Cafezal

Produtores de cacau do Pará visitam cooperativas de café no Sul de Minas

De acordo com dados do o IBGE, o Pará tem 30 mil propriedades rurais que produzem cacau. O fruto se espalha por quase 1,250 milhão de km² – área maior do que a soma dos territórios da Itália, da Alemanha e da França. 

Esta dimensão territorial, porém, dificulta o escoamento da produção, o que tem motivado cacauicultores a reunirem-se em cooperativas para facilitar tanto a compra coletiva de insumos quanto a comercialização das amêndoas (pese-se o fato, ainda, de que boa parte dos cacauicultores concentrarem-se na região da Transamazônica). 

Foi isso que motivou a missão técnica CacauCoop Pará 2024 a visitar cooperativas de café no Sul de Minas. Para conhecer melhor bons exemplos de cooperativismo, um grupo de  30 pessoas, de 12 cooperativas de cacau de diferentes regiões do Pará, viajou ao estado sob o comando da CocoaAction Brasil, iniciativa público-privada pré-competitiva, e da OCB-PA Organização das Cooperativas Brasileiras – Pará).

Nos encontros, os participantes conversam com gerentes de todas as áreas da Coomap (Cooperativa Mista Agropecuária de Paraguaçu), e visitam dois produtores cooperados. O destaque dessas visitas foi a solução criada para agilizar o transporte de implementos, com adaptações feitas para motos. Segundo os  visitantes, a ideia poderia ser praticada no cacau, aumentando a eficiência e diminuindo a demanda por mão de obra. 

O segundo ponto de parada foi a Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé), maior cooperativa de cafés do mundo, com 19 mil cooperados – muitos deles, pequenos produtores. A comitiva trocou experiências com o presidente, Carlos Augusto de Melo, e o vice, Osvaldo Bachião, que detalharam a trajetória da Cooxupé. A caravana também visitou o Complexo Japy, que concentra as operações de armazenagem dos grãos, rebenefício e estufagem de contêineres para exportação.

Um dos principais ensinamentos, segundo Ney Ralison, presidente da Coopercau (Cooperativa dos Produtores de Cacau e Desenvolvimento Agrícola da Amazônia) foi a importância de ter uma equipe responsável pela assistência técnica rural e a oferta de benefícios atrativos para fidelizar cooperados.

Para o grupo, também, aspectos como gestão profissional, com objetivos e caminhos claros, e departamento técnico organizado foram destacados. 

A missão CacauCoop Pará 2024 teve o apoio dos órgãos IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Solidaridad, rede mundial que busca contribuir para estratégias globais de organização, e GIZ, empresa estatal alemã para cooperação técnica que atua no Brasil na promoção do desenvolvimento sustentável. 

TEXTO Redação

Cafezal

Projeto Fazedores de Café capacita jovens para sucessão familiar na Bahia

De 9 a 13 de setembro, 45 jovens de Eunápolis, na Bahia, participam do projeto Fazedores de Café, realizado pelo Sofá Café em parceria com a Nescafé. A iniciativa, que começou com a capacitação de jovens em situação de vulnerabilidade social na profissão de barista, estendeu-se, em 2019, para além da capital paulista, suprindo também uma necessidade na cafeicultura em relação à sucessão familiar. 

Vindos de cidades como Teixeira de Freitas, Itamaraju, Porto Seguro, Eunápolis, Itabela, Barra do Choça, Salvador, Vera Cruz, Ibicoara, Itabepi, Uruçuca e Prado, os alunos assistirão aulas teóricas e práticas sobre classificação de cafés verdes e análise de defeitos, novas formas de produção, cafeicultura regenerativa, percepção multissensorial, torra de cafés especiais e técnicas de barismo, ministradas por profissionais do setor.

“Na Nestlé, reconhecemos a importância dos projetos de qualificação profissional que abrangem toda a cadeia, do grão à xícara”, destaca Taissara Martins, head de sustentabilidade de cafés da Nestlé. “Por meio do Fazedores de Café, conseguimos conectar jovens e fazer com que eles entendam todas as possibilidades dentro da cadeia do café”, completa.

O programa Fazedores de Café por Nescafé faz parte da plataforma global “Iniciativa Pelos Jovens da Nestlé”, que neste ano completou 24 anos e visa impulsionar o desenvolvimento social para aumentar a empregabilidade e a capacitação por meio de ferramentas de desenvolvimento e empregabilidade. 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Sul de Minas recebe 3º Festival de Café Especial de Dom Viçoso e Região

Entre 13 e 15 de setembro, o município de Dom Viçoso, no Sul de Minas, recebe o Festival de Café Especial de Dom Viçoso e Região. Em sua 3ª edição, o evento conta com atividades gratuitas, entre elas degustações, workshops e exposições, além de concurso que premia os melhores cafeicultores. Não é necessário inscrição para participar.

Programação:

13 de setembro – sexta-feira
19h Abertura do evento, apresentação do Coral Paroquial
20h Show Gustavo Corrêa
21h Show Raul Júnior
22h Show Rhuan Ramos

14 de setembro – sábado
10h Abertura do Espaço Kids e Exposição
12h Aula Show
13h Oficina SENAR de barismo – com Miryan Pires
14h Premiação e Leilão dos 10 melhores cafés do 3º Concurso de Cafés Especiais de Dom Viçoso
15h Aula Show – com Bia Fragoso
20h Show banda Pop Matuto
22h Show Ivan Vilela
00h Show Johnny Viana

15 de setembro – domingo
10h Espaço Kids e Exposição
16h Apresentação Teatral Romeu e Julieta – Cia Melodrama
20h Show Banda Dino
22h Encerramento do Festival

“O café não é apenas um produto agrícola, mas um elemento central que impulsiona o desenvolvimento econômico e cultural da cidade”, destaca Patrícia Rodrigues, realizadora do evento.

O 3º Festival de Café Especial de Dom Viçoso e Região tem patrocínio da Cemig, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais/Descentra Cultura, apoio da Associação de Produtores Rurais de Dom Viçoso, Minas Criativa, Sebrae e Sicredi, e realização de Patrícia Rodrigues, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e Governo de Minas Gerais.

Serviço
3º Festival de Café Especial de Dom Viçoso e Região
Quando: 13 a 15 de setembro
Onde: Praça Augusto de Alckmin – Rua Valdemar de Oliveira – Centro – Dom Viçoso (MG)
Informações: www.instagram.com/festivaldecafedomvicoso

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Cafeteria & Afins

Lay Low – São Paulo (SP)

Em meio a obras de grandes condomínios, bares alternativos, galerias de arte e restaurantes contemporâneos, a rua General Jardim, na Vila Buarque, ganhou, desde abril, a cafeteria Lay Low. O nome já diz tudo: é para quem deseja “ficar de boa”.

Resolvemos visitar o espaço no fim de tarde de uma sexta-feira. O lugar fica próximo ao Elevado Presidente João Goulart, mais conhecido como Minhocão. Ao redor dele, tem pizzaria, açaí e outros pequenos negócios. Olhares atentos conseguem notar a pequena cafeteria no térreo de um prédio residencial, com um grande recuo em relação à calçada, o que oferece movimento e segurança para quem frequenta a cafeteria. 

Quem está à frente do negócio é Isabella Silva, que fez uma transição de carreira do mercado financeiro para o de cafés especiais. O lugar criado por Isa propõe oferecer produtos feitos majoritariamente (e sempre que possível) por pessoas racializadas ou mulheres.

O desafio é grande, segundo ela, dada a dificuldade de encontrar fornecedores que correspondam a esses requisitos. “Boa parte dos nossos produtos vêm de profissionais negros ou mulheres, mas não conseguimos ter um cardápio 100% desta maneira porque nem todo mundo produz o que a gente precisa”, conta a empresária. 

A Lay Low também promove debates e eventos culturais voltados ao empreendedorismo feminino e à identidade negra, de forma a conscientizar e diversificar o mercado. E por falar em café, há três opções: os grãos da microtorrefação carioca Café Dipreto e da paulistana Café Por ELAS estão no coado, enquanto os da Flipo Café, também de São Paulo, compõem o espresso.

Pedido da Equipe Espresso: um coado de Divinolândia (SP), um espresso, uma fatia de bolo de chocolate e um misto quente

Nossa pedida para acompanhar o espresso  foi o bolo do dia (R$ 11) de chocolate, que havia acabado de sair do forno, um misto quente (R$ 19), o espresso (R$ 8) e um café coado (R$ 16). Outras comidas incluem queijo quente, folhado de chocolate, cookie e brigadeiro.

O espresso foi regulado na hora, o que denota atenção aos detalhes, já que a cafeteria fecharia em breve e este processo requer tempo e paciência. Na xícara, o café de Divinolândia (SP), Região Vulcânica, com notas de rapadura e melaço, é fácil de beber –  valeria, até, uma segunda dose – e harmonizou bem com o bolo. Quanto ao coado, com grãos de Caconde (SP), da mesma região, foi preparado na mesa e apresentou notas de caramelo, corpo suave e acidez equilibrada. 

Apesar de pequena, a cafeteria é acolhedora, com poltronas e cadeiras confortáveis, além de muitas plantas e pinturas nas paredes. As cores da casa, que combinam marrom, verde escuro e terracota, entregam conforto e aconchego. A playlist certa também faz parte de um bom serviço de hospitalidade. Durante nossa estada, ouvimos uma trilha de MPB, em volume baixo, que acalentava a alma.

Durante nossa visita, apenas uma mesa estava ocupada, o que favoreceu uma experiência relaxante e tranquila, uma pausa rápida da agitação da metrópole. 

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua General Jardim, 382
Bairro Vila Buarque
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://https://www.instagram.com/cafelaylow/
Horário de Atendimento De segunda a sexta, das 9h às 19h; Sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h
TEXTO Letícia Souza • FOTO @hidekifotodegastronomia

Mercado

Brasília Coffee Week tem menus especiais com café em setembro

A 2ª edição do Brasília Coffee Week, que acontece entre os dias 13 e 29 de setembro, reúne cardápios com café de 50 estabelecimentos na capital do país. São cafeterias, confeitarias e panificadoras, que criaram menus compostos por uma bebida com café acompanhada de um doce ou salgado por R$ 30 (confira no site as casas participantes e os menus da edição).

A ação quer impulsionar o interesse dos brasilienses pelos cafés especiais e integra o calendário da Brasil Coffee Week. “Esses estabelecimentos, em especial as cafeterias, são espaços onde se pode conhecer as histórias da produção, dos produtores e das regiões do Brasil onde o café é cultivado”, explica Vinícius Estrela, diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), que apoia o evento.

Segundo ele, o cenário cafeeiro em Brasília cresce ano após ano, especialmente no que se refere ao segmento dos cafés especiais, com expansão acelerada de microtorrefações e cafeterias. “Isso faz disparar o consumo na região”, acredita.

Além dos menus, o Brasília Coffee Week também conta com sessões de degustação (uma delas aberta ao público) e workshops sobre cold brew, coquetelaria com café, latte art e infusões. As inscrições podem ser feitas pelo site.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Collab entre cafeteria e grafiteiros une café, arte e ação social em copinhos

Copos de todos os artistas que já fizeram parceria com a Coffee Walk

Arte de rua é algo que se vê de monte em São Paulo. De túneis a laterais (empenas-cegas) de prédios do centro, os desenhos tomam diferentes formas e cores e estampam obras de pequenos artistas, ainda desconhecidos, e de nomes importantes e mundialmente populares, como o do muralista Kobra. 

Outra coisa que pipoca pela cidade – e não, não estamos falando de unidades da OXXO – são cafeterias. Para relaxar, trabalhar ou só para pegar uma bebida, a capital paulista tem coffee shops de todos os tipos, para todos os gostos. Como dizem, São Paulo não pára. E para manter este ritmo, só tomando muito café. 

Esses dois assuntos prendem a atenção de Rodrigo Siqueira, sócio-fundador da Coffee Walk, cafeteria inaugurada em novembro de 2021 e que hoje em dia conta com duas unidades (na rua Fradique Coutinho, 165 e na rua Pamplona, 710). 

No início deste ano, Siqueira teve a ideia de unir arte e café nos copinhos utilizados pela casa. “Sempre fui entusiasta de arte urbana”, explica o empresário. “Pensei em aproveitar os copos, objeto de maior conexão em uma cafeteria e que, no nosso conceito, tem bastante associação com o to go, para unir minhas duas paixões: café especial e arte urbana”, complementa.

Deste então, oito artistas  já foram convidados para a parceria: Filipe Grimaldi, Sé Cordeiro, Serifa, Marcella Calado, Mariê Balbinot, Rimon Guimarães, Cauê Bohrer (Pé de Café) e, o mais recente, Claudio ISE, grafiteiro nascido no bairro paulistano do Cambuci e com mais de 30 anos de história nessa prática. 

Copos com as artes de Filipe Grimaldi (à esquerda) e de Mariê Balbinot (à direita)

A arte de ISE vai estampar os copos da Coffee Walk até o fim do ano. Além dos descartáveis, de papel, utilizados no dia a dia (que não têm custo adicional), é possível adquirir a versão reutilizável por R$ 18,90, que está à venda nas unidades da cafeteria e, também, nas lojas Grapixo e Print Shop, ambas na Galeria do Rock, todas na capital paulista. 

Todo o lucro obtido com a venda será revertido para uma ação social que entrega alimentos a moradores em situação de rua no centro de São Paulo. “A parceria com o ISE é a primeira ação social da Coffee Walk. Quando levamos a ideia, ele topou de imediato e, de forma muito gentil, não cobrou pela criação da arte do copo”, conta Siqueira.

Copo estampado com os desenhos em caneta Bic de Claudio ISE

Segundo ele, as colaborações fazem sucesso entre os clientes, e funcionam como uma ferramenta de divulgação de trabalhos artísticos. “Desde que iniciamos a ação, temos recebido vários contatos de artistas que querem participar”, comenta. “É uma relação ganha-ganha. Além de enfatizar e mencionar o nome e o Instagram do artista, geramos conteúdo, dando palco para eles se expressarem e contarem não apenas sobre a criação da arte, mas também sobre suas histórias e outros temas”.

A ideia é continuar unindo os dois assuntos, além de, sempre que possível, ajudar na transformação social da cidade. “Um sonho grande seria ter uma arte d’Os Gêmeos, do Speto ou do Finok em nossos copos”, projeta Siqueira. “O varejo permite alto impacto no público, e a ação dos copos permite a aquisição de uma arte que a gente admira de forma democrática e acessível”.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Xoxo Media

Mercado

Nespresso relança Nº20, café que levou 20 anos para ser desenvolvido

No último sábado (31), a Espresso foi convidada para provar o relançamento do Nº20, da Nespresso, na boutique da marca, na rua Oscar Freire, em São Paulo. A edição limitada está disponível para o público a partir de hoje (4), nos sistemas Original e Vertuo.

O café leva este nome por conta do seu tempo de criação: foram 20 anos para que os pesquisadores da Nespresso chegassem ao cruzamento ideal entre arábicas para criar a nova variedade (não divulgada pela marca), que destaca tanto o perfil sensorial na xícara quanto a produtividade no campo. 

Para o desenvolvimento da variedade misteriosa, foram feitos testes na Indonésia, na Nicarágua e na Colômbia – este último, o país escolhido para cultivá-la definitivamente por conta das altas altitudes. Hoje em dia, ela é plantada por 59 cafeicultores colombianos que fazem parte do Programa AAA de Qualidade da Nespresso, de promoção das boas práticas nas fazendas parceiras. Além disso, o Nº20 tem certificação Q pelo Coffee Quality Institute (CQI), organização sem fins lucrativos que reforça altos padrões de qualidade na indústria do café.

Durante a experiência, nossa equipe comprovou as notas sensoriais na xícara: o Nº20 entrega uma bebida suave, frutada e floral, com notas cítricas. No sistema Original, destacaram-se aromas de flor de laranjeira e de jasmim, e no Vertuo, o sistema de centrifugação do equipamento reforçou a doçura e o corpo da bebida.

O Nº20 já está disponível nas lojas da Nespresso e no site da marca. Por ser sazonal e de baixa produção, o café vem numa caixa com cinco cápsulas por R$ 90 (Original) ou R$ 110 (Vertuo).

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

Barista

Versado Cafés, de Recife, lança bebidas vencedoras de disputa entre baristas

Os seis vencedores da 3ª edição do Barista Signature

A 3ª edição do Barista Signature, competição feita pela rede de cafeterias Versado Cafés, de Recife (PE), premiou drinques que entrarão no cardápio das cinco unidades da marca. Os seis baristas vencedores (de dez competidores) terão suas criações disponíveis ao público até 2 de novembro, por R$ 17. 

A ideia da disputa é estimular a criatividade dos colaboradores. Parte dos lucros com a venda dos drinques é destinada aos criadores. Na primeira fase, em julho, os profissionais apresentaram bebidas com ou sem café como ingrediente. 

Jornalistas, influenciadores, coffee lovers, bartenders e baristas compuseram a comissão julgadora, que selecionou seis vencedores entre 18 bebidas. Alguns dos destaques foram o refresco de melancia (xarope de melancia e gengibre, cold brew, infusão de hibisco, água com gás e gelo), e o red spice (xarope de pimenta e morango, cold brew, água com gás, gelo e espuma de limão).

Refresco de Melancia, criação de Eduarda Nascimento, e o Red Spice, do barista Gisllan Portela

“O Signature é uma ótima oportunidade para testar coisas novas e entender a combinação de sabores na prática”, comenta Caio Lima, que participa desde a primeira edição, em 2021. 

De lá para cá, a competição avaliou mais de 40 criações. “Encontramos neste projeto uma maneira interessante e divertida de trabalhar a criatividade dos baristas, ajudando também que compreendam o passo a passo do desenvolvimento de uma nova bebida”, destaca Fernando Trajano Neto, gestor de operações da Versado.

Os baristas vencedores foram Eduarda Nascimento (criadora do Refresco de Melancia), Lívia Rodrigues, Gisllan Portela (criador do Red Spice), Sthefanny Freire, Lorena Lotario e Caio Lima. Confira aqui os ingredientes de cada bebida.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Cafezal

Entidades querem visibilidade internacional à sustentabilidade dos cafés capixabas

A Fazenda Camocim, que fez parte do rol de visitas da comitiva à cafeicultura do Espírito Santo, é a primeira do Brasil a receber selo internacional de agricultura regenerativa orgânica

Uma comitiva de representantes das principais entidades do setor cafeeiro e da ApexBrasil acaba de visitar a região de produção de cafés arábica e conilon do Espírito Santo (a informação é do site Em Dia ES).  

A jornada feita pela comitiva – com integrantes da ABICS (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) e Embrapa Rondônia – tem como objetivo aprofundar-se no conhecimento que envolve a qualidade de ambos os grãos e as práticas sustentáveis de seu cultivo no estado.  

Isso incluiu contato com cooperativas (Coabriel, Nater Coop e Cafesul) e visita a indústrias e propriedades cafeicultoras, como a Fazenda Camocim, em Domingos Martins, que acaba de receber um selo internacional de práticas regenerativas.

Concedida pela norte-americana Regenerative Organic Alliance (ROA), a certificação é um reconhecimento importante no mercado de cafés especiais, e é a primeira para os grãos no Brasil (há outras cinco fazendas certificadas pela ROA no Brasil para acerola, cana-de-açúcar e erva-mate). 

A ROA – organização sem fins lucrativos estabelecida em 2017 por um grupo de agricultores, líderes empresariais e especialistas em saúde do solo – certifica práticas agrícolas que regeneram o solo, preservam recursos hídricos, promovem o bem-estar animal e asseguram justiça e equidade sociais. 

O reconhecimento conquistado pela Camocim está em diálogo direto com o interesse global por práticas agrícolas sustentáveis e com a iniciativa das entidades do setor. 

Promovida pelo governo do Espírito Santo por meio da Seag (Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca) e do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a visita da comitiva é parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura Capixaba, que planeja uma série de ações. Entre elas, impulsionar as exportações de cafés do estado por meio da sustentabilidade, especialmente com as novas exigências ambientais da União Europeia que entram em vigor a partir de 2025.

“O Brasil precisa urgentemente assumir a narrativa sobre seus cafés mundo afora”, acredita o subsecretário de Desenvolvimento Rural, Michel Tesch. Para ele, há muitas “coisas não adequadas” sendo faladas sobre a realidade dos cafés brasileiros, tanto canéforas quanto arábicas. “Dizem que o Brasil é composto por grandes produtores mecanizados, mas 75% das propriedades no Espírito Santo são de pequenos produtores familiares”, ressalta.   

Tesch também reforçou o caráter integrativo da visita. “A partir dessa visita, podemos construir uma agenda conjunta para posicionar internacionalmente o Brasil com uma história completa”, acredita ele.

O ES tem na cafeicultura sua principal atividade agrícola (quase 70% das propriedades rurais são dedicadas ao cultivo do café), e foi responsável, ano passado, pela produção de 11,5 milhões de sacas de café conilon (o estado é o segundo maior produtor de canéfora do mundo) e 1,7 milhão de sacas de arábica, de acordo com a Conab. “O Espírito Santo tem qualquer perfil de café que qualquer mercado consumidor precisa”, garante Tesch. “Além disso, temos pessoas diversas, dedicadas e que têm o compromisso com a sustentabilidade, com entregar os melhores cafés do mundo”, aposta.   

Para o subsecretário, o ambiente global está “extremamente favorável”. “É o momento crucial para o Brasil assumir a liderança da cafeicultura mundial, se posicionando como uma origem de cafés sustentáveis”, estimula. “Vamos contribuir muito e seguramente seremos responsáveis pela manutenção dos cafés nos principais mercados mundiais”.

A viagem da comitiva incluiu visitas, também, à Realcafé, tradicional indústria do solúvel e ao Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo – que, entre outras atividades, faz os cuppings dos principais cafés de concurso da região. 

Dois outros produtores foram contemplados com a visita: Marcelo Coelho, produtor de conilons de qualidade e sustentáveis em Aracruz, e a família Avanci, parceira de pesquisas do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) com materiais de arábica mais produtivos e tolerantes a doenças, em Venda Nova do Imigrante. 

Camocim: orgânica e regenerativa 

Uma particularidade da ROA é que ela certifica somente fazendas orgânicas, ou seja, que não utilizam fertilizantes oriundos do petróleo, por exemplo. “A certificação pelo ROA tem o detalhe de considerar o caráter holístico de uma fazenda aliado à obrigação de que ela seja orgânica”, resume Henrique Sloper, proprietário da Camocim, que segue práticas biodinâmicas. 

O processo iniciou-se há mais de um ano e, com o selo em mãos desde junho, Sloper conseguiu mais oportunidades no mercado internacional. “Hoje em dia, compradores grandes internacionais, como Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, já exigem certificação regenerativa também”, explica Sloper, que aumentou sua presença no exterior ao entrar no mercado de cafés do Vale do Silício, norte da Califórnia (EUA), conhecido por ser o maior centro de inovação tecnológica e de empreendedorismo do mundo.

Diferentemente da ROA, certificações orgânicas e biodinâmicas não têm certificação para condições sociais. “Há um código de conduta, que não é fiscalizado”, explica o produtor. “A certificação do ROA é importante para quem tem preocupação social. Esse tipo de certificação vai espalhar-se pela Europa”, aposta. 

TEXTO Cristiana Couto • FOTO Agência Ophelia

Cafezal

Do gado ao café

Sítio da Torre, em Carmo de Minas, é conduzido pela quarta geração da família Coli

A história do Sítio da Torre, em Carmo de Minas (MG), remonta ao final do século XIX. Antônio Coli, imigrante italiano, envolveu-se com a agricultura ao comprar terras na região e plantar os primeiros pés de café para consumo próprio. 

A propriedade passou de mão em mão até que Paulo Coli, quarta geração da família, assumiu e passou a cuidar da criação de gado e cavalos. Um dia, resolveu investir na pequena lavoura de café. “Meu pai cuidava de tudo, até que, em 1993, sofreu um acidente e perdeu completamente a visão. Optou, então, por dividir o sítio entre os sete filhos”, conta Álvaro Coli. 

Quatro dos sete irmãos se uniram, compraram as partes dos demais e fundaram o Sítio da Torre. Com cuidados básicos nas fases de pré e pós-colheita, os irmãos Álvaro, Marisa, Lilian e Maria Elisa, além de seus cônjuges, passaram a analisar cada detalhe do solo, embora o café fosse vendido como commodity.

“A gente começou a investir dinheiro, sem muito retorno, até 2000, quando ouvimos sobre o especial”, conta ele, elogiando a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), que os ajudou nesta nova percepção. “Fomos pesquisando e aprendendo com outros produtores”, conta Álvaro Coli. 

Gustavo, Andressa, Adila, Álvaro e Jaqueline Coli unidos na produção dos cafés especiais

Rumo aos especiais

Foi assim que a família apostou na mudança para os grãos especiais, um processo longo e que deveria ser compreendido por todos os que atuam em cada etapa da produção. 

“Começamos com 15 mil pés, espaçamento de forma antiga, com mil plantas por hectare”, diz Álvaro (em nossa visita para esta reportagem, já haviam sido redimensionados para 5 mil por hectare). Substituíram as lavouras e, em 2003, participaram do Cup of Excellence, com cafés descascados. Foi a primeira vez que participaram de um concurso, ficando entre os trinta melhores. Em 2015, conquistaram o sétimo lugar.

A dedicação e a busca constante por melhores processos de plantio, colheita e pós-colheita trouxeram reconhecimento ao Sítio da Torre, contribuindo com a produção na região. Álvaro é quem acompanha cada detalhe da produção. “Coloco para cada talhão o nome, espaçamento, variedade, análise de solo, qual foi esqueletado, e analisamos tudo”, explica ele, com seu pequeno caderno em mãos. “Geralmente, comparamos com os três anos anteriores e conseguimos validar o que precisa ser melhorado, ao lado do engenheiro agrônomo da Cocarive [cooperativa onde Álvaro trabalha] e de técnicos.” 

O Sítio da Torre cultiva diversas variedades de arábica – como bourbons amarelo e vermelho, arara, gesha e acaiá –, nos processos natural e descascado, e exporta para outros países. Em parceria com a Unique Cafés, recebe visitas guiadas, nas quais se conhece cada detalhe da produção e torrefação. 

Há dois anos inaugurou o cabana, um chalé para hospedagem no meio dos pés de café (atualmente, são dois deles). O lugar conta, até, com uma minicozinha – uma ótima oportunidade de desfrutar a vista durante o preparo de um café, por exemplo. 

A região 

Carmo de Minas conta com pouco mais de 15 mil habitantes. A região se destaca pelo cultivo de café, seguido de leite e milho. A malha rodoviária conecta a sede municipal a vários centros econômicos importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. 

Informações oficiais indicam que, entre março de 1812 e fevereiro de 1814, foram doados terrenos à Nossa Senhora do Carmo para a fundação do arraial e da freguesia do mesmo nome. Essas terras, hoje em dia, constituem a cidade, que naquele tempo pertencia ao município de Pouso Alto. Ao ser elevada a distrito, em 1841, a denominação mudou para Carmo do Rio Verde. Foi emancipada em 1901 e mudou o nome para Silvestre Ferraz, até 1953.

Em 2011, a Mantiqueira de Minas foi reconhecida como Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) e, em 2020, como Denominação de Origem (DO), pela tradição e reputação em produzir cafés especiais com perfil sensorial diferenciado. 

Entre os seus municípios, destaca-se Carmo de Minas, que conquistou muitos prêmios. Na região, outras cidades de relevância na produção são Conceição das Pedras, Paraisópolis, Jesuânia, Lambari, Cristina, Dom Viçoso e Pedralva.  

Para saber mais:

Sítio da Torre
Onde: Carmo de Minas (MG)
Região: Mantiqueira de Minas
Variedades: bourbon amarelo, bourbon vermelho, catuaí amarelo, catuaí amarelo 62, catuaí vermelho, catucaí amarelo 2 SL, catucaí amarelo 24/137, catucaí amarelo 785, gesha, arara amarelo, obatã vermelho e acaiá
Colheita: manual, manual seletiva e derriçadeira
Altitude: 1.100 a 1.300
Processamentos: CD, natural, lavado
Sacas por ano: 1.500 (em média)
Área plantada: 65 hectares (45 ha de cafés)

Texto originalmente publicado na edição #78 (dezembro, janeiro e fevereiro de 2023) da Revista Espresso e editado em setembro de 2024. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Tribus Studio
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