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Inscrições abertas para o Summit Empreendedoras do Café 2023

Com o objetivo de impulsionar a inovação e a transformação no setor cafeeiro, estão abertas as inscrições para o Summit Empreendedoras do Café 2023, que será realizado no dia 12 de maio, no teatro do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG).

O evento é promovido pela Associação Mulheres Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí, região da Mantiqueira de Minas, e contará com a presença de nomes importantes do mercado. A programação apresenta palestras, espaços para networking e exposições culturais, históricas e de produtos.

O destaque dos assuntos a serem abordados será a importância do café especial e da cafeicultura no território brasileiro, um produto de alta qualidade que apresenta características únicas de aroma, sabor e corpo, resultado de uma produção cuidadosa e sustentável.

“O evento é uma oportunidade única para os interessados e produtores de café aprenderem sobre inovação e tecnologia, fazerem conexões e se inspirarem com as visões de negócios”, ressaltou a cafeicultora e Presidente da Associação Mulheres Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí, Daniele Alckmin Carvalho Mohallem.

Uma das novidades do Summit será a presença do Museu do Café, de Santos (SP), que trará para o evento uma exposição itinerante sobre os Imigrantes do Café e, para o público infantil, o Cafezalzinho uma área exclusiva com o intuito de proporcionar experiências lúdicas e educativas às crianças e familiares.

Inscrições

Para participar, basta se inscrever no site ou pelo link. A entrada é gratuita e as vagas são limitadas. A organização solicita apenas a doação de um produto de limpeza, para que sejam encaminhados à instituições de caridade de Santa Rita do Sapucaí (MG). Veja a programação completa no site ou nas redes sociais do grupo.

Programação das palestras:

“Empreendedorismo: Realizar para protagonizar”, com Angelita Marisa Cadoná (presidente do Sicredi – Conexão)

Entrevista exclusiva direto de Londres com Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC). Entrevistadora: Luisa Nogueira (Play no Agro)

“ESG e crédito de carbono na prática – Como gerar valor ao seu negócio”, com Claudia Leite (Hilo Consultoria) e o produtor Eduardo Ferreira de Sousa (Fazenda Pedra Preta)

“Sucessão: Planejamento patrimonial, tributário e familiar. Aprenda com especialistas”, com Dr. Fernando Castellani (CCHDC) e Matheus Trolesi (IPECONT)

“Comercialização de cafés: Conheça novas realidades e oportunidades”, com Isabela Pascoal (Daterra Coffee), Edgard Bressani (Latitude Coffee) e Marcelo Pedrosa (Volcafé)

“Produção de café: Redução de custos, gestão, produtividade e inovações tecnológicas no campo”, com Gustavo Rennó (engenheiro agrônomo e apresentador do programa No Pé do Café)

“Agro é pertencer, é realizar, é evoluir”, com Camila Telles (produtora rural, comunicadora e especialista em marketing)

Sobre a Associação Mulheres Empreendedoras do Café

A Associação Mulheres Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí (MG) é uma entidade sem fins lucrativos, com o objetivo de fomentar o empreendedorismo feminino na cadeia do café, promovendo a capacitação e fortalecimento do setor.

O grupo, formado por 125 mulheres líderes em diversas frentes de trabalho em Santa Rita do Sapucaí, foi criado em 2018, quando quatro mulheres produtoras de café especial decidiram se unir para falar sobre cafeicultura e ganhar mais representatividade. Nesses cinco anos de atuação, o grupo tem se destacado no mercado com a produção de cafés especiais e o fortalecimento de relações, atraindo novas participantes.

Além disso, a Associação Mulheres Empreendedoras do Café promove eventos e cursos de capacitação para as associadas, com o objetivo de aprimorar as habilidades e competências das empreendedoras. As atividades incluem palestras, workshops, rodas de conversa e visitas técnicas, participações em feiras nacionais e internacionais de café, sempre voltadas para o desenvolvimento do setor cafeeiro e para o fortalecimento econômico de todos que fazem parte da rede. A instituição também promove atividades voltadas para educação nas escolas sobre o protagonismo e o desenvolvimento do café entre as gerações.

Serviço
Summit Empreendedoras do Café
Quando: 12 de abril
Horário: 8h
Onde: Inatel – Santa Rita do Sapucaí (MG)
Mais informações e inscrições: www.empreendedorasdocafesrs.com.br

TEXTO Redação

Cafezal

Diretor geral do Cecafé aponta impacto das questões climáticas na produção do café

Marcos Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)

O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, conversou com a redação sobre as exportações do café brasileiro, o clima e a sustentabilidade. 

Nos dias 25 e 26 de maio ocorrerá o Coffee & Dinner Summit. Com o tema “Crescimento da produção: seus desafios e oportunidades em tempos de ESG”, o evento contará com a participação e contribuições de importantes atores do setor cafeeiro nacional e internacional – vindos principalmente de Europa, América do Norte e Ásia –, que debaterão sobre os desafios que a cafeicultura global vive ao longo dos últimos anos, como economia e tendências de mercado, questões climáticas, sustentabilidade, logística e as novas regulamentações voltadas a um mercado consumidor mais verde.

Marcos destaca que o Cecafé está envolvido em diversas ações para debater sobre a imagem do Brasil, programas de ESG, questões relacionadas ao desmatamento, limite máximo de resíduos, para, assim, apresentar as capacitações que são feitas, as boas práticas e todo trabalho primoroso do produtor brasileiro. “O evento vem para reconhecer os produtores e todos componentes da cadeia produtiva. No segundo dia teremos painéis de debates no qual discutiremos a economia e o consumo mundial, tendências, juros, inflação, além de conversas sobre a nova regra global do desmatamento, que é aplicada na União Europeia e replicada em países como os Estados Unidos’’, explica. 

A União Europeia aprovou, em dezembro do ano passado, as novas diretrizes para impedir a compra de produtos ligados às áreas de desmatamento global e dificultar a degradação florestal. As novas regras de importação podem afetar as compras de soja, café, carne bovina, cacau, madeira e óleo de palma. Produtos derivados e manufaturados como chocolate, papel impresso e móveis também deverão ser incluídos.

O evento também abordará as tendências do balanço de carbono. “O Cecafé, ao lado de associados, desenvolveu um trabalho de balanço de carbono em Minas Gerais e agora estamos estudando o Espírito Santo. Já identificamos, por exemplo, que o café arábica é carbono negativo. O balanço de carbono nada mais é que o índice para mostrar a agricultura regenerativa no ambiente tropical e vamos ver em breve o balanço de carbono no canéfora (conilon), para fazer com que seja reconhecido internacionalmente e, assim, criar uma plataforma de crédito de carbono das plataformas brasileiras”, comenta. Infelizmente os ingressos do evento já estão esgotados. 

Já sobre as exportações, o diretor geral aponta que, no primeiro trimestre, o Brasil exportou 8,4 milhões de sacas, uma queda de 23%, e as receitas cambiais foram de 1,8 bilhão de dólares, uma queda de 27,5%. “Esse padrão já vem sendo noticiado pelo Cecafé nesses meses de 2023 por conta da dinâmica do mercado. O Brasil está em uma entressafra e, não apenas de uma, estamos vindo de duas safras mais baixas. Desde a safra recorde em 2020, em que tivemos grandes volumes de produção, de exportação, de qualidade, de sustentabilidade, o Brasil passou por inúmeras anomalias climáticas, geadas, secas, o que resultou tanto na safra 2021, quanto na de 2022. Agora estamos na entressafra após essas duas baixas, então o café remanescente é cada vez menor e isso impõe desafios. É claro que no mês específico de março exportamos cerca de 3,1 milhões de sacas, um avanço em relação a fevereiro, quando exportamos 2,4 milhões de sacas, e ligeiramente superior ao mês de janeiro, no qual exportamos 3 milhões de sacas. Então esse patamar e essa dinâmica tem que ser observada em abril, lembrando sempre que a safra nova se aproxima e, obviamente, em períodos que temos menores exportações de canéfora e pela concorrência com a indústria interna, já que ele tem sido usado cada vez mais nos blends’’. 

Nos últimos tempos, muito tem se falado sobre o clima e os desafios para o cafeicultor. Marcos aponta que o café é sensível às anomalias climáticas, água, energia, temperatura, tudo isso impacta na formação, enchimento, expansão e maturação dos frutos. 

“A partir da safra 2020, tivemos um período que o Brasil teve recorde de produção, maiores números de exportação, cafés sustentáveis, de qualidade, e tivemos todas as variáveis fortemente alinhadas naquele ano. Após isso tivemos altas temperaturas ainda no final de 2020, períodos secos, depois no final de 2021 tivemos as geadas. Então, tudo isso nos resultou em duas safras seguidas baixas, porque o café é uma cultura perene. Questões climáticas muito sérias afetam mais de um ano de produção, isso não é novo. Entre 2014, 2015 e 2016, tivemos o café arábica sendo afetado por seca, de 2015 até 2019, o café conilon do Espírito Santo também foi afetado por períodos extremos de seca e levamos de 3 a 4 sacas para recuperar e, hoje, já temos plena expansão dos grãos da região. Então, para essa safra, especificamente, tivemos um verão chuvoso. O IBGE e a Conab estimaram safras recordes de grãos, e aqui entra soja, milho, algodão, ampla produção estimada. No caso do café, por ser uma fisiologia muito específica, estamos com uma safra boa. Tudo indica que teremos um ciclo mais equilibrado de dados climáticos. Temos que aguardar semana a semana, dia a dia. O clima é muito difícil de prever. Se o Brasil tiver dados climáticos adequados, vamos ter boas notícias na de 2023/2024 que vamos colher e, principalmente, a 2024/2025, que, aí sim, pode ser uma safra recorde. Temos que acompanhar as questões de perto. Sempre é difícil ter uma previsão do clima, mas o Brasil depende disso para ampliar sua produção e bater o recorde de 2020. Por isso, o seguro rural é tão importante para o produtor. Liquidez na comercialização como contratos futuros, gestão correta de riscos, gestão do custo de produção é importante’’, finaliza.

TEXTO Redação

Cafezal

Destinos nacionais e internacionais para quem é fã de café!

Se tem algo que faz parte do cotidiano dos brasileiros, é o café. Além disso, o Brasil é o maior produtor e exportador do grão no mundo. Mas, apesar de toda essa importância, muitas pessoas nunca viram de perto uma lavoura cafeeira, ou tiveram a oportunidade de conhecer os processos por quais esse fruto passa até chegar na nossa xícara. Pensando nisso, a empresa de tecnologia Hurb, que conta com uma plataforma on-line de viagens, selecionou alguns destinos nacionais e internacionais que devem fazer parte do roteiro dos amantes do café.

Apesar de não ser reconhecida hoje como um dos maiores produtores do grão, identificou-se que a origem do coffea – nome científico da planta – leva à Etiópia. A lenda conta que os efeitos da ingestão desse produto natural foram constatados pela primeira vez no país africano por um pastor, que notou que seu rebanho de ovelhas percorria uma distância maior que a média depois de consumir os frutinhos. Depois disso, os habitantes da região quiseram experimentar esses mesmos efeitos, dando início ao consumo de uma das bebidas mais vendidas no mundo.

Historicamente, sua exportação começou a ser realizada pelo Oriente Médio, vizinho da Etiópia, graças ao seu papel medicinal. De lá, partiu para o Egito e continuou arrebatando apreciadores pela Turquia, até chegar ao continente europeu, onde passou a ser consumido pela nobreza.

Aqui no Brasil, a primeira muda de café chegou de forma clandestina em 1727, trazida por um sargento estrangeiro. Depois de tentativas de produção no Maranhão e no Rio de Janeiro, chegou a São Paulo e Minas Gerais, onde o plantio não só emplacou, como veio a consolidar um dos maiores ciclos econômicos do país, nos séculos XIX  e XX. Hoje, o grão ainda é uma das nossas principais commodities. De acordo com o Sumário Executivo do Café de 2022, produzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, suas lavouras ocupam cerca de 3,2% do território nacional, o que corresponde a quase 2 milhões de hectares. A produção do ano passado foi estimada em 55,7 milhões de sacas de 60 kg, e, no ano anterior, mais de 40 milhões dessas sacas foram destinadas à exportação.

Além do país ser o principal produtor do mundo, os brasileiros também são grandes consumidores da bebida, ficando atrás apenas dos estadunidenses. Sobre o tema, o Hurb recebeu o barista Emerson Nascimento, especialista em latte art e campeão nacional de Coffee in Good Spirits em 2017 e 2020, para um bate-papo.

Mas, voltando à origem, Minas Gerais, principal produtor nacional, conta com a Rota do Café, que se estende por 35 km, passando por cidades como Carmo de Minas e São Lourenço, na região da Serra da Mantiqueira. Com uma combinação entre solo, temperatura e altitude ideais – chamado pelos especialistas no assunto de terroir -, Carmo de Minas surpreende pela produção do café arábica, umas das espécies de maior consumo mundial. Já a cidade vizinha, São Lourenço, oferece experiências alternativas, como um relaxante banho de banheira com aroma de café, acompanhado de massagem nos pés e ducha escocesa.  

No Nordeste, a Rota Verde do Café corta o sertão cearense passando pelos municípios de Guaramiranga, Mulungu, Pacoti e Baturité. Cultivado na penumbra, o café da sombra é produto de destaque do estado. Sem receber luz direta do sol, o solo rico é umedecido pelo orvalho das árvores, possibilitando o cultivo desse produto único.

A cafeicultura também acontece na Bahia, graças ao clima ameno nas altitudes da Chapada Diamantina. No top 10 nacional da premiação Cup of Excellence, que avalia anualmente os melhores grãos do Brasil e do mundo, seis são de fazendas da Chapada, inclusive o primeiro lugar, produzido pela Fazenda Tijuco.

No município de Serra Negra, em São Paulo, a Rota Turística do Café, reconhecida pelo Ministério do Turismo, abriga cafezais em meio à região de Mata Atlântica. Além de conhecer a produção dos seus cafés especiais, a região oferece mais atrações aos turistas, como passeios por alambiques, cachoeiras, destilarias, entre outros.

Já o Vale do Café compreende 15 municípios do Rio de Janeiro, na região conhecida como Vale do Paraíba, que compreende o sul do estado. Na década de 1860, eles foram responsáveis pela produção de 75% de todo o café consumido no mundo e, segundo a ABIH-RJ, 30 fazendas do vale estão abertas à visitação. Com a popularização do café gourmet, o trecho já aparece entre os cinco mais atrativos para o turismo no estado. 

No sul brasileiro, o Paraná teve um papel importante para produção cafeeira na história brasileira, até ser atingido por intensas geadas nas décadas de 1960 e 1970, que prejudicaram o potencial produtivo do solo. A Rota do Café paranaense cruza nove municípios e inclui atividades voltadas especialmente para esse público, como cardápios que ressaltam seu sabor e a Semana do Café, evento anual que realiza experiências gastronômicas e interativas no Museu Histórico de Londrina.

Para quem está disposto a sair do Brasil em busca de novos sabores e conhecimentos, Colômbia, Cuba e Estados Unidos são alguns dos destinos mais próximos que fazem parte da história de produção e cultura do café.

Com toda uma tradição de consumo, que vai muito além de uma fonte de energia para começar o dia, o café colombiano é aclamado em todo o mundo. Na capital Bogotá, cafeterias especializadas investem em grãos in natura, ou seja, sem passar pelo processo de torra, de pequenos produtores locais. Na produção, o Triângulo do Café Colombiano – que compreende os estados de Caldas, Quindío e Risaralda – concentra grande parte da produção nacional.

Em Havana, o encorpado espresso cubano faz parte da maioria das refeições, sendo servido em grande parte dos restaurantes. Por isso, não é difícil achar uma boa bebida na capital, onde evitam-se as versões no estilo americano, como as popularizadas pela rede Starbucks, original de Seattle. A cidade norte-americana é mais um destino  que pode ser incluído na lista dos amantes do café. Ainda que a cadeia mundial de cafeterias não seja a primeira opção daqueles que valorizam um bom café, sua fundação ocupa um papel na recente popularização do café. Além disso, Seattle conta com muitas opções de negócios menores voltados para produtos artesanais.

Já quem pretende chegar ainda mais longe pode embarcar para Austrália e Taiwan. No primeiro, as cafeterias se popularizaram como lugar de encontro após um movimento popular que visava diminuir o consumo alcoólico no país. Hoje, a terra dos cangurus tem cafés com longas filas na entrada, arquitetura e estilos diferenciados e produtos especiais. Já Taipei, em Taiwan, é mais uma das cidades impactadas pela popularização do café, que entra nesse roteiro graças às lojas temáticas de todos os tipos, além do povo simpático e receptivo aos turistas. Afinal, um bom café fica ainda melhor em boa companhia.

TEXTO Redação

CafezalMercado

Em visita ao Brasil, CEO da Fairtrade Global comenta sobre produção cafeeira

Sandra Uwera, CEO da Fairtrade Global – Foto: Julio Huber/Nova Comunicação

Na última sexta-feira (31/03) tivemos o prazer de acompanhar a visita da CEO da Fairtrade Global, Sandra Uwera, à loja da Ben & Jerry’s, na Oscar Freire, em São Paulo (SP). A marca utiliza ingredientes com certificação Fairtrade e destaca que apoia um movimento global que trabalha para garantir que pequenos agricultores de países em desenvolvimento consigam sobreviver no competitivo mercado global.

Sandra é de Ruanda, cresceu ali e no Quênia. Possui um Master of Science (MSc) em Planejamento Estratégico, um Bacharel em Comunicações Corporativas e realizou treinamento profissional avançado em política e direito de comércio internacional, inclusão digital e liderança para a sustentabilidade dos negócios. Ela faz parte de vários conselhos na África e internacionalmente.

Segundo ela, foi uma grande alegria quando recebeu a proposta para CEO da Fairtrade. “Fiquei muito feliz em representar uma organização tão nobre, principalmente pelos valores muito fortes, que envolvem promoção e boas condições para os produtores, considerando justiça social num nível global, com a certeza de que os produtores sejam ouvidos. Posso representá-los em reuniões e lutar por condições melhores’’.

Sandra chega ao Comércio Justo com uma vasta experiência na África e traz um conjunto único de habilidades, perspectivas e relacionamentos. Recentemente, atuou como CEO do COMESA Business Council (CBC), organização de membros empresariais na África, que é uma instituição do setor privado do Mercado Comum para a África Oriental e Sul (COMESA), que representa 34 setores empresariais em 21 países.

Foto: Julio Huber/Nova Comunicação

Fairtrade International é uma organização global que trabalha para garantir melhores condições de trabalho para fazendeiros e operários através do Comércio Justo, que é um modelo comercial que coloca o ser humano e a sustentabilidade social, econômica e ambiental das sociedades no centro, dignificando o trabalho, respeitando o meio ambiente e promovendo uma gestão responsável e sustentável dos recursos naturais. Se baseia em relações comerciais nas quais existem solidariedade, equidade e justiça, e, definitivamente, contribui para a melhoria das condições de vida das famílias produtoras e trabalhadoras em todo o mundo.

Em relação ao café brasileiro, Sandra destaca que o Brasil, como maior exportador de café, traz o desafio do custo de produção. “Com as crescentes condições econômicas em todo o mundo, vimos muitos produtores sofrerem em termos de altos custos de negócios. Vimos cair os preços do café que eram muito fortes no início dos anos 2000. Vimos os desafios de nossos clientes deixarem de comprar café por causa do poder aquisitivo fraco, com menos dinheiro no bolso, e o café sempre foi vendido como um produto de alto valor. E a parte boa é que é um produto que não sairá do mercado, sempre haverá demanda’’, explica. 

Mas a CEO completa que isso não reflete como os produtores estão se saindo no campo: “A gente descobre que muitos produtores estão operando dentro de sistemas e processos de altos impostos. Eles estão enfrentando desafios em termos de instalação das plantas e de processamento correto. Tenho certeza de que alguns dos desafios que você enfrenta em termos de como você limpa seu café, por exemplo, pode ser atualizado’’. 

O objetivo com o comércio justo é melhorar as condições de operação dentro dos setores e esse também é o caso do Brasil. Sandra aponta que ainda é muito importante que as empresas maiores sejam fornecedoras e que hoje os produtores estão mais atentos a investir nas instalações, nas facilidades operacionais, nas tabelas salariais, nos salários que todos os requisitos que podem ajudar este setor a se tornar mais lucrativo dentro do comércio justo.

“É muito interesse em garantir que esse setor que você conhece seja fortalecido e cresça na perspectiva dos produtores. São muitos os desafios, como a mudança climática, instalações precárias e operacionais, e é por isso que recentemente aumentamos nosso preço mínimo para café orgânico e café lavado, para que possamos criar uma rede de segurança para os produtores, para que não sejam afetados por todos os problemas”.

Em relação ao Brasil, o que mais a impressionou foi a riqueza em termos de agricultura. “É um país lindo, com pessoas muito engajadas e dedicadas em melhorar sua produção”. Sandra e equipe visitaram também a Coperfam – Cooperativa de Laranja e puderam acompanhar a produção e todo o processo de comercialização da fruta. 

Foto: Julio Huber/Nova Comunicação

Mulheres na produção 

Quem também acompanhou essa visita foi a produtora e presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam), Vânia Lucia Pereira da Silva, que destaca que a cooperativa foi uma das primeiras a ter o certificado Fairtrade.  

O movimento na região começou na década de 80, quando os produtores já tinham um café orgânico, mas sem muita ideia do que era isso. “Com muita pesquisa e trabalho, foram percebendo e entendendo sobre o café, até que viram que podiam certificar e assim veio a Fairtrade, todo um novo trabalho e a criação de uma associação de pequenos agricultores familiares da região’’, conta Vânia. 

Vânia Lucia Pereira da Silva, produtora e presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam) – Foto: Coopfam

A Coopfam foi criada em 2003 e busca qualidade de vida, respeito e preservação da natureza, sem agrotóxico. “Hoje somos aproximadamente 500 cooperados e mais de 90% do nosso café é exportado para 14 países’’, conta Vânia.

Ela destaca que a mulher foi conquistando cada vez mais espaço: “Já tínhamos um papel em todo o processo, menos na comercialização. Até que uma mulher ficou viúva e teve que ir numa assembleia sozinha, com muitos homens. Então, as mulheres foram dar uma força para ela e perceberam que tinham que estar nesse espaço também. Começaram a se organizar, formando o grupo MOBI – Mulheres Organizadas em Busca de Igualdade, em 2006, e aí veio o trabalho de diagnóstico com esposa dos cooperados, para entender como estavam. Hoje temos um processo de conscientização e transformação do grão à xícara’’. 

Vânia, que também é produtora de café, fez parte deste processo de construção coletiva. Primeiro, ela ocupou um dos espaços de coordenação da Rede Orgânicos Sul de Minas, com o projeto das rosas orgânicas. Dentro da Coopfam, ela foi indicada para a chapa da diretoria em 2016, pelo grupo MOBI, para concorrer à diretoria. Foi uma surpresa para ela quando esteve restrita ao grupo menor indicado para votação para diretoria. “Uma mulher assumir a presidência de uma cooperativa de café realmente é histórico. Eu participo de várias reuniões e busco saber se há mulheres presidentes de cooperativas de café e acho que sou pioneira nessa questão aqui em Minas Gerais”, contou.

TEXTO Natália Camoleze

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Café entre vulcões

Na região de Antigua, na Guatemala, o café se destaca não só pelas plantações em solos vulcânicos e sob árvores, como pela qualidade das cafeterias

Ele chegou na Guatemala em meados do século XVIII como planta ornamental trazida das Antilhas pelos Freis Dominicanos e se espalhou pelo vale de Antigua como se ali sempre estivera. No sopé dos vulcões Fogo, Água e Acatenango, protegido pela copa das grandes árvores, que junto com as pedra-pomes derivadas das lavas ajudam a reter a umidade no solo, o café ganhou características próprias. Hoje reconhecidas no mundo todo por sua qualidade e elegância.

Mas não é só com a exportação que os grãos de rico aroma, alto dulçor e acidez pronunciada vêm contribuindo para a economia local. Aos poucos, e com a ajuda do movimento La Cosecha, a produção de café guatemalteco começa a atrair coffee hunters de todo o mundo interessados tanto nas plantações e processos de beneficiamento, quanto no rico cenário de cafeterias de excelência que se espalha pela região apelidada de “Napa Valley” do café, onde o turismo de luxo também floresce com o Relais & Châteaux Villa Bokeh e restaurantes, como o 7 Caldos, da chef Mirciny Moliviatis, embaixadora da cozinha guatemalteca, o Nana Antigua, do chef Rodrigo Aguilar e o Clio’s, do chef Roberto de la Fuente.

Casas que ao lado dos premiados restaurantes guatemaltecos Sublime, do chef Sergio Díaz, Diacá, da chef Débora Fadul, e Flor de Lis, do chef Diego Telles, respectivamente posicionados em 31º, 47º e 51º lugar na lista do Latin America’s 50 Best Restaurants, têm atraído cada vez mais visitantes ao país.

A seguir, um roteiro das melhores paradas em Antigua para desbravar o café guatemalteco:

Fazendas

Fazenda El Tempixque
Pertencente à família Falla Castillo, uma das mais antigas no ramo do café em Antigua, com mais de 125 anos de história, a fazenda El Tempixque, na vila de San Miguel, é referência na produção sustentável de cafés de alta qualidade. Plantados a 1750 m de altitude, os grãos de caturra, bourbon amarelo e vermelho colhidos de novembro a fevereiro ao cair do sol para não comprometer a qualidade do café dividem espaço no ecossistema com orquídeas, macadâmias e abacates. Na xícara, os cafés da marca San Miguel (@sanmiguelcoffees), vindos desta e das outras sete regiões cafeicultoras da Guatemala apresentam alta acidez, com notas de framboesa e chocolate.

Benefício La Esperanza
Casado com Carolina Franco de Souza, filha da respeitada Georgia Franco de Souza (Torrefação Lucca – PR), o cafeicultor Josué Morales criou, na Fazenda La Esperanza, um laboratório para ajudar pequenos produtores a extrair o melhor de seus grãos. Além de assessoria e capacitação gratuita, ele se compromete a comprar toda a colheita dos parceiros a preços competitivos para que, a longo prazo, haja melhoria na qualidade e rendimento das plantações. No local é possível conhecer todo o processo de beneficiamento e provar algumas das melhores xícaras da safra. 

Coffee Shops

El Gran Café (@elgran.cafe)
Conhecido por servir apenas cafés orgânicos certificados de fazendas premiadas das oito regiões produtoras na Guatemala, esta charmosa loja também comandada por Josué Morales se destaca por oferecer cafés do leilão Cup of Excellence, como o Finca Santa Elisa (um geisha da região de Acatenango com notas de suco de papaya, espumante e maracujá doce), o Finca San Carlos, um bourbon e catuaí de Antigua com perfil mais clássico, e o Café Mama Cata, um geisha da região de Acatenango com perfil floral, que ficou em oitavo lugar no concurso Cup of Excellence Guatemala 2022.

12 onzas (@12onzas)
Vem da fazenda Concepción Buena Vista, localizada em San Martin Jilotepeque, a 1.750 metros do nível do mar todo o café servido nesta moderna cafeteria que tem à frente o premiado barista Diego Solano, cuja família está há mais de 100 anos no ramo cafeeiro. Diferente das demais cafeterias da região, aqui a ideia é assegurar a qualidade do café ao longo de toda a cadeia, da terra à xícara.

Fat Cat (@fat_cat_coffee_house)
Considerada uma das 10 melhores cafeterias da Guatemala, a loja inaugurada em 2010 pelo barista Gerson Otzoy trabalha lado a lado com pequenos e grandes produtores para honrar o esforço de toda a cadeia com a torra fresca e a extração perfeita. Aproveite e passe na loja de doces típicos Doña Maria Gordillo (@dmariagordilo), fundada em 1872, para descobrir outros segredos e sabores da região. 

Artista de Café (@artistadecafe)
Toma café, fecha os olhos, o que vês? É com essa proposta poética de ir além do conhecimento tangível que envolve uma boa xícara de café que são feitas as seleções e preparos da bebida nesta loja inaugurada em 2018 pela especialista María Andrée. O espaço também oferece aulas de análise sensorial baseada na ferramenta do Le Nez du Café, conjunto de aromas criado por Jean Lenoir, com quem María trabalhou na França, que ajuda a ilustrar os tipos de compostos aromáticos que podemos encontrar em cafés.

TEXTO Joana Munné - Catalã radicada no Brasil, onde fundou e atua como diretora da Agência Síbaris, focada em curadoria, consultoria e comunicação gastronômica.

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2º Encontro das Mulheres do Café da Região Vulcânica está com inscrições abertas

A Região Vulcânica abre inscrições para cafeicultoras e mulheres interessadas em participar do 2º Encontro das Mulheres do Café da Região Vulcânica, que será realizado no dia 8 de março, na Fazenda Santa Maria, em Águas da Prata (SP).

O evento é uma correalização da Prefeitura Municipal de Águas da Prata, Sebrae, Faesp/Senar, Sindicato Rural de São João da Boa Vista, Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Instituto Federal do Sudoeste de Minas, Emater-MG, Fazenda Santa Maria e Região Vulcânica.

A expectativa é de que o encontro reúna 200 mulheres cafeicultoras da região para apresentar conteúdo técnico, experiências de sucesso e oportunidades de network entre as mulheres da Região Vulcânica, de outras regiões e convidadas. Conteúdos como palestras, workshops, dinâmicas e painéis serão destaque no evento, conforme programação abaixo:

Programação – 8 de março

8h – Café de Boas-vindas

8h30 – Abertura Oficial com a Prefeita Municipal de Águas da Prata – Regina Helena Janizelo Moraes, Representantes do Sebrae e o Presidente da Associação dos Produtores de Café da Região Vulcânica – Marco Antonio Lobo Sanches.

9h – Palestra “Quando o Coletivo Impulsiona Vidas” – Profª Danielle Baliza – IF SUDOESTE DE MINAS

9h45 – Palestra Sebrae Delas – Carmen Souza – Sebrae Nacional

10h15 – Palestra “Mulheres e Coletivos no Mercado de Cafés Especiais” – Giuliana Bastos – Jornalista

10h45 – Painel “Mulheres da Região Vulcânica” (Daniela Abreu, Tuca Dias, Ilma Franco, Edna e Daniela Bertolin – Café Bêbado). Mediadora Julia Viana

11h45 – Almoço

13h – Workshops de Métodos de Preparo de Café – Mariana Nakagawa
– Workshops de Drinks a base de café – Elisangela Paiva
– Workshops de Barista – Silvana Melo
– Workshops de Fermentação de Café – Bourbon Specilaty Coffees

14h – Palestra

14h30 – Palestra “Mulheres e a Força do Cooperativismo”

15h – Painel “Mulheres da Região Vulcânica” (Mantissa, Agripoços, Assofé, Vale da Grama, ASSPROCAFÉ). Mediadora Vânia Marques

16h – Palestra “Semeadoras do Agro” – Juliana Farah – FAESP/SENAR SP

16h30 – Painel “Mulheres de Água da Prata” (Gizela Junqueira, Márcia Sindicato, Eliana). Mediadora Roberta Bazilli

17h15 – Encerramento

Todo o evento será conduzido por Natália Camoleze, jornalista com atuação na Café Editora.

Como participar?

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas através deste link. As vagas são limitadas! Dúvidas pelo e-mail contato@regiaovulcanica.org.br ou pelo telefone (35) 99819-6519.

Sobre a Região Vulcânica

A região é composta pelos municípios de Águas da Prata, Andradas, Bandeira do Sul, Botelhos, Cabo Verde, Caconde, Caldas, Campestre, Divinolândia, Ibitiúra de Minas, Poços de Caldas e São Sebastião da Grama. Atualmente conta com aproximadamente 800 produtores associados, além de exportadoras, torrefações e cafeterias.

Águas da Prata

Localizada a 238 km da capital paulista, Águas da Prata está na encosta da caldeira vulcânica e é um município que se destaca pela beleza natural e qualidade de suas águas, sendo radioativas, alcalinas e bicarbonatadas. A cidade possui 10 fontes: Fonte do Padre, Fonte da Pedra do Boi, Fonte da Juventude, Fonte Vitória, Fonte Vilela, Fonte Platina, Fonte do Paiol, Fontanário Prata, Fonte Nova e Fonte da Garganta, todas com propriedades medicinais.

Além das tradicionais águas, o município se destaca também pela produção de cafés especiais, sendo a Fazenda Santa Maria uma das referências do município.

A Fazenda Santa Maria

Está localizada em Águas da Prata (SP), próximo à divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. A matriarca da família, Clineida Junqueira, vive na fazenda desde os 2 anos de idade e acompanhou toda a história da produção cafeeira por lá, que tem mais de 70 anos, e hoje conduz e acompanha de perto o cultivo de café na fazenda.

Sua filha, Gisela Junqueira, em parceria com Angela Bonfante, se uniram para reformar a antiga tulha de café (onde montaram uma cafeteria) e construir, ali ao lado, um orquidário (na verdade um Vandário, pois o foco é em um tipo de orquídea chamado Vanda). O “Vandário Santa Maria” é lindo, encantador – tanto a paisagem, como a construção e cada detalhe mantido do original. No local são vendidas as flores, além dos cafés produzidos na fazenda e outros produtos locais / regionais de muita qualidade (queijo, doces, mel, bebidas etc).

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Cafezal

Você sabia que existe um cafezal urbano no meio da cidade de São Paulo?

Um cafezal no meio de São Paulo. Sim, é isso mesmo! Muita gente não sabe, mas, entre casas, ruas e muitos prédios, existe uma grande área verde. E nossa equipe foi visitar, durante uma manhã ensolarada de quarta-feira, o Instituto Biológico.

Por algumas horas parecia que nem estávamos na loucura de São Paulo. O espaço é considerado o maior cafezal urbano do País, com 10 mil metros quadrados e com as principais variedades desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC) – órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo – presentes em 90% do parque cafeeiro brasileiro.

O Instituto Biológico foi criado em 1927, exatamente para estudar meios de combater as pragas que atacavam as plantações de café. É um centro de pesquisa também vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, voltado para a produção, a difusão e a transferência de tecnologias e conhecimento científico nas áreas de agronegócio, biossegurança e atividades correlatas. Está localizado na Vila Mariana, na cidade de São Paulo, nos arredores do Parque Ibirapuera.

Harumi Hojo, pesquisadora do local, foi quem nos recebeu e mostrou cada detalhe. Ela, que está há quarenta anos no Instituto, conta que fez parte inicialmente da entomologia (área da Biologia dedicada a estudar as características físicas, comportamentais e reprodutivas dos insetos) por bastante tempo. “Quando eu entrei, todo o espaço do café já estava plantado. Há mais ou menos dezoito anos, a diretoria passou a ter um novo olhar para o café e passamos a reconduzir a produção e buscar por uma Certificação UTZ para validar a parte de sustentabilidade e melhorar cada vez mais as questões de trabalho”, explica.

Harumi Hojo, pesquisadora do Instituto Biológico

Como começou

Ana Eugênia de Carvalho Campos, diretora-geral do Instituto Biológico, nos conta que, na década de 1920, apareceu uma broca nos frutos do café, causando danos severos na qualidade. “Assim, os cafeicultores perguntaram ao governador da época o que poderia ser feito e pediram uma saída. Ele reuniu pesquisadores e cientistas em busca da solução. Foi quando, então, surgiu o Instituto para trabalhar com a saúde dos vegetais, depois com a saúde dos animais. Tudo isso está até hoje dentro da nossa missão mais a preocupação com a proteção ambiental, sem resíduos de produtos químicos no nosso alimento, no solo e na água”, explica a diretora.

Segundo registros no site, foi Arthur Neiva quem levou à Assembleia Legislativa a importância da criação de um órgão que beneficiasse os agricultores. Em 20 de dezembro de 1926, o então presidente Carlos de Campos enviou à Câmara dos Deputados o projeto de fundação de um Instituto de Biologia e Defesa Agrícola. Apesar de aprovado no dia 27 do mesmo mês, o projeto não virou lei. No governo Júlio Prestes, quando Fernando Costa era o secretário de Agricultura, foi proposta a criação de um órgão ainda mais amplo, que, ao lado das pesquisas e medidas de defesa relativas à sanidade vegetal, também se dedicasse a objetivos semelhantes na área animal.

Em 1928, foi doada uma área de aproximadamente 239 mil metros quadrados para a construção do Instituto, um local pouco valorizado, conhecido como “Campo do Barreto”, e que, mais tarde, teve uma parte cedida ao Parque Ibirapuera. O nome inicial seria Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal, e, em 1937, passou para Instituto Biológico. Localizava-se, inicialmente, em vários prédios adaptados e distantes uns dos outros.

O objetivo era desenvolver conhecimento científico e tecnológico e transferi-lo ao negócio agrícola nas áreas de sanidade animal e vegetal, suas relações com o meio ambiente, visando à melhoria da qualidade de vida da população.

O café em São Paulo

Nossa bebida predileta foi a responsável pelo desenvolvimento de São Paulo. A cultura do café, introduzida no Brasil no século XVIII, se disseminou pelo Sudeste e pelo Sul do País, gerando riqueza e recriando hábitos e costumes.

No final desse século, o café passou pelo Vale do Paraíba, região em São Paulo com boas condições para o cultivo; depois foi para o Sul de Minas e para o Paraná. O Rio de Janeiro foi o porto de escoamento do produto.

Com a chegada da família real, em 1808, ocorreu uma rápida expansão dos cafezais. D. João, então príncipe regente, mandou que viessem sementes da África e as distribuiu entre os fidalgos proprietários de terras no Vale do Paraíba.

Entre 1830 e 1840, o café já era o produto mais exportado e a produção aumentava cada vez mais. Toda essa situação implicou o aumento de mão de obra nas grandes regiões produtoras (São Paulo e Rio de Janeiro) e, com a abolição da escravatura, implicou também o início da contratação de mão de obra imigrante em São Paulo. O café na região paulista ganhou tal importância que as ferrovias se espalharam pelo oeste paulista.

O Porto de Santos passou então a escoar a produção daquela região. Durante quase todo o século XIX e parte do XX, a riqueza do Brasil se concentrou na economia cafeeira. Dessa forma, surgiram os barões do café – fazendeiros que, durante o Segundo Reinado (1840-1889), foram contemplados por D. Pedro II com títulos de nobreza e, portanto, detinham o poder econômico da região.

A economia cafeeira ajudou em muitos aspectos no processo de urbanização e industrialização da região Sudeste, mas, no início do século XX, surgiram os primeiros sinais de crise. Em 1902, a superprodução de café originou estoques e baixou os preços. Para enfrentar a crise, os governadores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro reuniram-se em 1906 no chamado Convênio de Taubaté, que definiu uma política para a valorização do produto: os governos estaduais comprometiam-se a comprar toda a produção e usar os estoques para impedir quedas e oscilações no preço.

Por volta de 1920, a cidade de São Paulo passa a ser reconhecida como o mais importante centro industrial do Brasil. A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, forçou a queda no preço internacional do café. Milhões de sacas foram queimadas pelo governo, só em 1947 os preços voltaram aos níveis anteriores.

Se, na década de 1960, São Paulo e Paraná detinham a maioria dos pés de café do País, em meados de 1980 o estado de Minas Gerais concentrava mais de um terço do total nacional, seguido por São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Bahia. Todos esses estados tinham, juntos, 92% dos 3,5 bilhões de pés existentes no País.

Café e o Instituto

Na metade da década de 1950, foram plantados próximo ao edifício cerca de 2500 pés de café com a finalidade de servir como pesquisa científica e preservação da memória da instituição.

“Desde 2017, a produção é totalmente orgânica, tendo passado por um período de transição. No ano passado, conseguimos que até o beneficiamento fosse efetuado mantendo as características de produção orgânica”, ressalta a pesquisadora Harumi Hojo.

São mil pés de café divididos entre as variedades mundo novo (500 serão colhidos neste ano) e catuaí (500 que foram esqueletados e só produzirão no ano que vem. A última renovação do cafezal havia ocorrido na década de 1980) mais 1500 pés de café de outras seis variedades: catuaí vermelho IAC 99; catuaí amarelo IAC 62; IAC 125 RN; bourbon amarelo IAC J10; IAC catuaí SH3 e mundo novo IAC 379-19.

Atualmente o propósito do cafezal é ser um instrumento de educação ambiental, didático, histórico e cultural, destinando-se às pessoas que desejam conhecer uma plantação de café, sua história e outras particularidades, além dos princípios das boas práticas agrícolas, sustentabilidade e agricultura regenerativa.

Segundo o Instituto, a variedade mundo novo teve a sua origem a partir da seleção de plantas derivadas de um cruzamento natural entre as cultivares sumatra e bourbon vermelho. Seu desenvolvimento ocorreu no IAC. A variedade catuaí também foi desenvolvida por eles. Ela produz frutos de coloração vermelha ou amarela, produtivas e de porte baixo.

A colheita é toda manual. A secagem dos grãos é realizada ali mesmo, em terreiros suspensos, por um tempo em torno de quinze a vinte dias. A torra é realizada por um parceiro do interior de São Paulo, que segue os protocolos em relação ao café orgânico. Parte dos grãos é doada ao Fundo Social de São Paulo e parte fica para pesquisas.

Sabor da colheita

Desde 2006, o Instituto Biológico realiza a cerimônia que marca o início da colheita do café no estado de São Paulo e comemora o Dia Nacional do Café (24 de maio). O local recebe visitantes e todos podem participar da colheita simbólica e entender sobre as técnicas de produção. Neste ano, o evento disponibilizou um espaço para que alguns produtores apresentassem seus cafés, e o público ainda pôde tirar dúvidas sobre preparo com os baristas.

Apoio Nescafé

Em 2021, a marca global adotou a lavoura do local, o que foi um fortalecimento para o trabalho desenvolvido pelo IB, como as pesquisas e a produção de grãos orgânicos, além da abertura de uma nova frente, o Centro da Cafeicultura do Futuro, laboratório vivo que mira técnicas sustentáveis para a elaboração de um conceito inovador do cultivo cafeeiro.

Entre as ações do projeto estão os tratos culturais e o manejo de pragas e doenças dentro do modelo sustentável de produção, além da implantação de uma nova espécie de café e de colmeias de abelhas sem ferrão com fins regenerativos – a partir da polinização das flores do cafezal, ocorre um incremento na produtividade e na qualidade dos frutos de café.

“O IB, com mais de noventa anos de expertise em pesquisa, e a Nescafé, com seus programas que garantem tecnologia e inovação aos produtores rurais, trabalham em conjunto para gerar e compartilhar conhecimento para milhares de pessoas, que poderão visitar o cafezal e ter acesso a um programa de educação ambiental e agronômico, ao mesmo tempo complexo, em termos de informação, e simples, pela forma como será apresentado”, destaca a pesquisadora do Instituto Harumi Hojo.

“A parceria é super importante para nós, especialmente pelo fato do Cafezal Urbano ser uma grande vitrine e laboratório da cafeicultura que entendemos ser a do futuro. Ter um cafezal tão pertinho da população, nos ajuda a mostrar de maneira bem prática as boas iniciativas feitas no campo, e que muitas vezes estão longe da realidade do consumidor. O Cafezal já pratica uma agricultura de baixo carbono e implementa ativamente pilares importantes da agricultura regenerativa, como o uso de cultivares melhoradas, e a preservação da biodiversidade e polinização através das abelhas”, Taissara Martins, gerente de marketing e sustentabilidade de cafés da Nestlé.

O Cafezal do Instituto Biológico pode ser visitado! Basta agendar através do e-mail cafezalurbanoib@biologico.sp.gov.br. Ele fica na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1.252, na Vila Mariana. 

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Agência Ophelia

Cafezal

Conheça a produção de cafés especiais do Circuito das Águas Paulista

Foto: Agência Ophelia

Um dos cultivos históricos do Circuito das Águas Paulista é a produção de café. O produto desenvolveu a região nos seus primórdios, apesar de perder a força com a queda de 1929, mas, mesmo assim, permaneceu na região e vive hoje uma nova fase, a dos cafés especiais, que ganhou terreno e notoriedade nos últimos 10 anos. Com a descoberta de particularidades sensoriais, novos usos e qualidades reconhecidas nacional e internacionalmente, a trajetória dos cafés especiais do Circuito das Águas Paulista tem sido extremamente positiva.

De uns tempos para cá, principalmente depois da atuação capitaneada pelo Sebrae junto aos produtores, desde 2012, com implantação de diversos programas, cursos, orientações e até concursos de qualidade, introduzidos pelo Sindicato Rural de Amparo e Região, o Circuito das Águas Paulista se tornou conhecido pelos cafés especiais. Entre os diversos resultados das ações do Sebrae, nasceu a Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Circuito das Águas Paulista (Acecap), em 2018, envolvendo os nove municípios do circuito: Águas de Lindóia, Amparo, Holambra, Jaguariúna, Monte Alegre do Sul, Lindóia, Pedreira, Serra Negra e Socorro, com o objetivo de unir esforços dos produtores em busca de qualidade do café, autonomia e desenvolver novos produtos.

De lá para cá, o Circuito das Águas Paulista tem tido destaque no Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo e, nesta última edição, 21º Concurso, realizado no dia 20 de dezembro de 2022, contou com 10 finalistas da região e conquistou três prêmios para o Circuito das Águas Paulista, entre 37 finalistas de todo o estado de São Paulo. 

De acordo com dados da Acecap, a região reúne hoje 1.800 produtores, com 7 mil hectares de plantação de café, colheita média de 192 mil sacas de 60 kg, cuja produtividade chega a 28 sacas por hectare. O resultado vem em sua maioria de pequenas e médias propriedades, muitas vezes lideradas por mulheres cafeeiras, com até 50 hectares de produção, o que resulta em um café de produção familiar, cuidado em todas as etapas e muita tradição, passada de geração em geração, alguns chegando à quinta ou sexta geração, especialmente de imigrantes italianos que se instalaram nas fazendas de café da região no século XIX. Há também uma nova onda de cafeicultores que vieram à região atraídos pela qualidade de vida, vocação cafeeira e características produtivas.

“Somos orgulhosos de fazer parte dessa transformação, que incentivou à mudança no modo de produção. Hoje, fico feliz em ver como a região tornou-se conhecida pela produção de cafés especiais, cada vez mais premiados fora daqui”, reforça Roseli Vasco de Toledo, coordenadora do Sindicato Rural de Amparo e Região. O prêmio local, o Concurso Qualidade do Café Circuito das Águas Paulista, já está na 15º edição e é apontado como um dos incentivadores que, junto com outros fatores, levou a essa mudança na qualidade do grão e a uma transição que antes era predominantemente commodity.

“Nesta trajetória, muitos nos deram as mãos e nos conduziram em passos firmes, nos ajudando a construir uma ótima base para os negócios. O Sebrae é a única entidade que olha para o pequeno e médio empresário e os vê sempre como grandes, sempre acreditando nos resultados de seus empenhos”, relembrou Silvia Fonte, presidente da Acecap.

Na última década, o Circuito das Águas Paulista migrou do café de commodity para o café especial, impulsionado também pelo movimento mundial da segunda e terceira ondas do café. A decisão vem dando bons frutos e já desdobra em um fruto de altíssima qualidade para o consumidor, melhor rentabilidade para os produtores, sustentabilidade para um café de montanha, com características de topografia e relevo e no desenvolvimento de produtos associados, um deles é o turismo de experiência e conhecimento, que incrementa a produção agrícola e valoriza ainda mais o produto.

De visitas guiadas às fazendas até lugares charmosos para degustar o “queridinho” dos brasileiros, a região é um bom destino para experiências com café. Cada vez mais propriedades do Circuito das Águas Paulista se abrem para visitações, com atividades orientadas e sensoriais que apresentam o processo de cultivo do café até chegar à xícara. “O turismo de café, de uma maneira geral, está se estruturando na região e representa um potencial de crescimento muito grande, principalmente como oportunidade de negócio para pequenos e médios produtores de café do Circuito das Águas Paulista”, afirma Luiz Eduardo de Bovi, cafeicultor da Fazenda 7 Senhoras Specialty Coffee, um dos premiados no 21º Concurso de Café de São Paulo e que recebe turistas para experiências no cafezal.

Nesta onda, o protagonismo voltou-se às pessoas, os produtores, os profissionais, baristas e microtorrefadores que ampliam seu conhecimento no universo do café, estendendo-o ao seu público e formando os novos consumidores. Foi o que percebeu a produtora de café Márcia Bichara, que também abriu sua propriedade para vivências com uma pousada ecológica no meio da produção de café, o projeto chamado Cafezal em Flor. No roteiro, os turistas têm a oportunidade de conhecer os cafeeiros, as diferentes variedades produzidas na propriedade, os processos de pós-colheita, a torra, o preparo, e deliciar-se em uma cafeteria com os diferentes métodos de extração. “Verticalizamos nossa produção. Nossa proposta vai ao encontro da terceira e quarta onda, onde o consumidor quer conhecimento sobre o quê está consumindo e como foi produzido”, afirma Márcia.

Márcia Bichara e seu filho, Mateus Bichara – Foto: Agência Ophelia

Não basta mais citar o país para falar de origem, mas sim a região produtora, chegando por vezes a um café com assinatura, que aborda a região, o produtor, sua história familiar e da fazenda, como é no mundo dos vinhos. A exigência da qualidade dos grãos aumentou e para extrair e perceber estes níveis surgiram as torras mais claras e controladas, praticamente um processo artesanal que traz a figura do mestre de torra, deixando o café extra forte como coisa do passado. As notas sensoriais ganharam força, com descrição detalhada das nuances obtidas em cada café e um maior interesse dos consumidores pela origem, safra, processo e variedades.

Com o potencial brasileiro, segundo maior mercado global para café, cujo consumo per capita do gira em torno de 6kg/habitante/ano, a região evolui para uma cultura cafeeira com uma nova geração de consumidores, que introduziu o público mais jovem e deixa o café cada vez “mais descolado” e ligado a um estilo de vida. 

Não é por acaso que o Café do Circuito das Águas Paulista tem alcançado prêmios e reconhecimento como região produtora de cafés especiais, com características intrínsecas ligadas principalmente a sua geografia e clima. A região é apontada como ideal para o cultivo do produto, por conta do solo e altitude, melhoramento de variedades advindo das pesquisas do Instituto Agronômico (IAC), além de amplitude térmica com diferentes temperaturas (calor de dia e frio à noite) dentro de uma estabilidade equilibrada, que valoriza a maturação da fruta e resulta na principal característica do Café do Circuito da Águas Paulista, a doçura acentuada e marcante. “Diferente de qualquer região do Brasil, nosso café tem uma doçura aguçada, que se brinca por aqui que o açúcar é colocado no pé de café”, explica a presidente da Acecap, que também é proprietária do Sítio São Roque e se dedica a expansão do café orgânico entre os cafés especiais, tendência também em alta na região.  

De acordo com o barista e mestre de torras Fernando Gomes Moreira, que atua com os cafés da região há 8 anos e acompanha toda essa evolução, o Circuito das Águas Paulista tem clima e altitude favoráveis à produção de um café privilegiado, que chega ao auge de suas características com o desenvolvimento do cultivo de cafés especiais na região, com esse movimento de transição por um café de maior qualidade. De acordo com estudiosos, a soma do terroir da região e a elevação do nível do mar são fatores diferenciais na qualidade do café do Circuito das Águas Paulista, o que provoca nuances únicas à xícara. Isso mesmo: terroir, a palavra francesa utilizada para territórios vinícolas, foi emprestada para o mundo dos cafés especiais, tendo em vista que algumas regiões brasileiras produzem grãos com características muito próprias. 

Dentre outras características, o preenchimento de corpo do café da região também se destaca, que resulta em um café extremamente aveludado, com acidez de frutas amarelas, notas de frutas secas, nozes, caramelo e chocolate, às vezes, floral, sabores e características mais encontradas no café do Circuito das Águas Paulista.

Foto: Divulgação

É por isso que o Circuito das Águas Paulista deu início ao processo de Indicação Geográfica (IG) para reconhecer o café produzido na região. IG é uma identificação de produto ou serviço característico do seu local de origem, que possui uma ligação tão forte com os produtores locais e o território onde são produzidos que podem obter esse reconhecimento. No Brasil, por exemplo, 100 territórios já têm o selo de Indicação Geográfica (IG), programa conduzido pelo Ministério da Agricultura.

Essa classificação é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e mostra, sobretudo, que um local ou região tem reputação por produzir um determinado produto, cuja tipicidade e notoriedade ganharam fama. A tradição, o modo de fazer e as características naturais do ambiente influenciam na qualidade final. “Há um vínculo notório do território com o produto, que é percebido pelos viajantes na paisagem, na memória, no modo de fazer e no conhecimento de seus detentores, características que vemos na produção do café relacionado ao Circuito das Águas Paulista”, conceituou o auditor fiscal federal da Superintendência Federal de Agricultura em São Paulo, Francisco José Mitidieri, responsável técnico pelo programa no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Estado de São Paulo.

O processo para obtenção da Indicação Geográfica é mais uma ação liderada pelo Sebrae voltada para o setor, adotado pelo Movimento Líder do Circuito das Águas Paulista, que reúne as principais lideranças da região, com apoio do Instituto Federal de São Paulo, das prefeituras das nove cidades envolvidas, encabeçado pela estruturação da Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Circuito das Águas Paulista (Acecap), explica o gerente regional do Sebrae-SP, Nilcio Freitas.

Alguns cafés da região já são exportados para diversos países, especialmente mercados da Europa Ocidental, Leste Europeu e EUA, e já chegaram à Austrália, China, Paraguai, Qatar, Rússia, Eslováquia, Emirados Árabes Unidos e Uruguai. Entre eles, estão os cafés da Fazenda Fronteiras e da Fazenda 7 Senhoras, entre outros.

Mais dados

Números da Casa da Agricultura mostram que a maior concentração do Circuito das Águas Paulista está em Socorro, com 1.033 produtores que cultivam 2365 hectares. Depois vem Serra Negra, com 207 produtores em 2.523 hectares, seguido de Amparo (147 e 900 hectares), Monte Alegre do Sul (120 e 486 hectares) e Águas de Lindóia (94 e 342 hectares). As demais cidades completam 1.800 produtores. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, sendo que o café especial teve um crescimento de 5,2 milhões de sacas, em 2015, para 8,5 milhões em 2017, de acordo com a Associação Brasileira dos Cafés Especiais (BSCA), além do que a exportação de cafés especiais é um mercado em crescimento de 20% ao ano.

História

O café chegou ao Circuito das Águas Paulista em busca de terras novas, ocupando o espaço de outras culturas e das matas nativas. Começaram então as correntes migratórias. De início, alguns fazendeiros introduziram as experiências com colônias de parceria, deslocando legiões de europeus para a lavoura do café. Campinas introduzira as novidades e seu progresso contaminava as cidades vizinhas.

Há registros em documentos que mostram cidades da região do Circuito das Águas Paulista, como Socorro, com participação do prelúdio da cafeicultura paulista (1840-1895). Por volta de 1840, o município já registrava atividade cafeicultora realizada em pequenas propriedades.

Amparo atingiu seu ápice econômico em 1870, tornando-se um próspero município produtor de café. Com a ferrovia acelerou-se o fluxo migratório e a região multiplicou sua população atraindo investimentos novos, diversificando a economia e gerando um princípio de industrialização. A crise de 1929 represou esse progresso, mas os pés de café nunca saíram da paisagem do Circuito das Águas Paulista, mantendo tradição e histórias que já chegam a 6ª geração de produtores.

Sobre a Acecap

A Associação dos produtores de Cafés Especiais do Circuito das Águas Paulista (Acecap) foi fundada em 26 de janeiro de 2018 e conta, hoje, com 45 associados. Percebe-se que as mulheres estão tomando à frente da administração do agronegócio e, só na associação, já são 21 cafeicultoras. Com o objetivo de promover estudos, pesquisa e o desenvolvimento da produção de cafés especiais, com desenvolvimento sustentável das áreas envolvidas na cafeicultura, a associação acompanha as exigências internacionais da produção desse tipo de produto. Entre os pilares, está o incentivo a práticas de desenvolvimento sustentável.

Foto: Divulgação

Roteiro com algumas propriedades de Cafés Especiais do Circuito das Águas Paulista que recebem visitantes:

– Cafezal em Flor – Estrada Monte Alegre do Sul, Km 6 – Falcão, Monte Alegre do Sul
– Café Santa Serra – Estrada Municipal José Renato Pulini Marchi Sítio Santa Rosa Barrocão, Serra Negra
– Fazenda 7 Senhoras Specialty Coffee – Estrada do Serrote, Bairro do Serrote, Socorro
– Família Olivotto – Sítio São João da Serra Bairro da Serra, Serra Negra
– Sítio São Roque – Estrada Municipal Maria Catini Canhassi, S/N – Bairro das Leais, Serra Negra
– Sítio São Fernando Turismo Rural – R. Joaquim Antonio Padula, s/n – Bairro das Leais, Serra Negra
– Sítio São Geraldo – Café Nonno Marchi – Estrada Municipal José Amatis Franchi Bairro da Serra, Serra Negra
– Sitio Nonno Rouxinoli – R. Hermelindo Rodrigues Bueno, 4617 – Mostardas, Monte Alegre do Sul
– Vale do Ouro Verde – Museu do Café – Estrada Municipal Bairro da Serra – km 05, Serra Negra

TEXTO Redação

Cafezal

Da lavoura à xícara: IHARA lança websérie sobre processos do café

Na nova websérie “Raízes do café. Cada grão, uma história”, a IHARA busca retratar o cultivo do grão desde as suas origens até a chegada na mesa de milhões de pessoas.

Nos episódios, é possível conhecer produtores que se dedicam ao cultivo e à produção de grãos especiais, de alta qualidade, unindo esforços e conhecimentos de toda a família, além da passagem de bastão na sucessão familiar e os processos do cultivo.

No vídeo de estreia, a IHARA visitou fazendas centenárias, onde famílias se dedicam com grande paixão à cafeicultura há várias gerações, como é o caso de Gizela Junqueira e Luti Dezena, em Águas da Prata (SP), na Região Vulcânica, e, no Sul de Minas, de Osvaldo Bachião, em Nova Resende, e de Aguinaldo Reghin, em Varginha.

A série é uma parceria da IHARA com o SBT, com a apresentação de Paula Varejão. Todos os episódios estarão disponíveis no YouTube da IHARA

TEXTO Redação

Cafezal

Fazenda localizada em Pardinho (SP) recebe seminário sobre cafés especiais

No dia 9 de dezembro, das 8h30 às 17h30, o Sítio Daniella, localizado em Pardinho, no interior de São Paulo, recebe o Seminário Cafés Especiais: Do solo à xícara. O evento busca oferecer aos cafeicultores um bate-papo sobre ciência do solo, pós-colheita de cafés especiais, mercado e outros temas importantes. Para isso, contará com a presença de palestrantes que são referência nos assuntos abordados.

Durante o seminário, organizado com apoio da FAESP, SENAR-SP, Sindicato Rural de Pardinho (SP) e Sebrae, o engenheiro agrônomo Dr. Aldir Alves Teixeira abordará os 10 mandamentos da qualidade no café e o surgimento do café especial, marcado pela implantação de técnicas agronômicas e a valorização da qualidade do café com as iniciativas da renomada empresa italiana illycaffè.

Segundo o especialista, a partir da década de 1990, a illycaffè chegou ao país em busca de um produto diferenciado, com cafés de qualidade superior. Um marco para a trajetória do café brasileiro, que começou a ser valorizado deixando de ser tratado apenas como commodity. Era o início de uma nova era, com o surgimento de marcas nacionais investindo em cafés especiais. Hoje, 50% do diferenciado e exclusivo blend da illycaffè é composto pelos cafés de origem brasileira.

Palestras, exposição, venda de produtos e sorteios também farão parte do evento, além de uma confraternização que será marcada pela entrega das premiações do 4° Concurso de Cafés Especiais da Cuesta Paulista. Confira abaixo a programação:

Cronograma
8h – Café da manhã
9h – Palestra com Dr. Aldir Alves Teixeira
9h45 – Palestra com Celso Luis R. Vegro
10h30 – Palestra com Raquel Nakazato Pinotti
11h15 – Palestra com Diego Siqueira
12h às 14h – Almoço, transmissão do jogo do Brasil e apresentação dos patrocinadores
14h às 15h – Rodada de perguntas e respostas
15h às 17h30 – Cerimônia de premiação do 4º Concurso de Cafés Especiais da Cuesta Paulista

Para participar, é necessário se inscrever neste link: https://bit.ly/3W6QVGZ

TEXTO Redação • FOTO Felipe Gombossy