Mercado

Collab entre cafeteria e grafiteiros une café, arte e ação social em copinhos

Copos de todos os artistas que já fizeram parceria com a Coffee Walk

Arte de rua é algo que se vê de monte em São Paulo. De túneis a laterais (empenas-cegas) de prédios do centro, os desenhos tomam diferentes formas e cores e estampam obras de pequenos artistas, ainda desconhecidos, e de nomes importantes e mundialmente populares, como o do muralista Kobra. 

Outra coisa que pipoca pela cidade – e não, não estamos falando de unidades da OXXO – são cafeterias. Para relaxar, trabalhar ou só para pegar uma bebida, a capital paulista tem coffee shops de todos os tipos, para todos os gostos. Como dizem, São Paulo não pára. E para manter este ritmo, só tomando muito café. 

Esses dois assuntos prendem a atenção de Rodrigo Siqueira, sócio-fundador da Coffee Walk, cafeteria inaugurada em novembro de 2021 e que hoje em dia conta com duas unidades (na rua Fradique Coutinho, 165 e na rua Pamplona, 710). 

No início deste ano, Siqueira teve a ideia de unir arte e café nos copinhos utilizados pela casa. “Sempre fui entusiasta de arte urbana”, explica o empresário. “Pensei em aproveitar os copos, objeto de maior conexão em uma cafeteria e que, no nosso conceito, tem bastante associação com o to go, para unir minhas duas paixões: café especial e arte urbana”, complementa.

Deste então, oito artistas  já foram convidados para a parceria: Filipe Grimaldi, Sé Cordeiro, Serifa, Marcella Calado, Mariê Balbinot, Rimon Guimarães, Cauê Bohrer (Pé de Café) e, o mais recente, Claudio ISE, grafiteiro nascido no bairro paulistano do Cambuci e com mais de 30 anos de história nessa prática. 

Copos com as artes de Filipe Grimaldi (à esquerda) e de Mariê Balbinot (à direita)

A arte de ISE vai estampar os copos da Coffee Walk até o fim do ano. Além dos descartáveis, de papel, utilizados no dia a dia (que não têm custo adicional), é possível adquirir a versão reutilizável por R$ 18,90, que está à venda nas unidades da cafeteria e, também, nas lojas Grapixo e Print Shop, ambas na Galeria do Rock, todas na capital paulista. 

Todo o lucro obtido com a venda será revertido para uma ação social que entrega alimentos a moradores em situação de rua no centro de São Paulo. “A parceria com o ISE é a primeira ação social da Coffee Walk. Quando levamos a ideia, ele topou de imediato e, de forma muito gentil, não cobrou pela criação da arte do copo”, conta Siqueira.

Copo estampado com os desenhos em caneta Bic de Claudio ISE

Segundo ele, as colaborações fazem sucesso entre os clientes, e funcionam como uma ferramenta de divulgação de trabalhos artísticos. “Desde que iniciamos a ação, temos recebido vários contatos de artistas que querem participar”, comenta. “É uma relação ganha-ganha. Além de enfatizar e mencionar o nome e o Instagram do artista, geramos conteúdo, dando palco para eles se expressarem e contarem não apenas sobre a criação da arte, mas também sobre suas histórias e outros temas”.

A ideia é continuar unindo os dois assuntos, além de, sempre que possível, ajudar na transformação social da cidade. “Um sonho grande seria ter uma arte d’Os Gêmeos, do Speto ou do Finok em nossos copos”, projeta Siqueira. “O varejo permite alto impacto no público, e a ação dos copos permite a aquisição de uma arte que a gente admira de forma democrática e acessível”.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Xoxo Media

Mercado

Nespresso relança Nº20, café que levou 20 anos para ser desenvolvido

No último sábado (31), a Espresso foi convidada para provar o relançamento do Nº20, da Nespresso, na boutique da marca, na rua Oscar Freire, em São Paulo. A edição limitada está disponível para o público a partir de hoje (4), nos sistemas Original e Vertuo.

O café leva este nome por conta do seu tempo de criação: foram 20 anos para que os pesquisadores da Nespresso chegassem ao cruzamento ideal entre arábicas para criar a nova variedade (não divulgada pela marca), que destaca tanto o perfil sensorial na xícara quanto a produtividade no campo. 

Para o desenvolvimento da variedade misteriosa, foram feitos testes na Indonésia, na Nicarágua e na Colômbia – este último, o país escolhido para cultivá-la definitivamente por conta das altas altitudes. Hoje em dia, ela é plantada por 59 cafeicultores colombianos que fazem parte do Programa AAA de Qualidade da Nespresso, de promoção das boas práticas nas fazendas parceiras. Além disso, o Nº20 tem certificação Q pelo Coffee Quality Institute (CQI), organização sem fins lucrativos que reforça altos padrões de qualidade na indústria do café.

Durante a experiência, nossa equipe comprovou as notas sensoriais na xícara: o Nº20 entrega uma bebida suave, frutada e floral, com notas cítricas. No sistema Original, destacaram-se aromas de flor de laranjeira e de jasmim, e no Vertuo, o sistema de centrifugação do equipamento reforçou a doçura e o corpo da bebida.

O Nº20 já está disponível nas lojas da Nespresso e no site da marca. Por ser sazonal e de baixa produção, o café vem numa caixa com cinco cápsulas por R$ 90 (Original) ou R$ 110 (Vertuo).

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

Barista

Versado Cafés, de Recife, lança bebidas vencedoras de disputa entre baristas

Os seis vencedores da 3ª edição do Barista Signature

A 3ª edição do Barista Signature, competição feita pela rede de cafeterias Versado Cafés, de Recife (PE), premiou drinques que entrarão no cardápio das cinco unidades da marca. Os seis baristas vencedores (de dez competidores) terão suas criações disponíveis ao público até 2 de novembro, por R$ 17. 

A ideia da disputa é estimular a criatividade dos colaboradores. Parte dos lucros com a venda dos drinques é destinada aos criadores. Na primeira fase, em julho, os profissionais apresentaram bebidas com ou sem café como ingrediente. 

Jornalistas, influenciadores, coffee lovers, bartenders e baristas compuseram a comissão julgadora, que selecionou seis vencedores entre 18 bebidas. Alguns dos destaques foram o refresco de melancia (xarope de melancia e gengibre, cold brew, infusão de hibisco, água com gás e gelo), e o red spice (xarope de pimenta e morango, cold brew, água com gás, gelo e espuma de limão).

Refresco de Melancia, criação de Eduarda Nascimento, e o Red Spice, do barista Gisllan Portela

“O Signature é uma ótima oportunidade para testar coisas novas e entender a combinação de sabores na prática”, comenta Caio Lima, que participa desde a primeira edição, em 2021. 

De lá para cá, a competição avaliou mais de 40 criações. “Encontramos neste projeto uma maneira interessante e divertida de trabalhar a criatividade dos baristas, ajudando também que compreendam o passo a passo do desenvolvimento de uma nova bebida”, destaca Fernando Trajano Neto, gestor de operações da Versado.

Os baristas vencedores foram Eduarda Nascimento (criadora do Refresco de Melancia), Lívia Rodrigues, Gisllan Portela (criador do Red Spice), Sthefanny Freire, Lorena Lotario e Caio Lima. Confira aqui os ingredientes de cada bebida.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Cafezal

Entidades querem visibilidade internacional à sustentabilidade dos cafés capixabas

A Fazenda Camocim, que fez parte do rol de visitas da comitiva à cafeicultura do Espírito Santo, é a primeira do Brasil a receber selo internacional de agricultura regenerativa orgânica

Uma comitiva de representantes das principais entidades do setor cafeeiro e da ApexBrasil acaba de visitar a região de produção de cafés arábica e conilon do Espírito Santo (a informação é do site Em Dia ES).  

A jornada feita pela comitiva – com integrantes da ABICS (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) e Embrapa Rondônia – tem como objetivo aprofundar-se no conhecimento que envolve a qualidade de ambos os grãos e as práticas sustentáveis de seu cultivo no estado.  

Isso incluiu contato com cooperativas (Coabriel, Nater Coop e Cafesul) e visita a indústrias e propriedades cafeicultoras, como a Fazenda Camocim, em Domingos Martins, que acaba de receber um selo internacional de práticas regenerativas.

Concedida pela norte-americana Regenerative Organic Alliance (ROA), a certificação é um reconhecimento importante no mercado de cafés especiais, e é a primeira para os grãos no Brasil (há outras cinco fazendas certificadas pela ROA no Brasil para acerola, cana-de-açúcar e erva-mate). 

A ROA – organização sem fins lucrativos estabelecida em 2017 por um grupo de agricultores, líderes empresariais e especialistas em saúde do solo – certifica práticas agrícolas que regeneram o solo, preservam recursos hídricos, promovem o bem-estar animal e asseguram justiça e equidade sociais. 

O reconhecimento conquistado pela Camocim está em diálogo direto com o interesse global por práticas agrícolas sustentáveis e com a iniciativa das entidades do setor. 

Promovida pelo governo do Espírito Santo por meio da Seag (Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca) e do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a visita da comitiva é parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura Capixaba, que planeja uma série de ações. Entre elas, impulsionar as exportações de cafés do estado por meio da sustentabilidade, especialmente com as novas exigências ambientais da União Europeia que entram em vigor a partir de 2025.

“O Brasil precisa urgentemente assumir a narrativa sobre seus cafés mundo afora”, acredita o subsecretário de Desenvolvimento Rural, Michel Tesch. Para ele, há muitas “coisas não adequadas” sendo faladas sobre a realidade dos cafés brasileiros, tanto canéforas quanto arábicas. “Dizem que o Brasil é composto por grandes produtores mecanizados, mas 75% das propriedades no Espírito Santo são de pequenos produtores familiares”, ressalta.   

Tesch também reforçou o caráter integrativo da visita. “A partir dessa visita, podemos construir uma agenda conjunta para posicionar internacionalmente o Brasil com uma história completa”, acredita ele.

O ES tem na cafeicultura sua principal atividade agrícola (quase 70% das propriedades rurais são dedicadas ao cultivo do café), e foi responsável, ano passado, pela produção de 11,5 milhões de sacas de café conilon (o estado é o segundo maior produtor de canéfora do mundo) e 1,7 milhão de sacas de arábica, de acordo com a Conab. “O Espírito Santo tem qualquer perfil de café que qualquer mercado consumidor precisa”, garante Tesch. “Além disso, temos pessoas diversas, dedicadas e que têm o compromisso com a sustentabilidade, com entregar os melhores cafés do mundo”, aposta.   

Para o subsecretário, o ambiente global está “extremamente favorável”. “É o momento crucial para o Brasil assumir a liderança da cafeicultura mundial, se posicionando como uma origem de cafés sustentáveis”, estimula. “Vamos contribuir muito e seguramente seremos responsáveis pela manutenção dos cafés nos principais mercados mundiais”.

A viagem da comitiva incluiu visitas, também, à Realcafé, tradicional indústria do solúvel e ao Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo – que, entre outras atividades, faz os cuppings dos principais cafés de concurso da região. 

Dois outros produtores foram contemplados com a visita: Marcelo Coelho, produtor de conilons de qualidade e sustentáveis em Aracruz, e a família Avanci, parceira de pesquisas do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) com materiais de arábica mais produtivos e tolerantes a doenças, em Venda Nova do Imigrante. 

Camocim: orgânica e regenerativa 

Uma particularidade da ROA é que ela certifica somente fazendas orgânicas, ou seja, que não utilizam fertilizantes oriundos do petróleo, por exemplo. “A certificação pelo ROA tem o detalhe de considerar o caráter holístico de uma fazenda aliado à obrigação de que ela seja orgânica”, resume Henrique Sloper, proprietário da Camocim, que segue práticas biodinâmicas. 

O processo iniciou-se há mais de um ano e, com o selo em mãos desde junho, Sloper conseguiu mais oportunidades no mercado internacional. “Hoje em dia, compradores grandes internacionais, como Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, já exigem certificação regenerativa também”, explica Sloper, que aumentou sua presença no exterior ao entrar no mercado de cafés do Vale do Silício, norte da Califórnia (EUA), conhecido por ser o maior centro de inovação tecnológica e de empreendedorismo do mundo.

Diferentemente da ROA, certificações orgânicas e biodinâmicas não têm certificação para condições sociais. “Há um código de conduta, que não é fiscalizado”, explica o produtor. “A certificação do ROA é importante para quem tem preocupação social. Esse tipo de certificação vai espalhar-se pela Europa”, aposta. 

TEXTO Cristiana Couto • FOTO Agência Ophelia

Cafezal

Do gado ao café

Sítio da Torre, em Carmo de Minas, é conduzido pela quarta geração da família Coli

A história do Sítio da Torre, em Carmo de Minas (MG), remonta ao final do século XIX. Antônio Coli, imigrante italiano, envolveu-se com a agricultura ao comprar terras na região e plantar os primeiros pés de café para consumo próprio. 

A propriedade passou de mão em mão até que Paulo Coli, quarta geração da família, assumiu e passou a cuidar da criação de gado e cavalos. Um dia, resolveu investir na pequena lavoura de café. “Meu pai cuidava de tudo, até que, em 1993, sofreu um acidente e perdeu completamente a visão. Optou, então, por dividir o sítio entre os sete filhos”, conta Álvaro Coli. 

Quatro dos sete irmãos se uniram, compraram as partes dos demais e fundaram o Sítio da Torre. Com cuidados básicos nas fases de pré e pós-colheita, os irmãos Álvaro, Marisa, Lilian e Maria Elisa, além de seus cônjuges, passaram a analisar cada detalhe do solo, embora o café fosse vendido como commodity.

“A gente começou a investir dinheiro, sem muito retorno, até 2000, quando ouvimos sobre o especial”, conta ele, elogiando a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), que os ajudou nesta nova percepção. “Fomos pesquisando e aprendendo com outros produtores”, conta Álvaro Coli. 

Gustavo, Andressa, Adila, Álvaro e Jaqueline Coli unidos na produção dos cafés especiais

Rumo aos especiais

Foi assim que a família apostou na mudança para os grãos especiais, um processo longo e que deveria ser compreendido por todos os que atuam em cada etapa da produção. 

“Começamos com 15 mil pés, espaçamento de forma antiga, com mil plantas por hectare”, diz Álvaro (em nossa visita para esta reportagem, já haviam sido redimensionados para 5 mil por hectare). Substituíram as lavouras e, em 2003, participaram do Cup of Excellence, com cafés descascados. Foi a primeira vez que participaram de um concurso, ficando entre os trinta melhores. Em 2015, conquistaram o sétimo lugar.

A dedicação e a busca constante por melhores processos de plantio, colheita e pós-colheita trouxeram reconhecimento ao Sítio da Torre, contribuindo com a produção na região. Álvaro é quem acompanha cada detalhe da produção. “Coloco para cada talhão o nome, espaçamento, variedade, análise de solo, qual foi esqueletado, e analisamos tudo”, explica ele, com seu pequeno caderno em mãos. “Geralmente, comparamos com os três anos anteriores e conseguimos validar o que precisa ser melhorado, ao lado do engenheiro agrônomo da Cocarive [cooperativa onde Álvaro trabalha] e de técnicos.” 

O Sítio da Torre cultiva diversas variedades de arábica – como bourbons amarelo e vermelho, arara, gesha e acaiá –, nos processos natural e descascado, e exporta para outros países. Em parceria com a Unique Cafés, recebe visitas guiadas, nas quais se conhece cada detalhe da produção e torrefação. 

Há dois anos inaugurou o cabana, um chalé para hospedagem no meio dos pés de café (atualmente, são dois deles). O lugar conta, até, com uma minicozinha – uma ótima oportunidade de desfrutar a vista durante o preparo de um café, por exemplo. 

A região 

Carmo de Minas conta com pouco mais de 15 mil habitantes. A região se destaca pelo cultivo de café, seguido de leite e milho. A malha rodoviária conecta a sede municipal a vários centros econômicos importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. 

Informações oficiais indicam que, entre março de 1812 e fevereiro de 1814, foram doados terrenos à Nossa Senhora do Carmo para a fundação do arraial e da freguesia do mesmo nome. Essas terras, hoje em dia, constituem a cidade, que naquele tempo pertencia ao município de Pouso Alto. Ao ser elevada a distrito, em 1841, a denominação mudou para Carmo do Rio Verde. Foi emancipada em 1901 e mudou o nome para Silvestre Ferraz, até 1953.

Em 2011, a Mantiqueira de Minas foi reconhecida como Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) e, em 2020, como Denominação de Origem (DO), pela tradição e reputação em produzir cafés especiais com perfil sensorial diferenciado. 

Entre os seus municípios, destaca-se Carmo de Minas, que conquistou muitos prêmios. Na região, outras cidades de relevância na produção são Conceição das Pedras, Paraisópolis, Jesuânia, Lambari, Cristina, Dom Viçoso e Pedralva.  

Para saber mais:

Sítio da Torre
Onde: Carmo de Minas (MG)
Região: Mantiqueira de Minas
Variedades: bourbon amarelo, bourbon vermelho, catuaí amarelo, catuaí amarelo 62, catuaí vermelho, catucaí amarelo 2 SL, catucaí amarelo 24/137, catucaí amarelo 785, gesha, arara amarelo, obatã vermelho e acaiá
Colheita: manual, manual seletiva e derriçadeira
Altitude: 1.100 a 1.300
Processamentos: CD, natural, lavado
Sacas por ano: 1.500 (em média)
Área plantada: 65 hectares (45 ha de cafés)

Texto originalmente publicado na edição #78 (dezembro, janeiro e fevereiro de 2023) da Revista Espresso e editado em setembro de 2024. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Tribus Studio

Mercado

Espresso&CO recebe evento de lançamento de cafés Single Origin da Eldorado Specialty Coffee

Na última sexta-feira (30), o espaço da Espresso&CO recebeu o evento de lançamento da coleção Single Origin, da Eldorado Specialty Coffee. Fechado para convidados, o cupping contou com a presença de mestres de torra e donos de cafeterias de diferentes cidades do Brasil, que experimentaram em primeira mão a novidade.

A edição foi inspirada na música. Por isso, cada uma das quatro categorias recebeu o nome de um gênero musical – MPB, Rock, Blues e Jazz. E a ideia foi justamente combiná-los com o sensorial dos lotes pertencentes ao grupo. “Buscamos combinar o balanço do gênero com o tipo de processo dos cafés”, destacou Marcos Kim, gerente de qualidade e pós-colheita da Eldorado.

De acordo com Kim, os lotes da categoria MPB, por exemplo, são os cafés naturais que secaram em terreiro de cimento. Os frutos, das variedades catucaí 2SL e catuaí 99, resultam em uma bebida frutada, doce e delicada. Já os lotes do Rock, compostos por grãos de catucaí 2SL, acaiá, arara, catuaí vermelho e paraíso, trazem um sensorial frutado mais exótico, resultado do processo de fermentação anaeróbica. 

Os cafés do Blues, segundo Kim, também trazem um sensorial exótico, mas com notas mais finas e rebuscadas, além de um corpo destacado. Os grãos deste grupo são das variedades castilho e bourbon amarelo, naturais e fermentados. Por último, o Jazz traz lotes lavados (fully washed, honey e cereja descascado), que resultam em bebidas mais encorpadas, limpas e de acidez equilibrada. Os lotes dos quatro gêneros já estão disponíveis para compra.

“Depois que fizemos algumas viagens pela Europa, vimos que as pessoas estão abordando e apresentando cafés de formas bem criativas e diferentes, a fim de chamar a atenção do jovem, que hoje é um público expressivo e importante no mundo dos cafés especiais”, explicou Kim. “Dessa forma, acabamos criando um evento onde reunimos as melhores torrefações aqui no espaço da Espresso&CO, para provarmos esses cafés juntos, conversamos sobre os grãos e os processos, e fazermos essa conexão pessoal, de vínculo, que nós achamos muito importante”, finalizou.

Para os consumidores finais, o evento também lançou a parceria entre a Eldorado, a torrefação paulistana Pato Rei e a Café Store, nosso e-commerce com loja física no bairro da Santa Cecília. Chamado de microlote Camafeu, tem perfil doce e notas de nozes, chocolate e chá preto, e pode ser adquirido na Café Store (rua Barão de Tatuí, 387). 

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

Cafezal

Origens do café participam de evento em Gramado (RS)

Foto: Rafael Cavalli

Doze origens de café participam da segunda edição do Connection Terroirs do Brasil, evento que acontece em Gramado (RS) até dia 31 (sábado) e que reúne 51 das 118 indicações geográficas brasileiras (confira a lista dos grãos participantes no fim do texto).

Além do café, produtos como espumantes (de Altos de Pinto Bandeira), queijo (da Serra da Canastra), arroz (do litoral gaúcho) e cacau de Rondônia estão arranjados em estandes distribuídos na rua Coberta, onde acontece a feira de negócios do evento, que conta ainda com workshops de gastronomia e palestras – estas, alocadas no Cine Embaixador, onde acontece o aclamado Festival de Cinema da cidade.

“As indicações geográficas são um instrumento de promoção ao desenvolvimento econômico, cultural e social”, resume Maria Isabel Guimarães, gestora estadual das indicações geográficas do Sebrae Paraná. O Sebrae é correalizador do Connection Terroirs do Brasil, organizado pela Rossi e Zorzanello. É um evento para promover os produtos de origem”, define Eduardo Zorzanello, CEO do evento.

Em sua palestra na manhã desta quinta (29), Maria Isabel destacou que, só em seu estado, 12 novos produtos estão com pedidos de indicação geográfica depositados no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).

Essa busca paranaense mostra a relevância que as indicações geográficas ganharam no país. Denominações de Origem, Indicações de Procedência ou Marcas Coletivas são estratégias que, cada qual a seu modo, criam valor para os produtos locais, preservam patrimônios culturais e desenvolvem o turismo local – este último, o outro cerne do evento, que busca interligar turismo às origens (cerca de setenta setores estão envolvidos na cadeia do turismo).

Mas, para um produto adquirir e manter seu valor, é preciso rastreabilidade. “O coração de uma indicação geográfica é o controle”, ensina Hulda Giesbrecht, coordenadora de negócios de base tecnológica e PI do Sebrae Nacional, em sua palestra “A origem é o nosso destino”, em que destacou a importância de uma plataforma de controle. “Esta plataforma começou com o café [produto que conta atualmente com 15 indicações geográficas] e a ideia é expandi-la para outros produtos, como mel e queijo”, explica Hulda.

A Digitalização das IGs de Café, iniciativa inédita no Brasil, é um sistema para controle e a rastreabilidade das regiões produtoras de café, além de servir como referência para a qualidade e origem dos grãos produzidos no país. Na quinta, a divulgação das origens do café contou com a presença da campeã brasileira de barismo de 2019, Martha Grill, e Carolina Franco, que degustou com o público as indicações geográficas do grão.

Para quem visitar o Connection Terroirs do Brasil (inscrições e mais informações aqui), há ainda um circuito gastronômico, e a credencial permite acesso gratuito em mais de dez parques da região – uma das muitas belezas de Gramado.

IGs de Café participantes:

  • Alta Mogiana
  • Canastra
  • Caparaó
  • Mantiqueira de Minas
  • Matas de Minas
  • Matas de Rondônia
  • Montanhas do Espírito Santo
  • Norte Pioneiro do Paraná
  • Região de Barça
  • Região de Pinhal
  • Região do Cerrado Mineiro (DO)
  • Sudoeste de Minas

TEXTO Cristiana Couto

Cafeteria & Afins

Fintech Nomad abre cafeteria em frente ao consulado americano em São Paulo

O Nomad Coffee serve cafés e refeições ao público, mas tem mimos para clientes

O Nomad Coffee abre as portas nesta quarta (28) em frente ao Consulado Geral dos Estados Unidos da América, na Chácara Santo Antônio, zona sul de São Paulo. 

A cafeteria é o segundo espaço da fintech brasileira Nomad, cujo objetivo é dar apoio ao público, clientes ou não, que tem planos para viajar – o primeiro é uma sala VIP exclusiva para clientes do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Com ar moderno e despojado, a cafeteria escolheu os grãos da Fazenda Eldorado, do produtor Jean Faleiros, em Ibiraci (MG), para compor o cardápio, com bebidas, sucos e refeições rápidas (como o sanduíche de pão integral com queijo branco, tomate orégano e geleia de damasco). A torra da variedade arara é feita pela torrefação paulistana Over Coffee Roasters, e o café é servido nos métodos espresso (que pode vir acompanhado de brigadeiro de quindim, palha italiana e petit four de gengibre) e coado.

Além de atender o público que passa pela região ou aguarda nas longas filas em frente ao consulado, o Nomad Coffee oferece comodidades aos clientes, como espaço exclusivo com lockers, serviço de impressão e, até, guarda-chuvas.

A Nomad é uma fintech que oferece aos brasileiros uma conta bancária nos Estados Unidos além de uma plataforma de investimentos internacionais, e hoje conta com mais de 2 milhões de contas. 

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Henri Dunant, 583
Bairro Chácara Santo Antônio
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Horário de Atendimento Segunda a sexta, das 7h às 16h (exceto quartas e feriados nacionais e norteamericanos)
TEXTO Cristiana Couto

Tecnologia e conhecimento num grão de café

O café é, sem dúvida, uma das bebidas mais populares em todo o mundo. Mas você já parou para pensar em toda a ciência e tecnologia envolvidas em um simples grão de café? Não é apenas por trás de smartphones ou carros elétricos que encontramos tecnologia de ponta. Se, de um lado, desenvolvemos semicondutores, velocidade de processamento ou autonomia de bateria, no café, investimos em melhoramento genético, agricultura de precisão, monitoramento do clima, processos de pós-colheita e rastreabilidade.

A planta café, que teve sua origem na Etiópia há milênios, chegou ao Brasil na terceira década do século XVIII. Hoje, se somos o maior produtor, maior exportador e protagonista em qualidade e sustentabilidade do grão, devemos estas conquistas ao investimento robusto em ciência e pesquisa nos últimos 50 anos, aliado a uma vontade inquebrantável de fazer o melhor possível e de sermos personagens fundamentais dessa história.

Marcos importantes na história do café brasileiro foram a fundação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em 1887, e o trabalho com café da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a partir de 1998, com a formação do Consórcio Pesquisa Café. O IAC, além de promover pesquisas e estudos de diferentes culturas, também foi responsável pela criação de cultivares de café mais produtivas e resistentes a pragas e doenças como, por exemplo, o catuaí amarelo IAC 62, décadas atrás, que se tornou uma das principais no Brasil. Já a Embrapa, que atua no desenvolvimento de tecnologia de cultivo e processamento, além de capacitar produtores, tornou nossas lavouras mais produtivas e competitivas nos mercados nacional e internacional.

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Consórcio Pesquisa Café, em 1990, a produtividade média do grão brasileiro era de 8 sacas por hectare. Em 2022, esse número saltou para 28 sacas por hectare, representando um aumento de 250% (há regiões em que a produtividade chega a mais de 50 sacas por hectare). Esse crescimento também é evidente quando se verifica a produção total de cafés no país. Em 1990, o Brasil produziu cerca de 19 milhões de sacas em uma área de 2,4 milhões de hectares, enquanto em 2022 foram 51 milhões de sacas em uma área de 1,87 milhões de hectares, um aumento de 150%. Por fim, em 2022, o Brasil foi responsável por cerca de 30% das exportações mundiais do grão, o que gerou uma receita de quase US$ 9,23 bilhões, conforme dados do Conselho dos Exportadores do Café do Brasil (Cecafé).

Em termos de sustentabilidade, o Brasil também vem apresentando avanços significativos na cafeicultura. Somos um dos líderes na implementação de práticas sustentáveis, como o uso de sistemas agroflorestais, que promovem a diversificação de culturas e a proteção do meio ambiente. A adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono, como a utilização de resíduos da colheita como fonte de energia, também tem sido uma realidade nas lavouras nacionais.

Além disso, o Brasil desponta como o principal fornecedor global de cafés sustentáveis, com 33% do volume comercializado neste setor (em 2021, segundo o Cecafé, o total de cafés sustentáveis somou 1,6 milhão de toneladas). O país, por fim, tornou-se referência na produção de grãos de qualidade, com um crescimento expressivo na exportação de especiais – cafés com pontuação superior a 80 pontos (num total de 100) na escala da Associação de Cafés Especiais (SCA). Em 1990, exportamos apenas 483 mil sacas de cafés especiais, mas em 2022 esse número alcançou 10 milhões de sacas – um aumento de mais de 1.970%.

Esses avanços têm contribuído não apenas para o aumento da produção e da qualidade da bebida mas, também, para a preservação do meio ambiente e o incremento das condições socioeconômicas dos cafeicultores nacionais. Dessa forma, o país consolida-se como um dos principais protagonistas do mercado global de cafés, sustentável e de alta qualidade.

Para os cafés do Brasil, continua valendo a máxima: “colhemos o que plantamos” – com muita tecnologia e pesquisa.

Caio Alonso Fontes é formado em administração de empresas e é cofundador da Espresso&CO. Coluna publicada na Espresso #83 (março, abril e maio de 2024).

TEXTO Caio Alonso Fontes • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Mercado

Starbucks chega ao Equador com 5 lojas

Unidade Starbucks no Scala Mall, centro de compras e restaurantes no bairro de Cumbayá, em Quito

Neste mês, a Starbucks Coffee Company anunciou a abertura de cinco lojas no Equador. A novidade representa o 87º mercado global da marca e o 25º na América Latina e no Caribe (LAC) – só na região, são pouco mais de 1.700 unidades da Starbucks.

A primeira cafeteria aberta está localizada no Scala Mall, centro de compras e restaurantes no bairro de Cumbayá, em Quito. Já a segunda foi inaugurada em 22 de agosto, no Condado Mall, também na capital, seguida por uma loja no Centro Comercial Iñaquito, programada para outubro, e outras duas previstas para 2025.

As lojas Starbucks no Equador serão operadas pela Delonorte S.A., uma subsidiária da Delosi, que administra 120 lojas da marca no Peru e sete lojas na Bolívia. A Delosi tem sido parceira comercial licenciada da Starbucks desde 2003, quando a operadora inaugurou a primeira loja da rede na capital peruana.

Conhecido por sua rica história na produção de café, o Equador é um mercado com uma cultura cafeeira próspera. De acordo com Ricardo Arias-Nath, svp e presidente da Starbucks na América Latina e no Caribe, a empresa adquire, há mais de uma década, cafés de qualidade do país. “E, com a abertura da nossa primeira loja no mercado, esperamos criar momentos de conexão com o café para os clientes equatorianos e dar continuidade às ricas tradições cafeeiras inerentes à região”, afirma.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação
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