Barista

Abertas as inscrições para a 6ª Copa Barista

Premiando os melhores colocados na preparação de espressos, cappuccinos e cafés filtrados, a 6ª Copa Barista, que acontecerá entre os dias 25 e 27 de outubro, no Expominas, em Belo Horizonte (MG), durante a Semana Internacional do Café (SIC), está com inscrições abertas. Com 32 participantes, a competição tem como objetivo mostrar ao público a importância e a habilidade do barista, promover a educação por meio da disputa entre os profissionais e dar a eles visibilidade nacional.

Através de um sorteio, os competidores serão divididos em 16 chaves. Os dois baristas de cada chave irão se apresentar simultaneamente, tendo 12 minutos para preparar dois cafés filtrados, dois espressos e dois cappuccinos. Dois juízes sensoriais e um técnico darão as notas para os participantes, levando em consideração não somente a bebida, mas também elementos como habilidade, estilo, movimento, atenção aos detalhes e criatividade, passando apenas um dos competidores para as próximas etapas.

Seguindo uma ordem para servir, sendo os filtrados primeiro, os espressos em segundo e os cappuccinos em terceiro, os baristas não precisarão montar uma mesa para os juízes. Os cafés a serem utilizados, assim como a entrega de cardápio, vai de acordo com a preferência do participante, podendo usar até 3 cafés diferentes em sua apresentação geral. Cada competidor será responsável por levar seu café.

Na última edição, quem levou a melhor foi o paulista Lucas Salomão. Completando o pódio, Ivan Heyden, em segundo, Eder Delfino em terceiro e Juca Esmanhoto em quarto.

Neste ano, o primeiro colocado receberá R$ 3 mil. Para o segundo, o prêmio será de R$ 1.500. O terceiro lugar receberá R$ 500. Todos os três colocados também ganharão, além do prêmio em dinheiro, dois anos de assinatura da Revista Espresso.

A competição será dividida em cinco etapas: classificatórias (25/10), oitavas de final (26/10), quartas de final (27/10), semifinais (27/10), disputa de terceiro e quarto lugar (27/10) e final (27/10). Com vagas limitadas e valor de R$ 160, as inscrições ficarão abertas até o dia 15/9, no site da SIC.

Mais informações: www.semanainternacionaldocafe.com.br

TEXTO Redação • FOTO Vitor Macedo

Mercado

Simpósio no Caparaó oferecerá palestras e cafés especiais

Entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro, na sede do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) Campus Alegre, no distrito de Rive, acontecerá o II Simpósio de Cafeicultura do Caparaó. Esse ano, o encontro terá como tema “A Cafeicultura do Caparaó: Cultura, Ambiente e Produto”.

A previsão de público é de cerca de 2 mil pessoas, sendo cafeicultores, microempreendedores, servidores públicos de ensino técnico e pesquisa, entre outras. “O público participante poderá se integrar com os diversos setores da cadeia produtiva”, disse João Batista Pavesi, professor do IFES e orientador da Caparaó Jr., Empresa Júnior do Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura do IFES.

Para as pessoas presentes, o Simpósio contará com minicursos, palestras, rodadas de negócios, workshop, oficina e conferências, oferecendo oportunidades de capacitação para os interessados. Em uma cafeteria montada por profissionais, dezenas de cafés especiais também estarão disponíveis para serem degustados pelas pessoas presentes.

O encontro possui como objetivo contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva do café da região e levar conhecimento para os consumidores sobre novos produtos e processos, mostrando os avanços nas etapas como produção, colheita, pós colheita, armazenamento, comercialização do café e práticas de conservação de recursos naturais.

O II Simpósio de Cafeicultura do Caparaó é realizado pelo IFES, Caparaó Jr., Sebrae/ES e Samarco Mineração. As inscrições devem ser realizadas no local.

Serviço
II Simpósio de Cafeicultura do Caparaó
Quando: 31/8 a 2/9
Onde: Sede do IFES, Campus Alegre
Rodovia BR 482, Km 47, s/n – Rive, Alegre (ES)
Mais informações: www.caparaojr.com/simposiodecafeicultura

TEXTO Redação • FOTO Bruno Lavorato, Divulgação

Mercado

Artista une poesia, café e sustentabilidade

Juntando sua paixão por café e poesia, o mineiro Carlos La Terza criou, há cinco anos, um projeto independente utilizando sua criatividade e filtros de café usados.  Com o material em mãos, a ideia foi produzir livros de poesias a partir da reutilização, dando outro fim aos coadores de papel.

Chamado de Projeto Leitura Sustentável, o trabalho é todo artesanal, desde o processo das páginas até a escrita e a capa. Segundo o poeta, os filtros são lavados para retirar o resto de pó e deixados para secar ao ar livre, sem tirar a cor amarronzada e mantendo a essência da bebida.

Para dar um charme, as poesias são datilografadas diretamente no coador através de uma máquina de escrever e a capa é desenhada a mão utilizando uma tinta à base de café, que é produzida pelo próprio artista.

Com toda a proporção que seu trabalho vem ganhando, Carlos recebe muitas doações de filtros de papel, permitindo assim que ele dê continuidade ao seu projeto. Depois de divulgar seu livro “Leite de Pedra” para todo o país, o poeta lançou recentemente sua segunda obra, “Gaiola Viola”, fruto de muita imaginação e sustentabilidade.

Mais informações: www.instagram.com/poetalaterza

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Barista

Casa do Barista oferece curso em Búzios

A Casa do Barista realizará, entre os dias 1º e 3/9, um curso básico que abordará temas relacionados ao universo do café através de aulas práticas e teóricas ministradas pelos baristas Emílio Rodrigues e Emerson Nascimento.

Tratando de temas como história do café, variedades, classificação, torra, vaporização do leite, drinques com café, métodos de extração, entre outros, o curso é direcionado não apenas aos baristas, mas também aos donos de estabelecimentos, produtores, funcionários e apaixonados pela bebida.

Das 8h às 14h, as aulas acontecerão no Hotel Ferradura Resort, localizado na cidade de Búzios (RJ). Para os interessados, o Curso de Barista disponibilizará apostila e o hotel oferecerá descontos nas hospedagens. Ao final, os concluintes receberão um certificado para exercício da profissão.

Serviço
Curso básico de Barista
Quando: de 1º a 3/9, das 8h às 14h
Local: Hotel Ferradura Resort, Búzios (RJ)
Investimento: R$ 990
Mais informações: casadobarista@gmail.com.br ou (35) 99870-7451

TEXTO Redação • FOTO Lucas Albin/ Agência Ophelia

Barista

Saiba quem participa do Brasileiro de Barista 2017

Entre os dias 25 e 27 de agosto, na cidade de São Lourenço, Sul de Minas, acontecerá o 16º Campeonato Brasileiro de Barista. O evento, que será realizado na Estância Hidromineral, no Calçadão (Rua Wenceslau Braz, 35), divulgou os nomes dos 22 competidores deste ano. Confira abaixo:

André Martinelli – Baden Torrefação de Cafés Especiais – Porto Alegre (RS)
Arthur Malaspina Junior – O’Coffee – Pedregulho (SP)
Cauã Sperling – Fora da Lei – São Paulo (SP)
Cinthia Bracco – Um Coffee Co. – São Paulo (SP)
Gabriel da Cruz Guimarães – Unique Cafés Especiais – Carmo de Minas (MG)
George Charles Albert Gepp – Borsoi Café Clube – Recife (PE)
Hugo Silva – Hoss Cafeteria – Bauru (SP)
Jéssica Maciel de Oliveira – Café du Coin – Cascavel (PR)
Kyo Silva – Mais Kafeina – Porto Alegre (RS)
Leo Moço – Café do Moço – Curitiba (PR)
Leonardo Correia Ribeiro – Unique Cafés Store – São Lourenço (MG)
Marcelo Ribeiro Silva – Objeto Encontrado – Brasília (DF)
Martha Grill – Octavio Café – São Paulo (SP)
Midori Martins – Um Coffee Co. – São Paulo (SP)
Otávio Augusto Martins dos Santos Junior – Café Grãos do Brasil – São José (SC)
Rafael Bosco – Isso É Café – São Paulo (SP)
Rafaela Rodrigues Oliveira – Empresa Agrícola Santa Rita – (MG)
Raphael Ferraz de Souza – Grassy Spazio Caffè – Ribeirão Preto (SP)
Ricardo Teles – Café do Mercado – Porto Alegre (RS)
Stefani Santos – Black Coffee – Curitiba (PR)
Thiago Sabino – IL Barista – São Paulo (SP)
Vitor Haubert – Paris Cake House – Curitiba (PR)

Selecionados de acordo com a ordem de envio das inscrições, os baristas participantes terão 15 minutos para preparar doze bebidas para a fase eliminatória: quatro espressos, quatro bebidas com leite vaporizado e quatro bebidas de assinatura. Juízes sensoriais e técnicos irão analisar e julgar as criações, dentre eles Danilo Lodi, brasileiro e juiz certificado pela World Coffee Events (WCE). As classificatórias serão realizadas nos dias 25 e 26/8, das 13h às 18h.

O título será disputado no dia 27/8 pelos seis melhores classificados na fase anterior, das 13h às 15h30, sendo o juiz principal da final o japonês Yoshihito Kato, certificado pela WCE. O campeão garantirá vaga no campeonato mundial, que acontecerá na cidade de Seul, capital da Coreia do Sul, dos dias 9 a 12 de novembro, na Café Show.

Além da competição, o evento terá uma programação cultural voltada para os coffee lovers e amantes de música. O São Lourenço Coffee Music contará com workshops, palestras e shows, além de comidas típicas da culinária mineira.

A edição do Campeonato Brasileiro de Barista é realizada pela BSCA e integra o projeto “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Mais informações: BSCA

TEXTO Redação • FOTO Mariana Proença

Cafezal

SP e MG abrem inscrições para concursos de qualidade

Dois grandes estados produtores de café estão com inscrições abertas para concursos de qualidade dos grãos. Em Minas Gerais, o Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais acontece pela 14ª vez. Já em São Paulo, o Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo está em sua 16ª edição e com duas novidades na competição. Confira os detalhes!

Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais
A competição está com duas categorias e cada produtor poderá participar somente com uma amostra em cada: a categoria de Café Natural e a de Café Cereja Descascado, Despolpado ou Desmucilado.

Podendo competir apenas os produtores dos municípios mineiros que possuem amostras de café arábica tipo 2 para melhor, as amostras também precisam ser colhidas este ano e entregues, até o dia 15/9, nos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater/MG) da região onde o café foi produzido. As fichas de matrícula também serão preenchidas no mesmo local.

Os grãos passarão por análises físicas e sensoriais feitas por uma comissão formada por no mínimo dez classificadores e degustadores de café. As amostras com nota sensorial abaixo de 80 pontos, de acordo com a Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), serão desclassificadas.

Além destas análises, também serão levados em consideração os fatores socioambientais. Os cafés serão pontuados em quesitos como a proteção de nascentes da propriedade, preservação de mata ciliar dos cursos d’água, entre outros.

Os vencedores das categorias receberão um certificado da organização do evento, além de outras premiações. Os resultados serão anunciados entre novembro e dezembro, em Belo Horizonte.

Concurso de Qualidade do Café de São Paulo
Podendo participar apenas os finalistas dos concursos regionais, produtores de café arábica, além das três categorias que já existiam, Café Natural, Cereja Descascado e Microlote, agora a competição também está com uma novidade: a Nanolote.

Os produtores que queiram participar precisam ser finalistas dos Concursos Regionais de Qualidade de Café, considerados oficiais e inscritos no Concurso Estadual. Cada região poderá inscrever até quatro lotes de café natural, quatro de cereja descascado ou despolpado, dois microlotes e um nanolote de 10 kg, totalizando até onze lotes.

Os cafés participantes serão enviados para a Comissão Coordenadora do Concurso Estadual e serão avaliados às cegas por uma comissão julgadora constituída por até nove especialistas. Assim como o concurso mineiro, a questão socioambiental também contará positivamente na avaliação.

Nos dias 25 e 26 de outubro, as amostras passarão pelo júri técnico e a divulgação dos lotes finalistas será no dia 30. Dentre os cafés participantes, a comissão julgadora definirá os melhores de cada categoria, sendo o vencedor o de maior pontuação.

A outra novidade acontece no Leilão dos Cafés Premiados de São Paulo. O valor do lance mínimo passou a ser 80% acima da cotação BM&FBovespa do dia anterior ao pregão. Antes, o lance mínimo era 50% acima. Para o nanolote, o lance mínimo ainda será informado pela comissão organizadora.

Mais informações: Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais e Concurso de Qualidade do Café de São Paulo.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Redação • FOTO Érico Hiller

Barista

Brasil terá pela primeira vez campeonato de torra de café

Neste ano, entre os dias 15 e 18 de setembro, nosso país realizará pela primeira vez o Campeonato Brasileiro de Torra de Café. A competição acontecerá na cidade de Curitiba (PR) e possui 16 participantes.

A disputa será dividida em duas etapas: a primeira, que será realizada na Indústria de Torradores Probat Leogap, exige que os participantes torrem cafés servidos utilizando um Probatone 5. Estes cafés serão degustados por juízes sensoriais na segunda etapa, que ocorrerá na cafeteria Lucca Cafés Especiais. “Nossa expectativa é de que esse evento será um marco para o segmento, pois é visível o crescimento nos últimos anos do número de pessoas que se interessam cada vez mais pelo universo dos cafés especiais”, disse Paulo Kleinke, diretor da Probat Leogap.

Os 16 participantes são:

Agostinho Douglas Andrade Ramos – São Paulo
Carlos Frigerio – São Paulo
Eduardo Affonso Scorsin – Paraná
Fabíola Jungles – Paraná
Felipe Brazza – Minas Gerais
Francisco Massucci Silveira – São Paulo
Hugo Rocco – Paraná
Jack Robson Silva – Minas Gerais
Jansen Willian de Souza Santos – Rio de Janeiro
Leandro Carlos Paiva – Minas Gerais
Leo Moço – Paraná
Luiz Eduardo Melo – Paraná
Orlando Salvatti – Paraná
Philipe Glazer – Santa Catarina
Robson Rodrigues Ribeiro – Minas Gerais
Thiago de Oliveira Sidney – São Paulo

O competidor que for mais fiel à curva de torra planejada e obtiver as maiores notas na bebida vencerá o campeonato e representará o Brasil no World Coffee Roasting Championship, competição mundial de torra proporcionada pela World Coffee Events (WCE) que acontecerá em dezembro, na cidade de Guangzhou, na China.

Promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento (Apex-Brasil), o Campeonato Brasileiro de Torra de Café é uma ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”.

World Coffee Roasting Championship
Realizado na cidade chinesa de Xangai, a última edição do campeonato mundial de torra teve como campeão o romeno Alexandru Niculae. Completando o pódio, o russo Dmitrii Borodai ficou com a segunda colocação e Matthew Robley-Simeonsma, do Reino Unido, com a terceira.

A primeira edição do World Coffee Roasting Championship aconteceu em 2013 na cidade de Nice, na França, e teve como campeão o japonês Naoki Goto.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Torra de Café
Onde: Curitiba (PR)
Quando: 15 a 18/9
Mais informações: www.brazilcoffeenation.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Receitas

Éclair de café

Ingredientes
Massa
• 150 g de farinha de trigo
• 100 g de manteiga sem sal
• 200 ml de água
• 50 ml de leite
• 7 g de sal
• 7 g de açúcar
• 4 ovos

Creme
• 40 g de amido de milho
• 15 g de manteiga sem sal
• 350 ml de leite
• 1/3 de fava de baunilha
• 50 g de açúcar
• 4 gemas

Essência de café
• 3 doses de espresso
• 30 g de leia mais…

TEXTO Christophe Guillard, da Brioche Brasil • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz

Receitas

Madeleines

Ingredientes
• 200 g de farinha trigo peneirada
• 165 g de manteiga derretida
• 75 g de amido de milho
• 150 g de açúcar
• 25 g de açúcar de baunilha*
• 9 g de fermento químico
• 2 g de bicarbonato de sódio
• 25 g de mel
• 3 ovos
• 135 ml de creme de leite fresco
• Raspas de um limão-siciliano

*Açúcar aromatizado com baunilha

Preparo
Bata em uma batedeira os ovos, o açúcar e o açúcar de baunilha. Acrescente a farinha, o amido de milho, o bicarbonato de sódio e o fermento (todos previamente peneirados) e volte a bater. Adicione o creme de leite, o mel e a manteiga e bata novamente. Acrescente as raspas do limão, mexa e deixe a mistura descansar por 40 minutos. Unte com manteiga e farinha as forminhas de madeleine (no formato de conchinhas) e preencha 2/3 de cada uma com a massa, para deixar espaço para a madeleine crescer, sem transbordar. Asse em forno preaquecido (190 ºC) por aproximadamente 8 minutos. Transfira as madeleines para uma gradinha, para evitar umidade na massa. Sirva com uma generosa xícara de café.

Rende 30 unidades

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Christophe Guillard, da Brioche Brasil • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz

Cafezal

“Café é detalhe”

Há quase quarenta anos, Paulinho, como é conhecido o produtor Paulo Sergio de Almeida, produz café na tranquila cidade de Paraisópolis, na Mantiqueira de Minas. A centenária fazenda Santa Terezinha, fundada em 1915, era de produção tradicional de café. Por volta de 1995, o cafeicultor enfrentou um grande desafio: descobriu um sério problema nos rins. Foi obrigado a partir para o transplante, o que o levou a mudanças radicais de hábitos. De forma autodidata, enveredou pelos caminhos do cultivo orgânico, por acreditar que seu problema havia sido por intoxicação pelo uso de adubos químicos e hoje é referência em produção de cafés especiais.

A paixão pelo orgânico – sem o uso de substâncias que não sejam naturais e produzidas pela fazenda – ficou ainda maior. Desse grande passo, Paulinho modificou a forma de pensar o café. Foram anos de adaptação para desenvolver soluções empíricas, que depois passaram a fazer parte das palestras que ele mesmo passou a ministrar. Um conhecimento adquirido na prática, que lhe rendeu, em 2001, o maior prêmio da cafeicultura brasileira: o primeiro lugar no Cup of Excellence, que pontua os melhores cafés da safra em um ranking exigente de provadores.

No primeiro ano em que participou, Paulinho já levava o maior prêmio, que, segundo ele, “mudou muito e valorizou o produto da fazenda”. Naquele ano, sem muitas pretensões, ele inscreveu o café no concurso. Pediu a ajuda de um amigo para o beneficiamento do produto. Uma verdadeira saga. Já em São Paulo, aproveitando a ida a um médico, foi assistir ao resultado. Esperava apenas receber um agradecimento pela participação. Qual não foi sua surpresa quando a qualidade do produto o levou ao primeiro lugar.

Paulinho passou a conhecer o potencial do seu café. Todos queriam saber quem era aquele produtor, dono do primeiro café mais pontuado do País, à época com 97,53 pontos. “Café é detalhe”, ensina ele.

Ele conversou conosco em 2011 e, recentemente, concedeu-nos nova entrevista, no momento em que seu filho, André Almeida, está participando ainda mais ativamente do dia a dia da fazenda, assim como Fabrício e Júnia, filho e nora, que inauguraram a Zalaz, cervejaria com diversos rótulos, dentro da própria fazenda.

Quando falamos em sucessão familiar como importante passo para a continuidade dos bons projetos, retomar a conversa com Paulinho nos faz perceber que é possível avistar ao longe, em meio às árvores frondosas, os novos caminhos dos cafezais.

Como começou sua história no café?
Eu me formei em 1975 e em 1976 assumi a fazenda do meu pai, um ano antes de ele falecer. Entre 1977 e 1980, comecei a construir as coisas na fazenda e a plantar café. Com um ano e meio de trabalho, perdi toda a minha lavoura por causa de uma geada. O lugar não é baixo, mas perdi 20 mil pés. Não desisti. Fui plantar café no alto do morro e comecei a dividir a plantação em talhões. O primeiro talhão que plantei foi o Guatambu, que fica entre 1.000 e 1.200 metros, em 1982, sem veneno; a terra era boa, um dos fatores pra ter essa qualidade.

Como foi seu aprendizado com orgânicos?
Eu fui a um encontro, em 2000, de cafés orgânicos, em Machado, onde estava um antigo amigo de trabalho que era supervisor de adubo, o Alex. Conversando sobre o meu certificado, ele me falou de um treinamento que haveria e combinamos de ir. Fui à casa do Alex e no chão da casa dele tinha umas amostras de café para um concurso. Perguntei o que era e ele me incentivou, e mandei uma amostra do meu café faltando dois dias para se encerrarem as inscrições na BSCA. Uns quinze dias depois, recebi um telegrama que dizia que eu tinha sido aprovado na primeira fase do concurso e que precisava mandar 3 kg do café para a segunda fase. Liguei para o Alex para contar a novidade e eu o ouvia pulando do outro lado do telefone. Mandei as amostras. Descobri um lugar em Varginha para beneficiar. Na época eu já fazia terreiro suspenso e cereja descascado. Uns dias depois fui convidado a participar do encerramento do concurso. Classificaram dezoito cafés e eu fiquei com o primeiro lugar. Nunca imaginaria isso na minha vida. E eu de ônibus e não conseguia avisar minha família. Daí começou essa história maluca e minha vida mudou por completo. Em 2002 saiu meu Certificado Orgânico e comecei a dar muitas palestras e a passar o conhecimento pra frente.

Como estão os negócios agora?
O André, meu filho, formou-se em Engenharia Agronômica assim como eu, na mesma instituição, a Ufla. Trocamos muitas informações e conversamos bastante. Ele já faz parte da história porque eu estou deixando essa parte do café na mão dele. Há uns três anos estamos produzindo cafés fermentados, viajamos muito e nos aprimoramos também porque, do mesmo jeito que você ensina, você aprende. A fazenda tem cinco tipos de café hoje em dia; destes, 90% da safra de 2016 foi de cafés fermentados e o resto, natural. Para 2017 ainda vai ser definido o que faremos.

Como você faz café fermentado na seca vulcânica?
No preparo do café, eu coloco fermento nos tambores, controlando o pH. Quando chega ao pH desejado, acrescento os cafés cereja e coloco todos na estufa. Se a estufa apertar, já abro o terreiro e espero chegar ao ponto de vulcão. (O vulcão é um tipo de seca feita no terreiro. Ele ‘amontoa’ o café em formato vulcânico). Faço o processo de vulcão com qualquer tipo de café, mas nem sempre eu utilizo esse método. A grande vantagem do vulcão é aumentar o espaço de terreiro e diminuir o serviço, melhorando o aspecto do café. É um processo que eu acho muito legal e muito simples.

Qual a sua previsão para daqui a alguns anos?
Com o André me ajudando, minha previsão é colher umas 800 sacas daqui a uns três anos. Na safra atual colhi 200 sacas. Hoje, tenho dois clientes no Japão, um nos Estados Unidos e as cafeterias nacionais, às quais vendo microlotes, como Silvia Magalhães, Rause Café, Hoss Cafeteria, Aha! Cafés, 4 Beans, IL Barista, entre outros.

Você acha que esse mercado interno mudou?
Mudou muito. Em 2016 a procura por café especial foi muito grande. E, principalmente, pelo orgânico, que não tem muito.

É muito difícil manter o orgânico no Brasil?
Isso daí é princípio, é filosofia. É difícil porque as pessoas não embarcam nessa ideia de preservar a natureza. A pessoa que quer produtividade altíssima não vai entrar no orgânico porque, querendo ou não, a produtividade cai, mas também, hoje em dia, há muita tecnologia pra esse meio. Hoje existem muitos produtos que podem ser trabalhados no uso do orgânico. Falta o pessoal ter consciência e não pensar apenas em dinheiro. O pessoal acha que é muito difícil trabalhar sem usar venenos, mas não é; só é necessário se adaptar e mudar os hábitos. É preciso quebrar paradigmas e conceitos.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • FOTO Marcelo Furquim
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