Café & Preparos

Um olhar sobre Caco Ciocler

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“O café tem a ver com a manhã, com ler jornal e começar o dia.”

Frequentador assíduo de padarias, o ator prefere o café coado nesses estabelecimentos. Contudo, não dispensa uma xícara de espresso quando preparado nas máquinas caseiras. Tudo isso, claro, sem açúcar. “Quando eu era criança, o café era um simples complemento. Eu o tomava com leite, no café da manhã, acompanhado de pão com manteiga. Até que um dia o leite saiu da minha vida e o café foi junto. Continuei bebendo o café após o almoço, mas achava uma coisa melada. Foi quando eu retirei o açúcar e descobri, realmente, qual era a do café”, relembra.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Alexia Santi

Cafezal

Cerrado em cores

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Em Presidente Olegário (MG), a família Campos investe na produção de qualidade e se destaca no cenário do café

Enquanto a madeira estala no fogão a lenha, o cheiro de pão de queijo e café que preenche a casa na fazenda Dona Nenem, localizada em Presidente Olegário (MG), levanta até o mais preguiçoso da cama. Quem convida para uma xícara doce, de acidez cítrica, característica do grão do Cerrado, e um dedo de prosa é Renato Souza, degustador e coordenador administrativo na propriedade. Quando o assunto é cafeicultura, ele é o braço-direito de Eduardo Pinheiro Campos, engenheiro civil e dono da Dona Nenem e da fazenda vizinha, São João Grande, que, juntas, somam 622 hectares de área plantada com o grão.
Renato nos guia pelo cafezal e nos conta que Eduardo não poderá estar conosco desta vez. A falta sentida logo dá lugar a uma grande satisfação e orgulho. O empresário viajara para Trieste, na Itália, como parte da premiação que ganhou como Fornecedor do Ano, da illy. O reconhecimento é natural. O trabalho dedicado desempenhado nas duas propriedades não deixa dúvida de que o prêmio foi merecido. Eduardo herdou a terra e a paixão pelo café da família, que sempre trabalhou no campo. Em 1976, foi um dos pioneiros a investir na cafeicultura na fértil região do Cerrado, conseguindo aliar a produção ao cuidado com a natureza. Atualmente, o agronegócio café das fazendas é exemplo para o setor.

Caminho sustentável
“Houve uma mudança muito grande no modo de produzir desde aquela época até os dias de hoje. Em termos de sustentabilidade, temos reciclagem em tudo o que é possível. Os resíduos são vendidos e no fim até ganhamos com isso”, explica Renato. Algumas adequações caminharam juntas à chegada das certificações Rainforest Alliance e UTZ Certified, como a proteção de capim cercando os cafeeiros para evitar que a poeira da estrada prejudicasse as plantas. Modelo ambiental, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) são respeitadas e todas as regras estipuladas pelo novo Código Florestal já foram cumpridas.
Além disso, paralelo à produção de café, a família Campos também cria cerca de 800 cabeças de gado nelore e tem tradição no trabalho com cavalos manga-larga marchador, com mais de 100 animais. Toda a palha do café, desde o lavador até a casca do beneficiamento, é misturada ao esterco dos bovinos para fazer a adubação orgânica do cafeeiro, o que diminui o custo e o uso de adubo nitrogenado, que, segundo o engenheiro agrônomo Alino Pereira Duarte, há vinte anos na Dona Nenem, prejudica a camada de ozônio.
O conceito de preservação segue por toda a produção e quem agradece é a seriema, o tatu, a jaguatirica e até o tamanduá, animais que circulam pelas fazendas, fazendo-se notar na plantação.

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Eduardo Campos Filho, cada vez mais interessado pelo café, conta que o pai não mede esforços para melhorar a produção

Eduardo Campos Filho, cada vez mais interessado pelo café, conta que o pai não mede esforços para melhorar a produção

Tecnologia
Ponto primordial para a produção de cafés de qualidade e o trabalho de conservação do ecossistema é o investimento em tecnologia. De acordo com o degustador Renato Souza, tudo é controlado. “Pensamos na eficiência tecnológica a favor da produção. Temos uma estação meteorológica que faz o controle da irrigação medindo os dados climáticos, e, em função disso, define-se a lâmina que será aplicada no cafezal. Desde 1976, o senhor Eduardo pensa em irrigação. Aqui no Cerrado isso é necessário. Para ter um bom café, é preciso irrigar”, diz ele. As tecnologias de irrigação para o café chegaram às propriedades de Presidente Olegário há quinze anos. Por lá, o processo é feito por pivô e gotejamento, mas mudanças estão sendo pensadas em busca de melhorias nos sistemas. “Nós estamos planejando uma mudança para a substituição de pivô por gotejo. Em oito ou dez anos você não vai mais ver pivô aqui”, detalha o engenheiro agrônomo Lázaro Seixas, há quinze anos nas fazendas. A substituição vem sendo pensada com cuidado, pois o investimento é alto, cerca de R$ 6 mil a R$ 7 mil por hectare. Ao mesmo tempo, com pivô a perda de água é maior, entre 70% e 80% em relação ao gotejo, processo que trará maior eficiência à produção. “Vale a pena! Fazendo com qualidade você consegue agregar no mínimo 10% mais valor ao café”, completa Renato.
Segundo o degustador, normalmente chove 100 milímetros em 24 de dezembro. “É certeiro”, ele conta. Neste ano choveu apenas 12 milímetros. A seca deste ano, que prejudicou várias regiões cafeeiras no País, não afetou tanto a Dona Nenem e a São João Grande, por causa da irrigação. Estima-se uma queda pequena de 10%.

Experimentos e resultados
Renato, que já passou pela Daterra Coffee, trouxe para as propriedades do senhor Eduardo a ideia de provar os cafés ao longo de todo o processo de produção. “Isso faz com que você direcione o processamento, indicando qual será o trabalho feito na hora, entre lavado, descascado, desmucilado ou natural, evitando perda”, explica. Entre as variedades cultivadas, estão mundo novo, catuaí vermelho, catucaí, bourbon amarelo e IBC 12. Por safra, são colhidas 35 mil sacas. Três colheitadeiras fazem o serviço, dividido com 100 funcionários fixos e 250 temporários. A produtividade por hectare é de 55 sacas, número considerado alto na região. “A porcentagem do nosso café colhido é de 98% de cereja”, comenta o engenheiro Alino, falando com orgulho do trabalho realizado pela equipe.
As inovações, o foco na qualidade e a busca por cafés excepcionais dentro de cada talhão, segundo Renato, têm resultado em reconhecimento. Prêmios e valores melhores por sacas de cafés especiais chegam a cada safra, como a primeira colocação no 10º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, na categoria Cerrado Mineiro. As premiações e, claro, o sabor dos cafés produzidos ali, vêm despertando mais atenção internacional e também nacional. O trabalho sempre foi desenvolvido pensando na exportação. Japão, Estados Unidos, Suíça, Alemanha, Itália, África do Sul e França estão entre os principais compradores. A illy, parceira da Dona Nenem há doze anos, leva cerca de 25% da produção.
Os resultados positivos e a confiança de Eduardo no trabalho de Renato dão tranquilidade para o degustador experimentar e ousar na produção de cafés diferentes. Para esta safra, foram negociadas 320 sacas (1 contêiner) com um cliente da Austrália, de um trabalho distinto e deliciosamente interessante. Renato colocou o café da variedade bourbon amarelo, de 83 pontos na tabela da Specialty Coffee Association of America (SCAA), no tanque de fermentação em contato com capim-cidreira. “Eu gosto muito de capim-cidreira e resolvi fazer alguns testes. Acabou dando certo. A cidreira adiciona certo cítrico ao café. Os australianos vieram para uma visita e mostrei para eles. Eles ficaram loucos com o sabor, adoraram e acabaram comprando a ideia. Fiquei muito feliz”, conta, mostrando o tanque coberto pela erva. “Não tem problema mostrar isso, porque para copiar tem que fazer o trabalho que a gente faz aqui antes e depois desse momento”, completa.
De lá, seguimos para o beneficiamento, onde todo o processo é monitorado por câmeras. As imagens podem ser acessadas via internet pelo senhor Eduardo, que acompanha tudo mesmo distante. Os clientes internacionais também podem observar o trabalho via web. Eles veem o que está sendo feito no café que estão comprando e se sentem mais próximos dentro dessa cadeia.
Tendo alcançado um ponto de equilíbrio nas fazendas e a qualidade do café, o próximo passo é entrar no mercado de torra, como explica o filho de Eduardo, o engenheiro e empresário Eduardo Pinheiro Campos Filho. Apaixonado pelo gado e pelos cavalos, agora toma gosto também pelo café. “Estamos estudando bastante, estruturando a ideia de torra e também pensamos em expandir a área de lavoura para chegar a um melhor resultado econômico. O foco é sempre a qualidade”, diz. O investimento inicial, para começar a torrefação de 2% da produção, é de R$ 250 mil. Os primeiros resultados nesse sentido já poderão ser vistos na safra de 2014. “Tudo bem-feito na vida dá resultado e é isso que a gente espera. O meu pai é um grande exemplo. Se você fizer as coisas com vontade, vai longe”, diz Eduardo Filho.

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Ficha técnica

FAZENDAS Dona Nenem e São João Grande
LOCALIZAÇÃO Presidente Olegário (MG)
REGIÃO Cerrado Mineiro
ALTITUDE MÉDIA 1.020 a 1.080 metros
PRODUÇÃO ANUAL 35 mil sacas/safra
ÁREA TOTAL 1.098 mil hectares, somando as duas propriedades
ÁREA PLANTADA DE CAFÉ 622 hectares, somando as duas propriedades
NÚMERO DE CAFEEIROS 3.113 milhões, somando as duas propriedades
COLHEITA manual e mecanizada, final de maio a julho
PROCESSAMENTO lavado, descascado, desmucilado e natural
SECAGEM terreiro e secador mecânico
VARIEDADES mundo novo, catuaí vermelho, catucaí, bourbon amarelo, IBC 12 CERTIFICAÇÃO Rainforest Alliance e UTZ Certified

MAIS INFORMAÇÕES www.donanenem.com.br e www.facebook.com/cafedonanenem

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Alexia Santi / Agência Ophelia

Mercado

Agendão do café

café servido degustação O Dia Nacional do Café (24/5) celebra o início da colheita no Brasil e já virou mais do que uma data dedicada à bebida para se tornar uma semana de celebrações. Fomos buscar os principais eventos pelo país e recebemos muitas informações! A comemoração no Brasil cresce mais e mais a cada ano. Encontre os eventos por estado e cidade e fique atento às datas. Bons cafés e ótimo divertimento! Londrina (PR) 20 a 22/5, das 10h às 17h Semana do Café O que: Vivência da arte, cultura, alimentos, artesanato e dos Roteiros Turísticos da Rota do Café. Quitutes deiciosos elaborados pelos produtores que compõem a Rota do Café. Onde: Museu Histórico de Londrina. Rua Benjamin Constant, 900 – Centro Mais informações Domingos Martins (ES) 21/5, das 6h às 16h Fuel #2 O que: Levará à fazenda para mostrar todo o processo, o dia a dia do agricultor na lavoura Onde: Heimen Coffee (Pedra Azul) Inscrições: R$ 90 (com café da manhã, transporte e visita guiada. Turma esgotada) Mais informações A Cafeteria Caparao Espera Feliz Serra do Caparaó (Espírito Santo/Minas Gerais) 21/5, das 16h às 23h A Cafeteria Coffee Rock O que: Som das bandas Polifonia e Stonehenge e outros músicos. Serviço de chopp artesanal Vom Bergen e cafés do sítio Santa Rita, sanduíches e bolos Onde: A Cafeteria no Sítio Santa Rita, Espera Feliz (MG). Gratuito Mais informações Campinas (SP) 21/5, das 8h às 13h Degustação de Café Árabe O que: Serviço de espresso e café árabe e petit fours aromatizados com café e recheados com geleia rústica de banana. Apresentação da Dança Árabe do Café. Entrada gratuita Onde: Varejão da Ceasa. Rodovia Dom Pedro I, s/n – Jardim Santa Mônica Lorena (SP) 21/5 a 24/5 Semana do Café de Lorena O que: evento no Vale do Paraíba que oferece cursos, palestras e degustações gratuitas. Onde: Malerba Café. Praça Rosendo Pereira Leite, 7 – Centro – Lorena (SP) Mais informações Cristina Brasilia Brasília (DF) 22/5, das 11h às 15h Lançamento de microlote campeão – Cristina Cafés O que: Lançamento do café bicampeão do produtor Sebastião Afonso, o melhor café da safra mundial de 2015, com 94,47 pontos (Cup of Excellence). Preparo desse lote exclusivo. Sessões de cupping abertas e mini-aulas de preparo caseiro de cafés. O evento terá uma atração musical para embalar o domingo Onde: Café Cristina. CLN 202 Bloco A loja 45 Mais informações São Paulo (SP) 22/5, das 12h às 19h Pura Caffeina no Chez Market XI O que: Venda de cafés selecionados por Gisele Coutinho, do Pura Caffeina. Evento Chez Market com curadoria do Jardim Secreto Fair Onde: Chez Market XI. Rua Oscar Freire, 1.128 – Jardins Mais informações São Paulo (SP) 20/5 a 24/5, das 8h às 21h Mostra Café Espresso e São Paulo: uma relação urbana O que: Exposição dos 15 finalistas do Concurso Pura Arte do Grupo Utam e o Centro Universitário Belas Artes que selecionou as melhores artes em máquinas de espresso Onde: Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Rua José Antonio Coelho, 879 – Unidade 3. Gratuito Espresso Degustacao FAF

Eventos no Dia Nacional do Café

Florianópolis (SC) e outras cidades 24/5 Café Cultura distribuirá 3.000 espressos O que: As seis lojas da rede, localizadas em Florianópolis, na Lagoa da Conceição, Shopping Iguatemi e Primavera Garden Center, em São José (Continente Park Shopping), em Balneário Camboriú (Balneário Shopping) e em Criciúma (Nações Shopping) entregarão vouchers nas cancelas de entrada dos empreendimentos. Na loja do Primavera Garden haverá ainda apresentação e degustação de vários métodos de preparo da bebida (Brew Bar), a partir das 17h. Mais informações Kaffa Cafeteria Vitória (ES) 24/5, das 8h30 às 10h20 Quero Café! DNA Capixaba O que: Cupping com perfis de torra, promovido em parceria com a microtorrefação Trentino Cafés Especiais, para escolha do novo selo da marca. Os participantes terão o nome na embalagem do café que vencer a votação feita no dia. Gratuito. Onde: Kaffa Cafeteria. Rua Darcy Grijó, 50 – lojas 03 e 04 Mais informações Recife (PE) 24/5, a partir das 16h TNT + Café Na Rua O que: Evento gratuito organizado pelos baristas Jonathas Souza, George Gepp e Jonathan Silva com competição de latte art, onde os organizadores vão auxiliar os apreciadores a preparar os cappuccinos e ensinarão técnicas de grafismo para a modalidade da competição destinada aos não profissionais. Também será realizado o Café na Rua para estimular o clima de interatividade e troca de informações entre os consumidores e os profissionais. Onde: Orla de Boa Viagem. Ponto do Açaí – Av. Boa Viagem 727 Mais informações: Jonathan Silva (e-mail: jjln90@hotmail.com) Recife (PE) 24/5 Recife Coffee O que: As 15 cafeterias participantes farão a arrecadação de material de higiene infantil para ser doado à Creche Nossa Senhora da Boa Viagem, na comunidade Entra Apulso, que atende a 110 crianças menores de cinco anos. O cliente que fizer a doação ganha um espresso na cafeteria em que o produto for entregue. Mais informações Belo Horizonte (MG) 24/5 Workshops Academia do Café (esgotados) Mais informações 25/5, a partir das 19h WNT – Wednesday Throwdown – Academia do Café O que: Campeonato informal de latte art, onde os baristas se reunem e apostam para ver quem faz o desenho mais bonito com o leite sob uma xícara de espresso, com o público como jurado. Ao som do blues de Jimmy Duchowny, Gustavo Andrade e Pablo Souza. Mais informações CAFETERIA DO MUSEU divulgacao Santos (SP) 24/5, das 9h às 14h Oficina de Fotografia com Marcos Piffer Inscrições: inscricao@museudocafe.org.br 24/5, a partir das 12h Apresentação – Métodos de Preparo de Café na Cafeteria do Museu Música no Museu – Tirolli Jazz Trio Mais informações: (13) 3213-1751 São Paulo (SP) 24/5 Lançamento microlote no Suplicy O que: Lançamento do microlote da Fazenda das Flores. Produtor Fábio Coletti Barbosa, de Albertina, Sul de Minas. Café vencedor do 2º Leilão Eletrônico de Cafés Especiais do Sistema COCCAMIG, na categoria cereja descascado. Mais informações: Suplicy Cafés Especiais. Alameda Lorena, 1.430, Jardins São Paulo (SP) 24/5, das 8h às 23h Lançamento de drinques de café Lavazza no Eataly O que: Três novos drinques serão lançados no Gran Café Lavazza, cafeteria do Eataly São Paulo. O Bavareisa Torinese (R$ 8,80) tem café, chocolate e creme de leite. O Caffè Padovano (R$ 8,80) leva espresso com calda de menta, espuma de leite e cacau polvilhado. O Iced Cappuccino (R$ 13,50) traz o autêntico cappuccino italiano na versão gelada. Onde: Gran Bar Lavazza – Eataly São Paulo. Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 1.489 São Paulo (SP) 24/5, a partir das 17h30 Degustação no Octavio Café O que: Degustação gratuita das variedades bourbon amarelo, catuaí vermelho, mundo novo, obatã, icatu amarelo, catucai vermelho, catucai amarelo e acaiá, nos processos natural, descascado e despolpado. O Octavio Café presenteará todos os clientes com uma muda de café. Onde: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2.996 – Jardim Paulista Vitória (ES) 24/5, das 22h às 3h Korujão O que: Evento de 22 às 3h da manhã, com duelo de métodos de café (baristas convidados preparando o mesmo grão em métodos diferentes e apresentando a diferença aos clientes), flash tattoo temática com Brunella Simões, música, chopp e comida na calçada. Cafés gratuitos e demais com valores dos parceiros convidados. Onde: Kaffa Cafeteria. Rua Darcy Grijó, 50 – lojas 03 e 04 Mais informações Cerrado Mineiro 24/5, a partir das 8h30 Abertura da Colheita na Região do Cerrado Mineiro O que: A Acarpa e a Expocaccer se unem para celebrar o início da colheita do café na Região do Cerrado Mineiro. Será um dia de atividades direcionadas a cafeicultores e colaboradores de fazendas. A programação do evento prevê a realização do Fórum de Mercado e Política de Café coordenado pela Acarpa. No período da tarde serão desenvolvidos workshops do Programa de Qualidade Contínua da Expocaccer. Paralelo às atividades, haverá o Balcão de Negócios, onde empresas parcerias oferecerão aos cafeicultores condições especiais para aquisição de máquinas, implementos e insumos. Onde: Unidade 2 de Armazenagem da Expocaccer, próximo à BR 365, sentido Uberlândia. Mais informações Porto Alegre (RS) 24/5, das 14h às 18h Torrefação de Portas Abertas na Baden O que: Oportunidade de conhecer a torrefação e tomar um café de microlote do produtor Valdeir Tomazini, de Castelo (ES). Onde: Baden Torrefação de Cafés Especiais. Rua Azevedo Sodré, 74 – Passo d’Areia 24/5 Café do Ponto oferece cupons de 50% de desconto O que: Café do Ponto e Cuponeria oferecem agradável surpresa com cupons de 50% desconto para diferentes cafés e combos. As opções disponíveis são: Café Brigadeiro ou Café Avelã, Croque Francês + Coca-Cola + Café Espresso Regional e Macchiato + Coxinha. Mais de 30 cafeterias da rede Café do Ponto participam da promoção, porém é necessário consultar previamente a lista de lojas participantes. Mais informações Uberlândia (MG) 24/5 Campanha do Agasalho na Mundo Café O que: Quem doar uma roupa de frio receberá 250 gramas de café para levar para casa ou um espresso ou um cappuccino. Onde: Rua Coronel Manoel Alves, 67 – Fundinho Mais informações 24/5 Frete grátis na Café Store O que: A loja de venda de café, máquinas e utensílios pela internet oferece frete grátis para as regiões Sul, Sudeste e Distrito Federal por 24 horas. Mais informações 24/5 Starbucks oferece degustação O que: Todas as lojas da marca irão oferecer degustações de hora em hora do café Brasil Blend preparado na french press. Mais informações São Paulo (SP) 25/5, às 10h Sabor da Colheita 2016 – 11ª edição O que: Celebração do Dia Nacional do Café com a colheita no único cafezal situado no coração da cidade de São Paulo. Gratuito. Onde: Instituto Biológico. Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1.252 – Vila Mariana Mais informações: (11) 3125-3160 São Paulo (SP) 25 a 29/5 Curso na Fazenda da Octavio Café O que: Curso completo da Semente à Xícara na fazenda da marca, em Pedregulho (SP) Mais informações degustacao cafe

TEXTO Mariana Proença • FOTO Foto 1: Guilherme Gomes/Café Editora. Foto 7: Lucas Albin (Estúdio Ophelia). Demais fotos: Divulgação

Mercado

Pode até cair água

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Tá. É uma balança. Mas o que mais se pode inventar neste equipamento?

A Acaia, empresa de Taiwan, desenhou nos Estados Unidos uma balança voltada para o mercado de café. Compacta, com aplicativo que interage diretamente com o equipamento, a máquina possibilita medir a quantidade de água e o tempo de acordo com o perfil planejado para o preparo do café. O mais novo lançamento é a Acaia Lunar, feita de alumínio. Para carregá-la, há entrada mini-USB e balança totalmente à prova de líquidos como café e água. Por ser compacta, pode ser usada em cima da bandeja da máquina de espresso, para medir a quantidade de café que cai na xícara, e também nos preparos de filtrados. www.acaia.co

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(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença, de Seattle, Estados Unidos • FOTO Divulgação

Café & Preparos

O que é Toddy Brew?

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Criado em 1964, este método foi elaborado para preparo de um extrato de café frio, adequado para compor drinques gelados e receitas de doces e pratos. É necessário utilizar moagem grossa e esperar 12 horas para obter o resultado, que rende várias xícaras. Com método infulsão+filtrado, é recomendável que não mexa o utensílio durante o descanso do café em imersão para não alterar a extração. O resultado é uma bebida doce, de baixa acidez e sem amargor.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Da Redação • ILUSTRAÇÃO Luciano Veronezi

Cafeteria & Afins

Café Secreto – Rio de Janeiro (RJ)

Cafeteria Café Secreto

A Vila do Largo, onde está localizado o Café Secreto, é uma espécie de volta ao tempo do Rio antigo, com suas construções de tijolo aparente e memórias de um lugar frequentado por caixeiros viajantes e lavadeiras, no início do século passado.

Cafeteria Café Secreto

É nesse ambiente cheio de histórias do Largo do Machado (intersecção entre os tradicionais bairros do Flamengo, de Laranjeiras e do Catete) que a pequena cafeteria serve Isso É Café, cujos grãos são produzidos pela Fazenda Ambiental Fortaleza, em Mococa (SP), e cafés visitantes, como os da Fazenda Ninho da Águia (MG), do Sítio Santa Rita (MG) e do Coffee Lab (SP). Além do espresso (extraído da máquina Nuova Simonelli), há os coados nos métodos Hario V60, Kalita e Aeropress.

Cafeteria Café Secreto

A dona da cafeteria, Gabi Ribeiro, busca manter um cardápio artesanal para acompanhar as bebidas, composto de pão de queijo, pão de fermentação natural servido com manteiga e mel, iogurte com granola, cookies, bolos caseiros, entre outros. Essas opções também podem ser degustadas com latte, cappuccino, mocaccino, macchiato, earl grey com leite vaporizado e baunilha, café gelado com limão, chá de hibisco com laranja e o clássico carioca mate com limão, que não podia faltar.

Idas e vindas

Até encontrar esse recanto singular para montar o Café Secreto, Gabi seguiu outras trajetórias: formada em Cinema (profissão na qual também atua), morou fora do Brasil até que, ao trabalhar em cafés e restaurantes na França, retomou a ligação desse produto com sua própria origem.

Cafeteria Café Secreto

Nascida em Santos, no litoral paulista, foi criada ouvindo histórias sobre o café (via Porto de Santos, o principal ponto de embarque desses grãos e da chegada de imigrantes no século XX para trabalhar nas lavouras cafeeiras do País). Passeava pela Bolsa do Café na infância. Um dia ela se deu conta de que toda essa influência não podia passar em vão na vida.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da revista Espresso, referente aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro de 2016. Sugerimos consultar o lugar para horários de funcionamento e mais informações)

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Gago Coutinho, 6 casa 8
Bairro Catete
Cidade Rio de Janeiro
Estado Rio de Janeiro
País Brasil
Website http://www.facebook.com/cafesecretorj
Horário de Atendimento De segunda a sexta, das 10h às 18h
TEXTO Janice Kiss • FOTO Divulgação

Arriba, arepas e ceviches!

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As cozinhas latino-americanas invadiram a capital paulista. Tacos e quesadillas mexicanas, empanadas chilenas e argentinas, ceviches de todos os cantos banhados pelo Pacífico. Um dos bons chefs representantes dessa tendência – mundial, como comprova o Latin America’s 50 Best Restaurant, versão do lado de cá do Atlântico do prêmio que elege os cinquenta melhores restaurantes do mundo, já na terceira edição – é o colombiano Dagoberto Torres.

Sócio e comandante da cozinha do Suri Ceviche Bar e do vizinho Maíz, o jovem é um entusiasta da cozinha de seu país e da de seus hermanos. “O conceito do Suri sempre foi quebrar a barreira das cozinhas latino-americanas”, explica Dagoberto, que abriu o restaurante com sócios brasileiros há cinco anos. Estranhamente, diz ele, foi preciso sair de sua terra natal para olhar para a própria cozinha. Nascido em Chaparral, no interior da Colômbia, Dagoberto cozinha desde pequeno – com a família, nas festas, e depois sozinho, por não gostar da comida que faziam para ele quando os pais viajavam. Vendeu laranja no mercado, picolé na farmácia do pai, teve barraca de cachorro-quente, pizzaria e, aos 18 anos, seu primeiro restaurante, no hotel de uma das avós. “No começo, foi um meio de ganhar minha independência financeira”, conta.

A atividade como profissão veio mais tarde, quando então cursou Gastronomia e estagiou em hotéis e restaurantes em Bogotá, como o famoso Harry Sasson, que atualmente ocupa o 24º lugar na lista dos 50 Best da América Latina. “O chef Harry Sasson foi o primeiro a se tornar uma figura pública no país, uma espécie de Alex Atala colombiano”, explica Dagoberto. Mas foi o celebrado chef brasileiro, com quem trabalhou ao chegar ao Brasil, em 2007, que imprimiu nele o valor de sua própria cozinha. “Eu via o Alex falando com amor dos produtos brasileiros”, diz Dagoberto, lembrando do tempo em que trabalhou no restaurante D.O.M. Pensei, então, em olhar para os produtos da minha terra”, diz.

Numa época em que ceviche não fazia parte da cartilha dos comensais paulistanos, Dagoberto idealizou o projeto de uma cevicheria, local simples, com balcão, em que se toma cerveja e se come o prato – basicamente, peixe cozido no limão e temperado com pimenta do tipo Capsicum. “Percebi a falta de acesso das pessoas à cozinha dos países da América do Sul”, lembra ele, que voltou a morar por alguns meses na Colômbia antes de se associar a brasileiros para tocar seu projeto culinário em São Paulo. “O ceviche pertence a vários países do continente, e todos têm amor por esse prato”, explica o chef. Ceviches os mais diversos são a estrela do despretensioso e acolhedor Suri, que conta com balcão, grandes vidraças e móveis simples. O prato fronteiriço também acabou virando tema do livro Ceviche, do Pacífico para o Mundo, lançado com a jornalista Patricia Moll em 2013. “Para mim, é importante que nossas preparações sejam reproduzidas com facilidade, para que as pessoas se sintam perto da nossa comida”, pontifica.

Em meio à atual crise econômica que atinge em cheio, também, os restaurantes, pareceu quase profético o segundo negócio do chef colombiano, o Maíz, aberto em 2014 ao lado do Suri. Na casa, ainda mais informal, o chef acentua seu comprometimento com as cozinhas da América Latina ao focar comida de rua. As tradicionais arepas – uma espécie de pãozinho redondo e achatado de massa de milho com diferentes recheios, comum na Colômbia e na Venezuela – dividem espaço com empanadas e tacos. Clientes comem os petiscos no balcão, nas mesinhas da lanchonete ou nos bancos ao ar livre.

Informalidade, sabores latinos, preços que driblam a crise. Aliados à boa técnica e adaptados aos produtos locais (outra bandeira do chef, que trabalha com produtores paulistas), esses elementos garantem o sucesso da cozinha de Dagoberto Torres. Não, não o sucesso que vem dos reality shows gourmetizados ou das listas que promovem os melhores da gastronomia. A prova de que sua cozinha vai bem pode ser medida de maneira mais simples e certeira. Um dos termômetros, por exemplo, é o Domingo Cevicheiro, quando, uma vez por mês, o trecho da tranquila Rua Mateus Grou, onde ficam as duas casas, literalmente ferve de gente atrás de música, ceviche, bebidas e papo. Tipo bom e barato mesmo.

*Cristiana Couto é jornalista especializada em gastronomia e autora de Alimentação no Brasil Imperial, EDUC, São Paulo, 2015. Fale com a colunista pelo e-mail nacozinha@cafeeditora.com.br. 

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Receitas

Amitye

drinque Thiago Nego

Ingredientes
• 18 g [ou 1 colher (sopa)] de café moído (sugestão: bourbon vermelho do Sofá Café)
• 4 g [ou 1 colher (café)] de camomila
• 4 folhas de hortelã
• 35 ml de xarope de limão-cravo e limão-siciliano*
• 4 pedras de gelo de chá de hibisco

Preparo
Prepare o chá de hibisco, deixe esfriar e depois coloque em formas de gelo. Espere que virem cubos de gelo antes de utilizar. Separadamente, coloque todos os ingredientes da receita na Aeropress e faça a extração da bebida. Sirva em uma taça, derramando a mistura em cima do gelo de chá de hibisco.

*Xarope de limão
• 150 ml de suco de limão-siciliano
• 150 ml de suco de limão-cravo
• 300 ml de água filtrada
• 300 g de açúcar

Preparo
Em uma panela, coloque todos os ingredientes e leve ao fogo baixo, até diluir o açúcar e obter uma textura em ponto de fio. Desligue o fogo, deixe esfriar e está pronto.

Rende 1 porção

(Receita originalmente publicada na edição impressa da revista Espresso, referente aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro de 2016).

FOTO Daniel Ozana/Studio Oz/Café Editora • RECEITA Thiago Nego, barista e responsável pela cachaça Samba Nego

Café & Preparos

No pique de Palmirinha

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“Se eu não tomar meu cafezinho pela manhã, eu não acordo.”

Como toda boa cozinheira, ela gosta de inovar. Todos os dias, pela manhã, ela prepara um cafezinho cremoso com um toque especial. “Se ele não fica muito cremoso, eu bato chantili e coloco por cima. Às vezes coloco um pouco de leite condensado. Minha filha fala que eu gosto é de inventar moda”, diverte-se. Outro momento do dia em que o café se faz presente é no lanche da tarde, dessa vez misturado ao leite e acompanhado de quitutes que só ela sabe fazer. “Em casa a gente sempre tem um bolinho de chuva, um bolo de fubá ou de laranja para acompanhar.”

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Guilherme Gomes

Cafezal

Geisha: o mundo se curvou

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Um café com sabor de limão, aroma de flores e que não tinha valor nenhum hoje é um dos mais cobiçados. Fomos ao Panamá conhecer essa lenda descoberta somente há dez anos

O Geisha nasceu em berço africano, batizado com o nome da região da Etiópia em que foi descoberto: o povoado de Gesha, em 1931. Sem qualquer relação com a personagem japonesa, essa variedade de café, da espécie arábica, não imaginaria que sua história seria traçada com tanto destaque anos depois. Geisha é um dos cafés mais premiados no mundo e coleciona preços altíssimos de venda. Tudo isso só faz uma década. E no Panamá. Mas antes de chegar ao país da América Central, a variedade foi plantada na Costa Rica e não recebeu muita atenção. Somente em 1963, o cafeicultor Don Pachi, um panamenho que trabalhava no instituto de agronomia do país, recebeu a informação de que havia uma variedade pouco produtiva e com sabor estranho que estava na Costa Rica. Dispôs-se a plantar aquele cafeeiro e, não sabendo qual seria a produtividade da planta naquelas terras, também distribuiu algumas sementes a produtores conhecidos da região de Boquete, onde fica sua fazenda. Numa altitude de até 1.500 metros, clima úmido e terra fértil, o geisha foi produzido com muito cuidado. Da dedicação de Pachi nascia uma variedade de grão. Nas mãos de outros produtores, o geisha chegou à família Peterson, na mesma localidade, na fazenda La Esmeralda. Foi só em 2004 que, durante uma feira da Specialty Coffee Association of America (SCAA), o café foi provado em uma mesa com diversos outros. A reação dos provadores foi de desconfiança, depois de muita surpresa e admiração por aquela variedade que em nada se assemelhava a cafés provados anteriormente. Meses depois o café da La Esmeralda, de Price Peterson, era vendido a preços altíssimos, em torno de 21 dólares por somente 450 gramas. Esse café chegou a pontuar 94,6 na escala de 100 da SCAA. Até hoje a La Esmeralda é conhecida pelos cafés que mais recordes de preço alcançaram. Chegou a vender menos de 500 gramas de um microlote especial de geisha por 130 dólares.

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À esquerda, Peterson, da fazenda La Esmeralda recebe a comitiva de visitantes. Á direita e acima, Don Pachi e seu filho Francisco José Serracín, o Frank, mostram a plantação e o beneficiamento de cafés da fazenda Don Pachi

Qualidade e família Ao chegar à região de Boquete, veem-se muitas referências ao geisha. São cafeterias que vendem o produto e destacam a região pelo diferencial desse café. A variedade é uma planta de porte alto, de manejo complicado, e com baixo rendimento. Os grãos são de peneira alta e o sabor, muito diferente. Hoje o geisha é uma preciosidade na região. Durante a visita à fazenda Don Pachi, o solo negro, com muita matéria orgânica, chama atenção. Francisco José Serracín, filho de Don Pachi, é quem nos recebe junto ao pai. A administração da fazenda é feita por ele. Mais conhecido como Frank, ele nos mostra o trabalho de gerações no café, desde as podas até os estudos com um híbrido da variedade geisha, que eles vêm observando e já batizaram com o nome de “sapaton” ou “cucaracha”, pois tem grãos muito grandes. Don Pachi, aos 76 anos, com cinco filhos e nove netos, fala o tempo todo em qualidade e na sequência da família no café: “Nunca falei para os meus filhos continuarem na fazenda, mas meu filho hoje fala para os filhos dele sobre o futuro no café”. Essa virada aconteceu em 2005, quando Frank começou a mudar o negócio e passou a investir em microlotes: “Hoje, 85% dos nossos cafés são finos, vendemos para 27 países e para as grandes torrefações do mundo, como Intelligentsia, Seven Seeds, Klatch Coffee, e países como Japão, Taiwan, Dinamarca, Noruega…”. O processo lavado deu espaço para outros processamentos, como o natural e o cereja descascado com porcentagens diversas de mucilagem. A família investiu em despolpador e desmucilador e em camas africanas (terreiros suspensos) para secar o café a 1.650 metros de altitude. São 2 mil sacas por safra, que passam pelos cuidadosos processos do produtor, em nove variedades plantadas com sombreamento e em uma região muito íngreme. Don Pachi ainda sobe tranquilamente as montanhas em meio aos cafezais: “Mantemos uma fauna e flora equilibradas. Esperamos até cinco anos para começar a colher um café plantado; se isso é não ter fé, não ter esperança, não sei o que é. O produtor de café faz isso de maneira particular. Produzimos um grão que, acima de tudo, é saudável”.
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O Geisha é um dos cafés mais premiados no mundo e coleciona altíssimos preços de venda

Degustação Provar esses cafés foi um evento na redação da Espresso. Toda a equipe estava ansiosa por experimentar o famoso grão. Voltei com dois geishas na mala: Don Pachi Estate e Café Kotowa, ambos do Panamá. Convidamos a jornalista e colunista Cristiana Couto para participar também. No final, estávamos inebriados com os aromas e sabores diferentes que surgiram dessa inédita experiência. Preparamos nos métodos Chemex, aeropress e Hario V60. Um mergulho em novas sensações. Don Pachi Estate Geisha Natural: aroma de capim-santo, frutas amarelas, como carambola, e muito doce. Sabor delicado de cana-de-açúcar, mel e pitanga. Acidez média e aftertaste limpo, doce e agradável. A fazenda é a primeira produtora de geisha no país. Kotowa Coffee – Geisha Gourmet: aroma doce, erva-cidreira, alecrim e mel. Sabor de limão, acidez média-alta, finalização doce e leve. A marca tem cafeteria em Boquete, região cafeicultora. Palavra do especialista Kim Ossenblok, barista na Espanha: “Bom barista, bom geisha! Ganhamos um pacote de café no final da visita. Sorte a minha que tinha trazido aeropress e moinho manual e pude provar quando chegamos ao hotel. Uma experiência incrível. Don Pachi descreveu os sabores de abacaxi, pêssegos, uvas-passas, frutas cítricas e toques de jasmim. Adorei!”. O barista viajou a convite da Dalla Corte.

Ficha técnica

Região: Boquete, Chiriquí, a oeste do Panamá População: 22.435 habitantes Altitude das fazendas: de 1.200 a 1.600 metros Origem: povos indígenas de Ngöbe e Buglé. Os dois grupos foram a maior população indígena do Panamá e vivem em uma reserva conhecida como Comarca, em Chiriquí, região montanhosa de Talamanca. Ponto mais alto: Vulcão Barú (altitude 3.474 metros) Capital: Cidade do Panamá Produção anual de café (país): 100 mil sacas Mais informações: www.scap-panama.com (Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • FOTO Preparo: Roberto Seba/Café Editora -- Demais: Lucía Hernández e Mike Russell
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