Mercado

Apps

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Ferramentas que prometem te ajudar no preparo e na degustação do café:

1. Angels Cup
O app permite provar quatro amostras distintas de café simples, sem saber a marca nem a região, e comparar as notas dadas por você e por roasters (profissionais da torra de café) para tentar adivinhar sua origem. A experiência de degustação desenvolve a prática para conhecer diversos sabores da bebida.
Mais informações angelscup.com

2. Aeropress Timer
É uma ótima companhia para a aeropress. O app permite explorar a versatilidade do equipamento, com um passo a passo cuidadoso de receitas. Dois diferentes pacotes dão acesso a preparos extras, com nove apresentados no Campeonato Mundial de Aeropress 2014 e outros sete de algumas das melhores torrefações do mundo.
Mais informações aeropresstimer.com

3. SPRO
O app pretende ser um guia para a xícara perfeita, seja para você que é novo no mundo do café, seja para um coffee lover veterano. Por meio de instruções passo a passo de catorze bebidas essenciais à base de espresso, como cappuccino, latte, macchiato, flat white, entre outras, o software apresenta também a história e a pronúncia de cada drinque.
Mais informações
www.sproapp.com

4. Guia de Cafeterias
O Guia de Cafeterias do Brasil (Café Editora) tem a sua versão digital. O app apresenta mais de 230 lugares em oitenta cidades brasileiras, além de conteúdo completo com Top 20 Cafeterias, lista de Cafeterias Revelação e todas as informações que você precisa para escolher qual espaço visitar. Para facilitar a vida dos apreciadores de café, o guia digital traz a opção da busca por proximidade ou avaliação. É possível checar também os diferentes métodos de preparo de café oferecidos pelo estabelecimento. O aplicativo está disponível para os sistemas Android e iOS, no valor de US$ 0,99 nas lojas on-line.
Mais informações www.guiadecafeterias.com.br/app

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO da Redação • FOTO Divulgação

Barista

Copa Barista será realizada na Semana Internacional do Café, em BH

Arte alusiva às logomarcas usadas nos quatro anos da Copa Barista

Arte alusiva às artes usadas nos quatro anos da Copa Barista.

Depois de cinco anos, a Copa Barista está de volta! A Semana Internacional do Café comunicou hoje que sediará, de 21 a 23 de setembro, pela primeira vez em Belo Horizonte (MG), o tradicional duelo entre baristas que foi realizado entre os anos de 2008 e 2011, no Espaço Café Brasil, em São Paulo (SP), e que já teve como campeões os baristas Leonardo Moço (2008 e 2010), Eder Ferreira (2009) e Lucas Salomão (2011).

A Copa Barista premia os melhores colocados na preparação de espressos, cappuccinos e cafés filtrados e tem como objetivo valorizar o profissional que prepara o café, mostrar aos visitantes do evento a importância e a habilidade do barista, promover a educação por meio da competição entre profissionais dando-lhes projeção nacional. A competição coloca frente a frente dois baristas, em chaves eliminatórias, e os profissionais recebem as notas dos juízes logo após o término da apresentação, o que faz o torneio ser bem emocionante. Os profissionais que passam as próximas fases, enfrentam-sem em chaves, até a grande final, que será realizada no dia 23 de setembro.

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A decisão pela realização da Copa Barista foi tomada após a informação recente comunicada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB) da impossibilidade de realização do Campeonato Nacional de Barista, do Campeonato de Preparo de Café (Brewers) e do Campeonato de Prova de Café (Cup Tasters) durante a Semana Internacional do Café.

Os realizadores da SIC optaram por realizar a Copa Barista para dar a oportunidade dos profissionais poderem participar de um campeonato e manter a tradição do evento que, há onze anos, realiza competições destinadas aos baristas.

As regras e as inscrições serão informadas em breve no site oficial do evento e nas redes sociais. Mais informações: www.semanainternacionaldocafe.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Café & Preparos

O que é Trifecta?

trifecta

É uma máquina para extração personalizada de café filtrado desenvolvida pela Bunn. Pode até parecer uma máquina de café espresso, mas está longe de ser uma, pois funciona por meio de basicamente três etapas: enchimento de água (com controlador automático de pausas e pressão); extração (o ar é injetado em uma câmara pressurizada para agitar o pó de café e criar uma extração uniforme e sabores especí cos) e hidrólise (o ar pressiona a bebida por meio de uma tela de metal para filtrar o borra de café, ao mesmo tempo preservando os óleos essenciais e aromas).

Fontes: www.bunnathome.com e www.coffeegeek.com

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO da Redação • ILUSTRAÇÃO Luciano Veronezi

Cafezal

Caparaó recebe seminário sobre Indicação Geográfica de Cafés

Alto Caparaó

O evento, que começa hoje, apresentará a indicação geográfica como estratégia para o desenvolvimento da cafeicultura, que é a principal atividade agrícola com 40% de participação no Estado do Espírito Santo.

Quem promove o Seminário de Indicação Geográfica de Cafés é o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae ES),  uma iniciativa do Projeto de Cafés Especiais do Sebrae ES.

O evento será realizado no município de Dores do Rio Preto voltado aos produtores de café, parceiros da cafeicultura e líderes das regiões das origens de cafés no Estado.

De acordo com o diretor de atendimento do Sebrae ES, Ruy Dias de Souza, o objetivo do Seminário é criar um ambiente favorável para a promoção dos cafés no Espírito Santo. “O evento busca mostrar as tendências nacionais e internacionais do produto. Além de identificar e valorizar as origens de produção. O objetivo é agregar maior valor aos cafés de qualidade produzidos no Estado”.

Com as palestras “Apresentação das Regiões de Origens do Café do ES”, “Indicação Geográfica como estratégia para o Desenvolvimento Regional” e “Experiência da Indicação de Procedência do Café de Alta Mogiana” o Seminário busca levar ao público de produtores, na sua maioria, conhecimento técnico especializado. Além disso, haverá um debate, momento em que os participantes poderão levantar questões e tirar suas dúvidas.

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O palestrante Gabriel Fabres Beliqui do Instituto Inovates acredita que “o objetivo é demonstrar os benefícios da Indicação Geográfica (IG) para o café e dar o panorama das regiões produtoras no Espírito Santo. A palestra mostra o potencial de se estruturar estas Indicações Geográficas em nosso estado”.

A região do Caparaó vem buscando conquistar a Indicação Geográfica e contempla em torno de 13 munícipios produtores de café, nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a maioria deles com pequenos produtores.

Serviço
Seminário de Indicação Geográfica dos Cafés do ES
Data: 27 de julho de 2016, das 8h30 às 15h
Local: Pousada Macieira, Pedra Menina – Dores do Rio Preto
Inscrições: No local do evento

TEXTO Da redação • FOTO Alexia Santii/Agência Ophelia e Divulgação A Cafeteria (Sítio Santa Rita)

Da arte de admitir um erro

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Não sei que horas são neste exato momento em que você lê este texto. Mas posso apostar uma coisa: você já cometeu algum erro hoje. (A menos, claro, que você não seja um ser humano.)

Sim, você errou. Eu também errei. Nós erramos. E daí?

Há erros e erros, bem sei. Alugar um filme que já assistimos por engano, colocar açúcar no lugar do sal e acabar com o prato principal, e virar à direita mesmo com o GPS apitando que era à esquerda, por exemplo, são erros pequenos.

Mas acho que um erro coletivo dos seres humanos é fingir que não erram – ou não admitir o erro, o que dá quase na mesma.

Não estou falando aqui de erros grandes (Nosso aniversário de casamento era hoje? Putz), mas dos pequenos. Se pisamos no pé de outra pessoa, se esquecemos o aniversário de uma pessoa querida, se esquecemos de devolver o CD que ela pediu… Em vez de simplesmente pedirmos desculpas, quantas voltas damos para que não percebam que houve um erro?

“Não esqueci do teu aniversário… Meu celular estava sem crédito!” (Culpa do coitado do objeto.)

“Olha, eu ia chegar na hora, mas o trânsito, viu, nunca imaginei que ia ter trânsito assim em São Paulo!” (Culpa da cidade em que se mora há anos e que, pelo visto, ainda não se conhece.)

“Não, não fui mal-educado. É o meu jeito: sou sincero, autêntico. As pessoas é que não me entendem.” (Culpa do universo. Está todo mundo errado, menos eu.)

Tem também a tática de tentar se transformar de “sujeito que pratica a ação” em “sujeito que sofre a ação” (método eternizado pelo filósofo Homer Simpson e sua frase “a culpa é minha e eu a coloco em quem quiser!”).

“Eu ia te devolver, mas a faxineira arrumou a casa e sei lá onde ela enfiou. Semana que vem eu pergunto para ela e te entrego.” (Culpa da coitada da faxineira.)

“Olha, vou ser sincero: não perdi o seu chaveiro. Ele que desapareceu.” (Culpa de forças ocultas – teoria da conspiração?)

“Te acordei? Mas você também dorme até tarde, hein?” (Culpa sua! Quem mandou dormir até a hora que quer?)

E, claro, se o pior cego é aquele que não quer ver, o pior mentiroso é o que finge que acredita nas próprias desculpas.

“Eu ia à academia. Aí lembrei de uma coisa importante e fiquei em casa.” (É…)

“Segunda, ah! Segunda eu começo a dieta.” (É…)

“Só mais cinco minutos. Aí desligo a TV e vou trabalhar.” (É…)

Acho que deveríamos perder a vergonha de errar. Já perdemos a vergonha de tanta coisa muito pior: de ser egoístas no trânsito; de esquecer em quem votamos; de chegar meia hora atrasados para o que quer que seja. Por que não perder o medo de errar?

Isso não quer dizer, claro, desencanar completamente e chutar o pau da barraca… Apenas, talvez, tentar evitar que o primeiro erro (inevitável – afinal, somos humanos) vire um segundo (a mentira).

Este texto inteiro, claro, pode ter sido um erro. Se foi, você me desculpa?

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Pedro Cirne • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Cafeteria & Afins

Los Baristas – Brasília (DF)

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Brasília está com tudo no que diz respeito a cafeterias de qualidade. Basta ver a quantidade de novos e bons espaços que estão surgindo por lá. A Los Baristas – Casa de Cafés faz parte desse movimento que valoriza os grãos especiais e apresenta novos sabores ao público da cidade. Inaugurada em abril do ano passado, a loja nasceu da paixão que o casal Heloísa Checheliski e Vitor Avila tem pelo café.

O lugar de decoração aconchegante e moderna recebe o visitante com o cheiro de café fresco e o faz viajar por toda a cadeia do grão. “Conhecemos todas as pessoas envolvidas no processo do café que servimos. É um universo muito rico e queremos passar um pouco do que sabemos para os apreciadores”, contam Heloísa e Vitor.

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Experiências sensoriais
A variedade de grãos oferecidos na Los Baristas é um dos pontos fortes da cafeteria. Os profissionais trabalham com uma grande rotatividade de cafés, com o objetivo de criar oportunidades para degustações e experiências sensoriais. Segundo os proprietários, geralmente estão disponíveis de três a quatro tipos de grão. Torrefações como 4 Beans, Wolff Cafés Especiais, Terroá Cafés Especiais, Lucca Cafés Especiais, Martins Café e Café Pereira Villela fazem parte da lista de parceiros.

Na La Marzocco GB5 são extraídos espressos que dão origem a lattes e mochas, e, na estação de métodos, os baristas preparam os cafés na Hario V60, na Aeropress, no sifão, na Chemex e na prensa francesa. As bebidas são acompanhadas por bolos e doces como brownie com calda de caramelo e flor de sal, cheesecake, tortas e brigadeiros. Já os tostex e quiches disponíveis matam a fome e a vontade de comer salgados. Os tostex são elaborados com pães de fermentação natural e alguns são favoritos dos clientes, como o de queijo gruyère com salaminho e o de mozzarela com shimeji, perfeitos para um almoço rápido ou um café da tarde.

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(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço CLN 404, bloco C, loja 38
Bairro Asa Norte
Cidade Brasília
Estado Distrito Federal
País Brasil
Website http://www.instagram.com/losbaristas
Telefone (61) 3033-6183
Horário de Atendimento De segunda a sexta, das 12h às 21h; Sábados, das 10h às 18h
TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Diego Bresani

Receitas

Bijajica

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Ingredientes
3 ovos
500 g de polvilho azedo
180 g de açúcar
10 g de canela
30 g de fermento químico em pó
100 ml de leite

Preparo
Misture o polvilho com o açúcar e a canela. Reserve. Bata os ovos na batedeira até ficar com textura leve e sem cheiro forte. Adicione a mistura de polvilho e, aos poucos, vá colocando o leite até chegar a uma textura macia da massa, porém firme e seca. Finalize com o fermento em pó e bata mais um pouco. Modele a massa em rosquinhas de aproximadamente 25 g. Frite em óleo não muito quente, para que a massa não fique crua. Finalize polvilhando açúcar de confeiteiro e canela.

Rende 10 porções

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

FOTO Daniel Ozana / Studio Oz • RECEITA Ana Luiza Trajano

Café & Preparos

Guga Rocha

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“Do espresso eu nem gosto tanto. Tomo, claro! Mas ele tem menos cafeína e gosto mesmo é da energia que o café coado dá.”

Quanto mais cafeína, melhor. Para o chef Guga Rocha, o café, sem açúcar, de coador ou na cafeteira italiana, é a primeira bebida do dia, para acordar. Pode ser em casa, com grãos diferentes, pode ser na padaria, acompanhado de um pão na chapa, uma tradição paulistana que este alagoano de Maceió já tomou pra si. “Gosto tanto de café que quando visitei Bali, na Indonésia, trouxe vários grãos de lá”, diz o apresentador do programa Homens Gourmet, do canal de TV por assinatura Fox Life.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Cíntia Marcucci • FOTO Guilherme Gomes

Cafezal

Caça ao melhor natural do Brasil

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Desbravamos as trilhas da Mantiqueira de Minas para conhecer o café que surpreendeu juízes do maior concurso de cafés especiais do País e despertou a atenção do mundo

Vista de cima, as lavouras de Cristina, na região da Mantiqueira de Minas, parecem formar infinitas trilhas que levam sempre para o mesmo tesouro: o café. Por lá, o produtor Sebastião Afonso da Silva conseguiu desvendar o caminho para alcançar a façanha que lhe rendeu o título de recordista do Cup of Excellence Naturals, concurso que premia o melhor café natural do País.

Sebastião é dono de algumas propriedades na cidade, mas foi no terreno em que aprendeu a cultivar café que conseguiu produzir o lote vencedor da competição realizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). A amostra em questão atingiu 95,18 pontos, de acordo com a metodologia da associação americana Specialty Coffee Association of America (SCAA), e despertou o interesse do mundo.

Vista aérea da Fazenda Pinhal, localizada em Cristina, região da Mantiqueira de Minas

Vista aérea da Fazenda Pinhal, localizada em Cristina, região da Mantiqueira de Minas.

Foi atrás desse tesouro que nossa equipe seguiu por uma estrada difícil, mas logo o cafeicultor chegou para indicar o caminho e ensinar a desviar do barro deixado pela chuva que tinha caído no dia anterior. Sebastião nos guiou ladeira acima, até o Sítio Baixadão, rejeitado anos antes por sua altitude – a mais elevada entre as suas propriedades, chegando a 1.300 metros –, e disse que precisou provar o valor do lugar e o potencial das alturas.

Antes de enveredar pela produção cafeeira, ele cultivou arroz com sua família. “Nós éramos em 21 irmãos, meu pai criou todos plantando em terra arrendada”, revela. Apenas quando o arroz se tornou inviável para a família, eles tentaram a cafeicultura. Logo, Sebastião se rendeu ao amor pelo grão, adquirindo aos poucos terrenos de outros irmãos, entre eles o Sítio Baixadão. “Comecei com 1.400 pés de café e tomei gosto só de cuidar daquela primeira lavoura.” Enquanto fala sobre a união da família, fica nítida a importância do laço com os irmãos, que incentivam até hoje suas novas empreitadas. Como acontece com Antônio Marcio, que inscreveu um dos lotes do Sítio Baixadão no concurso, ao lado do irmão.

O produtor Sebastião Afonso e seu filho Helisson comandam os trabalhos nas lavouras.

O produtor Sebastião Afonso e seu filho Helisson comandam os trabalhos nas lavouras.

Quem também carrega nos genes e no brilho dos olhos o amor pelo café é o primogênito de Sebastião, Helisson. “Ele é meu braço-direito. Já sabe tudo”, derrete-se o produtor. O garoto, de 20 anos, comparece todo dia cedo à lavoura e vai aonde for preciso, dirigindo a caminhonete da família, o único carro que consegue chegar aos cafeeiros mais altos nos dias chuvosos. Com o apoio do filho, que tem na ponta da língua cada dado da produção, Sebastião enumera detalhes que fizeram da sua produção uma das revelações do ano.

Surpresa e aprendizado
Muito antes da competição que premiou os cafés naturais ‒ colhidos e secos com casca ‒ de Sebastião, no entanto, os cafeeiros das variedades catuaí amarelo e vermelho tiveram que vencer um ano marcado pela seca. As altas temperaturas e a falta de chuva de 2014 trouxeram consequências até mesmo para árvores vistosas como as de Sebastião, que tiveram 30% de perda em seus frutos na pós-colheita.

O problema no enchimento dos grãos assustou o cafeicultor, que teve que alterar também seu foco no beneficiamento, até então voltado para os cafés cerejas descascados. “Eu nunca tinha feito um trabalho voltado para os naturais, mas neste ano não teve jeito de despolpar”, conta. Foi nesse momento que Sebastião percebeu que poderia transformar dificuldade em aprendizado.

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O cafezal e o terreiro onde os grãos são preparados. Fruto e grão verde da Fazenda Pinhal.

Tudo apontava para o processo natural e, mais do que isso, para a paciência em aguardar o ponto ideal da maturação dos frutos. O produtor classifica seu cafezal como “meia face”, ou seja, não recebe sol o dia inteiro, o que favorece a umidade e o desenvolvimento mais lento dos grãos. “O pessoal fica admirado de eu estar colhendo café ainda em novembro”, relembra Sebastião, que apostou ao extremo na colheita tardia, conhecida como late harvest.

Agora, o agricultor, que nunca havia separado os cafés daquela lavoura em específico para análise, pretende prosseguir com um beneficiamento dedicado somente ao talhão campeão. “Essa propriedade provou que favorece os grãos. A gente ajuda, mas a qualidade mesmo vem da natureza. O produtor tem que se dedicar a manter a qualidade na pós-colheita, é nisso que está o segredo de fazer café”, acredita.

Diz o ditado que é “o olho do dono que engorda o boi” e no Sítio Baixadão não é diferente. “Eu gosto de estar a par de tudo. Quando chego e a turma está no serviço eu não mando… Sempre digo que ‘nós vamos fazer isso juntos’. Se você chegar aqui de surpresa não vai encontrar ninguém de roupa limpinha, não”, conta. Por isso, depois de onze intensos dias da última colheita, o produtor lembra que assumiu a linha de frente no terreiro, responsabilidade dividida somente com Helisson.

Para o natural, foram dois dias no processo que incluiu secagem em terreiro pavimentado, em estufa – em dias de chuva –, com finalização no secador mecânico, na Fazenda Pinhal, onde se concentra o beneficiamento de todas as suas lavouras.

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O degustador Wellington orienta os cafeicultores em prova organizada pela cooperativa.

Colhendo frutos
Seguimos para a Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), onde o provador Wellington Carlos Pereira nos recebe anunciando: “A maturação lenta, com certeza, favoreceu a doçura do café do Seu Sebastião”. A característica é típica da região, mas por causa da seca acabou dando lugar a uma acidez mais elevada. “Nós visamos qualidade desde 2001, incentivando produtores neste mercado”, esclarece Ralph de Castro Junqueira, presidente da Cocarive que faz parte da Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam). A entidade promove a Indicação de Procedência (IP) da Mantiqueira de Minas, selo usado pelos cooperados.

Os frutos desse trabalho são colhidos em concursos como o último Cup of Excellence dedicado aos naturais, quando a vitória de Sebastião se misturou à de outros doze lotes vencedores da Mantiqueira.

O incentivo tem história. Sebastião tem no currículo também a conquista, em 2009, do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso, com seu catucaí amarelo e vermelho, cerejas descascados, além dos recentes 2º lugar do concurso da Cocarive e, em seguida, 1º lugar no concurso realizado pela Região da Mantiqueira de Minas, em 2014.

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Sebastião e Helisson contemplam o lote de seu café campeão. Galpão da cooperativa onde são armazenadas as sacas e bags dos grãos destinados à exportação.

O contato entre cooperado e cooperativa se intensificou quando, durante nossa visita, os produtores tiraram dúvidas e participaram de prova dos cafés. O momento rendeu comentários e surpresa com os novos sabores notados pelos campeões na produção. Depois de conhecer aquele grão desde o nascimento até a xícara, já estávamos satisfeitos, mas o dia guardava uma última surpresa.

Em meio a sacarias prontas para exportação, encontramos o lote premiado sendo preparado para seu futuro leilão (em tempo: o leilão foi realizado no dia 4 de março e o lote do produtor foi comprado pelo valor recorde de US$ 48.552,
arrecadação total). “É esse o nosso café”, exclamava Helisson para o pai enquanto lia “Sítio Baixadão” no pacote embalado a vácuo pela equipe do concurso. Com orgulho sem igual, pai e filho puderam observar mais do que a excepcional pontuação de 95.18. O lote exibia a sensação definida por Sebastião. “A partir do momento em que você faz uma coisa de que gosta, você presta muito mais atenção nos seus erros para não repeti-los. É assim que fica mais fácil fazer tudo bem-feito.”

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Trabalhador transportando as sacas.

Ficha técnica

Fazendas Sítio Baixadão, Fazenda Pinhal, Sítio Nossa Senhora da Mata, Fazenda Santa Teresinha, Sítio Pasto da Pedra
Localização Cristina – MG
Região Mantiqueira de Minas
Altitude média 1.200 metros
Produção anual 2.900 Sacas
Área total 329 hectares
Área plantada com café 85 hectares
Número de cafeeiros 20 mil pés
Colheita manual, de junho a novembro
Processamento cereja descascado e natural
Secagem terreiro pavimentado e secador mecânico
Variedades catucaí, bourbon, acaiá, catuaí amarelo e vermelho
Selo indicação de procedência da mantiqueira de minas

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Thaís Fernandes • FOTO Guilherme Gomes e Tipuana Imagens Aéreas

Barista

Campeão do mundial de baristas vem ao Brasil para conhecer regiões produtoras

berg wu

Berg Wu, de Taiwan, vencedor do World Barista Championship, além do vencedor do campeonato de Brewers e outros profissionais viajarão a origens produtoras. A rota levará baristas internacionais para conhecer lavouras no Espírito Santo e em Minas Gerais na próxima semana. Entre eles, está Berg Wu, de Taiwan, atual campeão do World Barista Championship, realizado em junho, em Dublin, na Irlanda. Além dele, Tetsu Kasuya, do Japão, atual campeão de Brewers, e outros seis profissionais internacionais virão ao Brasil, inclusive o campeão norte-americano, Lem Butler.

allycoffee

A passagem por aqui será de uma semana, de 24 a 31 de julho, inclui três regiões de cultivo de café no Brasil, e é organizada pela empresa Ally Coffee, do grupo Montesanto Tavares, ao lado da Atlântica Coffee, Cafebrás e InterBrasil Coffee. Os baristas que participarão da “Viagem a Origem 2016”, serão Berg Wu (Taiwan), Todd Goldsworthy (USA), Tetsu Kasuya (Japão), James Tooill (USA), Lemuel Butler (USA), Tony Querio (USA), Andrea Allen, (USA), Kyle Belinger, (USA).

Na oportunidade, os baristas terão contato com os grãos produzidos no país, além de conhecer os cafeicultores responsáveis por essa produção. “Ao mesmo tempo, queremos que os produtores conheçam esses profissionais que promovem o grão especial em todo o mundo”, explica Bruno Tavares, CEO da Ally Coffee, empresa que atua como importadora e distribuidora de café no mercado americano e no europeu.

Roteiro completo
Na agenda dos campeões, a chegada será em Vitória (ES), seguindo para Venda Nova do Imigrante, onde estão programadas visitas a produtores parceiros da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), e aos produtores Clayton Barrossa Monteiro, da Fazenda Ninho da Águia e Paulino, no Espírito Santo. De lá, a viagem segue para Minas Gerais nas fazendas Primavera, em Angelândia, e Matilde, em Capelinha, ambas do grupo Montesanto Tavares. O roteiro termina em Belo Horizonte (MG), onde conhecerão a Wäls e a Academia do Café.

A excursão dividirá os campeões em equipes para trabalhar com dinâmicas e desafios em torrefação, fabricação de cerveja e preparação de café espresso. Também está programado o encontro com baristas brasileiros em uma cervejaria artesanal em Belo Horizonte.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Redação • FOTO Divulgação
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