Cafezal

Terra fértil para o café

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O empreendedorismo de Arthur Moscofian Jr. transformou o solo degradado da Fazenda Santa Mônica, em Machado, no Sul de Minas, em terreno produtivo para os grãos de qualidade

Arthur Moscofian Jr. poderia não ter se tornado cafeicultor se tivesse se deixado abalar pelo que viu há exatos quarenta anos: a geada que dizimou os cafeeiros de seu pai, no Paraná, e diminuiu as extensões dessa lavoura no estado que encontrou ao longo do tempo outras vocações agrícolas. Na época, Arthur filho, como é chamado pela família, tinha apenas 15 anos de idade e acompanhar o pai de São Paulo ao Paraná era a grande viagem de sua vida. Não poderia supor que um dia rodaria o mundo.

Por teima, devoção a São Jorge (o santo protetor de toda a sua família, de origem armênia) ou espírito empreendedor, o produtor de cafés especiais alcançou altos índices de produtividade (80 sacas por hectare) e abre a porteira da Fazenda Santa Mônica, em Machado, no Sul de Minas, com o propósito de contar em detalhes como chegou a colher 5 mil sacas por safra de uma bebida que atinge em média 82 pontos – a Brazil Specialty Coffee Association (BSCA) classifica o café com pontuação acima de 80 na categoria especial. “Trabalho agora para alcançar os 90 pontos”, revela.

Os resultados que Arthur colhe agora são fruto de uma observação sagaz do passado, do emprego de tecnologia e de nenhum receio de ousadia. Há vinte anos, o produtor, que era dono de vários restaurantes em São Paulo, escutava sempre a mesma resposta quando perguntava aos clientes se haviam gostado do cardápio. “A comida é ótima, mas o café…”, diziam.

De tanto ouvir a mesma frase, Arthur decidiu ele próprio cuidar do café, do plantio à bebida que iria oferecer em seus restaurantes. “Embora estivesse em outro ramo, a família nunca abriu mão de se dedicar à agricultura, com plantações que iam do café à folha de uva para charutos”, comenta.

Para conseguir o café desejado, o produtor começou sua tarefa do zero. Adquiriu a propriedade em Machado – rebatizada de Fazenda Santa Mônica – sob olhares desconfiados. Afinal, o que queria ele com aquela terra de solo pobre e degradado, voltado para a pecuária leiteira e com poucos pés de cafés, velhos e malcuidados? “Eu queria o ‘terroir’ da região, que proporciona à bebida aroma intenso, açúcares e óleos essenciais”, explica.

Quanto ao intenso trabalho para pôr tudo no jeito, como desejava, a propriedade foi uma boa escolha, segundo ele. “Comecei do zero, mas com o projeto que imaginei”, conta o produtor que não teme grandes obras. No seu currículo de engenheiro civil (profissão que tocava paralelamente aos restaurantes) constam 620 construções entre pontes, escolas, hospitais e postos de saúde.

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Dividir para entender
Como havia planejado, o cafeicultor fez da Santa Mônica sua fazenda modelo ao começar a corrigir o solo em busca de fertilidade. Depois dividiu a propriedade em sete setores (a fim de ter um diagnóstico mais preciso do desempenho das áreas de lavoura) e escolheu as variedades mundo novo, catuaí amarelo e vermelho. Os pés são plantados no sistema semiadensado, com uma distância de 70 centímetros entre eles e espaçamento de 3,8 metros entre as ruas. Análises de solo e foliar são feitas duas vezes por ano para que o cafezal não seja surpreendido por um desequilíbrio nutricional.

Para que os cafeeiros se desenvolvessem e de certa maneira se blindassem contra a seca que castigou as regiões produtoras dessa cultura nos dois últimos anos, o produtor já havia implantado a fertirrigação – irrigação por gotejamento acompanhada de uma mistura de adubo e agroquímica.

O produtor adotou também o sistema safra zero, difundido nos dias de hoje, mas que na época não era bem-visto entre os cafeicultores tradicionais. Trata-se de uma técnica de poda da ponteira e das laterais dos cafezais após a colheita do ano da safra alta. Como se sabe, o café é marcado por sua bianualidade – um ano farto e outro mais fraco. Com o safra zero, implantado de forma alternada, os pés ficam um ano sem produzir, mas rendem o dobro no período seguinte, segundo ele. A intenção do produtor é aumentar a produtividade sem expandir a área. “Meta mesmo é continuar plantando cem frutíferas por ano para repovoar a área com pássaros, bugios e gatos-do-mato”, conta.

Para o ano que vem, ele planeja suspender a lavagem e separação de grãos da fazenda feita pelo lavador e usar apenas o seletor óptico, equipamento que separa os grãos cereja, verde e boia por meio do reconhecimento da cor deles. Conforme o produtor, a vantagem está na economia de água, na diminuição do tempo de secagem e na seleção perfeita dos grãos, o que influenciará na qualidade da bebida.

No entanto, todo esse modelo para alcançar cafezais produtivos e chegar à bebida desejada desembocou em outra vocação de Arthur Moscofian Jr. – o empreendedorismo. “Se eu precisava de um café especial para atender aos meus restaurantes, outros haviam de passar pelo mesmo”, comenta. Ao focar esse nicho de mercado, o produtor-empresário investiu em uma torrefação e hoje fornece para mais de 2 mil pontos de vendas entre restaurantes, cafés e padarias.

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Arthur quer tornar mais visível a produção de queijos da região

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Doce combina com café e é impossível resistir a parada na Reserva de Minas

Perto do cafezal
Arthur faz questão de aproximar seus clientes do campo. Com muita frequência, ele promove visitas à propriedade, quando não abre mão de mostrar os plantios, falar das técnicas de um jeito simples para a fácil compreensão de todos e reforçar que a fazenda só trabalha com o café ao natural, cujo grão seca com a casca, o que permite que os açúcares da polpa migrem para a semente. “Depois de seco e beneficiado, o café descansa até seguir para a torrefação ou exportação”, diz.

Cerca de 70% do café produzido pela fazenda tem o comércio internacional como destino (ele pretende dar início à venda de uma pequena parcela de café torrado em 2016) e os outros 30% ficam no mercado interno que, desde julho, passou a receber cápsulas do café Santa Mônica.

Os grãos da fazenda ficam guardados em big bags na Cooperativa Agrária de Machado (Coopama), na qual o produtor integra a lista de 1.800 cooperados, e aonde suas visitas também são levadas para um tour. “É importante que o cliente se dê conta de que existe uma rede até o café chegar ao estabelecimento dele. Ninguém faz nada nesta vida sozinho”, diz.

Arthur podia estar com o “burro amarrado na sombra” – ditado antigo para quem já alcançou uma vida confortável –, mas não consegue ter sossego. Ele procura disseminar suas ideias empreendedoras por potenciais negócios na cidade e que não necessariamente estão relacionados ao ramo da cafeicultura.

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Colheita mecanizada na propriedade, que tem área plantada de 96 hectares

Café com queijo
A amiga Albany Salles Dias não se arrepende do dia em que ela e o marido convidaram o cafeicultor e o pai dele (o Arthur pai) para almoçarem em sua casa. Na hora da sobremesa, ela serviu um doce de nata que costumava fazer com a sobra do leite da fazenda. Na mesma hora, pai e filho perguntaram por que ela não começava a vender aquela iguaria. “Fazia apenas para os de casa e não sabia reconhecer o potencial de receitas tradicionais”, conta.

Mas Albany prestou bem atenção no conselho dos amigos e aos poucos passou a comercializar os seus doces caseiros. Foi dessa forma que nasceu há dezoito anos a Reserva de Minas, que hoje conta com 4 mil pontos de venda em todo o País. O campeão continua sendo o doce de nata, mas tem também o de leite, o de frutas, a cocada, etc.

Hoje, quase toda a família está envolvida no negócio e a “pequena portinha” que montaram no Km 445 da BR 267 se tornou um empreendimento que conta agora com 108 funcionários, fábrica em processo de ampliação e posto de parada para os viajantes. “Passamos nossos dias aqui, neste pedaço doce”, diz Albany.

Agora, Arthur quer motivar os amigos da Cooperativa Regional de Produtores de Leite de Serrania (Corples), município vizinho a Machado, a tornar mais visível a produção de queijos, incluindo tipo parmesão, frescal, requeijão, manteiga e o próprio leite, para além das cercanias da cidade. “Os produtos são de excelente qualidade e não têm por que ficar conhecidos apenas por aqui”, comenta.

Segundo o diretor da cooperativa, João Batista de Figueiredo, os 350 produtores associados entregam, em média, 100 mil litros de leite por dia – 60% são direcionados para grandes laticínios e o restante é industrializado pela Corples. “Acho boa a ideia de nos mostrar mais ao mercado, pois estamos no ramo há 38 anos”, diz Figueiredo.

Para Arthur, basta que a cooperativa comece a participar de algumas exposições e até mesmo do próprio setor da cafeicultura. “É só juntar o café com o queijo, a mais deliciosa das combinações mineiras”, aconselha o cafeicultor, que às 5 da manhã já se encontra pronto para a lida.

Ficha técnica

FAZENDA Santa Mônica
LOCALIZAÇÃO Machado (MG)
REGIÃO Sul de Minas
ALTITUDE MÉDIA 1.000 metros
PRODUÇÃO ANUAL 5 mil sacas
ÁREA TOTAL 150 hectares
ÁREA PLANTADA 96 hectares
NÚMERO DE CAFEEIROS 432 mil
COLHEITA mecanizada
PROCESSAMENTO natural
SECAGEM terreiro (pátios de secagem) e secador mecânico
VARIEDADES mundo novo, catuaí vermelho e amarelo
CERTIFICAÇÕES UTZ Certified, Certifica Minas Café e Ascafea

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Janice Kiss • FOTO Alexia Santi, Agência Ophelia

Cafezal

Cerrado em cores

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Em Presidente Olegário (MG), a família Campos investe na produção de qualidade e se destaca no cenário do café

Enquanto a madeira estala no fogão a lenha, o cheiro de pão de queijo e café que preenche a casa na fazenda Dona Nenem, localizada em Presidente Olegário (MG), levanta até o mais preguiçoso da cama. Quem convida para uma xícara doce, de acidez cítrica, característica do grão do Cerrado, e um dedo de prosa é Renato Souza, degustador e coordenador administrativo na propriedade. Quando o assunto é cafeicultura, ele é o braço-direito de Eduardo Pinheiro Campos, engenheiro civil e dono da Dona Nenem e da fazenda vizinha, São João Grande, que, juntas, somam 622 hectares de área plantada com o grão.
Renato nos guia pelo cafezal e nos conta que Eduardo não poderá estar conosco desta vez. A falta sentida logo dá lugar a uma grande satisfação e orgulho. O empresário viajara para Trieste, na Itália, como parte da premiação que ganhou como Fornecedor do Ano, da illy. O reconhecimento é natural. O trabalho dedicado desempenhado nas duas propriedades não deixa dúvida de que o prêmio foi merecido. Eduardo herdou a terra e a paixão pelo café da família, que sempre trabalhou no campo. Em 1976, foi um dos pioneiros a investir na cafeicultura na fértil região do Cerrado, conseguindo aliar a produção ao cuidado com a natureza. Atualmente, o agronegócio café das fazendas é exemplo para o setor.

Caminho sustentável
“Houve uma mudança muito grande no modo de produzir desde aquela época até os dias de hoje. Em termos de sustentabilidade, temos reciclagem em tudo o que é possível. Os resíduos são vendidos e no fim até ganhamos com isso”, explica Renato. Algumas adequações caminharam juntas à chegada das certificações Rainforest Alliance e UTZ Certified, como a proteção de capim cercando os cafeeiros para evitar que a poeira da estrada prejudicasse as plantas. Modelo ambiental, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) são respeitadas e todas as regras estipuladas pelo novo Código Florestal já foram cumpridas.
Além disso, paralelo à produção de café, a família Campos também cria cerca de 800 cabeças de gado nelore e tem tradição no trabalho com cavalos manga-larga marchador, com mais de 100 animais. Toda a palha do café, desde o lavador até a casca do beneficiamento, é misturada ao esterco dos bovinos para fazer a adubação orgânica do cafeeiro, o que diminui o custo e o uso de adubo nitrogenado, que, segundo o engenheiro agrônomo Alino Pereira Duarte, há vinte anos na Dona Nenem, prejudica a camada de ozônio.
O conceito de preservação segue por toda a produção e quem agradece é a seriema, o tatu, a jaguatirica e até o tamanduá, animais que circulam pelas fazendas, fazendo-se notar na plantação.

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Eduardo Campos Filho, cada vez mais interessado pelo café, conta que o pai não mede esforços para melhorar a produção

Eduardo Campos Filho, cada vez mais interessado pelo café, conta que o pai não mede esforços para melhorar a produção

Tecnologia
Ponto primordial para a produção de cafés de qualidade e o trabalho de conservação do ecossistema é o investimento em tecnologia. De acordo com o degustador Renato Souza, tudo é controlado. “Pensamos na eficiência tecnológica a favor da produção. Temos uma estação meteorológica que faz o controle da irrigação medindo os dados climáticos, e, em função disso, define-se a lâmina que será aplicada no cafezal. Desde 1976, o senhor Eduardo pensa em irrigação. Aqui no Cerrado isso é necessário. Para ter um bom café, é preciso irrigar”, diz ele. As tecnologias de irrigação para o café chegaram às propriedades de Presidente Olegário há quinze anos. Por lá, o processo é feito por pivô e gotejamento, mas mudanças estão sendo pensadas em busca de melhorias nos sistemas. “Nós estamos planejando uma mudança para a substituição de pivô por gotejo. Em oito ou dez anos você não vai mais ver pivô aqui”, detalha o engenheiro agrônomo Lázaro Seixas, há quinze anos nas fazendas. A substituição vem sendo pensada com cuidado, pois o investimento é alto, cerca de R$ 6 mil a R$ 7 mil por hectare. Ao mesmo tempo, com pivô a perda de água é maior, entre 70% e 80% em relação ao gotejo, processo que trará maior eficiência à produção. “Vale a pena! Fazendo com qualidade você consegue agregar no mínimo 10% mais valor ao café”, completa Renato.
Segundo o degustador, normalmente chove 100 milímetros em 24 de dezembro. “É certeiro”, ele conta. Neste ano choveu apenas 12 milímetros. A seca deste ano, que prejudicou várias regiões cafeeiras no País, não afetou tanto a Dona Nenem e a São João Grande, por causa da irrigação. Estima-se uma queda pequena de 10%.

Experimentos e resultados
Renato, que já passou pela Daterra Coffee, trouxe para as propriedades do senhor Eduardo a ideia de provar os cafés ao longo de todo o processo de produção. “Isso faz com que você direcione o processamento, indicando qual será o trabalho feito na hora, entre lavado, descascado, desmucilado ou natural, evitando perda”, explica. Entre as variedades cultivadas, estão mundo novo, catuaí vermelho, catucaí, bourbon amarelo e IBC 12. Por safra, são colhidas 35 mil sacas. Três colheitadeiras fazem o serviço, dividido com 100 funcionários fixos e 250 temporários. A produtividade por hectare é de 55 sacas, número considerado alto na região. “A porcentagem do nosso café colhido é de 98% de cereja”, comenta o engenheiro Alino, falando com orgulho do trabalho realizado pela equipe.
As inovações, o foco na qualidade e a busca por cafés excepcionais dentro de cada talhão, segundo Renato, têm resultado em reconhecimento. Prêmios e valores melhores por sacas de cafés especiais chegam a cada safra, como a primeira colocação no 10º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, na categoria Cerrado Mineiro. As premiações e, claro, o sabor dos cafés produzidos ali, vêm despertando mais atenção internacional e também nacional. O trabalho sempre foi desenvolvido pensando na exportação. Japão, Estados Unidos, Suíça, Alemanha, Itália, África do Sul e França estão entre os principais compradores. A illy, parceira da Dona Nenem há doze anos, leva cerca de 25% da produção.
Os resultados positivos e a confiança de Eduardo no trabalho de Renato dão tranquilidade para o degustador experimentar e ousar na produção de cafés diferentes. Para esta safra, foram negociadas 320 sacas (1 contêiner) com um cliente da Austrália, de um trabalho distinto e deliciosamente interessante. Renato colocou o café da variedade bourbon amarelo, de 83 pontos na tabela da Specialty Coffee Association of America (SCAA), no tanque de fermentação em contato com capim-cidreira. “Eu gosto muito de capim-cidreira e resolvi fazer alguns testes. Acabou dando certo. A cidreira adiciona certo cítrico ao café. Os australianos vieram para uma visita e mostrei para eles. Eles ficaram loucos com o sabor, adoraram e acabaram comprando a ideia. Fiquei muito feliz”, conta, mostrando o tanque coberto pela erva. “Não tem problema mostrar isso, porque para copiar tem que fazer o trabalho que a gente faz aqui antes e depois desse momento”, completa.
De lá, seguimos para o beneficiamento, onde todo o processo é monitorado por câmeras. As imagens podem ser acessadas via internet pelo senhor Eduardo, que acompanha tudo mesmo distante. Os clientes internacionais também podem observar o trabalho via web. Eles veem o que está sendo feito no café que estão comprando e se sentem mais próximos dentro dessa cadeia.
Tendo alcançado um ponto de equilíbrio nas fazendas e a qualidade do café, o próximo passo é entrar no mercado de torra, como explica o filho de Eduardo, o engenheiro e empresário Eduardo Pinheiro Campos Filho. Apaixonado pelo gado e pelos cavalos, agora toma gosto também pelo café. “Estamos estudando bastante, estruturando a ideia de torra e também pensamos em expandir a área de lavoura para chegar a um melhor resultado econômico. O foco é sempre a qualidade”, diz. O investimento inicial, para começar a torrefação de 2% da produção, é de R$ 250 mil. Os primeiros resultados nesse sentido já poderão ser vistos na safra de 2014. “Tudo bem-feito na vida dá resultado e é isso que a gente espera. O meu pai é um grande exemplo. Se você fizer as coisas com vontade, vai longe”, diz Eduardo Filho.

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Ficha técnica

FAZENDAS Dona Nenem e São João Grande
LOCALIZAÇÃO Presidente Olegário (MG)
REGIÃO Cerrado Mineiro
ALTITUDE MÉDIA 1.020 a 1.080 metros
PRODUÇÃO ANUAL 35 mil sacas/safra
ÁREA TOTAL 1.098 mil hectares, somando as duas propriedades
ÁREA PLANTADA DE CAFÉ 622 hectares, somando as duas propriedades
NÚMERO DE CAFEEIROS 3.113 milhões, somando as duas propriedades
COLHEITA manual e mecanizada, final de maio a julho
PROCESSAMENTO lavado, descascado, desmucilado e natural
SECAGEM terreiro e secador mecânico
VARIEDADES mundo novo, catuaí vermelho, catucaí, bourbon amarelo, IBC 12 CERTIFICAÇÃO Rainforest Alliance e UTZ Certified

MAIS INFORMAÇÕES www.donanenem.com.br e www.facebook.com/cafedonanenem

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Alexia Santi / Agência Ophelia

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Geisha: o mundo se curvou

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Um café com sabor de limão, aroma de flores e que não tinha valor nenhum hoje é um dos mais cobiçados. Fomos ao Panamá conhecer essa lenda descoberta somente há dez anos

O Geisha nasceu em berço africano, batizado com o nome da região da Etiópia em que foi descoberto: o povoado de Gesha, em 1931. Sem qualquer relação com a personagem japonesa, essa variedade de café, da espécie arábica, não imaginaria que sua história seria traçada com tanto destaque anos depois. Geisha é um dos cafés mais premiados no mundo e coleciona preços altíssimos de venda. Tudo isso só faz uma década. E no Panamá. Mas antes de chegar ao país da América Central, a variedade foi plantada na Costa Rica e não recebeu muita atenção. Somente em 1963, o cafeicultor Don Pachi, um panamenho que trabalhava no instituto de agronomia do país, recebeu a informação de que havia uma variedade pouco produtiva e com sabor estranho que estava na Costa Rica. Dispôs-se a plantar aquele cafeeiro e, não sabendo qual seria a produtividade da planta naquelas terras, também distribuiu algumas sementes a produtores conhecidos da região de Boquete, onde fica sua fazenda. Numa altitude de até 1.500 metros, clima úmido e terra fértil, o geisha foi produzido com muito cuidado. Da dedicação de Pachi nascia uma variedade de grão. Nas mãos de outros produtores, o geisha chegou à família Peterson, na mesma localidade, na fazenda La Esmeralda. Foi só em 2004 que, durante uma feira da Specialty Coffee Association of America (SCAA), o café foi provado em uma mesa com diversos outros. A reação dos provadores foi de desconfiança, depois de muita surpresa e admiração por aquela variedade que em nada se assemelhava a cafés provados anteriormente. Meses depois o café da La Esmeralda, de Price Peterson, era vendido a preços altíssimos, em torno de 21 dólares por somente 450 gramas. Esse café chegou a pontuar 94,6 na escala de 100 da SCAA. Até hoje a La Esmeralda é conhecida pelos cafés que mais recordes de preço alcançaram. Chegou a vender menos de 500 gramas de um microlote especial de geisha por 130 dólares.

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À esquerda, Peterson, da fazenda La Esmeralda recebe a comitiva de visitantes. Á direita e acima, Don Pachi e seu filho Francisco José Serracín, o Frank, mostram a plantação e o beneficiamento de cafés da fazenda Don Pachi

Qualidade e família Ao chegar à região de Boquete, veem-se muitas referências ao geisha. São cafeterias que vendem o produto e destacam a região pelo diferencial desse café. A variedade é uma planta de porte alto, de manejo complicado, e com baixo rendimento. Os grãos são de peneira alta e o sabor, muito diferente. Hoje o geisha é uma preciosidade na região. Durante a visita à fazenda Don Pachi, o solo negro, com muita matéria orgânica, chama atenção. Francisco José Serracín, filho de Don Pachi, é quem nos recebe junto ao pai. A administração da fazenda é feita por ele. Mais conhecido como Frank, ele nos mostra o trabalho de gerações no café, desde as podas até os estudos com um híbrido da variedade geisha, que eles vêm observando e já batizaram com o nome de “sapaton” ou “cucaracha”, pois tem grãos muito grandes. Don Pachi, aos 76 anos, com cinco filhos e nove netos, fala o tempo todo em qualidade e na sequência da família no café: “Nunca falei para os meus filhos continuarem na fazenda, mas meu filho hoje fala para os filhos dele sobre o futuro no café”. Essa virada aconteceu em 2005, quando Frank começou a mudar o negócio e passou a investir em microlotes: “Hoje, 85% dos nossos cafés são finos, vendemos para 27 países e para as grandes torrefações do mundo, como Intelligentsia, Seven Seeds, Klatch Coffee, e países como Japão, Taiwan, Dinamarca, Noruega…”. O processo lavado deu espaço para outros processamentos, como o natural e o cereja descascado com porcentagens diversas de mucilagem. A família investiu em despolpador e desmucilador e em camas africanas (terreiros suspensos) para secar o café a 1.650 metros de altitude. São 2 mil sacas por safra, que passam pelos cuidadosos processos do produtor, em nove variedades plantadas com sombreamento e em uma região muito íngreme. Don Pachi ainda sobe tranquilamente as montanhas em meio aos cafezais: “Mantemos uma fauna e flora equilibradas. Esperamos até cinco anos para começar a colher um café plantado; se isso é não ter fé, não ter esperança, não sei o que é. O produtor de café faz isso de maneira particular. Produzimos um grão que, acima de tudo, é saudável”.
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O Geisha é um dos cafés mais premiados no mundo e coleciona altíssimos preços de venda

Degustação Provar esses cafés foi um evento na redação da Espresso. Toda a equipe estava ansiosa por experimentar o famoso grão. Voltei com dois geishas na mala: Don Pachi Estate e Café Kotowa, ambos do Panamá. Convidamos a jornalista e colunista Cristiana Couto para participar também. No final, estávamos inebriados com os aromas e sabores diferentes que surgiram dessa inédita experiência. Preparamos nos métodos Chemex, aeropress e Hario V60. Um mergulho em novas sensações. Don Pachi Estate Geisha Natural: aroma de capim-santo, frutas amarelas, como carambola, e muito doce. Sabor delicado de cana-de-açúcar, mel e pitanga. Acidez média e aftertaste limpo, doce e agradável. A fazenda é a primeira produtora de geisha no país. Kotowa Coffee – Geisha Gourmet: aroma doce, erva-cidreira, alecrim e mel. Sabor de limão, acidez média-alta, finalização doce e leve. A marca tem cafeteria em Boquete, região cafeicultora. Palavra do especialista Kim Ossenblok, barista na Espanha: “Bom barista, bom geisha! Ganhamos um pacote de café no final da visita. Sorte a minha que tinha trazido aeropress e moinho manual e pude provar quando chegamos ao hotel. Uma experiência incrível. Don Pachi descreveu os sabores de abacaxi, pêssegos, uvas-passas, frutas cítricas e toques de jasmim. Adorei!”. O barista viajou a convite da Dalla Corte.

Ficha técnica

Região: Boquete, Chiriquí, a oeste do Panamá População: 22.435 habitantes Altitude das fazendas: de 1.200 a 1.600 metros Origem: povos indígenas de Ngöbe e Buglé. Os dois grupos foram a maior população indígena do Panamá e vivem em uma reserva conhecida como Comarca, em Chiriquí, região montanhosa de Talamanca. Ponto mais alto: Vulcão Barú (altitude 3.474 metros) Capital: Cidade do Panamá Produção anual de café (país): 100 mil sacas Mais informações: www.scap-panama.com (Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • FOTO Preparo: Roberto Seba/Café Editora -- Demais: Lucía Hernández e Mike Russell

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Aquarela mineira

Fazenda Mantissa

A Fazenda Mantissa, no Sul de Minas, mostra que produção de qualidade se faz com bons profissionais e natureza em equilíbrio.

Um lindo céu azul de anil. Foi ele que recebeu a nossa equipe na visita que fizemos à Fazenda Mantissa, na cidade de Campestre, Sul de Minas Gerais. Cercada por montanhas e verdes matas, a propriedade investe no cultivo de café desde 1998 e há cinco anos trabalha a marca própria para agregar valor ao grão, melhorar a qualidade e ser uma vitrine da produção. A fazenda faz parte dos negócios do Grupo Agro Fonte Alta, que em 1994 contratou o técnico agropecuário Evandro Vilas Boas de Carvalho, hoje responsável pela recepção dos cafés no pós-colheita, o benefício por via úmida, a secagem, o rebenefício e a classificação. Foi ele quem encontrou a área e disse para os sócios do grupo que ali seria um bom lugar para desenvolver a produção do grão. “Então, nós começamos a plantar os cafeeiros. Foram 200 mil pés e em 1998 começamos a operação e fomos expandindo até chegarmos às 580 mil plantas. Mudou muito”, conta ele.

Nascer do dia no Sul de Minas

Nascer do dia no Sul de Minas

Três anos depois, as colheitas começaram e Evandro, atento, percebeu que os cafés apresentavam notas de destaque. Correu para o grupo e disse que ali tinha coisa boa e que valia a pena investir. Com isso, toda a infraestrutura, desde o terreiro até os maquinários para processamento, secagem e benefício, foi renovada e com a chegada dos novos equipamentos o foco na qualidade se intensificou. A princípio, os grãos da Mantissa foram para uma cooperativa e, classificados, despertaram ainda mais interesse. “A partir daí a evolução foi natural e começamos a vender para a illy, ficando sempre entre os finalistas na premiação que eles fazem anualmente com os produtores, fornecedores da marca. Nós sabíamos que tínhamos um produto diferente”, diz Evandro.

José Roberto checa o termômetro instalado na lavoura. Ele conta com a ajuda da tecnologia para monitorar clima, incidência de chuva e altitude

José Roberto checa o termômetro instalado na lavoura. Ele conta com a ajuda da tecnologia para monitorar clima, incidência de chuva e altitude

Em harmonia O profissional é um dos elos que unem a forte cadeia de produção na fazenda. Ele está sempre conectado com o administrador José Roberto Silva – que hoje faz o trabalho que Evandro fazia na lavoura quando começou, entre controle de produção, gerenciamento de mão de obra, tratos culturais e fitossanitários – e com o supervisor de qualidade Leonardo Custódio dos Santos. A conversa entre esses três é um dos fatores que dão liga aos cafés Mantissa. “O que a gente tenta fazer é equilibrar a natureza. Ela tem seu curso próprio e é ela que dita o rumo que vamos dar ao café”, explica José Roberto. Para o plantio, Evandro optou por variedades mais resistentes a doenças e José Roberto dá continuidade ao trabalho. “A gente faz o mínimo possível de intervenção, fazendo o controle integrado, mapeando a lavoura para avaliar a incidência de praga e a necessidade de controle químico. Neste ano, por exemplo, não precisou”, afirma José Roberto,que está investindo cada vez mais na fertilização para diminuir a aplicação de agrotóxico na plantação. “Só tem uma aplicação de herbicida e em proporção menor. Existem os inimigos naturais da broca e temos as barreiras da natureza – mata, reserva – ao redor da fazenda que contribuem para esse trabalho”, diz Zé, como é conhecido entre os colegas. A propriedade não tem sistema de irrigação, mas, segundo o administrador, esse não é o problema. “No ano passado é que foi mais difícil por conta do déficit hídrico. Neste ano estamos mais tranquilos.”

Guiga e Nassime provam e aprovam o café da marca na cafeteria. Leonardo entre as sacas de café prontas para a torra

Guiga e Nassime provam e aprovam o café da marca na cafeteria. Leonardo entre as sacas de café prontas para a torra

Já Leonardo Custódio é, como ele mesmo diz, “o chato da empresa”. É ele quem conecta todo o trabalho realizado no campo à torrefação e às cafeterias e trabalha junto com o consultor em Marketing e Qualidade de Cafés Especiais, Ensei Neto, para melhorar ainda mais os grãos Mantissa. “A qualidade veio bastante com a chegada do Ensei. Ele nos ajuda a selecionar os cafés pré-classificados, a produzir um café melhor, a definir os perfis de torra e a identificar os microlotes”, diz Léo, mostrando o laboratório onde faz as análises dos grãos e onde chega a provar quinze ou vinte vezes por dia um mesmo café até se sentir satisfeito. Metódico e criterioso, ele prefere degustar os cafés em silêncio para conseguir se concentrar nas amostras. “Nós vendemos nosso café para cafeterias e eu guardo a amostra do que eu mandei para manter um controle do que comercializamos”, conta. Há cinco anos na Mantissa, Léo criou um projeto para trazer os donos de cafeterias até a fazenda a fim de que eles possam entender todo o processo de produção que envolve o café. “Isso é feito com cafeterias de todo o Brasil que usam o nosso café. Dessa maneira, as pessoas conseguem compreender o resultado final na xícara. De nada adianta um trabalho bem realizado na fazenda se for parado na ponta final que é a cafeteria. O café tem que ser bem extraído para você conseguir todo o potencial dele”, comenta Léo, que também prova os grãos da marca em diferentes métodos, como Hario V60 e espresso, para saber como eles estão se comportando em cada equipamento. “A proposta do café Mantissa é ser equilibrado. Ele é doce, com bom corpo, uma bebida limpa. Hoje o blend é composto das variedades catuaí vermelho, catuaí amarelo e bourbon amarelo, mas as proporções podem variar dependendo da safra.” Para breve, ele planeja um novo laboratório, maior, para oferecer cursos de degustação e classificação. Microlotes A safra, a propósito, chega a uma média de 4 mil sacas, na colheita que é feita de maio a setembro, manual e mecanizada. José Roberto explica que, por causa do valor e da escassez de mão de obra, a mecanização vem se tornando cada vez mais real na propriedade, mas que a colheita manual será mantida por haver áreas de difícil acesso ao maquinário e plantas mais jovens. Após colhidos, os grãos seguem para a Estância Fonte Alta, propriedade vizinha de apoio à fazenda, onde estão instalados o laborário de provas, as estruturas de secagem e benefício e a torrefação. Quem conhece Evandro Vilas Boas vai dizer que é por lá que a mágica acontece, literalmente, já que, entre uma olhada no café e outra, ele exibe os seus talentos de mago brincando um pouco com cartas e fazendo a alegria dos colegas de trabalho – e a dos repórteres. A mágica é um hobby de Evandro, mas com café não tem fantasia. “É o café que me diz o que eu vou fazer com ele”, nos conta o técnico agropecuário que também é degustador Q-Grader e participa como juiz de concursos da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA). “O que eu tenho percebido é que existe uma procura por cafés um pouco mais exóticos e, por esse motivo e para agregar valor ao produto, estamos com foco nos microlotes em alguns lotes que têm características diferentes. O futuro é aperfeiçoar a qualidade e manter o padrão. Quem não tiver produtividade e qualidade está fora do mercado”, completa. O mais recente microlote da Mantissa se chama Origem e traz a variedade bourbon amarelo, rastreada desde a lavoura. Além da área de beneficiamento, que guarda história com uma máquina de benefício de 1917 e que em breve deve ser restaurada, a secagem também chama atenção não só pelo conhecido terreiro pavimentado, mas também pelo terreiro suspenso de sistema basculante desenvolvido por Evandro, com uma inclinação que facilita a retirada dos grãos. A linha de secagem conta ainda com dois secadores mecânicos que utilizam a palha de sobra do café, que serve de matéria orgânica e fonte de energia calorífica na fornalha, substituindo a lenha em até 50%.

Evandro é um dos responsáveis pelo sucesso da Mantissa. Atento, ele identificou os bons cafés da propriedade e implementou sistemas de secagem e seleção dos grãos para aumentar a qualidade

Evandro é um dos responsáveis pelo sucesso da Mantissa. Atento, ele identificou os bons cafés da propriedade e implementou sistemas de secagem e seleção dos grãos para aumentar a qualidade

Após o benefício (retirada do pergaminho) e o rebenefício (separação por peneira, classificação por densidade e cor), os grãos vão para a sala de classificação física e sensorial ainda com Evandro. O trabalho continua com Léo e Ensei, que, depois de análises e definição de torra, enviam o café para a torrefação, área vizinha ao laboratório. Por lá, quem manda é José Antonio dos Santos, o Seu Zé. Ele toca o trabalho em um torrador Lilla de 45 quilos. Na Mantissa há muitos anos, ele começou na lavoura e foi conquistando reconhecimento até chegar a fazer cursos, aprimorar-se e ser o responsável pela torra. “Eu nunca pensei que iria conseguir fazer isso. É muito detalhe, muita atenção, muito cuidado. Eu torrava na classificação para prova, mas aqui, com esse maquinário e o volume, é muito diferente. Se você erra, você perde dinheiro. Tem que ter muita atenção”, conta ele. O futuro da região Os dois últimos elos dessa cadeia são Nassime Raydan e Regiane Source. Nassime é gerente comercial e Regiane, mais conhecida como Guiga, é responsável pela parte estratégica e pelo marketing, além de cuidar da exportação do café verde e do preparo para certificação. A dupla leva os cafés da marca para o mundo e sabe dos benefícios de uma cadeia de produção forte. “Você tem que atentar para o detalhe. Se uma peça cair, todos caem. É um efeito dominó. Todos os processos devem estar interligados”, diz Nassime. “Pelo trabalho que fazemos, podemos ver que o café está cada vez mais consolidado. Nós gostamos daquilo que fazemos e o grupo confia em nós, então, fica fácil”, completa Guiga.

José Roberto confere os cafés na lavoura

José Roberto confere os cafés na lavoura

A conexão vai além e, para este ano, o Grupo Fonte Alta está fazendo um investimento em um novo armazém. O espaço será totalmente automatizado e deve receber cafés de produtores da região que desejarem fazer o processamento, a secagem, o benefício e o rebenefício no local. A nova estrutura vai contar ainda com centro de degustação e pretende identificar microlotes, servindo de ponte entre cafeicultores e torrefações. “Nós queremos valorizar a região como um todo, porque aí o comprador vai olhar para essa área como boa produtora de cafés especiais”, finaliza Evandro.

Isaias José da Silva acerta os últimos detalhes nos secadores mecânicos e o responsável pela torra, José Antonio dos Santos

Isaias José da Silva acerta os últimos detalhes nos secadores mecânicos e o responsável pela torra, José Antonio dos Santos

Ficha técnica

Fazenda Mantissa Localização Campestre (MG) Região Sul de Minas Altitude média 1.200 metros Produção anual 4 mil sacas (média) Área total 170 hectares Área plantada 116 hectares Número de cafeeiros 580 mil Colheita manual (40%) e mecânica (60%) Período da colheita de maio a setembro Processamento via úmida (cereja descascado sem remoção de mucilagem) Secagem terreiro pavimentado, terreiro suspenso, secadores mecânicos Variedades catuaí vermelho, catucaí amarelo, icatu amarelo, mundo novo, acaiá, tupi, bourbon amarelo Selos Certifica Minas, Brazil Specialty Coffee Association (BSCA), 4C (Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

CafezalMercado

Produção de café em 2016 pode ser segunda maior da história do País

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A produção de café no Brasil em 2016 pode ser a segunda maior da nossa história, aponta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dados relativos a esse ano foram divulgados nesta quarta-feira (20/1), e apontam uma produção total ente 49,13 e 51,94 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado.

A expectativa da Conab leva em consideração a média de produção (50,5 mi), que coloca esta safra atrás apenas da colheita de 2012, que foi de 50,8 mi. A previsão indica um acréscimo de 13,6% a 20,1% em relação à produção de 43,24 milhões de sacas obtidas em 2015. Uma das explicações para o rendimento é o ciclo de bienalidade do café, que neste ano no Brasil é considerado alto. “A característica dessa cultura faz com que a planta obtenha melhores rendimentos em anos alternados, especialmente o café arábica, e independe de tratamento do solo ou de outras ações tecnológicas”, comenta o texto da Companhia.

Arábica e conilon
Espécie que o País mais produz, o arábica (76,5% de todo café brasileiro) tem estimado em um crescimento de 17,8% a 24,4%. A Conab aponta que sejam colhidas entre 37,74 e 39,87 mi sacas. O resultado deve-se principalmente ao aumento de 67,6 mil hectares da área em produção, à incorporação de novas áreas que se encontravam em formação e renovação e às condições climáticas mais favoráveis.

Já a produção do conilon, que representa 23,2% do total, é estimada entre 11,39 e 12,08 milhões de sacas, representando um crescimento entre 1,8 e 8% em relação à safra 2015. “Esse resultado deve-se, sobretudo, à recuperação da produtividade nos estados do Espírito Santo, Bahia e em Rondônia, bem como ao maior uso de tecnologias”, afirma a Conab.

Regiões produtoras
Para Minas Gerais, maior Estado produtor, a Conab explicou que na região do Sul de Minas (Sul e Centro-Oeste) houve aumento de área e produtividade, que devem refletir numa produção superior à safra anterior entre 26 e 33%. O Cerrado Mineiro (Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste) aumentou sua área e produtividade, o que pode resultar numa produção com crescimento entre 49,5 e 57,8%. A entidade considera também a Zona da Mata Mineira (Matas de Minas, Rio Doce e Central) onde, apesar do leve aumento na área em produção, a produção deve ser 0,2 a 5,4% menor do que a safra anterior, tendo em vista a bienalidade negativa para a cultura nesta safra. Por fim, o Norte de Minas (Norte, Jequitinhonha e Mucuri) deve ter aumento de área e produtividade, com produção superior entre 22,3 e 29,1%.

Já o Espírito Santo, onde mais se produz conilon no Brasil, a Conab tem perspectiva de recuperação de produtividade, com safra superior de 6,9 a 13,5% a 2015. O aumento total no estado é puxado pelos dados do café arábica produzido no sul do estado, com acréscimo de 17,93%.

Apesar do norte do estado, onde há maior concentração do café conilon, em todos os meses analisados, ter sofrido com restrições no desenvolvimento da safra, principalmente, devido às chuvas abaixo da média e às temperaturas elevadas, a Conab afirma que essa restrição pode ter sido amenizada em função da irrigação de parte das lavouras. O resultado é calculado em perda de 0,82% na produção do conilon.

Produtividade
Quanto à produtividade total, a estimativa situa-se entre 24,84 e 26,27 sacas por ha, equivalendo a um ganho de 10,4% a 16,8%, em relação à safra passada. Com exceção de Paraná, Rondônia e região de Matas de Minas, todos os demais estados apresentam crescimento de produtividade. Os motivos são as condições climáticas mais favoráveis nas principais regiões produtoras de arábica, aliadas ao ciclo de bienalidade positiva. A Conab observou os maiores ganhos na região do Triângulo Mineiro, em São Paulo e no Sul de Minas e centro-oeste mineiro.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Da redação • FOTO Alexia Santi/Café Editora

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Produtores de café de Divinolândia apresentam a região

fazendas_divinolândia_café_cafezal Em sua nova edição, a revista Espresso traz uma reportagem sobre a produção de café na cidade de Divinolândia, interior de São Paulo. O município abriga pequenos agricultores que construíram sua história, encravada nas montanhas da região de Mogiana. Por lá, a agricultura familiar é marcante. Foi com a imigração de europeus, na maioria italianos, entre o fim do século XIX e o início do século XX, que a cafeicultura no lugar começou a tomar corpo. Hoje, a cidade produz até 120 mil sacas por ano. A equipe da Espresso esteve na região para conferir o trabalho intenso dos produtores que hoje estão focados na produção de café de qualidade. Confira os depoimentos de Francisco Sérgio Lange, ex-engenheiro eletricista, secretário da Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod) e presidente do Sindicato Rural de Divinolândia, e Maria de Lourdes Cunha de Oliveira, produtora, proprietária do Sítio Recanto, ao lado do marido Adalto Batista de Oliveira. Para saber mais sobre a produção de café em Divinolândia, leia a reportagem completa na revista Espresso, edição impressa, referente aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

TEXTO Da redação • FOTO Lucas Albin

Cafezal

Produtor da Mantiqueira de Minas é bicampeão do Cup of Excellence Naturals

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Bicampeão! Sebastião Afonso da Silva, vencedor do Cup Of Excellence Brasil. Sítio São Sebastião, em Cristina, Mantiqueira de Minas! Surpreendentes 94,47 pontos!

Com três cafés presidenciais – aqueles que atingem notas acima de 90 em uma avaliação de 0 (zero) a 100, conforme tabela oficial do concurso – o Cup of Excellence – Naturals 2015 revelou seus vencedores, na última sexta-feira (11/12), em Franca (SP). O campeão do certame foi o produtor Sebastião Afonso, do Sítio São Sebastião, em Cristina (MG), na região de Mantiqueira de Minas, que teve seu lote avaliado em 94,47 pontos.

Este é o segundo ano consecutivo que o Sebastião Afonso vence a competição, quando em 2014 o lote inscrito por seu irmão, Antônio Marcio da Silva, foi indicado como melhor natural pelo Cup of Excellence – Naturals, atingindo 95,18 pontos na ocasião. “Estamos muito felizes, estávamos apostando neste lote”, contou Sebastião, que esteve o tempo todo acompanhado da família na cerimônia. “Não tenho nem palavras. O caneco é nosso de novo”, compartilhou seu filho Helisson Afonso, nas redes sociais após a premiação. – Conheça o trabalho do produtor, em uma visita que nossa equipe fez às suas propriedades, leia aqui.

Assista, no vídeo abaixo, o anúncio do vencedor:

O segundo colocado atingiu a pontuação de 92,77 e veio também da região de Mantiqueira de Minas. O lote é da produtora Maria Valeria Costa Pereira, da propriedade Irmãs Pereira e fica no município de Carmo de Minas (MG). O terceiro café presidencial da competição foi o do produtor Ralph de Castro Junqueira. Ainda na Mantiqueira de Minas, em Carmo de Minas, o lote alcançou 90,04 pontos.

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Equipe completa de juízes e de apoio do Cup Of Excellence Naturals Brazil. Nove países e muitos dias de prova para chegar aos melhores cafés naturais do Brasil

O júri internacional do Cup of Excellence – Naturals 2015, que premia os melhores cafés naturais (colhidos e secos com casca) da safra, trabalhou na região da Alta Mogiana. Segundo os juízes e organizadores, os cafés deste ano surpreenderam e elevaram o nível de dificuldade para selecionar os 10 melhores entre os que já haviam sido escolhidos na fase nacional. Outros 32 lotes estavam na disputa.

As avaliações finais aconteceram de 7 a 11 de dezembro, degustadores e classificadores dos principais países importadores do mundo reavaliaram os cafés, com base em propriedades como corpo, sabor, doçura e grau de acidez. Os campeões serão ofertados em disputado leilão mundial, via internet.

O júri também visitou propriedades da região da Alta Mogiana, como a fazenda Bela Época, no município de Ribeirão Corrente (SP) que tem como proprietário o diretor-presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (conhecida internacionalmente como AMSC — Alta Mogiana Specialty Coffees). E a O’Coffee, localizada em Pedregulho (SP), que possui estrutura de produção focada em qualidade, com terreiros de cimento e suspenso.

O Cup of Excellence voltado à seleção dos cafés naturais é realizado exclusivamente no Brasil, o maior produtor global, e tem o intuito de apresentar ao mundo a diversidade e a sustentabilidade dos grãos colhidos e secos com casca.

A equipe da Espresso fez um sobrevoo na fazenda do produtor Sebastião Afonso, do Sítio São Sebastião, em Cristina (MG), de Mantiqueira de Minas, no início deste ano. Confira belas imagens da região no vídeo abaixo:

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Thais Fernandes • FOTO Mariana Proença/Café Editora

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Cafeicultor da Bahia tem lote negociado a R$ 173.478 em leilão do Cup of Excellence

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O cafeicultor Antonio Rigno em sua lavoura, em Piatã, Bahia

O lote com 18 sacas da Chácara São Judas Tadeu, do município de Piatã, na microrregião da Chapada Diamantina, foi negociado a *R$ 173.478,47 (US$ 45.000,90). O café do produtor Antonio Rigno de Oliveira rendeu, portanto, *R$ 9.717,86 (US$ 18,90/lb-peso) por saca, no leilão on-line do Cup of Excellence – Pulped Naturals 2015. O lote campeão atingiu 91,22 pontos na escala de 0 (zero) a 100 do concurso e foi arrematado pela empresa UCC Ueshima Coffee Co., Ltd.

O segundo colocado, Cândido Vladimir Ladeia Rosa, genro de Antonio Rigno, também do município de Piatã (BA), receberá um total de *R$122.077. O produto da fazenda Ouro Verde foi adquirido pela empresa Maruyama Coffee e continha também 18 sacas. Já o terceiro lugar, de Luiz Mauro Araujo Miranda, que produz no Sitio Monte Sinai, foi arrematado pelas empresas Time’s Club, TOA Coffee, Coffee Libre, Single Origin Roasters. O lote receberá *R$119.350.

Os lances foram dados via internet na tarde desta terça-feira (1/12), com todos os 22 produtos ofertados tendo sido arrematados. A arrecadação total dos lotes vencedores do concurso foi de *R$ 1.401.248,44 (US$ 363.488,57), superando a máxima anterior de 2010, quando foram movimentados R$ 1,239 milhão, e a cotação média ficou em *R$ 4.257,99 (US$ 8,35 por libra-peso) por saca de 60 kg, acima dos R$ 3.863,44 registrados em 2014.

O maior valor pago por saca, no entanto, não conseguiu superar o recorde registrado no ano passado. Em 2014, o café de Cândido Vladimir Ladeia Rosa, genro de Antônio Rigno e vice-campeão da edição 2015 do Cup, foi arrematado por R$ 16.646,48 por saca de 60 kg (US$ 50,20 por libra-peso). O cafeicultor de Piatã (BA) recebeu o maior lance no leilão on-line da competição e o café alcançou, em 2014, nota 94,05 na competição. (Leia mais)

Vencedores de diversas regiões
Neste ano, o certame teve vencedores de sete origens produtoras do País: Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas; Chapada Diamantina, no Planalto da Bahia; Indicação de Procedência do Norte Pioneiro do Paraná; Montanhas do Espírito Santo; Sul de Minas Gerais; Matas de Minas; e Média Mogiana, em São Paulo. “O leilão cumpriu com sua função principal, que é mostrar e valorizar as origens produtoras dos cafés especiais brasileiros, incentivando os produtores a buscarem cada vez mais qualidade”, comenta o novo presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA – Brazil Specialty Coffee Association), Adolfo Henrique Vieira Ferreira.

O resultado completo do leilão dos cafés vencedores do Cup of Excellence – Pulped Naturals 2015, incluindo o nome das empresas compradoras de cada lote, pode ser conferido no site da ACE.

* Dólar cotado a R$ 3,855, conforme fechamento de 1º/12/2015.

TEXTO Da redação • FOTO Arquivo pessoal

Cafezal

Prêmio Região do Cerrado Mineiro anunciou os melhores produtores de 2015

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Família do produtor Edison Minohara recebe o 1º lugar na categoria natural

Em noite de celebração, o Prêmio Região do Cerrado Mineiro revelou seus vencedores. Realizado na quinta-feira (5/11), em Uberlândia (MG), o evento completou a terceira edição, com a participação de 166 amostras de produtores de diversas cidades que contemplam a Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, que tem um total de 55 municípios.

O concurso é organizado pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, que o divide em duas categorias: natural e cereja descascado. Neste ano os vencedores foram de duas cidades próximas: Serra do Salitre e Ibiá.

Francisco Sergio de Assis, o Serginho, presidente da Federação, lembrou durante a premiação sobre a importância de “celebrar algo feito com carinho e amor pelo produtor”. Das 166 amostras inscritas, 20 delas foram classificadas como finalistas e as colocações anunciadas durante a premiação. O primeiro lugar na categoria natural, com 88,3 pontos, foi Edison Minohara, da Fazenda Nova Casa Branca, em Ibiá. O catuaí vermelho do produtor, neto de japoneses, conquistou os provadores durante a seleção.

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Família do produtor Adauto Guimarães recebe o 1º lugar na categoria cereja descascado

Já o primeiro lugar na categoria cereja descascado ficou para Adauto Guimarães, da Fazenda Lavrinha, em Serra do Salitre, com a variedade topázio e pontuação de 88,5. Além do certificado, os produtores receberam prêmio em dinheiro no valor de R$ 30 mil para um total de 20 sacas. Os segundos e terceiros lugares receberam R$ 24 mil e R$ 20 mil, respectivamente.

Anualmente o Prêmio recebe compradores de diversas regiões do Brasil que adquirem duas sacas de cada finalista. Dentre os ofertantes estão cafeterias, microtorrefações, indústrias e supermercados. Após adquirirem as sacas, os compradores realizam a torra e produzem edições limitadas desses cafés em seus segmentos.

Uma delas é a cafeteria Lucca Cafés Especiais, de Curitiba, que tem a participação dos proprietários Georgia e Luiz Otávio Franco de Souza na prova dos cafés e posteriormente na produção dos microlotes para a cafeteria. Suplicy Cafés Especiais, de São Paulo, e Ateliê do Grão, de Goiânia, são outras duas casas que também compraram os grãos.

Compradores Premio Cerrado Mineiro

Compradores do cafés vencedores do Prêmio Região do Cerrado Mineiro recebem certificados

A Tres, do Grupo 3Corações, lançará uma edição limitada de cápsulas dos produtores campeões e o Supermercado Verdemar, de Minas Gerais, também fará microlotes desses cafés.

Para Afonso Maria Rocha, diretor superintendente do Sebrae Minas: “o Cerrado Mineiro chegou ao nível de produtos de altíssima qualidade, governança sólida e isso é um grande caminho andado para novas conquistas”.

 

Confira o resultado final do III Prêmio Região do Cerrado Mineiro:

Categoria Natural

1º lugar: Edison Minohara (Fazenda Nova Casa Branca, Ibiá)

2º lugar: Grupo Andrade Bros (Fazenda Paraíso, Serra do Salitre)

3º lugar: Afonso Vinhal (Fazenda Recanto, Serra do Salitre)

4º lugar: Grupo Naimeg (Fazenda Pântano, Coromandel)

5º lugar: Antonio Azevedo (Fazenda Nova Guiné, Campos Altos)

6º lugar: Lucio Gondim Velloso (Fazenda Santa Cecília, Carmo do Paranaíba)

7º lugar: Marcos Cesar Miaki (Fazenda Shalom, Patrocínio)

8º lugar: Mucio Cardoso Monteiro (Fazenda Santa Barbara, Romaria)

9º lugar: Grupo Andrade Bros (Fazenda Lagoa Seca, Serra do Salitre)

10º lugar: Grupo Andrade Bros (Fazenda São Silvestre, Carmo do Paranaíba)

 

Categoria Cereja Descascado

1º lugar: Adauto Guimarães (Fazenda Lavrinha, Serra do Salitre)

2º lugar: Dimap S/A (Fazenda Santo André, Pratinha)

3º lugar: Grupo Famiglia Ferrero (Fazenda Caixetas, Patos de Minas)

4º lugar: Grupo Famiglia Ferrero (Fazenda Pântano, Patos de Minas)

5º lugar: Grupo Naimeg (Fazenda Pântano, Coromandel)

6º lugar: Lucio Gondim Velloso (Fazenda Santa Cecília, Carmo do Paranaíba)

7º lugar: Eduardo Pinheiro Campos (Fazenda Dona Nenem, Presidente Olegário)

8º lugar: Grupo Naimeg (Fazenda Pântano, Coromandel)

9º lugar: Maria Betânia de Almeida (Fazenda Boa Sorte, Campos Altos)

10º lugar: Haroldo Barcelos Veloso (Fazenda São Lourenço, Carmo do Paranaíba)

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Os cafés premiados ganharam harmonizações especiais de vinho e café durante o evento

Premio Cerrado Mineiro

Evento realizado em Uberlândia (MG) recebeu centenas de convidados

TEXTO Mariana Proença • FOTO Café Editora

Cafezal

Concurso Colheita Premiada, da Nescafé Dolce Gusto, faz última chamada para inscrições

As inscrições para o concurso Colheita Premiada, da Nescafé Dolce Gusto, que irá eleger o melhor café entre as regiões produtoras do Brasil, se encerram no dia 15 de outubro.

A participação é aberta a todos os cafeicultores, dentro das categorias Conilon, Arábica natural e Arábica lavado. O grande vencedor será anunciado em novembro e terá seu café utilizado em uma edição especial de cápsulas Nescafé Dolce Gusto, 100% brasileira. A produção será realizada ano que vem, na nova fábrica de cápsulas da marca, que fica na cidade de Montes Claros (MG). Os 15 finalistas ainda receberão premiações em dinheiro no valor total de R$ 450 mil (total).

Um dos pré-requisitos para participar é que os lotes tenham sido produzidos em linha com um padrão independente de sustentabilidade, ou seja, possuam certificação válida, como Certifica Minas ou Rainforest Alliance. Os produtores podem se inscrever de maneira gratuita através do site da marca, onde estão mais informações e todo o regulamento. As amostras deverão ser enviadas pelo correio (Sedex ou PAC) ou entregues diretamente, de segunda a sexta-feira das 8h às 17h na Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).

Fases

O Concurso Colheita Premiada contará com duas etapas. Na primeira fase (eliminatória), serão escolhidos até 45 finalistas, sendo 15 em cada categoria. As amostras serão classificadas quanto ao tipo, qualidade da bebida e outros aspectos, de acordo com a metodologia da Specialty Coffee Association of America (SCAA) para as duas categorias de café arábica e de acordo com o protocolo de avaliação de robustas finos do CQI (Coffee Quality Institute) para a categoria de café conilon.

Na segunda etapa do concurso (classificatória), as amostras finalistas serão degustadas utilizando a metodologia de avaliação de qualidade da Nestlé, com acompanhamento da BSCA e da auditoria Safe Trace. Uma comissão julgadora vai avaliar as amostras, selecionar os cinco finalistas premiados de cada categoria e apontar o grande campeão de acordo com o nível de qualidade dos lotes apresentados. A nova cápsula será parte da série “cafés do mundo”, incrementada com dois novos sabores a cada ano, sendo que esta é a primeira vez que o café brasileiro será escolhido para a ação.

O Concurso Colheita Premiada é uma iniciativa da Nestlé, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e é organizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).

Serviço
Concurso Colheita Premiada – Nescafé Dolce Gusto
Inscrições e regulamento: www.nescafe-dolcegusto.com.br/concurso
Entrega de amostras: Rua Gaspar Batista Paiva, 416 – Santa Luiza – Varginha (MG)
Anúncio do vencedor: novembro de 2015

TEXTO Da redação • FOTO Alexia Santi