Café & Preparos

Toquinho

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“Café combina com bem-estar e boa companhia.”

“Prefiro tomar café coado com um pouco de leite pela manhã e um espresso puro após as refeições. Eu mesmo preparo o espresso em sachê, o que me dá uma sensação de prazer e um novo ânimo para meus encontros diários com o violão. Gosto dele bem quente, mas não muito forte. Não que eu necessite tomar café para tocar ou compor, mas, em algumas horas, cai bem.”

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Guilherme Gomes

Café & Preparos

Ko Goi

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Parece matcha, mas é mate! Produto desenvolvido no Brasil originado da erva-mate assimila-se ao chá-verde japonês utilizado em cerimônias orientais em que a bebida é protagonista

Na cerimônia japonesa do chá, o chado ou chanoyu, há muitas regras. Para o preparo do chá na sala apropriada há que se caminhar corretamente, sentar de maneira adequada, usar utensílios específicos para o momento, e o chá oferecido é sempre o mesmo: o matcha. Trata-se de um chá-verde japonês moído bem fino, como se fosse um pó, que pode ser servido com algumas variações – forte ou fraco – dependendo do tipo de ritual a ser praticado. É esta mesma arte milenar cheia de detalhes que também ensina: use o que você tem, adapte, aproprie-se de ferramentas que estão ao seu redor, que são parte da sua cultura, para o preparo da bebida durante a cerimônia. Foi o que fez o empresário Heroldo Secco Junior. Ele adaptou. Olhando para o chanoyu, Heroldo percebeu que as folhas da erva-mate, parte da cultura do brasileiro, poderiam render preparo semelhante e talvez mais conectado com o paladar nacional. Depois de três anos de desenvolvimento, a sua empresa, a Mate Tea from Brasil, lança agora o kõ’gõi, uma infusão elaborada com as folhas da erva-mate, a Ilex paraguariensis, moídas em granulometria finíssima, e que lembram, pelo processamento, pela forma e pela cor, o matcha, o chá-verde utilizado na cerimônia japonesa do chá. “Nós verificamos um espaço no universo dos chás que apenas o matcha japonês estava ocupando. Desenvolvemos um projeto de longo prazo, sabendo que encontraríamos algumas barreiras tradicionalistas ao mate ceremonial, mas queríamos resgatar algo que há 200 anos era mais utilizado no Brasil e ficou esquecido, que era o uso da folha da erva-mate pura”, diz Heroldo.

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Do Brasil para o mundo
Para a elaboração do kõ’gõi, segundo ele, ao contrário de como o matcha é feito no Japão, não se utiliza moinho de pedra. A empresa, por enquanto, não revela detalhes do processo porque se está dando seguimento ao registro de patente no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. “É um produto de produção limitada que não pode ser feito em larga escala, pois precisamos ter total controle de qualidade. O equipamento que utilizamos produz apenas 4 quilos de kõ’gõi em cinco horas de operação”, explica ele. Como a proposta da Mate Tea from Brasil é comercializar o produto em embalagens de 40 g ou 50 g, não há preocupação com a quantidade em toneladas, mas sim em vendas de valor agregado pela aplicação e pelo público a que se destina. O mate ceremonial, como também vem sendo chamado, está sendo apresentado no Brasil e também no exterior. No início do mês de maio, Heroldo levou o kõ’gõi à Polônia e ofereceu amostras aos compradores – já clientes da marca na compra de erva-mate especial para a distribuição na Europa – para observar a receptividade desse público. O novo produto também foi divulgado na China, durante a International Tea Culture Fair, para técnicos, avaliadores e especialistas de chá do mundo todo. De acordo com Heroldo, a aceitação do mate moído vem sendo excelente. “As pessoas estão percebendo que erva-mate não é apenas chimarrão”, afirma. Um ponto observado pelos especialistas, entretanto, é que o matcha produz uma espuma enquanto preparado na cerimônia do chá, característica que o kõ’gõi não possui. O empresário explica que, na forma quente, realmente, o mate ceremonial não alcança essa textura, mas, quando preparado gelado, batido em coqueteleira, a espuma aparece e agrada a baristas e bartenders.

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O produto está sendo introduzido no mercado com preço de US$ 60 o quilo. Um valor que é, segundo Heroldo, 40% ou 50% inferior ao do matcha japonês. A partir de setembro, o kõ’gõi deverá ganhar as lojas virtuais da Polônia, da Alemanha e da República Checa. Em junho, ele será apresentado oficialmente ao mercado americano na World Tea Expo, em Las Vegas. Quem está ansioso para provar no Brasil deverá esperar até setembro, quando ele estará disponível em lojas on-line.

USOS E PREPAROS
O preparo da bebida pode ser igual ao do matcha, utilizando-se as mesmas medidas e técnicas e os mesmos equipamentos. Ele também pode ser usado em drinques gelados e na confeitaria.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Roberto Seba

Cafeteria & Afins

Suplicy Cafés Especiais – Masp – São Paulo (SP)

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Para atender à ampla demanda por bons cafés e o público diversificado que passa pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), localizado na Avenida Paulista, o Suplicy Cafés revitalizou o espaço do subsolo, onde já funcionava um café, e abriu uma unidade no 1º andar do museu. Por lá, são servidos os cafés da marca em espressos e lattes, que podem ser acompanhados de cookies, sucesso da loja, além de brownies e brigadeiros. Há ainda a opção de lanches rápidos com sanduíches, pães de queijo e empanadas. O acesso ao café é isento de bilheteria.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Avenida Paulista, 1.578
Bairro Cerqueira César
Horário de Atendimento Terças e quartas, das 10h às 18h; quintas e sextas, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Divulgação

Café & Preparos

Hop&Cold + Latinha pronta para beber

 

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Cold brew lupulado

O Hop&Cold é brasileiro e produzido pela Kaffa Cafeteria e pelo Abridor – Interações Cervejeiras, duas empresas de Vitória (ES). A bebida é o primeiro cold brew lupulado do Brasil. Ela é resultado de uma infusão de café em água fria por 24 horas — o cold brew — , que depois recebe lúpulo. Para cada lote têm sido testadas variedades como catuaí vermelho ou catuaí 81, com lúpulos como cascade ou motueka. A garrafinha tem validade de 60 dias.
MAIS INFORMAÇÕES www.facebook.com/hopncold

Latinha pronta para beber

A True Coffee Brasil, do barista Ton Rodrigues, acaba de lançar o cold brew em latinhas de 269 ml. Preparados com café especial orgânico, os produtos são feitos nas versões vanilla — com infusão de fava natural de baunilha —,nitro, com nitrogênio, e a versão clássica da extração a frio. Nenhuma delas contém conservante químico, segundo o fabricante.
MAIS INFORMAÇÕES www.cafeinacao.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

FOTO Divulgação

Cafezal

Região da Alta Mogiana premia seus melhores cafés da safra

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Em 2013, a região da Alta Mogiana, que possui 23 munícipios produtores de café, conquistou a Indicação de Procedência (IP), um selo que identifica e protege os cafés por suas características, apontando a origem geográfica e as condições de produção, além da história e da cultura.

Neste ano a grande novidade da região, a primeira Indicação Geográfica agrícola do estado de São Paulo, foi unir dois concursos locais, o da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC) com o da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), resultando no 14º Concurso de Qualidade do Café da Região da Alta Mogiana.

O Concurso apresentou três categorias: natural, cereja descascado e microlote e recebeu 235 amostras, dentre elas 201 na categoria natural, 23 na categoria de microlote e 11 na de cereja descascado. Os cafés foram avaliados nos meses de setembro e outubro pela equipe presidida por Elder Moscardini, Irmãos Moscardini Specialty Coffee, e pela provadora e head-judge Georgia Franco de Souza, do Lucca Cafés Especiais, de Curitiba (PR).

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A grande final foi realizada na sexta-feira, dia 14 de outubro, e premiou apenas os cafés aprovados na pré-seleção e que alcançaram acima de 85 pontos, de acordo com a tabela de classificação internacional da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA).

Conheça os premiados:

Campeões da Categoria Natural:
1º Lugar – Lauro Pimenta de Oliveira – Fazenda Mira Flor – Restinga – SP
2º Lugar – Barbara Malta – Sitio Capoeira – Jeriquara – SP
3º Lugar – Fernanda Maciel – Sitio da Mangueira – Pedregulho – SP
4º Lugar – Maria Leonor Guimarães Correa – Fazenda Boa Vista – Cassia – MG
5º Lugar – Elvis Vilhena – Fazenda Eldorado – Ibiraci – MG

Campeões da categoria Microlote:
1º Lugar – José Agostinho Taveira – Fazenda Taveira – Ibiraci-MG
2º Lugar – Guilherme Nassif Ferreira – Fazenda Pouso Alto – Cristais Paulista – SP
3º Lugar – Laura Ferreira – Fazenda MF – Pedregulho – SP

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À esquerda o campeão da categoria Natural, Lauro Pimenta de Oliveira, e à direita, o campeão da categoria Microlote, José Agostinho Taveira.

 

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À esquerda a vice campeã da categoria Natural, Barbara Malta, e à direita, o vice campeão da categoria Microlote, Guilherme Nassif Ferreira.

Mais informações: http://www.amsc.com.br/

Qualidade na cafeicultura de pequeno porte

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Nunca pensei que minha admiração por Monteiro Lobato me levaria a estar conectada com a cafeicultura, principalmente com o pequeno produtor. Lobato foi um visionário. Sua obra, hoje, é fundamental para o conhecimento não somente dos problemas brasileiros, mas do homem do campo, de suas qualidades, suas fraquezas, suas aspirações e de sua resiliência. De uma vida extremamente urbana, eu me fiz uma profissional da terra e, com alegria e admiração, deixei-me cativar pelo cafeicultor, o pequeno e tímido que muitas vezes não tem ideia da sua importância junto à cadeia do agronegócio café.

Andei por quase todos os lugares em que temos produção de café e deparei com muita gente séria! As pessoas se juntam e não ficam somente falando de trabalho, elas falam da vida com humor e mordacidade, além daquela permanente generosidade em relação às fraquezas humanas. São séculos de sabedoria com a necessidade de conviver em uma estrutura social ímpar.

Nessas idas e vindas e nessas conversas com os pequenos produtores, observei que, entre eles, há dois tipos: o desanimado com a cafeicultura, e o muito feliz e orgulhoso com ela! A diferença básica entre um e outro é a forma como percebem o seu objetivo, e como conduzem suas ações respondendo a uma pergunta: “Aonde quero chegar?”. Um ponto quanto a esses dois perfis de cafeicultor é que o número daqueles que estão felizes e orgulhosos está aumentando. E, se o empreendedor começa a perceber que o café pode ser um agregador em sua vida e em sua família, ele vai mostrar, e com orgulho, que as futuras gerações podem ter qualidade de vida, com café de qualidade.

Como produzir com qualidade? É preciso ter empatia! E quem melhor que o pequeno produtor, que põe sua emoção em cada grão que produz, tendo atrelado a isso a certeza de que a sua vida está centrada nesse universo? A empatia é a variável emocional que vai fazê-lo abrir os olhos para outras variáveis que contribuem para a produção de café de qualidade: o clima favorável, ou seja, o microclima de cada talhão para a determinação da variedade a ser plantada, o solo adequado, a altitude e, para tudo isso caminhar, duas potencialidades que não podem faltar, que são o trabalho em família e a profissionalização.

O início da profissionalização é saber o que fazer com a informação que a lavoura nos dá. Um questionamento que sempre faço ao pequeno produtor, quando deparo com uma situação muito comum, que é a anotação no caderninho de bolso, é o que ele faz com todas essas anotações no bolso. E a resposta que ouço, em muitas das vezes é: “Para se um dia eu vier a precisar”. Não… Está errado! A função da gestão empresarial, seja ela de um empreendedor familiar e pequeno, seja de uma grande corporação, é digerir informações, e fazer com que elas sejam estratégicas para a tomada de decisão na busca de um objetivo único: produzir grãos de qualidade para ter uma vida com qualidade. Devemos entender todas as variáveis a que estamos expostos, e que não são controláveis, só assim podemos criar um plano estratégico, para nos potencializar. Só se pode julgar os resultados analisando a base das intenções. E a intenção é, com toda a certeza, passar nosso tempo trabalhando para o café, em vez de trabalhar nele.

Nosso grande pequeno produtor! Todos nós, que vivemos do agronegócio café, reconhecemos a sua grande importância dentro de uma pequena porteira. Orgulho é o sentimento que me envolve. Parabéns!

*Regiane das Graças Sorce Ferreira, a Guiga, é administradora, especialista em Comunicação e Marketing, em Mercados Futuros, em Administração Rural e tem Master em Marketing. É mestre em Sistemas de Produção da Agropecuária.
Fale com a colunista pelo e-mail colunacafe@cafeeditora.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Cafeteria & Afins

Bio Barista – São Paulo (SP)

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Quando nós da Espresso vemos um trailer de café circulando pelas ruas da cidade, talvez tenhamos o mesmo sentimento de uma criança que avista o carrinho de sorvete na vizinhança.

Por isso, a felicidade foi grande quando soubemos que mais uma Kombi da marca Bio Barista Cafés Especiais está na pista.

O Black Bean#2 é o resultado da parceria dos irmãos Alex Pereira, proprietário do Bio Barista e um dos pioneiros do conceito de “coffee truck” no Brasil, e Eraldo Santos, que guia o novo projeto. A dupla conversou sobre a possibilidade de pôr um segundo carro nas ruas e resolveu investir.

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A proposta é a mesma do carro original: servir um bom grão, trabalhado com um cardápio de bebidas clássicas e algumas opções geladas. “Nós não temos a intenção de ter franquia, tampouco um terceiro carro. Queremos estabelecer esses dois veículos em São Paulo e, futuramente, até abrir uma loja de rua, quem sabe?”, explica Alex.

Fazendo paradas em toda a capital, o Black Bean#2 está equipado com uma máquina Linea Classic, da La Marzocco, que prepara o blend Espresso 22, da Fazenda Ambiental Fortaleza, torrado pela Isso é, Café. Espressos, lattes, cappuccinos e sodas estão no menu.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Cidade São Paulo e região
Website http://www.facebook.com/biobarista
Telefone (11) 96241-8742 ou (11) 96562-7126
TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Divulgação

Receitas

Crème brûlée de café com cachaça

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Ingredientes
• Creme 3 1/2 xícaras (chá) de creme de leite fresco
• 1 gema
• 1 1/2 xícara (chá) de açúcar
• 1 xícara (chá) de leite
• 1 xícara (café) de café espresso
• 1 xícara (café) – 1 dose – de cachaça

Cobertura
• 1 xícara (chá) de açúcar
• 3 colheres (sopa) de açúcar mascavo

Preparo
Coloque o leite, o creme de leite, o café e a cachaça em uma panela em fogo baixo até ferver. Reserve e aguarde até que a mistura esteja morna. Na batedeira, bata a gema com o açúcar até espumar. Despeje na panela e cozinhe em banho-maria por 25 minutos, mexendo sempre, até encorpar. Distribua o creme em seis ramequins (refratários para suflê) individuais e leve à geladeira até esfriar. Na hora de servir, misture em um bowl separado os dois açúcares da cobertura. Cubra uniformemente os ramequins com o açúcar e em seguida queime-o com a ajuda de um maçarico para criar uma casca fina e crocante de caramelo. Sirva imediatamente.

Rende 6 porções

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

FOTO Daniel Ozana / Studio Oz • RECEITA Julice Vaz, da Julice Boulangère

Café & Preparos

Andre Abujamra

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“Café eu tomo sem obrigação e, atualmente, sem açúcar.”

“Tomo café todo dia. Minha mãe gostava de café pelando, eu gosto dele em qualquer temperatura, quente, morno, frio.” Durante o dia na produtora Mondo, um dos seus trabalhos, ele toma espresso, que ama, e gosta de café forte. A xícara grande, Abujamra enche de café e não perde o sono: “Não tenho problema”. Em sua casa, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, o multitarefa tem o próprio estúdio, onde grava muitas composições.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

TEXTO Mariana Proença • FOTO Guilherme Gomes

Mercado

Eu vivo de café

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Emerson Nascimento escolheu o caminho do café há oito anos e, desde então, no Rio de Janeiro, realiza diversos projetos focados na bebida

Natural de Santa Luzia, na Paraíba, o barista Emerson Nascimento sempre gostou de café. Em 2008, ao participar de um projeto social no Senac para a formação de jovens carentes na profissão de bartender, conheceu o barista Emilio Rodrigues, professor do módulo de café. Emilio selecionou catorze alunos para um curso na sua escola, Casa do Barista. Emerson foi um dos escolhidos e, a partir disso, o café não saiu mais da sua vida. “Sou muito grato por tudo o que o Emilio me ensinou e por me dar a oportunidade de fazer parte da equipe Casa do Barista.” Atualmente, o barista trabalha na Curto Café (também é um dos sócios), além de ser sócio da Grã Barista e ministrar cursos na Casa do Barista.

Quando decidiu se tornar barista? Vi o café como uma forma de ganhar dinheiro, pois vinha de uma infância muito difícil. Trabalhava de manhã como barista e à noite como bartender. Fiquei empolgado e achei que poderia ficar rico. Depois de um ano nas duas jornadas, continuava na mesma condição financeira de quando comecei e o máximo que consegui foi ficar cansado. Vi que tinha que fazer uma escolha, pois não conseguia me dedicar nem a uma profissão nem a outra. Duas coisas pesaram para eu escolher o barismo: o meu amor pelo café e a falta de profissionais qualificados naquela época.

Qual foi o seu primeiro trabalho como barista? Quando estava no projeto social da Casa do Barista, um amigo viu um anúncio de emprego. Inicialmente, fiquei inseguro pois ainda não havia terminado o curso. Mas resolvi arriscar e consegui a vaga numa distribuidora de café, onde comecei como barista e, hoje, depois de oito anos, sou um dos sócios.

Você faz muitos latte arts. Como surgiu essa vontade? Quando comecei a trabalhar na distribuidora, tinha de visitar cafeterias para dar treinamento. Na grande maioria das vezes pegava equipes que já faziam café havia muito tempo. Eu iniciava explicando sobre a limpeza da máquina e a extração de espresso. Percebia que as pessoas não estavam nem aí para o que eu falava. Quando chegava ao cappuccino, assim que fazia o primeiro latte art, as pessoas piravam. Percebi que com o latte art teria a atenção dos funcionários e ficaria mais fácil falar e ensinar sobre café. Por isso eu me tornei viciado nessa técnica.

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Qual método você considera mais interessante para o preparo de café? Adoro espresso, mas prefiro os filtrados. Meu método favorito é o Kalita Wave. É impressionante como ele ressalta a doçura do café na extração.

Quais as qualidades que um barista deve ter? Hoje em dia costumo dizer que saio de casa para brincar de fazer café, pois sou muito feliz na minha profissão, amo trabalhar e beber café. Para ser barista, eu precisei ter força de vontade, ser estudioso, educado e gostar de café.

Como vê o mercado de baristas hoje? Desde quando comecei até hoje, vi que o mercado brasileiro teve uma boa evolução: há muito mais baristas atuando e conseguindo viver somente do café e capacitar-se com os cursos que são oferecidos no Brasil. Infelizmente, em relação a alguns países, ainda estamos bem atrasados. Vejo muito equipamento de ponta que nem sabemos se um dia chegará ao Brasil. Temos uma política de proteção do café brasileiro que, na minha opinião, é uma burrice, pois não permite a entrada dos cafés de outros países produtores e os baristas não têm acesso a novos sabores e aromas.

Qual profissional você admira no mundo do café? Há um barista em especial que admiro muito, pela dedicação, pelo conhecimento e por estar sempre se renovando: Léo Moço.

Qual seu próximo passo dentro da profissão? Venho sempre estudando e buscando informações sobre café; aos poucos venho me preparando para abrir outra cafeteria junto com minha esposa, que também é barista, e que há pouco tempo resolveu se especializar em chá. Pretendemos abrir uma casa de chá e café.

Qual seu maior sonho? Representar o Brasil no campeonato mundial e ser campeão. Hoje em dia vivo de café e é dele que tiro o sustento da minha família. Sou casado e temos um lindo filho, que também vive no mundo do café. Diariamente vivo essa experiência de fazer e explicar café. Sonho em poder continuar vivendo isso e poder realizar outros sonhos a partir desse trabalho.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Dhani Borges
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