Mercado

Jean Dujardin estrela novo comercial da Nespresso ao lado de George Clooney

Foto: Reprodução YouTube “O quão longe você iria por um Nespresso?”, pergunta o novo comercial da marca. Para conseguir uma xícara do café, o garoto propaganda, George Clooney, tendo como cenário o Lago de Como, na Itália, até troca seu belo sapato por um par de Havaianas do ator francês Jean Dujardin, que estrela o novo filme publicitário da Nespresso ao lado de Clooney. No comercial da nova campanha, intitulada “How Far” (quão longe, em português) e em divulgação a partir de 18 de novembro no Brasil, Clooney faz de tudo para conseguir a última cápsula disponível e brincar um pouco com o companheiro de cena. Em entrevista ao site Business and Leadership, Durjadin disse gostar do humor por trás das campanhas da Nespresso e que se divertiu

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ao trabalhar com Clooney. Segundo executivos da marca, a campanha vai ainda convidar, por meio de interações em redes sociais e sites, coffee lovers do mundo todo para fazer parte da história. A ideia é saber o que eles estariam dispostos a fazer para conseguir seu Grand Cru Nespresso favorito. Confira abaixo o novo vídeo.

FOTO Reprodução/YouTube

Mercado

BSCA define nova diretoria

Foto: Café Editora

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) realizou, no dia 1º de novembro, Assembleia Geral Ordinária, na qual foi definida a composição de seus Conselhos Diretor e Fiscal para o próximo biênio, cujo mandato terá vigência de 1º de dezembro de 2014 a 30 de novembro de 2016.

Conforme a definição dos associados, o novo Conselho Diretor será composto por Sílvio Leite, Javier Faus Neto, Maria Dircéia Mendes, Luiz Paulo Dias Pereira Filho, José Francisco Pereira, Henrique Sloper, Adolfo Henrique Vilela, Marcos Mendes Reis e Edgard Alexandre Bressani. O Conselho Fiscal para o próximo biênio será composto por Luiz Otavio Franco de Souza, José Renato Gonçalves Dias, Antonio de Azevedo e Silva Jr., Marco Suplicy, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues e Carmem Lúcia Chaves de Brito.

Ao tomar posse no dia 1º de dezembro, os conselheiros terão como primeira missão a definição do presidente e do vice-presidente, os quais comandarão a entidade no próximo ano, entre 1º de dezembro de 2014 e 30 de novembro de 2015. Tudo indica que o próximo presidente será o especialista em classificação, degustação e controle de qualidade de café, Silvio Leite, que atua nas empresas Proud & Agricafé Cafés Especiais.

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

Receitas

Milk-shake de café

Milk-shake de café

Ingredientes
• 3 bolas de sorvete de café
• 200 ml de leite integral
• caldas de chocolate e caramelo

Preparo
Bater o chocolate com o leite em agitador de milk-shake ou liquidificador. Servir em copo com as caldas nas bordas.

Rende
1 milk-shake

Sugestão de sorvete de café da Espresso
Ingredientes

• 4 ovos
• 2 latas de creme de leite
• 2 colheres (sopa) de café solúvel café solúvel liofilizado (100% arábica)
• 1 xícara (chá) de leite fervente
• 1 xícara (chá) de açúcar

Preparo
Bata as gemas e a metade do açúcar. Junte o leite e bata até obter um creme. Transfira para uma tigela refratária e leve ao fogo em banho-maria. Cozinhe, sem parar de mexer com um batedor manual, por 4 minutos, sem deixar ferver. Retire do fogo e reserve. Misture em uma panela o açúcar restante e ½ xícara (chá) de água. Leve ao fogo, sem mexer, até obter uma calda em ponto de fio grosso. Retire do fogo, salpique com café solúvel e reserve. Bata as claras na batedeira até obter o ponto de pico. Sem parar de bater, junte a calda bem quente, aos poucos, e continue a bater até obter um merengue brilhante. Incorpore o creme de leite batido rapidamente à parte, mexa com cuidado e, por fim, adicione o creme de gemas. Despeje em uma tigela e leve ao congelador de um dia para o outro.

Rende 4 porções

FOTO Rogério Voltan • RECEITA Sorveteria Stuppendo

Mercado

Ateliê do Café encerra operações em Valinhos

Laboratório em Valinhos (SP) foi transferido para Patrocínio (MG). Torrefação e venda ficará com parceiros.

Laboratório em Valinhos (SP) abrigava Centro de Treinamento e Torrefação (CEPEC) e degustações e cursos.

Laboratório do Ateliê do Café Daterra fechou em setembro, em Valinhos (SP), e transferiu a torrefação e a venda do café para parceiros. A torrefação Villa Borghesi, de Marcos Jannuzzi, está responsável pela torra e atendimento de cafeterias e restaurantes. E a venda para apreciadores será feita pela Nossa Casa Café, em Amparo (SP). Com o objetivo de unir todas as etapas da cadeia cafeeira, o Ateliê do Café Daterra montou um laboratório e showroom em Patrocínio (MG), dentro da fazenda. Para coordenar a área de qualidade, a empresa contratou recentemente a barista Cecilia Sanada. A Fazenda Daterra, localizada no Cerrado Mineiro, tem como foco a venda do café verde para torrefadores e cafeterias nacionais e internacionais. Foi a primeira no Brasil a conquistar a certificação Rainforest Alliance. A novidade neste ano é que a equipe da Daterra preparou um total de seis micro e nanolotes de café da safra atual, que batizou de Masterpieces. Os cafés receberam os nomes de Peróla Orgânica, Joia Orgânica, Jardim Laurina, Supernatural, Essência e Sobre Maduro. Serão oferecidas, no máximo, seis sacas por lote, em leilão pela internet em 2 de dezembro. Para informações http://coffee.stoneworks.com/auction/

FOTO Guilherme Gomes/Café Editora

Mercado

Exclusivo: Suplicy terá cápsula compatível com sistema Nespresso

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Loja própria do Suplicy Cafés Especiais na Alameda Lorena, em São Paulo (SP).

A marca paulistana, nascida em 2003, começará, muito em breve, a vender cápsulas compatíveis para máquinas da Nespresso. Depois de pesquisa realizada com consumidores, o proprietário, Marco Suplicy, avaliou que o melhor seria ter um blend único. “Ainda estamos estudando se teremos descafeinado”, ele comenta. A operação começará logo. As cápsulas estão sendo produzidas em Ribeirão Preto (SP) pela Kaffa e o café, provavelmente, será da região do Cerrado Mineiro, já que o empresário arrematou sacas dos finalistas do II Prêmio da Região, em 30 de outubro. Vamos aguardar.

FOTO Divulgação

CafezalMercado

Cerrado Mineiro premia os melhores cafeicultores da região

Foto por Mariana Proença

O produtor Eduardo Pinheiro Campos, das Fazendas Dona Nenem e São João Grande, de Presidente Olegário, levou o 1º lugar da categoria Natural, com café de 91,25 pontos

A região do Cerrado Mineiro é a primeira, e por enquanto, a única no Brasil a possuir o status de Denominação de Origem para café.

Desde o ano passado, a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, em parceria com o Sebrae, criou o Prêmio Região do Cerrado Mineiro, para prestigiar os cafeicultores locais. Hoje são 55 municípios e 4.500 produtores.

Mas a história começou na década de 1970, quando cafeicultores migraram do Paraná após uma geada que dizimou os cafezais. Frente a esta dificuldade, surgiram empreendedores que começaram a desbravar as cidades e plantar café onde nunca se havia imaginado existir terreno fértil.

Em 2013, após longo processo junto ao INPI, a região conquistou o título de Denominação de Origem, que atribui características especiais a uma região e produto. Em meio a 600 pessoas, a Espresso acompanhou dentre autoridades, cafeicultores, torrefadores, cafeterias, cooperativas e baristas, o Prêmio anunciado no Center Convention, em Uberlândia (MG). Vinte finalistas nas categorias natural e cereja descascado foram anunciados, além de homenagens aos técnicos de campo e compradores dos lotes campeões. leia mais…

TEXTO Mariana Proença • FOTO Café Editora

Quando um café faz toda a diferença…

Draft

Quem já foi ou vai com frequência à Nova York sabe que a maioria dos hotéis não oferece café incluído na diária. Quando existe a opção de café da manhã, o valor é geralmente exorbitante, o que leva muita gente a procurar algo para comer na rua logo cedo. E que falta faz um cafezinho! A gente só percebe quando fica sem…

Para aqueles que preferem fugir da onipresente Starbucks e tomar um café diferenciado em um ambiente inspirador, boas notícias! Há excelentes opções de cafeterias independentes ou pequenas redes espalhadas pela cidade; muitas com unidades próximas a hotéis interessantes, o que pode “resolver a vida” dos viajantes que assim como eu precisam de um bom café para começar o dia!

Confira abaixo sugestões de hotéis com boa relação custo-benefício e em cujas imediações ficam algumas das melhores casas de café de NY:

MIDTOWN
Ace Hotel – 20 West 29th Street

No coração de Midtown, o descolado Ace Hotel fica num edifício antigo totalmente renovado. Além de ótimos restaurantes, tem uma filial da cafeteria Stumptown (original de Portland) no lobby, que serve ótimos espressos. Nem é preciso sair do hotel para provar um excelente café!

MIDTOWN EAST
Pod 51 Hotel – 230 East 51st Street
Double Tree by Hilton Metropolitan – 569 Lexington Avenue

O Pod 51 é ótima opção de hospedagem econômica em boa localização. Com quartos diminutos (o nome já diz tudo: pod = cápsula) que podem ou não ter banheiro compartilhado, o hotel tem preços acessíveis, Wi-Fi grátis e atrai um público jovem. Pertinho dele fica o Double Tree by Hilton Metropolitan, muito procurado pelos brasileiros. Com estação de metrô na esquina e apenas quatro quadras da Quinta Avenida, é confortável e tem bom preço. E o cookie quentinho, servido no check-in, conquista qualquer mortal!

Ambos ficam a uma curta distância do Café Grumpy (dentro do Grand Central Terminal), que torra blends próprios in-house e é uma das cafeterias preferidas dos nova-iorquinos. Além de ótimos filtrados, tem também comidinhas deliciosas!

CHELSEA
Hôtel Americano – 518 West 27th Street

Hotel cool, com decoração minimalista e camas de tatame no coração do bairro. Tem iPad nos apartamentos, ótimos bares e restaurantes, e atrai um público moderninho. Perto dali ficam duas opções incríveis de café: o Blue Bottle Coffee no parque suspenso High Line (precisamente em cima da West 15th Street), aberto diariamente das 9h às 19h, servindo espressos e filtrados excelentes; e o Ninth Street Espresso, dentro do Chelsea Market, que desde 2001 serve cafés top de origens variadas, torrados em torrefação própria, no Brooklyn.

SOHO/NOLITA
The Bowery House – 220 Bowery Street

Da geração de hostels modernosos, o Bowery tem história pra contar: seus quartos espartanos com banheiros compartilhados seguem a estrutura antiga do prédio, que nos anos 1940 funcionou como hospedaria para soldados retornando da Segunda Guerra, que ali dormiam em “cabines” individuais. O hostel tem ambiente descontraído e um rooftop gramado, de onde se descortinam lindas vistas dos arredores. A localização é imbatível!

Próximos ficam a super charmosa Two Hands, com bons cafés e pratos gostosos e, na Lafayette Street, a La Colombe, uma das queridinhas da atualidade: com ambiente clean, é focada na experiência de se degustar um café de qualidade, mesmo que isso possa significar um serviço vagaroso para os mais apressadinhos!

*Maria Fernanda Brando é hoteleira, apaixonada por viagens, livros e café, e fundadora da TravelBox, empresa de consultoria para viagens e roteiros personalizados. Com mais de 25 países carimbados no passaporte, elabora roteiros independentes e criativos, para destinos ao redor do mundo. Para falar com a colunista: www.travelbox.com.br / contato@travelbox.com.br / (11) 99738-8089 / No Facebook: travelboxviagens

FOTO Divulgação

Francês sem frescura

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A coluna desta edição da revista Espresso foge, um pouco, da sua proposta original. Em sua estreia, me propus a apresentar, a cada edição, como cada chef, brasileiro ou não, busca trilhar seu caminho em busca de uma cozinha de caráter mais autoral, caminho este pautado por certas tendências culinárias.

A cozinha atual, aqui e praticamente no mundo inteiro, pressupõe a interrogação, a reflexão e a pesquisa de matérias-primas (principalmente locais), bem como a aplicação de novas técnicas culinárias para a consolidação deste novo momento gastronômico. No Brasil, esse movimento de chefs, jovens em sua maioria, foi apelidado pelo crítico gastronômico da Folha de S.Paulo, Josimar Melo, de “cozinha bossa-nova”, num esforço de nomear tal renovação da cozinha brasileira.

O chef Chico Ferreira, entretanto, vai na contramão desta tendência. Jovem como tantos protagonistas da cozinha bossa-nova, o cozinheiro buscou numa velha fórmula o segredo de seu sucesso. Com filas de espera diariamente na porta, o Le Jazz, do qual é sócio ao lado do jovem Gil Carvalhosa Leite, destaca-se no cenário gastronômico paulistano. “Quando optei por cozinhar, fiquei em dúvida de qual dos tantos modelos de cozinha seguir”, conta Ferreira. “Sempre me cansou esse universo de restaurante onde tudo é caro. Algumas cozinhas são muito bacanas, mas muito caras de se fazer, e a sua clientela se restringe aos ricos”, completa.

Assim, na via contrária à da cozinha de vanguarda, surgiu o Le Jazz Brasserie. Inaugurado no final de 2009, o Le Jazz foi inspirado nos bistrôs parisienses, cidade em que Chico Ferreira construiu sua prática culinária. A fórmula é simples, sem pompa ou circunstância: pratos franceses simples e baratos, servidos sobre jogos americanos de papel, ilustrados com ícones do jazz. O cardápio é povoado de ofertas clássicas, como moules et frites (mexilhões com batatas fritas), boudin noir (linguiças de sangue à moda francesa), filet au poivre (com pimenta e acompanhado de batatas fritas), cassoulet (cozido de feijão e carnes, servido aqui apenas nos fins de semana), escargots, terrines, quiches, omeletes. “Tentei reproduzir no Le Jazz meus pratos prediletos, o que eu comia em Paris”, conta o cozinheiro. Pois, em sua experiência na capital francesa, o cozinheiro não comeu, nem tampouco trabalhou, em restaurantes de alta gastronomia. “Em Paris, trabalhei num bistrô e percebi que não tinha nada em São Paulo parecido com aquela comida, aquela informalidade”, explica. “Foi assim que surgiu a ideia de montar um pequeno restaurante francês, que fugisse da nouvelle cuisine”.

O sucesso do Le Jazz não pode ser explicado apenas pela comida, descomplicada e bem-feita, mas por um conjunto de fatores. Ele vai na contramão dos preços, cada vez maiores, praticados pelos restaurantes paulistanos. Foge, também, de uma certa formalidade excessiva de muitos de seus salões: o Le Jazz é um lugar despojado, barulhento e agitado (além de apertado, no caso da matriz), como um boteco – ou um bistrô parisiense. Tem guardanapos de papel, água de graça e vinhos em taça. Bem diferente dos românticos (e caros) restaurantes fraceses, tradicionais na cidade. Há, ainda, o ponto, na movimentada rua dos Pinheiros, no bairro de mesmo nome. “Queria um restaurante numa rua que tivesse fluxo de pedestres, gente de bairro”, comenta Ferreira. E, para arrematar, tem a presença constante da dupla e um bom time. “Investimos muito na equipe. Meu subchefe entrou aqui lavando pratos. O crescimento do Le Jazz está muito relacionado a essas pessoas”, diz o cozinheiro. O sucesso gerou crescimento. Hoje, a dupla tem mais duas casas em São Paulo, no shopping Iguatemi e nos Jardins. “Durante algum tempo, muitos jovens cozinheiros almejaram esse universo da cozinha de vanguarda e seu glamour. Mas cabem dez Alex Atala em São Paulo?”, questiona Chico. Provavelmente não. Mas, com certeza, cabem ainda muitos restaurantes como o Le Jazz na capital paulista.

*Cristiana Couto é jornalista especializada em gastronomia e autoria de Arte de Cozinha – Alimentação e Dietética em Portugal e no Brasil (sécs. XVI-XIX), Senac São Paulo, 2007. (sejabemvinho.blogspot.com.br). Fale com a colunista pelo e-mail nacozinha@revistaespresso.com.br

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Eles passarão, eu cafezinho

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A língua está em constante mudança e as palavras sempre em processo de evolução. Assim como o café também. Alguns vocábulos caem em desuso, assim como alguns métodos de preparo ganham releituras. A estruturação e a origem das palavras e dos hábitos têm vida. É disso que vou falar hoje.

Pois bem, o café chegou aqui em 1727, com o senhor Francisco de Melo Palheta, que introduziu as primeiras mudas no Brasil. Desde então sabemos que a história desse grão não pode mais ser dissociada da história do País. Mas quando será que a primeira pessoa disse: “Aceita um cafezinho?” ou “Vamos tomar um cafezinho?” Difícil de saber. O que realmente sei é que essa simples pergunta define muito o nosso modo de pensar o café.

Voltemos para os dias atuais, ao início dos anos 2000, quando o conceito de café especial começou a ser divulgado no Brasil. Muitos artigos sobre o tema passaram a ser escritos, empresários abriram seus negócios de cafeterias e torrefações especializadas; o varejo passou a olhar com outros olhos para esse produto. O “cafezinho” então ganharia ares mais modernos. Mas como fazer com que esse produto fosse mais valorizado se ele era só um “cafezinho”?

Questionei isso logo que comecei a escrever sobre café. Em um rompante baixei um decreto na redação: é proibido o uso da palavra “cafezinho” nas publicações. Não dessa forma assim, antidemocrática, mas foi quase uma imposição mesmo: vamos escrever sempre “café”. Nada de “pretinho básico” ou “cafezinho gourmet”. Por que usá-lo de forma tão pejorativa? Pensava eu. A defesa sempre foi: vamos exaltar, quase dizer, cafezão (exagerando bem). Temos que fazer com que as pessoas entendam esse produto como ele é. Na época, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) criou até o personagem: Super Café. Ele voava pelos cafezais, passava por dentro das casas e falava que o café é muito saudável para todas as idades.

Enfim, anos se foram e as pessoas continuaram a me chamar para um “cafezinho”. Os cafés melhoraram muito. A qualidade do que temos hoje é infinitamente superior. Mas, realmente, o meu decreto foi em vão. Joguei a toalha. O filtrado ainda continua sendo café passado. O café vai ser sempre o cafezinho.

Para não ficar tão chateada, fui atrás do significado da palavra. Por que na língua portuguesa usamos tanto o diminutivo? Será que é um recurso usado em outras línguas? Sim, é. Mas somos únicos nesse exagerozinho, eu acho. O uso do diminutivo está ligado, muitas vezes, diretamente ao afetivo, carinhoso, sentimental, de ternura. Aquilo que é nosso, que está, segundo o escritor Luís Fernando Veríssimo “perto de nós, de aconchego, familiar, à mão, é o da gente”. O café é isso tudo.

Como desvincular toda essa história de amor pela bebida e passar a chamar de forma sisuda o café de todo o dia? Difícil. Porém, mesmo voltando atrás na língua falada, ainda quero reforçar que vocês não encontrarão tão facilmente o “cafezinho” nessas páginas. Talvez eu nunca tenha escrito tantas vezes essa palavra. Afinal, a palavra escrita não tem toda aquela inflexão da voz carinhosa de quando convidamos alguém para uma tarde de conversas regadas a café. Mas eu sei que, mesmo com a evolução da língua, não deixaremos de usar o nosso “inho”. Em Minas Gerais a história é até mais amorosa. Virou “cafezim” que vem sempre acompanhado de um “docím” e de uma “prosinha”.

Mas o que eu quero mesmo é que, cada vez mais, possamos tomar cafezinhos melhorzinhos por aí. E lembrando Mário Quintana, com seu Poeminha do Contra, de 1978, peço licença ao poeta para adaptar o famoso trecho “Eles passarão, eu passarinho”. Para brincar com aquele café que a gente sempre vai passar e que sempre será o nosso queridinho: “eles sempre passarão, e, nós, por que não? Cafezinho, por favor”.

*Mariana Proença é jornalista. Em 2006 assumiu a direção de conteúdo da Revista Espresso e, meses depois, o café já virou uma paixão que dura até hoje. Nesta coluna ela aborda diversos temas e experiências sobre a profissão barista. Fale com a colunista: mariana.proenca@cafeeditora.com.br

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Grandes mistérios: onde está o meu (preencha aqui)

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Acho que a frase que eu mais ouvi na infância foi algo como “estava aqui, bem debaixo do seu nariz!”. Ou talvez tenha sido “se eu for aí e encontrar, vou esfregar na tua cara!”. O contexto era o mesmo: derrotado pela minha incapacidade de achar qualquer coisa, especialmente nos momentos em que eu mais precisava delas (por exemplo, a lição de casa, quando já atrasado para o colégio), eu apelava para as instâncias superiores: minha mãe.

(Pausa para um parêntese: creio que os pais são a instância superior de todas as crianças, um misto de STF, Presidência da República e Congresso Nacional, tudo somado – com a diferença que eles trabalham sete dias por semana, 24 horas por dia. Eles resolvem dúvidas importantes como “posso comer isso aqui ou está estragado?” e “qual melhor caminho até a casa de …” para crianças de todas as idades.)

Quando criança, eu inventei um utensílio invisível a que só eu tinha acesso chamado Sacola do Cheiro. Ela ficava sempre no mesmo canto do meu quarto – se eu perdia objetos visíveis, imagine os invisíveis. Quando precisava (perdi meu boletim!), ia lá, “pegava” a Sacola do Cheiro (que era mágica, lógico) e a abria. De dentro dela, saía um odor verde – crianças adoram sinestesias, mesmo que só aprendam que existe uma palavra para “misturar sensações” dali a muitos anos- que eu deveria seguir. O cheiro mágico me guiaria, infalivelmente, até o objeto perdido, mesmo que isso significasse passar o dia desarrumando e arrumando meu quarto. Se porventura a “infalível” Sacola do Cheiro falhasse, o STF chamado “mãe” resolveria a questão em menos de dois minutos.

Hoje, adulto, ainda acredito em coisas invisíveis (o bóson de Higgs pode ser considerado invisível, certo?) e, infelizmente, ainda perco ao menos uma coisa por semana. Dizem que se você não pode vencê-los, junte-se a eles, então minha vontade é de montar um ranking, tipo o da Fifa, e ver no final do ano quem é o campeão. Imagino a emocionante parcial de outubro, por exemplo, com o bilhete único e a chave de casa empatados com 13 pontos, mas a carteira -com todos os documentos dentro- se aproximando, como quem não quer nada, e já amealhando 11 pontos.

Pois virei adulto, deixei a casa de meus pais para trás e o problema, é claro, veio comigo no caminhão de mudança, provavelmente espremido entre um controle remoto que sumiu na comemoração de algum gol da Copa de 1994 e a única lição de casa da sétima série que eu não deixei para fazer de última hora (procrastinação, essa praga da humanidade). Pior: agora não tenho STF familiar por perto para apelar, nem irmão mais novo para culpar (transferência de culpa, essa outra praga da humanidade).

A única coisa que lamento realmente ter perdido é a minha Sacola do Cheiro (“minha”, porque desconfio que cada um tenha a sua, ainda que com outro nome). Nunca mais a encontrei. Caso você a encontre por aí, por favor, escreva para mim. Ela é invisível, mas tem o inconfundível cheiro de infância.

*Pedro Cirne é chefe de reportagem do UOL Notícias. Fale com o colunista pelo e-mail aftertaste@revistaespresso.com.br

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes
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