Além dos métodos de preparo, os filtros de papel possuem diferentes características que influenciam o resultado final do seu café. Conheça seis opções e veja qual se encaixa melhor no seu perfil!
Kalita
O método utiliza filtro de papel branqueado, em formato ondulado, que lembra uma forminha de muffin. Tem fundo plano e fino que possibilita uma drenagem por igual da bebida e as ondas do papel ajudam a promover uma extração mais consistente. Para alguns baristas, isso ressalta a doçura do café e resulta em uma bebida mais equilibrada. Também evita acúmulo de água e extração em excesso.
Melitta
Segundo o barista Lucas Salomão, é preciso atentar para a moagem e o tempo de extração da bebida, quando preparada nesse filtro. Por ser poroso, retém o líquido por mais tempo e, se a granulometria do café for fina em excesso e o tempo de extração muito longo, isso pode resultar em uma bebida com um pouco de amargor. Ele tem a forma de um V e algumas ranhuras, que ajudam na percolação. É um filtro muito prático, de baixo custo e disponível em diversos estabelecimentos.
Aeropress
Criado em 2005, esse método é composto de base, porta-filtro, êmbolo, funil, armazenador de filtro extra, dosador e mexedor. Extrai as propriedades do pó durante infusão e por pressão de ar, quebrando sólidos e mantendo os óleos essenciais do café. É possível utilizar moagens variadas para obter diferentes resultados da bebida. O filtro de papel utilizado para a aeropress é circular, pequeno, e de material semelhante ao dos demais filtros.
Hario V60
O método desenvolvido pela empresa japonesa Hario foi feito em espiral pensando no fluxo contínuo e homogêneo da extração. O filtro usado é de papel fino e poroso, cônico, podendo ser branqueado ou cru. O resultado na xícara, sobretudo, depende do café utilizado, mas o filtro, se escaldado, pode resultar em uma bebida limpa, que dá destaque para as notas mais delicadas do grão. Os filtros convencionais não se encaixam corretamente nesse porta-filtro.
Clever
Lembra um porta-filtro tradicional Melitta. Feito de acrílico, a outra diferença é quanto à extração do café, já que possui um tipo de engrenagem na base que permite o controle da infusão e libera a bebida direto na xícara no tempo desejado, ou seja, é possível manter o pó em contato com a água quente por mais tempo. Segundo a Abid, fabricante do produto, o método não possui filtro de papel próprio. Normalmente, para o preparo do café nesse método, os baristas utilizam o filtro 103 da marca Melitta, que se encaixa com facilidade no equipamento.
Chemex
Criada em 1941, utiliza um filtro de papel de textura mais grossa, circular, para ser dobrado como um cone e encaixado na garrafa. A parede tripla formada pela dobra em um dos lados do papel impede a passagem de sólidos para a xícara, resultando em uma bebida mais limpa e leve. Para o método, há também um filtro de papel em forma de meia-lua, que serve três xícaras, e o pré-dobrado, para quatro a oito xícaras, além do papel cru, sem branqueamento e pré-dobrado.
E O COADOR DE PANO?
Um dos preparos mais antigos – e mais comuns no Brasil –, o coador de pano, como o próprio nome diz, utiliza um tecido, a flanela, para fazer a extração da bebida. Ela permite a passagem de um pouco mais de óleo para a bebida, o que não a deixa livre de resíduos. Quando o filtro não é tratado adequadamente, o resultado pode ser um café amargo. Ele deve ser lavado só com água e sua duração é de, no máximo, três meses. A bebida leva, em média, de quatro a oito minutos para ser filtrada nesse coador, dependendo da quantidade de pó.
VOCÊ SABIA?
O filtro de papel foi criado em 1908 por Amalie Auguste Melitta Bentz. Segundo João Michaliszyn, gerente de Marketing da Melitta no Brasil, Amalie queria melhorar a qualidade do café que preparava para sua família e produziu artesanalmente o primeiro filtro de papel – feito com uma lata de estanho e papel mata-borrão –, que mudou para melhor o sabor do café. Foi a partir daí que os negócios da família se iniciaram, tornando a marca reconhecida mundialmente.
QUALIDADE
O filtro deve ser resistente a rupturas e ao calor. A ideia é que ele possa reter as partículas sólidas de acordo com o diâmetro de seus furos e “limpar” a bebida, ou seja, não deve deixar que passem resíduos do pó.
POROS
Quanto maiores os poros, mais substâncias sólidas passam junto com a água. Por exemplo, em uma peneira, quanto menor o tamanho dos furos, maior a sua retenção. Alguns filtros possuem uma tecnologia de microfuros, que permitem a passagem dos óleos essenciais, obstruindo a passagem do pó, o que mantém as características sensoriais da bebida.
PAPEL
Atualmente, estão disponíveis no mercado os filtros de papel branqueado, feitos com papel virgem – derivado diretamente da celulose –, e os de papel cru, sem branqueamento, também conhecido como ecológico, feito com cerca de 50% de papel branco (virgem) e 50% de papel reciclado (que já foi usado), o que torna a sua coloração diferente. Por ser reciclado, é necessário colocar um pouco mais de fibra no filtro para que ele seja resistente. Para perceber a influência de cada tipo de filtro de papel no sabor da bebida final, o barista Lucas Salomão indica escaldá-lo várias vezes e separar essa água que passou pelo filtro para usar depois, analisando se a intensidade do gosto varia. A marca Hario possui dois tipos de filtro para o seu coador. Um ecológico, feito de papel reciclado, e um branco, de papel virgem. Segundo a barista Carolina Franco, escaldar bem o filtro, seja ele qual for, diminui o impacto do gosto do papel no café.
(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).
TEXTO Natália Camoleze • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz