

Para conferir os resultados do leilão, clique aqui.

Concursos de Qualidade de Café
Responsáveis por premiar os cafeicultores que investem nas lavouras e se dedicam para oferecer aos compradores uma bebida considerada superior, os Concursos de Qualidade de Café têm papel indispensável na educação dos produtores que, para conseguirem uma boa colocação na disputa, precisam obedecer a uma série de procedimentos, conhecerem sobre a bebida e desenvolverem classificadores que provem do café, para indicar se está bom ou se precisa ser melhorado.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Camila Cechinel • FOTO Divulgação/Lucas Albin Agencia Ophelia/Aislan Henrique da Silva

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Confira os finalistas do 27º Prêmio Ernesto Illy

Com um número recorde de amostras enviadas, a illycaffè, marca global de cafés de alta qualidade, definiu os 40 cafeicultores finalistas do 27º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso.

Este ano, 683 produtores brasileiros de café arábica enviaram seus grãos da safra 2017/2018 na expectativa de ganharem o prêmio em dinheiro e obterem reconhecimento nacional e internacional. A seleção dos cafés foi realizada por especialistas da illycaffè, que vieram da Itália para o Brasil com a intenção de integrar a Comissão Julgadora.

Dentre as mais de 600 amostras, Minas Gerais, maior produtor nacional, predominou na lista, com 36 finalistas provenientes de todas as regiões cafeeiras do estado. São 14 participantes do Sul de Minas, 12 do Cerrado Mineiro, oito das Matas de Minas e dois da Chapada de Minas. São Paulo conta com três classificados e a região Centro-Oeste com um. Confira os nomes:

Amanda Ribeiro Miaki (MG)
Andreia Oliveira da Silveira (MG)
Ângelo Nascimento e outros (s) (MG)
Antonio Ismael de Paula (MG)
Cândido de Sordi Machado (MG)
Carlos André Dognani (SP)
Carolina B. Lerro B. Henning (SP)
Catarina Mie Takahashi Myaki (MG)
CBI Madeiras LTDA (MG)
Claudio Esteves Gutierrez e outros (s) (MG)
Dagmar Resende Pimenta (MG)
Daniella Romano Pelosini (SP)
Décio Bruxel (MG)
Diogo Jose Myaki (MG)
Ecoagrícola Cafe LTDA (MG)
Édio Anacleto Miranda (MG)
Edna Yumi Okuyama Souza (MG)
Ednilson Alves Dutra (MG)
Felippe Nery Monteiro da Silva (MG)
Gaiola – Empreendimentos Agropecuários (MG)
Gelci Zancanaro (GO)
Gio Batta Bragagnolo (MG)
Hugo Vilas Boas (MG)
Jorge Barakat (MG)
Ludgero Pimenta de Avila (MG)
Mabel Lima de Sousa (MG)
Maria D´Aparecida Vilela Brito (MG)
Maria Nascimer da Silva (MG)
Mário Ferraz de Araujo (MG)
Matheus Ribeiro Miaki (MG)
Oscar Gabriel Contreras (MG)
Raimundo Dimas Santana (MG)
Raimundo Dimas Santana Filho (MG)
Reinaldo Olini Rocha (MG)
Renato de Souza (MG)
Renato Lima de Souza (MG)
Ronalt Marques de Araújo e outro(s) (MG)
Sebastião de Carvalho Montans e outro(s) (MG)
Simone Aparecida Dias Sampaio Silva (MG)
Takayuki Tamekuni e outro(s) (MG)

Além dos campeões da categoria nacional, foram definidos também os vencedores regionais, que estão divididos em: Cerrado Mineiro, Sul de Minas, Chapada de Minas, Matas de Minas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e regiões Sul, Norte/Nordeste e Centro-Oeste do país. O Prêmio Ernesto Illy – Regional terá até dois cafeicultores premiados por estado.

Dos 40, os seis melhores cafés do país serão revelados na cerimônia de premiação, em abril de 2018. Os três primeiros ganharão uma viagem ao exterior para participar do 3º Prêmio Ernesto Illy Internacional, quando será revelada a ordem de classificação entre eles. Todos os vencedores e finalistas receberão prêmios em dinheiro e diplomas.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Redação • FOTO Gui Gomes

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Matas de Minas leva a melhor no Coffee of The Year 2017

Quem foi para Belo Horizonte visitar a Semana Internacional do Café, feira do setor cafeeiro que aconteceu entre os dias 25 e 27/10, teve a oportunidade de degustar as amostras finalistas do Coffee of The Year e votar em sua favorita.

Os resultados das votações foram divulgados no último dia, no Grande Auditório. Sandra Lelis, da cidade de Araponga, região das Matas de Minas (MG), foi a primeira colocada da categoria arábica, seguida de Carlos Sanglard, também de Araponga, e Patrícia Borges, de São Gonçalo do Sapucaí.

Sandra Lelis, vencedora do COY 2017 na categoria arábica.

Vinda de família de produtores, Sandra compartilha a emoção de ter conquistado este título: “ganhar o concurso representa muito para mim e para minha família, nos dá mais incentivo para continuar neste ramo.” Participando da competição desde 2015, a produtora diz que esta vitória é uma grande oportunidade para sua cidade: “o Coffee of The Year se mostrou um concurso muito sério, e com esse primeiro lugar, eu e toda a minha região teremos a chance de divulgar nosso café. Todo mundo conhecerá Araponga”.

Na categoria conilon, o primeiro lugar também foi para a região de Matas de Minas, só que desta vez para o município de Manhuaçu. Osvaldina Alves Dutra, representada por seus filhos Walter e Ednilson Dutra, levou a melhor este ano. Para a família, que participa do concurso desde a sua primeira edição, em 2012, a premiação funciona como uma motivação: “ganhar o Coffee of The Year é um estimulo para nós continuarmos a fazer café de qualidade. Nossa região está sempre buscando o melhor”, disse Walter.

Walter e Ednilson Dutra, ganhadores do COY 2017 na categoria conilon.

Segundo Ednilson, a divulgação que o prêmio oferece motiva os parceiros e qualifica a região: “ficar nas primeiras posições é resultado de muito trabalho e dedicação. Nós sempre acreditamos na qualidade do café de Matas de Minas”.

As outras duas colocações do pódio foram para a cidade de Cacoal, em Rondônia. Os produtores Tiago Novais Duarte e André Kalk ficaram com o segundo e o terceiro lugar, respectivamente.

O Coffee of The Year avalia itens como aspecto, seca, cor, porcentagem de peneiras, tipo, teor de umidade e torra, buscando capacitar as regiões produtoras e gerar interesse pelos cafés especiais.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Bruno Lavorato

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Iniciativa visa revitalizar paisagem com mudas de café

A Federação dos Cafeicultores do Cerrado promoverá a campanha “Você planta 1, nós plantamos 50” durante a Semana Internacional do Café (SIC), que acontecerá esta semana, de 25 a 27/10, em Belo Horizonte (MG).

A entidade, gestora da Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro, contará com os participantes da feira para colaborarem com a revitalização da bacia do Córrego-Feio, manancial que abastece o município de Patrocínio (MG), principal cidade brasileira para produção de café, com 42 mil hectares plantados.

Na ação, a cada muda distribuída e efetivamente plantada, a Federação e os participantes do Consórcio Cerrado das Águas, plataforma colaborativa que trabalha em busca de paisagens produtivas e ao mesmo tempo sustentáveis, plantarão 50 mudas na bacia do Córrego-Feio. A meta é engajar 100 participantes da SIC, resultando em cinco mil mudas nativas do Cerrado.

De acordo com o Superintendente da Federação, Juliano Tarabal, além de apresentar os cafés da região do Cerrado Mineiro e as ferramentas da Certificação de Origem e Qualidade, o objetivo da ação é mostrar o cuidado com a sustentabilidade local: “Para isso, nada melhor do que engajar toda a cadeia produtiva presente na Semana Internacional do Café a contribuir conosco nessa causa”.

Além de ajudar na recuperação da bacia do Córrego-Feio, aqueles que postarem ou enviarem as fotos comprovando o plantio receberão uma camiseta e um café da região. Para participar, basta retirar uma muda no estande da Região do Cerrado Mineiro na SIC, plantar em qualquer local e postar nas redes sociais com a #consorciocerradodasaguas ou enviar para comunicacao@cerradomineiro.org para mostrar que você colaborou com a iniciativa. Em breve a instituição irá entrar em contato para enviar os brindes.

Mais informações: www.cafedocerrado.org

TEXTO Redação • FOTO Gui Gomes

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Produtores: respondam a Pesquisa Cafeeira sobre a safra 2017

Você é produtor de café ou conhece alguém que seja? O site CaféPoint desenvolveu uma pesquisa a fim de traçar um diagnóstico fiel do que aconteceu na safra 2017/2018. Através da coleta de dados, a Pesquisa CaféPoint Colheita Cafeeira Safra 2017 pode ajudar a planejar soluções efetivas para a cultura dos grãos nos próximos ciclos, melhorando o rendimento nas fazendas.

Respondendo 24 perguntinhas, os produtores de café arábica e conilon de todo o país poderão compartilhar dados de produção, como as condições de trabalho na lavoura, o comportamento do clima, a mecanização utilizada nas plantações, o tamanho dos grãos e a infestação de pragas. Além disso, o levantamento vai utilizar relatos dos produtores feitos através dos canais de comunicação do CaféPoint e fotos enviadas pelos próprios leitores.

A apresentação dos dados será realizada em primeira mão durante a Semana Internacional do Café (SIC), que acontecerá durante os dias 25, 26 e 27/10 na cidade de Belo Horizonte (MG). Posteriormente, os resultados serão disponibilizados no site.

Em 2016, cerca de 500 cafeicultores responderam o estudo. A Pesquisa CaféPoint Colheita Cafeeira Safra 2017 está no 4º ano de realização e conta com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Para participar, clique aqui e responda como foi sua colheita e o que você espera da safra 2017. As respostas serão validadas até o dia 3/10.

Mais informações: www.cafepoint.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Gui Gomes

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SP e MG abrem inscrições para concursos de qualidade

Dois grandes estados produtores de café estão com inscrições abertas para concursos de qualidade dos grãos. Em Minas Gerais, o Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais acontece pela 14ª vez. Já em São Paulo, o Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo está em sua 16ª edição e com duas novidades na competição. Confira os detalhes!

Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais
A competição está com duas categorias e cada produtor poderá participar somente com uma amostra em cada: a categoria de Café Natural e a de Café Cereja Descascado, Despolpado ou Desmucilado.

Podendo competir apenas os produtores dos municípios mineiros que possuem amostras de café arábica tipo 2 para melhor, as amostras também precisam ser colhidas este ano e entregues, até o dia 15/9, nos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater/MG) da região onde o café foi produzido. As fichas de matrícula também serão preenchidas no mesmo local.

Os grãos passarão por análises físicas e sensoriais feitas por uma comissão formada por no mínimo dez classificadores e degustadores de café. As amostras com nota sensorial abaixo de 80 pontos, de acordo com a Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), serão desclassificadas.

Além destas análises, também serão levados em consideração os fatores socioambientais. Os cafés serão pontuados em quesitos como a proteção de nascentes da propriedade, preservação de mata ciliar dos cursos d’água, entre outros.

Os vencedores das categorias receberão um certificado da organização do evento, além de outras premiações. Os resultados serão anunciados entre novembro e dezembro, em Belo Horizonte.

Concurso de Qualidade do Café de São Paulo
Podendo participar apenas os finalistas dos concursos regionais, produtores de café arábica, além das três categorias que já existiam, Café Natural, Cereja Descascado e Microlote, agora a competição também está com uma novidade: a Nanolote.

Os produtores que queiram participar precisam ser finalistas dos Concursos Regionais de Qualidade de Café, considerados oficiais e inscritos no Concurso Estadual. Cada região poderá inscrever até quatro lotes de café natural, quatro de cereja descascado ou despolpado, dois microlotes e um nanolote de 10 kg, totalizando até onze lotes.

Os cafés participantes serão enviados para a Comissão Coordenadora do Concurso Estadual e serão avaliados às cegas por uma comissão julgadora constituída por até nove especialistas. Assim como o concurso mineiro, a questão socioambiental também contará positivamente na avaliação.

Nos dias 25 e 26 de outubro, as amostras passarão pelo júri técnico e a divulgação dos lotes finalistas será no dia 30. Dentre os cafés participantes, a comissão julgadora definirá os melhores de cada categoria, sendo o vencedor o de maior pontuação.

A outra novidade acontece no Leilão dos Cafés Premiados de São Paulo. O valor do lance mínimo passou a ser 80% acima da cotação BM&FBovespa do dia anterior ao pregão. Antes, o lance mínimo era 50% acima. Para o nanolote, o lance mínimo ainda será informado pela comissão organizadora.

Mais informações: Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais e Concurso de Qualidade do Café de São Paulo.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Redação • FOTO Érico Hiller

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“Café é detalhe”

Há quase quarenta anos, Paulinho, como é conhecido o produtor Paulo Sergio de Almeida, produz café na tranquila cidade de Paraisópolis, na Mantiqueira de Minas. A centenária fazenda Santa Terezinha, fundada em 1915, era de produção tradicional de café. Por volta de 1995, o cafeicultor enfrentou um grande desafio: descobriu um sério problema nos rins. Foi obrigado a partir para o transplante, o que o levou a mudanças radicais de hábitos. De forma autodidata, enveredou pelos caminhos do cultivo orgânico, por acreditar que seu problema havia sido por intoxicação pelo uso de adubos químicos e hoje é referência em produção de cafés especiais.

A paixão pelo orgânico – sem o uso de substâncias que não sejam naturais e produzidas pela fazenda – ficou ainda maior. Desse grande passo, Paulinho modificou a forma de pensar o café. Foram anos de adaptação para desenvolver soluções empíricas, que depois passaram a fazer parte das palestras que ele mesmo passou a ministrar. Um conhecimento adquirido na prática, que lhe rendeu, em 2001, o maior prêmio da cafeicultura brasileira: o primeiro lugar no Cup of Excellence, que pontua os melhores cafés da safra em um ranking exigente de provadores.

No primeiro ano em que participou, Paulinho já levava o maior prêmio, que, segundo ele, “mudou muito e valorizou o produto da fazenda”. Naquele ano, sem muitas pretensões, ele inscreveu o café no concurso. Pediu a ajuda de um amigo para o beneficiamento do produto. Uma verdadeira saga. Já em São Paulo, aproveitando a ida a um médico, foi assistir ao resultado. Esperava apenas receber um agradecimento pela participação. Qual não foi sua surpresa quando a qualidade do produto o levou ao primeiro lugar.

Paulinho passou a conhecer o potencial do seu café. Todos queriam saber quem era aquele produtor, dono do primeiro café mais pontuado do País, à época com 97,53 pontos. “Café é detalhe”, ensina ele.

Ele conversou conosco em 2011 e, recentemente, concedeu-nos nova entrevista, no momento em que seu filho, André Almeida, está participando ainda mais ativamente do dia a dia da fazenda, assim como Fabrício e Júnia, filho e nora, que inauguraram a Zalaz, cervejaria com diversos rótulos, dentro da própria fazenda.

Quando falamos em sucessão familiar como importante passo para a continuidade dos bons projetos, retomar a conversa com Paulinho nos faz perceber que é possível avistar ao longe, em meio às árvores frondosas, os novos caminhos dos cafezais.

Como começou sua história no café?
Eu me formei em 1975 e em 1976 assumi a fazenda do meu pai, um ano antes de ele falecer. Entre 1977 e 1980, comecei a construir as coisas na fazenda e a plantar café. Com um ano e meio de trabalho, perdi toda a minha lavoura por causa de uma geada. O lugar não é baixo, mas perdi 20 mil pés. Não desisti. Fui plantar café no alto do morro e comecei a dividir a plantação em talhões. O primeiro talhão que plantei foi o Guatambu, que fica entre 1.000 e 1.200 metros, em 1982, sem veneno; a terra era boa, um dos fatores pra ter essa qualidade.

Como foi seu aprendizado com orgânicos?
Eu fui a um encontro, em 2000, de cafés orgânicos, em Machado, onde estava um antigo amigo de trabalho que era supervisor de adubo, o Alex. Conversando sobre o meu certificado, ele me falou de um treinamento que haveria e combinamos de ir. Fui à casa do Alex e no chão da casa dele tinha umas amostras de café para um concurso. Perguntei o que era e ele me incentivou, e mandei uma amostra do meu café faltando dois dias para se encerrarem as inscrições na BSCA. Uns quinze dias depois, recebi um telegrama que dizia que eu tinha sido aprovado na primeira fase do concurso e que precisava mandar 3 kg do café para a segunda fase. Liguei para o Alex para contar a novidade e eu o ouvia pulando do outro lado do telefone. Mandei as amostras. Descobri um lugar em Varginha para beneficiar. Na época eu já fazia terreiro suspenso e cereja descascado. Uns dias depois fui convidado a participar do encerramento do concurso. Classificaram dezoito cafés e eu fiquei com o primeiro lugar. Nunca imaginaria isso na minha vida. E eu de ônibus e não conseguia avisar minha família. Daí começou essa história maluca e minha vida mudou por completo. Em 2002 saiu meu Certificado Orgânico e comecei a dar muitas palestras e a passar o conhecimento pra frente.

Como estão os negócios agora?
O André, meu filho, formou-se em Engenharia Agronômica assim como eu, na mesma instituição, a Ufla. Trocamos muitas informações e conversamos bastante. Ele já faz parte da história porque eu estou deixando essa parte do café na mão dele. Há uns três anos estamos produzindo cafés fermentados, viajamos muito e nos aprimoramos também porque, do mesmo jeito que você ensina, você aprende. A fazenda tem cinco tipos de café hoje em dia; destes, 90% da safra de 2016 foi de cafés fermentados e o resto, natural. Para 2017 ainda vai ser definido o que faremos.

Como você faz café fermentado na seca vulcânica?
No preparo do café, eu coloco fermento nos tambores, controlando o pH. Quando chega ao pH desejado, acrescento os cafés cereja e coloco todos na estufa. Se a estufa apertar, já abro o terreiro e espero chegar ao ponto de vulcão. (O vulcão é um tipo de seca feita no terreiro. Ele ‘amontoa’ o café em formato vulcânico). Faço o processo de vulcão com qualquer tipo de café, mas nem sempre eu utilizo esse método. A grande vantagem do vulcão é aumentar o espaço de terreiro e diminuir o serviço, melhorando o aspecto do café. É um processo que eu acho muito legal e muito simples.

Qual a sua previsão para daqui a alguns anos?
Com o André me ajudando, minha previsão é colher umas 800 sacas daqui a uns três anos. Na safra atual colhi 200 sacas. Hoje, tenho dois clientes no Japão, um nos Estados Unidos e as cafeterias nacionais, às quais vendo microlotes, como Silvia Magalhães, Rause Café, Hoss Cafeteria, Aha! Cafés, 4 Beans, IL Barista, entre outros.

Você acha que esse mercado interno mudou?
Mudou muito. Em 2016 a procura por café especial foi muito grande. E, principalmente, pelo orgânico, que não tem muito.

É muito difícil manter o orgânico no Brasil?
Isso daí é princípio, é filosofia. É difícil porque as pessoas não embarcam nessa ideia de preservar a natureza. A pessoa que quer produtividade altíssima não vai entrar no orgânico porque, querendo ou não, a produtividade cai, mas também, hoje em dia, há muita tecnologia pra esse meio. Hoje existem muitos produtos que podem ser trabalhados no uso do orgânico. Falta o pessoal ter consciência e não pensar apenas em dinheiro. O pessoal acha que é muito difícil trabalhar sem usar venenos, mas não é; só é necessário se adaptar e mudar os hábitos. É preciso quebrar paradigmas e conceitos.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • FOTO Marcelo Furquim