Diversidade, produção, origem, qualidade, dedicação e cuidado, definem as mais de trinta regiões produtoras de café no País
Produzir café não é uma tarefa fácil, exige muito conhecimento, tempo, paciência e planejamento. Cuidados na lavoura, preocupação com custo, variedades a ser plantadas são questões que permeiam, na maioria das vezes, a vida de uma família inteira, cada um dos seus integrantes em suas funções na busca por um objetivo: café de qualidade e que agrade ao consumidor.
Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), 85% da produção total de cafés especiais vem de pequenos produtores. O Brasil é considerado o maior fornecedor de cafés especiais do mundo. Em 2020, a BSCA atualizou o mapa das origens produtoras do Brasil – que conta com mais de trinta zonas do cinturão cafeeiro – apresentando ao consumidor a grande diversidade de cafés que produzimos e valorizando cada região. Separamos as características de cada uma!
Acre
O estado utiliza os mesmos materiais genéticos da vizinha Rondônia, com o cultivo de robusta. Por isso, os cafeeiros são jovens, têm entre três e quatro anos, e recebem o emprego de tecnologias, como cultivo adensado e manejo de poda – em contrapartida às antigas lavouras abandonadas. Os plantios se concentram em Acrelândia e se desenvolvem no sistema de sequeiro ou irrigado. A boa precipitação de chuvas e o período seco mais curto da região favorecem o desenvolvimento das plantas.
Alta Mogiana
A cafeicultura é tão antiga na região que preenche capítulos na história do País entre os séculos XIX e XX. A cultura mantém tradição e importância por mais de 200 anos com plantios de arábica, que se estende por quinze municípios distribuídos em meio aos polos cafeeiros de Franca, Pedregulho e Altinópolis. Aroma de chocolate amargo, acidez cítrica e corpo balanceado compõem as principais características desse café, cultivado entre 900 e 1000 metros de altitude, com Indicação de Procedência (IP).
Atlântico Baiano
Localizado no sul da Bahia, esse polo, formado por 35 municípios, divide com outros dois (Cerrado e Planalto) a produção cafeeira do estado. Somente no Atlântico Baiano é cultivado o café conilon, que encontra boa luminosidade e clima para a produção, cujas lavouras têm recebido investimentos em irrigação e adensamento. Os grãos são processados por via úmida (cereja descascado e lavado), técnica comum entre os produtores de arábica.
Campo das Vertentes
Em maio, essa região, que cultiva arábica e no ano passado produziu cerca de 750 mil sacas de café, foi reconhecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) como mais uma área produtora de café em Minas Gerais, apesar de cultivar café desde 1860. O título é fundamental para agregar valor à produção, especialmente se for conquistada a Identidade Geográfica (IG). Por meio dela, a cafeicultura ganha visibilidade, investimentos e novos projetos. A região é composta de dezessete municípios, entre eles Santo Antônio do Amparo, que está a 180 quilômetros de Belo Horizonte; São João Del Rei; Conceição da Barra de Minas; Carmo da Mata. Destaque para variedades como bourbon amarelo, topázio, catiguá, catucaí amarelo e catuaí. Em novembro de 2020, a região conquistou a Indicação de Procedência.
Caparaó
Nas montanhas do Caparaó, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, os cafeeiros cultivados acima de 1.000 metros conquistaram, em fevereiro de 2021, o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Isso significa que o grão cultivado na região é singular, com qualidade e características ligadas unicamente a esse local, que resultam em bebida com aromas complexos, acidez delicada e corpo que varia de sedoso a cremoso.
Lavoura de café no Caparaó – Foto: Agência Ophelia
Ceará
É no Maciço do Baturité (a 100 quilômetros de Fortaleza) que o estado se destaca pelo cultivo de café sombreado no sistema agroecológico instalado em médias e pequenas propriedades rurais. A produção artesanal – que não ultrapassa 12 mil sacas -, que passa pelos processos de manejo, colheita e secagem, é comercializada dentro do próprio Ceará. Mas o intuito é expandir fronteiras, com o trabalho de entidades e cooperativas que buscam aumentar a produtividade e o reconhecimento do mercado de cafés especiais.
Cerrado Mineiro
A primeira região do país a receber a Denominação de Origem (DO) por seus cafés especiais, em 2013. Por sinal, os produtores de lá foram os pioneiros nesse tipo de cultivo hoje presente em 55 municípios localizados entre Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas. Os plantios em altitudes entre 800 e 1.300 metros, o verão úmido e inverno ameno e seco compõem o terroir que dá origem a uma bebida adocicada, com sabor de chocolate e acidez delicada. leia mais…
TEXTO Janice Kiss e Natália Camoleze