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Agricultura regenerativa é destaque em coletiva da illycaffè realizada em São Paulo (SP)

Após pausa de dois anos por conta da pandemia de covid-19, nesta quinta-feira (5) será realizada a premiação do 31º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso. A illycaffè selecionou 40 cafeicultores finalistas que serão premiados na ocasião. 

A Experimental Agrícola do Brasil, braço da illycaffè no país, analisou 754 amostras enviadas das principais regiões produtoras de café arábica da safra 2021/2022, por meio da Comissão Julgadora da premiação, composta por especialistas seniors em espresso da illycaffè.

Na manhã desta quinta, ocorreu uma coletiva de imprensa com a presença de Andrea Illy, presidente da illycaffè; Anna Illy, presidente da Fundação Ernesto Illy e membro do Conselho Administrativo da illycaffè; Alessandro Bucci, diretor de compras; e Frederico Canepa, diretor da illy Sul América. 

Andrea iniciou expressando sua alegria em poder retornar ao Brasil e comentando sobre a importância do Prêmio, iniciado em 1991 através de seu pai, Ernesto Illy, que abriu o mercado para os cafeicultores dispostos a cultivar cafés especiais e estimulou o trabalho na cadeia. 

“Temos muito orgulho dessa iniciativa pioneira, que já reconheceu mais de mil e quinhentos produtores. Nesse ano foram mais de 700 amostras inscritas. A premiação nacional serviu de inspiração para criação do Prêmio Ernesto Illy Internacional, que completa sua sétima edição, reunindo 27 cafeicultores de nove países, e deve ocorrer no segundo semestre em Nova York, se não houver problemas sanitários”, contou Andrea. 

Um dos destaques da coletiva foi a agricultura regenerativa, que é vista pela illycaffè como um modelo para enfrentar as mudanças climáticas e promover a troca de experiências e ideias em relação à transformação do solo e do cultivo através de práticas sustentáveis. 

“Ser sustentável é uma escolha diária, dever moral da empresa, respeitando os mais altos padrões, evitando crises ambientais, sociais e econômicas. É importante corrigirmos os erros do atual modelo de mineração, que continua esgotando os recursos planetários, criando uma enorme quantidade de resíduos que se acumulam no meio ambiente. Há uma necessidade urgente de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico, regenerativo, que seja circular e capaz de não só reutilizar recursos, tentando não produzir resíduos, mas também de revitalizar o capital natural, ao mesmo tempo em que busca o bem-estar do homem e do planeta”, pontuou o presidente da empresa italiana. 

Ele destacou que o intuito é melhorar as práticas agronômicas, desenvolver mais variedades resistentes ao clima, investir em plantações, reservas de água e adubos orgânicos: “O Brasil conta com ótimas instituições que buscam as melhorias das variedades”. 

Sobre o tema, Alessandro Bucci comentou que “o Brasil tem ótimas condições e um avanço tecnológico avançado em relação a outros países produtores. As fazendas estão cada vez mais bonitas e os produtores estão animados para mudar, regenerar e melhorar a plantação”.

Em relação à pandemia, Andrea mencionou que os preços do café dobraram e a logística de envio do grão foi complexa – já que os portos foram fechados – além dos problemas com a crise, a seca e geada. Segundo ele, o consumo em casa aumentou bastante em comparação com o consumo fora do lar. “Estamos na expectativa de um equilíbrio nessa questão, já que a forma de trabalho e o tempo fora de casa foi mudado”, disse. 

Já sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o presidente da illycaffè apontou que não houve um grande impacto comercialmente para a empresa, já que ela não possui uma relação de mercado com a Rússia e conta com um distribuidor menor na Ucrânia: “A inflação foi muito impactada com a guerra e o sentimento grande de insegurança”. 

“A geada na região do Cerrado foi uma surpresa, comprometeu muito a produção. Talvez haja uma estabilização em 2023, mas podemos ter uma inversão do ciclo de alta e baixa. A junção da seca e geada não víamos há muito tempo”, disse Alessandro. Já o presidente da marca afirmou que prefere não realizar previsões sobre a nova safra.

Andrea destacou, ainda, em relação aos novos rumos da empresa, que agora conta com um novo conceito de governança em busca de um maior desenvolvimento. “A nova CEO, Cristina Scocchia, iniciou os trabalhos em janeiro e prepara um plano estratégico para melhorias internas”, finalizou. 

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Gabriela Kaneto

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Consumo de café cresce na China à medida que a produção desacelera

De acordo com um novo relatório do Serviço de Agricultura Estrangeira do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa de café verde está em declínio, enquanto a demanda doméstica por café não torrado e torrado está se expandindo rapidamente à medida que mais consumidores adotam a bebida.

O relatório anual destaca a rapidez com que o mercado cafeeiro chinês está evoluindo, com base em mudanças tanto no setor cafeeiro doméstico (produção) quanto no mercado cafeeiro doméstico (consumo), este último ocorrendo principalmente em cidades grandes e médias.

As importações de café verde para a China no ano de 2020/2021 aumentaram, aproximadamente, 80% em relação ao ano anterior, para 1,68 milhão de sacas de 60 kg. No geral, as importações de café para a China – incluindo verde, torrado e solúvel embalado (instantâneo) – atingiram o equivalente a 3,8 milhões de sacas em 2020/2021, com estimativas de 4 milhões de sacas para o atual ano de mercado.

Isso colocaria a China aproximadamente entre a Rússia e o Reino Unido no total de importações anuais de café, embora a China represente o mercado de importação de café que mais cresce em porcentagem entre todos os principais países compradores de café do mundo, de acordo com dados anteriores da FAS de dezembro de 2021.

O relatório mais recente atribui grande parte do crescimento do mercado de importação da China ao setor de varejo, com o número total de lojas de café crescendo de aproximadamente 108 mil, em 2020, para cerca de 120 mil lojas até o final de 2023.

“Comparado com outros países consumidores de café, como Estados Unidos e Japão, o consumo de café na China é um fenômeno relativamente novo, com consumidores mais jovens dispostos e interessados em experimentar novos sabores e produtos de café”, afirma o relatório da FAS.

Ao mesmo tempo que esse boom de consumo, a produção de café na China está desacelerando, com um declínio de produção estimado de aproximadamente 1,75 milhão de sacas de 60 kg no ano comercial de 2020/2021.

Fontes do relatório da FAS “indicaram que muitos produtores de café em Yunnan estão achando a produção de café menos lucrativa e estão mudando para outras culturas”. O relatório também observa que as iniciativas lideradas pelo governo ou por várias partes interessadas para estimular o setor comercial de café verde na China foram mais ativas entre 2014 e 2019, mas que “nos últimos anos, os programas de apoio à expansão da produção de café não foram divulgados”.

TEXTO As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin

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Café e arte: 3corações apresenta linha inspirada nas obras de Candido Portinari

Na última sexta-feira (29), a 3corações lançou uma linha de cafés inspirada nas obras do pintor brasileiro Candido Portinari, considerado um dos artistas mais importantes do século XX. Com o objetivo de enaltecer as riquezas da cultura brasileira, as embalagens da linha, encontradas nas versões torrado e moído, cápsula, solúvel e drip coffee, serão estampadas com inspiração em três grandes obras: Peneirando Café (1957), Meninos Soltando Pipas (1947) e Café (1942).

Candido Portinari nasceu em uma fazenda de café no interior de São Paulo, onde buscou inspiração para pintar, dentre as 5.400 obras, 257 que retratam o dia a dia de um cafezal. “Não conheço nenhum pintor, em toda a pintura universal, que tenha pintado mais um país do que Portinari pintou o seu. E como não poderia deixar de ser, a primeira imagem de sua infância, aquela que ficou gravada em suas retinas até o último suspiro, é a do imenso cafezal do interior paulista.  Não é por acaso que o seu primeiro prêmio internacional, que lhe abriu as portas para a fama além de nossas fronteiras, tenha sido conquistado com sua tela ‘Café’, hoje no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro”, comenta João Candido Portinari, filho do pintor.

“Acreditamos que o café é mais do que uma bebida. O café também é a expressão da identidade de cada brasileiro que tem seu próprio jeito de amar café. E o Brasil também vai além do futebol e do carnaval. O Brasil também é o país do café e o país de Portinari, e temos muito o que nos orgulhar disso! Assim como Portinari se inspirou no café para criar seu legado memorável, a 3corações agora se inspira em Portinari para criar esta linha de cafés 100% arábica como homenagem não só para ele, mas para todos os amantes de arte & café”, completa Roberta Prado, head de Marketing do Grupo 3corações.

O lançamento oficial aconteceu no Rio de Janeiro, no Copacabana Palace, durante o Baile da Vogue, evento patrocinado pela 3corações. A linha Portinari será comercializada a partir de maio, além de estar disponível para pré-venda no e-commerce da marca, Mercafé.

Mais informações: www.3coracoes.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Nespresso recebe certificação de responsabilidade social e ambiental

A Nespresso anunciou, nesta terça-feira (26), sua certificação global como uma Empresa B. A marca, com sede na Suíça, se une a um movimento internacional de 4.500 empresas com propósitos que atendem aos padrões de responsabilidade social e ambiental e transparência da Certificação como Empresa B.

Os principais elementos de contribuição da marca incluem sua abordagem exclusiva ao fornecimento de café – por meio do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável, desenvolvido em parceria com a Rainforest Alliance -, sua aliança estratégica com a Fairtrade e o programa global de reciclagem para suas cápsulas de alumínio. No Brasil, as 1.200 fazendas que fornecem café para a Nespresso fazem parte do Programa AAA, e 100% dos consumidores têm acesso a uma solução de reciclagem de cápsulas.

“A Certificação como Empresa B reflete um compromisso de 30 anos da Nespresso com a sustentabilidade, a transparência e os negócios responsáveis. Estamos imensamente orgulhosos de nos juntarmos a uma comunidade de mentes semelhantes que compartilham nossa crença de que lucro e propósito andam de mãos dadas. Esta certificação traz valor agregado para nossos clientes. Um outro ponto importante é que a Certificação como Empresa B nos inspira a fazer mais. Isso fortalece nosso compromisso com a visão de que cada xícara de café Nespresso tem um impacto positivo no mundo”, disse Guillaume Le Cunff, CEO da Nespresso. 

Para se certificar como uma Empresa B, as empresas devem atender a altos padrões em cinco áreas de impacto: Governança, Colaboradores, Comunidade, Meio Ambiente e Clientes. A cada três anos o processo é repetido e as Empresas B são obrigadas a demonstrar melhorias em suas ações e aumentar suas pontuações para manter a certificação.  

“O processo para se tornar uma Empresa B Certificada é uma avaliação independente e rigorosa do impacto de uma empresa nas pessoas e no planeta, analisando tudo, desde sua pegada de carbono até a maneira como trata os colaboradores. Alcançar a Certificação como Empresa B é um marco importante para a Nespresso. Quero parabenizá-los e desejar-lhes boa sorte enquanto continuam em sua jornada de sustentabilidade”, complementa Jonathan Normand, fundador do B Lab Suíça.

No caso da Nespresso, a Certificação como Empresa B abrange os negócios globais da empresa, ou seja, todas as operações da Nespresso em que ela é uma entidade legal ou uma divisão da Nestlé, abrangendo 38 mercados. 

“A comunidade de Empresas B é composta por negócios pequenos, médios e grandes. Todos são essenciais para o Movimento e ajudam no caminho para a construção de um futuro possível e mais justo. Mas sempre que uma marca do tamanho da Nespresso chega, isso nos ajuda a alavancar nossas ideias, educar o público e mostrar que um novo modelo econômico, não baseado exclusivamente no lucro, é possível”, explica Felipe Brescancini, Diretor de Certificações e Programas do Sistema B Brasil.

A Nespresso adicionará o logotipo da Empresa B aos produtos e comunicações para ajudar a divulgar o movimento, engajar os consumidores e ajudá-los a fazer escolhas mais sustentáveis em suas decisões de compra.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Marca colombiana de café Juan Valdez anuncia expansão para Turquia e Catar

Com foco na expansão, a marca Juan Valdez iniciou oficialmente os trabalhos de cafés na Turquia e no Catar. Isso representa uma oportunidade única de continuar honrando o trabalho das mais de 540 mil famílias produtoras de café na Colômbia, levando seu café para diversos cantos do mundo.

“Operar nesses mercados é a materialização do esforço da marca e do grande trabalho em equipe com nossos franqueados Honest Holding, na Turquia, e Ali Bin Ali Holding, no Catar. Da mesma forma, alcançar esse marco é um imenso orgulho para a Juan Valdez e para a Colômbia, pois nos permite continuar tornando visível a experiência e a tradição cafeeira de nosso país em diferentes culturas ao redor do mundo”, disse Sebastián Mejía, vice-presidente internacional da Juan Valdez.

Essas duas lojas, localizadas na região do Oriente Médio e Norte da África, contam com o apoio e a experiência de alguns dos culturistas colombianos da marca, que fizeram parte do processo de abertura e contribuem com seus conhecimentos para entregar a melhor experiência aos consumidores locais.

“Estamos felizes em trazer o café premium 100% colombiano da Juan Valdez para a Turquia. Temos um plano de expansão muito ambicioso para a região e acreditamos que nossa estratégia omnichannel será decisiva para aumentar a posição da marca no país”, afirmou o franqueado Cengiz Deveci, da Honest Holding.

As lojas Juan Valdez no Catar e na Turquia, localizadas, respectivamente, em Doha e Istambul, serão decisivas para o desenvolvimento da estratégia de expansão internacional da empresa, fortalecendo a presença da marca dos cafeicultores colombianos no Oriente Médio.

TEXTO As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin • FOTO Matt Hoffman

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Empresa italiana Lavazza vê 2022 ‘desafiador’ após forte lucro em 2021

Após relatar um forte aumento nos lucros em 2021, a marca italiana de café Lavazza disse que espera um 2022 difícil devido aos aumentos dos preços das matérias-primas. “Em primeiro lugar, café verde, mas também embalagem, energia, logística – e os riscos decorrentes da dramática situação geopolítica atual”, disse o presidente-executivo Antonio Baravalle.

Os aumentos dos preços se devem principalmente aos problemas na cadeia de suprimentos global e aos danos causados por eventos climáticos, acrescentou o grupo com sede em Turim. A Lavazza decidiu suspender todas as suas atividades na Rússia no dia 10 de março, acrescentando que também teve que interromper temporariamente a distribuição na Ucrânia.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) chegou a 312 milhões de euros (US$ 338 milhões) em 2021, um aumento de 23,3% em 2020. As receitas aumentaram 11%, para 2,3 bilhões de euros (US$ 2,5 bilhões) no ano passado, também graças a uma recuperação no canal “fora de casa” após a desaceleração causada pela epidemia de Covid-19, quando os bloqueios mantiveram as pessoas em casa. 

TEXTO As informações são da Reuters / Tradução Juliana Santin • FOTO Max Nayman

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Café Jurerê lança drip coffee feito com material compostável

De olho no meio ambiente, o Café Jurerê lançou, recentemente, seu novo sistema drip bag (popularmente conhecido como drip coffee) feito com papel cartão Ibema, material compostável e biodegradável que se transforma em matéria orgânica após o descarte.

“O nosso foco foi adaptar o filtro já existente no mercado internacional, porém numa solução 100% compostável. A dificuldade foi encontrar uma matéria-prima que atendesse o requisito de compostabilidade. Até que, no fim de 2018, encontramos a Ibema”, relembra a presidente do Café Jurerê, Micheli Poli Silva. 

“A parceria deu certo e o projeto evoluiu a partir do desenvolvimento, em conjunto com a Ibema, de um material específico para a alça do filtro individual, que se adequa perfeitamente às nossas necessidades”, explica.

A composição do filtro é inédita no mundo. O filtro drip bag do Café Jurerê atende aos requisitos internacionais da norma EN 13432, ASTM D6400-19, referente à sustentabilidade. Além disso, o produto não libera substâncias tóxicas em contato com o líquido quente.

“O nosso papel cartão garantiu a estrutura necessária às alças para suportarem o filtro no recipiente em que a bebida será degustada, seja uma caneca, copo ou jarra”, explica o gerente de Estratégia e Marketing da Ibema, Diego Gracia. 

Mais informações: www.grupojurere.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

BaristaCafé & PreparosMercado

Café, gastronomia e cultura: Garanta o seu ingresso para o São Paulo Coffee Festival!

Pessoal de São Paulo, preparados para tomar muito café? Com o objetivo de celebrar a cultura da bebida na capital paulista, além de incentivar os negócios do setor, como cafeterias, torrefações e produtores, o São Paulo Coffee Festival realiza a sua primeira edição entre os dias 24 e 26 de junho, na Bienal do Parque Ibirapuera.

Com degustações ilimitadas de cafés e comidinhas, o festival reunirá gastronomia, coquetéis, música e arte em uma programação voltada, principalmente, para os apaixonados pela bebida! Além de fazer conexões com diferentes marcas nos estandes, o público também poderá participar de competições e workshops sobre temas diversos, como latte art, harmonizações e drinques alcoólicos.

Essa é a primeira vez que o maior festival de cafés do mundo acontece no Brasil. Na capital da Inglaterra, o London Coffee Festival já acontece há dez anos e reúne a comunidade local em torno de uma paixão: o café! Outras cidades que recebem o evento são: Nova York, Los Angeles, Milão, Amsterdam, Cidade do Cabo, Melbourne, Sidney, Toronto e Seul.

A venda dos ingressos para o São Paulo Coffee Festival começou nesta quarta-feira (13). É possível comprar dias individuais (R$ 50 cada um) ou um ingresso único para os três dias (R$ 100). A opção VIP custa R$ 95 (acesso a um dia) e conta com uma ecobag, um copo-caneca exclusivo, um drinque com café de cortesia e brindes especiais. Crianças de 4 a 12 anos pagam R$ 10. Estudantes e idosos pagam meia entrada. 

Para adquirir seu ingresso, clique aqui. 

Serviço
São Paulo Coffee Festival
Quando: 24 a 26 de junho
Onde: Bienal do Parque Ibirapuera – São Paulo (SP)
Mais informações: www.saopaulocoffeefestival.com.br 

TEXTO Redação

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Especialista do Rabobank avalia preços, consumo e exportação do café

Muito tem se falado sobre a expectativa para a safra 2022/2023 e como o conflito Rússia e Ucrânia pode afetar os preços do café. A partir desses temas, entramos em contato com o analista econômico, com foco em café, do banco Rabobank, Guilherme Morya.

Segundo ele, a pesquisa recente da instituição estima que a safra atual alcançará 64,5 milhões de sacas, sendo 41,4 milhões de arábica. “Queda de 10,4% e 21,9%, respectivamente, em relação ao último ciclo de alta produção (em 2020). Vale a pena lembrar que este valor representa a menor produção de café arábica desde 2015. Problemas de seca e geadas reduziram significativamente o potencial produtivo nos cinturões de café arábica, especialmente considerando o aumento de áreas improdutivas (índices de podas maiores). Por outro lado, as lavouras de canéfora (conilon) apresentam excelentes condições e caminham para uma produção recorde, estimada em 23,1 milhões de sacas”, destaca;

O conflito Rússia e Ucrânia chega hoje (11) ao 47º dia, com o destaque para o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que afirmou que Moscou não vai interromper sua “operação militar”.

“Desde o início do conflito, os preços do café recuaram devido às preocupações com a redução da demanda. Rússia e Ucrânia consomem cerca de 4,3 milhões de sacas e 1,4 milhões de sacas, respectivamente. Combinadas, representam cerca de 3,5% da demanda global de café. Além da queda no consumo nesses dois países, existem preocupações de como o conflito pode impactar a demanda de café na Europa, dado que a pressão inflacionária, potencializada pelo conflito, pode limitar o consumo de café. Outro ponto que colaborou no recuo dos preços foi a recente melhora do fluxo de café no mundo (logística global), porém, a situação ainda precisa melhorar. Os recentes acontecimentos, também fizeram com que os fundos não-comerciais em Nova Iorque (The ICE-NY) diminuíssem suas posições no mercado de café, gerando mais volatilidade aos preços”, explica Guilherme.

Preços e exportação

Pensando nessas oscilações da Bolsa, Guilherme acredita que o produtor deve buscar a rentabilidade em seu negócio, para isso, é necessário saber o custo de produção, para assim, estabelecer uma meta de margem. “Muitas vezes, o produtor fica ancorado em um determinado preço, o que pode levar a perder boas oportunidades de venda. Sempre recomendamos que o produtor defina uma política de comercialização, com metas de vendas e margens, levando sempre em consideração seu custo de produção”.

Já os problemas na hora da exportação envolvem, nos últimos meses, o aumento dos custos de fretes, a disponibilidade de contêineres e o cancelamento de bookings foram grandes desafios para a cadeia do café. “Como alternativa, foram realizados alguns embarques na modalidade “break bulk” para superar a falta de contêineres, porém, não é a modalidade ideal para exportar café. Apesar da recente melhora, os gargalos logísticos continuam impondo desafios. No primeiro bimestre de 2022, o Brasil exportou 6,8 milhões de sacas, queda de 10,6% em comparação ao mesmo período de 2021. Segundo o índice WCI, os custos dos fretes conteinerizados atingiram USD 8.042/contêiner em 7 de abril 2022, queda de 12,4% no mês, mas, ainda 64% maior que em abril 2021. A expectativa é que os problemas logísticos persistam ao longo de 2022”, explica Guilherme.

Em relação ao clima, Guilherme destaca que é sempre um fator de incertezas para produção agropecuária, mas, não necessariamente implica em redução drástica na produção. “Para minimizar esse risco, é importante o produtor sempre investir em novas tecnologias, como, por exemplo, monitoramento (clima e lavoura), variedades resistentes, eficiência no uso de irrigação e/ou insumos”.

Consumo

Recentemente, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) divulgou que o consumo de café brasileiro foi de 21,5 milhões de sacas em 2021, aumento de 1,71% em relação a 2020. “Valores muito próximos que nós trabalhamos no Rabobank. Fatores que colaboraram para esse incremento envolvem a demora da indústria em repassar o aumento do custo de café verde e outros materiais ao consumidor e, também, a consolidação da reabertura do comércio durante 2021. Para 2022, vemos como pouco provável um aumento no consumo nas mesmas proporções que observamos em 2021. Dados da ABIC e do Instituto de Economia Agrícola (IEA), indicam que nos últimos 12 meses, os preços de café no varejo aumentaram quase 90%. E diante da atual pressão inflacionária e de outros desafios econômicos que o Brasil enfrenta, tendem a limitar um grande crescimento no consumo”, finaliza.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Café Editora

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Entenda aumento do consumo de café no Brasil e perfil do consumidor através da pesquisa da ABIC

A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) realizou, na tarde desta quarta-feira (6), uma coletiva de imprensa on-line para apresentar os Indicadores da Indústria – Consumo Interno 2021 e também a pesquisa “A identificação do perfil do consumidor de café que busca por qualidade”. 

Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da ABIC, foi quem conduziu a apresentação. A pesquisa é realizada desde 1989 e apresenta os dados de consumo interno através dos associados. Entre novembro de 2020 e outubro de 2021, os números mostram que foram consumidos 14 milhões de café, um crescimento de 2,77% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. 

O diretor executivo destaca um crescimento constante no consumo desde 2018, sendo que, em 2021, o aumento foi um dos mais elevados, chegando a 1,71%. A pesquisa mostra que, entre os associados da ABIC, o consumo foi de 72,9%, e entre os não associados, foi de 27,1% de café em grãos ou moído. 

Os números revelam ainda que o Brasil manteve, no ano passado, a posição de segundo maior consumidor de café do mundo. A diferença para o primeiro lugar, ocupado pelos  Estados Unidos, é de 4,5 milhões de sacas. Seguimos como o maior consumidor de cafés  nacionais.

Quando analisado o consumo per capita, observa-se que, em 2021, foi de 6,06 kg por ano de café cru e 4,84 kg por ano de café torrado. O bom desempenho na mesa do consumidor teve  impacto direto na indústria: as empresas associadas à ABIC registraram um crescimento de 2,77%  no período. 

Atualmente, as indústrias associadas respondem por 72,9% da produção do café torrado em grão e/ou moído e representam 85,4% de participação (share) no mercado. A ABIC registra, em seu banco de dados, mais de 3.000 produtos certificados. 

“Com tudo que foi noticiado no ano passado, geada, problemas com o clima, o café navegou e se saiu bem. Conseguimos superar as expectativas. O mercado dizia que iria faltar café e hoje temos grãos, talvez não na quantidade desejada, mas ainda muitos da safra passada. Com a expectativa do mercado desfeita, isso resultou nas oscilações dos preços. Em relação a produção deste ano, as chuvas vieram no momento certo, o que beneficiou as lavouras e uma esperança de melhoria nesta safra. Teremos menos dificuldades que ano passado. Sobre os fertilizantes, os produtores devem começar as compras em setembro. Espero que até lá o conflito entre Rússia e Ucrânia seja solucionado e, assim, os preços voltem ao normal”, destaca Ricardo Silveira, presidente da ABIC. 

Variáveis que influenciam o preço final da bebida 

Grandes supermercados e atacarejo representam 84% do canal de venda do café. Sudeste e Sul destacam a compra de pacotes de 500 gramas, já o Nordeste compram embalagens de 250 gramas. 

Os consumidores sentiram o aumento significativo dos preços do café. São muitos os  fatores que impactam no preço final encontrado na gôndola, tais como: o câmbio em alta, o  aumento nos custos dos insumos, o volume da safra, o clima e a continuação da pandemia. 

Segundo um estudo feito pela ABIC, no período de dezembro/2020 até dezembro/2021, a matéria prima ficou, em média, 155% mais cara, e o aumento na média ponderada dos demais insumos como  matéria-prima, embalagem, salário-mínimo, energia elétrica, óleo Diesel e gasolina foi de 107,30%. Porém, nas prateleiras, o reajuste de preço do café atingiu a média de 52% para o mesmo período. 

A variação de preços por categoria de qualidade foi, em média, de Extraforte (39,3%), Tradicional  (40,3%), Superior (28,1%) e Gourmet (20,8%), sendo que a região Nordeste teve o maior reajuste nas  categorias Extraforte e Tradicional e a Região Sul nas categorias Superior e Gourmet. 

Durante a coletiva também foi apresentado a pesquisa “A identificação do perfil do consumidor de café que busca por qualidade”, que trouxe a visão de 5.460 apreciadores e apreciadores de café sobre o produto, com mais de 180 mil respostas e teve o intuito de entender os movimentos do consumidor no último ano. 

Realizada no segundo semestre de 2021, a pesquisa englobou o consumo de café em 14 municípios brasileiros, revelando a força do produto em todas as regiões do país. As cidades participantes foram: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Brasília (DF), Curitiba (PR), Belém (PA), Uberaba (MG), Petrolina (PE), Feira de Santana (BA), Novo Hamburgo (RS), Caxias do Sul (RS), Maringá (PR) e  Blumenau (SC).

O grupo foi dividido em três perfis de graus de conhecimento do café – o geral: 83% que consomem o café tradicional e extraforte; entusiastas: que compram cafés diferenciados, e consomem as categorias tradicional, gourmet e especial e representaram 12% entre os entrevistados e os especialistas: que entendem sobre o tema, possuem cursos na área e verbalizam sobre o assunto de maneira técnica. Consomem prioritariamente cafés gourmets e especiais e representaram 5% dos entrevistados.

Em relação a como é comprado o café, o público se dividiu da seguinte forma:  

Moído: é o tipo mais consumido, por todos os grupos, já comprados assim;

Moído na hora em cafeteria: entusiastas e especialistas costumavam visitar cafeterias e pedir o café moído na hora, levando então para consumo domiciliar;

Grãos: mais usados por especialistas e por alguns entusiastas, especialmente, em São Paulo, MG e Curitiba;

Cápsula: consumido, pontualmente, por entusiastas. Tem ainda uma visão “premium” perante entusiastas de Belém, Brasília, Recife e Rio de Janeiro.

Um dos objetivos da pesquisa foi apresentar os sentimentos do consumidor com o café. A conclusão foi de que a bebida é um produto versátil, gerando uma variedade de sensações como: do despertar ao relaxamento, do coletivo ao individual, entre muitos outros.

Em relação a adoçar o café, os entrevistados surpreenderam, já que cerca de 34% do público geral (aquele que conhece menos sobre o produto) apontou que não adoça a bebida (diante de 39% que preferem café com açúcar). Entre os entusiastas, essa média chega a 49% (e 28% tomam com açúcar) e, entre os especialistas, chega a 81% (apenas 16% bebem com açúcar).

Em resumo, os entrevistados passaram a consumir mais café na pandemia e/ou estudar sobre café. O café foi um aconchego para todos durante esse tempo e há uma preocupação com a sustentabilidade. O tema aparece em destaque para todos os perfis de consumidores, estando entre os quatro atributos mais importantes quando se pensa em qualidade e, ainda, são decisivos na compra de um café.   

Com essa pesquisa, a ABIC teve o intuito de aprofundar a investigação, traçando uma radiografia precisa do consumo de café no Brasil por meio de metodologias de pesquisa qualitativa, em grupos de discussão e entrevistas com os diferentes perfis, e uma pesquisa quantitativa, em questionários com 25 perguntas nos 14 municípios, realizada em parceria com a Humanas Insights e o São Paulo Coffee Hub. 

TEXTO Redação • FOTO Café Editora