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Produção de pai para filha

Pardinho, no interior de São Paulo, tem uma produção pequena de cafés especiais e muita dedicação de produtores, como Daniella Pelosini

Menina sonhadora, apaixonada por animais e que sempre adorou passar as férias no sítio, com os avós e o pai, a moça trocava qualquer viagem para ficar ali. Seu sorriso fácil e a simpatia conquistam, até hoje, todos à sua volta. O brilho nos olhos quando o assunto é café mostra quanto ela é apaixonada por cada pedacinho plantado no local que leva seu nome, localizado em Pardinho, no interior de São Paulo. Essa é Daniella Pelosini!

Nosso encontro começa durante um almoço em uma parada próximo ao Sítio Daniella. Daniella passou para nos conhecer e explicar como seria a visita. Chegamos à propriedade na parte da tarde e fomos recepcionados por ela, que, com toda a sua paixão, nos apresentou cada detalhe. Pudemos acompanhar um pouco da colheita. Segundo Daniella, o ano de 2019 foi atípico para a produção de café por causa do clima. “O grão passou rapidamente de verde a seco, o que acarreta uma produção menor.”

O local foi adquirido por seu pai, Laerte Pelosini Filho, em 1977, e inicialmente possuía uma casinha simples e cocheira para os cavalos. Bem depois a casa maior foi elaborada. Tudo ali foi construído pela família. “Quando eu tinha 8 anos, meu pai decidiu investir nas terras e eu não conseguia ficar longe daqui. Meu avô adorava a natureza e procurava me apresentar a história de cada árvore plantada. O que não sabia ele inventava. A casa era bem “basiquinha”, mas eu não me importava com isso, apenas queria aproveitar cada momento com os animais e a família”, brinca Daniella.

Era para ser apenas uma casa de campo, mas a terra possuía muito espaço livre e foi assim que a família Pelosini começou a plantar um pouco de tudo, no começo sem saber muito que fazer. Lá havia gado de corte, gado de leite, milho. Seu Larte havia retirado qualquer resquício que havia sobrado de café, pois a geada de 1975 acabara com as plantações na região, por isso, não optaram no começo pela plantação do grão e focaram na produção de leite B. “Tínhamos uma cooperativa importante em São Manuel e perdemos espaço para cana, eucalipto e laranja”, conta.

Daniella seguiu na infância e na adolescência dividida entre São Paulo e Pardinho. Aos 18 anos passou a tomar conta da produção de leite e cursou faculdade de Economia, até decidir leia mais…

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Felipe Gombossy

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Fala Café debate sobre desafios e oportunidades das mulheres na cafeicultura

A segunda edição do programa Fala Café aconteceu na última quarta-feira (6) e trouxe um debate interessante sobre as mulheres na cafeicultura e seus desafios e oportunidades. A transmissão aconteceu ao vivo no Youtube e já conta com mais de 300 visualizações. Para acompanhar e assistir clique aqui.

Tivemos a presença de Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA); Silvio Leite, embaixador do Projeto Florada e coordenador da Plataforma Florada Educa; Patrícia Carvalho, gerente de projetos especiais da 3corações e líder do Projeto Florada; Cintia Matos, presidente da IWCA Brasil e gestora da Clac/Fairtrade; Ana Claudia dos Reis, 3º melhor café via úmida no Concurso Florada Premiada 2019; Luciene Mota, 3º melhor café via seca no Concurso Florada Premiada 2019; Marisa Contreras, produtora e embaixadora do Projeto Florada; Luisa Nogueira, produtora e apresentadora do programa Balanço no Campo. A moderação foi de Mariana Proença, diretora de conteúdo da Revista Espresso e do CaféPoint.

O debate foi dividido em três blocos. No primeiro os convidados comentaram sobre a qualidade do café nas lavouras e cuidados necessários.

Mariana Proença: Silvio, você é um dos principais nomes do café especial do Brasil. Um dos criadores do concurso Cup of Excellence em 1999 e também produtor de café na Chapada Diamantina. Para iniciarmos esse bate-papo, gostaria que você falasse para os produtores e produtoras que estão nos assistindo e que querem produzir uma boa safra neste ano: quais são os principais inimigos da qualidade do café na colheita e pós-colheita?

Silvio Leite: Hoje vivemos um grande desafio por conta do coronavírus, teremos dificuldades na colheita por conta da movimentação das pessoas. Tudo vai passar, mas nesse momento temos que enfrentar, então, hoje nada melhor do que ter um checklist para saber como está o terreiro, colheita, quais são os melhores talhões, não colher verde, porque isso propicia um sabor adstringente, ácido e não é isso que um café especial busca. Se olharmos as vencedoras do Concurso Florada as premiadas da região Chapada Diamantina tiveram pontos acima de 80, foram cafés bem preparados, limpos, doces, retrogosto prolongado. Em todo o Brasil existe cafés de altíssima qualidade basta atentar aos cuidados na produção, no caso do microlote atentar a colheita seletiva, sem grão verde, secagem lenta, ou seja, quem tiver chance pode dar uma olhada no brix (medidor que indica o açúcar do café).

Mariana Proença: Marisa, eu já estive na sua propriedade e pude ver de perto o trabalho realizado naquelas montanhas de Areado, no Sul de Minas. O trabalho da produtora de café é árduo e diário e requer muita organização para manter a qualidade. Como você acredita que essa gestão na sua fazenda contribui para os resultados positivos?

Marisa Contreras: A fazenda é uma empresa, o café é o negócio. Não podemos deixar de olhar para a gestão e buscar sempre um resultado extraordinário e entrega, sem essas três coisas não conseguimos ter excelentes resultados. As pessoas esperam um café de qualidade, aqui temos muito zelo, carinho, dedicação. A mulher tem um papel muito importante nos processos de gestão, foquei bastante nisso, conseguimos entrar na Plataforma Educampo, Nucoffee. Acredito muito nas parcerias coletivas leia mais…

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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Fala Café #2: desafios e oportunidades das mulheres na cafeicultura

Com o objetivo de trazer personagens renomados e de relevância do setor para discutir temas de interesse do agronegócio, o Fala Café, novo projeto do CaféPoint e da Revista Espresso, chega a sua segunda edição nesta quarta-feira (6), às 17h.

Dessa vez, o assunto abordado será “Mulheres na Cafeicultura – Desafios & Oportunidades” e contará com a participação de oito convidados, entre especialistas e produtoras. O bate-papo ao vivo será realizado no YouTube da Revista Espresso e terá duração de no máximo duas horas. Clique aqui para assistir.

6/5, às 17h – Mulheres na Cafeicultura – Desafios & Oportunidades
Saiba como melhorar a qualidade do café na safra e dicas para se preparar para o Concurso Florada Premiada

Convidados:

– Silvio Leite, embaixador do Projeto Florada e coordenador da Plataforma Florada Educa
– Patrícia Carvalho, gerente de projetos especiais da 3corações e líder do Projeto Florada
– Vanusia Nogueira, diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA)
– Cintia Matos, presidente da IWCA Brasil leia mais…

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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Fala Café estreia com debate relevante para atravessar a pandemia durante a colheita

Na última quarta-feira (29) foi a estreia do projeto “Fala Café”, uma parceria do CaféPoint e da Revista Espresso, que apresenta conteúdos e debates relevantes para ajudar na tomada de decisão dos profissionais do mercado com a atual pandemia, com transmissões ao vivo no YouTube.

Para o primeiro episódio, que conta já com mais de 900 visualizações, tivemos a presença de Marco Valério Araújo Brito, presidente da Cocatrel; Juliano Tarabal, agrônomo com especialização em Gestão do Agronegócio Café e Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado; Enrique Alves, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa; Léo Custódio, técnico em Cafeicultura e Q-Grader e Supervisor de Qualidade na Agro Fonte Alta. A moderação foi da diretora de conteúdo do CaféPoint e da Espresso, Mariana Proença.

O debate foi dividido em três blocos. No primeiro os convidados comentaram sobre a pandemia; ações nas suas regiões e o que cada um pode fazer para superar e inovar neste período.

Mariana Proença: Marco Valério, recentemente você declarou que a pandemia do coronavírus mostrará que as empresas precisarão ser mais responsáveis, transparentes e conectadas com seus públicos. Como você analisa que essas atitudes podem acontecer ou já estão acontecendo no âmbito dos processos e negócios de café?

Marco Valério: Estou muito honrado em participar deste projeto, adoro o CaféPoint e a Espresso. Estamos passando por um momento muito difícil o que acelera mudanças e cada coisa deve ser feita no seu tempo. As cooperativas tem que ter uma responsabilidade redobrada com colaboradores, cooperados e muito mais atenção aos processos e cuidados. As empresas precisam se reinventar, é o momento de não demitir ninguém, preservar a cadeia e estimular as mudanças, mas não quebrar o elo, o vínculo é muito importante.

O Brasil é muito grande, temos que manter a valorização do trabalho no nosso país. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) tem valorizado nosso trabalho no leia mais…

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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Espresso e CaféPoint lançam projeto Fala Café!

A covid-19 chegou ao Brasil e paralisou muitas atividades de uma maneira repentina. Em meio à pandemia, o setor cafeeiro precisa resolver temas como gestão, colheita e logística dos grãos, uma vez que os consumidores nacionais e do mundo todo demandam o produto mesmo em tempos tão desafiadores. Frente a esse cenário, a Revista Espresso e o portal do agronegócio CaféPoint se uniram para apresentar conteúdos e debates relevantes para ajudar na tomada de decisão dos profissionais do mercado.

Chamado de “Fala Café!”, o projeto traz personagens renomados e de relevância do setor para discutir temas de interesse do agronegócio café em vídeos ao vivo de aproximadamente duas horas de duração. Realizados no canal do YouTube da Revista Espresso, cada bate-papo contará com uma média de quatro entrevistados e um mediador. Confira abaixo as informações do primeiro episódio:

29/4, às 17h – “Desafios e Realidades no Campo – Colheita de Café e Gestão”
Saiba o que estão planejando os profissionais e líderes do Agronegócio Café para atravessar a pandemia do coronavírus

Convidados:
– Marco Valério Araújo Brito, presidente da Cocatrel
– Juliano Tarabal, superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado
– Enrique Alves, pesquisador da Embrapa leia mais…

TEXTO Redação • FOTO Vitor Barão

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Caminhante faz o caminho

Fomos conhecer as histórias de pequenos produtores brasileiros que focam qualidade e governança e estão prestes a conquistar três selos de indicação geográfica para café: Conilon Capixaba, Montanhas do Espírito Santo e Caparaó

Uma energia diferente toma conta de nós no palco do Coffee of the Year. Abraços, lágrimas e sorrisos encerram cada edição da Semana Internacional do Café. Momentos de tensão para saber quem levará o prêmio. Uma explosão de alegria contagia os finalistas. De cima do palco, como curadora do projeto, é possível sentir o clima de meses de trabalho sendo resumidos ali, naqueles instantes.

Tempos depois lá vamos nós vivenciar a emoção de conhecer de perto o dia a dia dos produtores nas suas casas, e com a missão de mostrar aos leitores os detalhes que os levaram ao topo, entre os melhores do País.

Uma peculiaridade da edição de 2018 foi a conquista dos produtores do Estado do Espírito Santo, tanto na categoria arábica quanto na canéfora. Malas prontas e iniciamos nossa jornada pela capital, Vitória. Nome um tanto sugestivo, não é mesmo?

O café é a principal atividade do estado e gera 400 mil empregos. A produção familiar é a cara da cafeicultura de lá e o primeiro item da exportação tem muito valor por onde se anda nas regiões.

Uma das peculiaridades do Espírito Santo é que, apesar de ser um estado de território pequeno (é o quarto menor do Brasil), ele produz as duas espécies de café: arábica e canéfora. Recentemente, em julho, as quatro principais cooperativas do estado fundaram a Federação dos Cafés do Estado do Espírito Santo (Fecafés), composta de Cooabriel, Coopeavi, Cafesul e Coopbac. As cooperativas atuam leia mais…

TEXTO Mariana Proença • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

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Arábica x Canéfora

Segundo contam algumas lendas, o café foi descoberto há muito tempo onde hoje é a Etiópia. A história diz que um pastor chamado Kaldi, ao cuidar de seu rebanho de cabras nas montanhas, começou a perceber que algumas delas ficavam muito saltitantes após comer um frutinho vermelho de um arbusto. A partir dessa observação, os humanos passaram a fazer experimentos com as plantas e os grãos, torrando-os de diversas formas e testando diferentes preparos, até chegar ao que hoje é o nosso café.

Frutos arábica – Foto: Vitor Barão

Ao longo dos anos a bebida caiu tão bem no gosto das pessoas que atualmente lidera o ranking de consumo mundial. Segundo pesquisas, nossa nação está entre as que mais consomem café. Além disso, o Brasil está no topo da lista quando o assunto é produção. Sabia que na safra 2018/2019 as lavouras brasileiras produziram mais de 60 milhões de sacas? Nosso cultivo é composto de grãos das espécies Coffea arabica e Coffea canephora, que se divide nas variedades robusta e conilon (muitas pessoas acham que se trata da mesma variedade, mas provaremos que são diferentes!). Que tal voltarmos às plantações para conhecermos um pouco sobre os processos por que passam os nossos diferentes cafés antes de chegarem à xícara?

Como ocorre a fecundação?

Os cafeeiros da espécie arábica têm maior facilidade para realizar a fecundação, já que são plantas autógamas, ou seja, têm um índice de autofecundação superior a 90%. Já as da espécie canéfora são alógamas, ou seja, possuem autoincompatibilidade, o que significa que a planta não fecunda outras do mesmo grupo de compatibilidade nem a si mesma. Para que isso aconteça é necessário que haja a chamada “fecundação cruzada”, realizada entre grupos diferentes na mesma lavoura, quando então a condução do leia mais…

TEXTO Gabriela Kaneto

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De ponta a ponta – Fazenda Sertãozinho

As etapas de produção do café especial são minuciosas, são diversas mãos para chegar ao consumidor. Fomos conhecer a história do Café Orfeu, que, de fazenda que exportava, virou foco do mercado interno, e cujas variedades mostram a história da pesquisa do grão no Brasil

Dia nublado e a esperança de um solzinho para aquela foto ficar incrível. Assim que chegamos à Fazenda Sertãozinho, em Botelhos, no Sul de Minas, encontramos esse céu e uma vista maravilhosa. Lá conhecemos alguns personagens que nos guiaram pela história de toda a fazenda que tem tradição no café: seu talhão mais antigo é de 1948.

Foi no ano de 1995 que Roberto Irineu Marinho se interessou pela fazenda e começou a investir em tecnologia e maquinário para uma produção melhor. José Renato Gonçalves Dias (conhecido como Zé Renato), engenheiro agrônomo e atual diretor de todo o grupo das Fazendas Sertãozinho, que são compostas por 5 fazendas, sendo 2 localizadas no Sul de Minas Gerais (Sertãozinho e Cachoeira) e 3 localizadas na Mogiana, região do Vale da Grama (Rainha, Santa Inês e Laranjal). A principal e maior fazenda é a Sertãozinho, onde se localiza o Jequitibá-rosa de 1.500 anos, um ícone da marca, e também a Torrefação de Orfeu, local em que o café já sai embalado e pronto para consumo, conta que sempre se produziu café na fazenda Sertãozinho. O problema, segundo ele, é que todo grão colhido virava um único lote. “Começamos a perceber que cada área dava uma bebida diferente, por isso tínhamos que separar os lotes das fazendas”, explica.

Símbolo da fazenda, o jequitibá-rosa de 1.500 anos, árvore que simboliza a longevidade, o respeito à natureza, a força, a tradição e a história do Orfeu

O café plantado até então era exportado e muito conhecido pelo mercado japonês, inclusive por marcas como Nespresso e illy (para o café italiano). “Quando os gringos vinham a Sertãozinho, a fazenda era rota certa de visita”, afirma Zé Renato.

Com investimento e muito estudo, os funcionários perceberam a importância de mapear a fazenda por variedade, altitude, fácil exposição solar e tipo de solo.  Os grãos passaram a ser colhidos isoladamente e guardados nas tulhas. “Quando separamos esses lotes, vimos os verdadeiros tesouros leia mais…

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

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Raízes da terra

Com persistência e profundo vínculo entre homem e campo, aos poucos pequenos produtores provam o valor do café orgânico e familiar

Um janeiro chuvoso tomou conta de Poço Fundo, Sul de Minas, neste ano. Os produtores contam, com alívio, que o clima tem entrado nos eixos. Logo na chegada à cidade, a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam) agita-se com produtores e produtoras discutindo mercado e produção orgânica versus convencional. Não é só a chuva que torna a terra fértil aqui. O clima no município é inundado por debate, política e inquietação.

Antes desse cenário, quem reinava era o fumo de corda, mas, nesses anos de lida, Sinval Domingues da Silva, 53, viu a cultura cair 90% enquanto o café tomava seu lugar. Ele também estava lá quando os cafeicultores começaram a se organizar na política e no manejo. “Considero-me presente desde a fundação. As pessoas não conheciam orgânico, não achávamos o insumo correto e, por isso, a produtividade caía pela metade”, revela.

As dificuldades do início exigiram persistência do grupo que se reunia na igreja, na Câmara dos Vereadores ou nas calçadas da cidade. “Ninguém acreditava. Os idealizadores tiveram que ir sozinhos, com a cara e a coragem”, conta Sinval. Para superar os percalços, eles aprendiam como potencializar as lavouras. “A minha orgânica, posso dizer com orgulho, era referência. Eles tinham medo que o café não aguentasse, mas os meus ficavam de pé. A terra é muito boa”, afirma o produtor sobre seus nove anos com orgânico.

Uma nova leva de mudas de café tem sido adquirida pelos produtores. Com o apoio da Cooperativa, a época do plantio tem levado mais variedades resistentes ao solo de Poço Fundo (MG)

Anos depois, a Cooperativa enfrentou novos desafios e o desânimo geral, quando produtores abandonaram o cultivo orgânico. Foi nesse tempo que os cooperados decidiram buscar novas lideranças, entre elas Clemilson José Pereira. “O presidente entrou novo, a gente desconfiava por conta da idade. Mas hoje vemos que valeu a pena!”, confidencia Sinval.

Ainda em 1991, quando os fundadores tinham em comum a ligação com a Pastoral da Terra, Clemilson já frequentava as reuniões. “Foi fazendo, errando e acertando, que tudo foi construído”, explica. “Comecei a participar com 13 anos e até 2010 eu era apenas associado. Foi aí que entrei para leia mais…

TEXTO Thais Fernandes • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

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Da terra, pela terra e para a terra

A paixão de uma família pelo ciclo de vida de plantas, animais, águas e ventos fez com que Pernambuco voltasse ao mapa dos bons cafés nacionais com a Yaguara Ecológico.

No meio da agrofloresta, o café convive e coopera com outras espécies.

O brasão da família Peebles, originária da Escócia, tem um salmão. O peixe é conhecido por nadar contra a corrente, e a imagem está logo na entrada para a casa grande da Fazenda Várzea da Onça, em Taquaritinga do Norte, Pernambuco. E, como quem sai aos seus não degenera, é isso que o braço da família que acabou fincando raízes em terras brasileiras faz há muitos anos: ir na direção oposta à que o mercado ditava para as terras daquelas bandas do Nordeste.

“Tem muito pernambucano que nem sabe que aqui se produz café. E olha que lá nos primórdios o estado foi um dos primeiros a receber plantações e esteve entre os maiores produtores até os anos 1920, 1930”, conta Tatiana Peebles, também conhecida por aí como Tatiana Yaguara, que comanda a fazenda ao lado do pai, David Peebles, e do marido, Juscelino Felipe da Silva. Essa é uma das explicações para que a maior quantidade de pés das terras da família seja de arábica typica, um dos cultivares mais antigos da espécie e que, diz a lenda, foi o que Francisco de Melo Palheta trouxe ao país para descer pelas capitanias até encontrar seu chão mais produtivo, no Vale do Paraíba, na região Sudeste. Hoje o typica é preterido em razão de outros cultivares se adaptarem mais à lavoura moderna.

Quando avistou Taquaritinga do Norte do alto, David, um norte-americano que veio ao Brasil ainda jovem em uma missão e acabou achando o amor em Pernambuco, logo se apaixonou, de novo. No meio do sertão nordestino, o microclima da cidade é frio no inverno (chega a fazer leia mais…

TEXTO Cíntia Marcucci • FOTO Alessandra Luvisotto/Agência Como