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Cafés de 12 regiões brasileiras com Indicação Geográfica são expostos na World of Coffee 2023

O Brasil levará 12 origens produtoras de cafés especiais, detentoras de Indicações Geográficas (IGs), à principal feira do segmento na Europa, a World of Coffee, que este ano será realizada em Atenas, na Grécia, de 22 a 24 de junho. A iniciativa integra as ações do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

O estande contará com duas salas de reuniões para prospecção de negócios, seis bancadas de empresas participantes do projeto setorial, duas salas de cupping e um brewbar para degustação dos cafés especiais provenientes das IGs: Denominações de Origem Caparaó (ES e MG), Região do Cerrado Mineiro, Mantiqueira de Minas, Matas de Rondônia e Montanhas do Espírito Santo; e Indicações de Procedência Alta Mogiana (SP), Campo das Vertentes, Espírito Santo (café conilon), Região de Garça (SP), Matas de Minas, Norte Pioneiro do Paraná e Região de Pinhal (SP).

Segundo o diretor executivo da BSCA, Vinicius Estrela, a Europa é o principal mercado dos cafés especiais brasileiros e a Grécia, que tradicionalmente é consumidora de cafés mais convencionais, vem evoluindo nesse cenário. “Estão sendo abertas muitas cafeterias no país, que vêm descobrindo a origem brasileira e a qualidade do café especial do Brasil. Essa é uma excelente oportunidade para a expansão em um novo mercado e a inclusão do nosso produto diferenciado”, comenta.

Ele anota que a apresentação dessas 12 origens com Indicações Geográficas é a grande novidade da ação deste ano e vem ao encontro das demandas do mercado europeu no que tange a produtos que respeitem os critérios ESG em seu processo de produção. “Apenas entregar qualidade não é mais suficiente. Por isso a BSCA trabalha com um tripé muito importante, que envolve qualidade, sustentabilidade e origem, o que é uma realidade do café especial brasileiro. Evidenciar isso em nosso principal mercado é uma resposta aos anseios europeus sobre nossa produção de café especial rastreável e com respeito à governança socioambiental, garantindo posição de destaque ao Brasil”, completa.

Em 2022, a participação brasileira na World of Coffee, realizada em Milão, na Itália, rendeu US$ 21,894 milhões em negócios presenciais e a prospecção para a concretização de mais US$ 93,630 milhões nos 12 meses seguintes, através de 1.193 contatos comerciais realizados na feira. Para este ano, a previsão é que os números sejam equivalentes ou superiores.

TEXTO Redação

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Inscrições abertas para 33º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso

Os cafeicultores brasileiros já podem enviar suas amostras de café sustentável para participar da inscrição do concurso realizado pela illycaffè. O Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso chega em sua 33ª edição selecionando os melhores grãos em duas categorias: Nacional e Regional. Para participar do Prêmio, que incentiva a produção de cafés de qualidade sustentável no Brasil, é preciso realizar a inscrição e enviar as amostras da safra atual até o dia 20 de setembro.

Na Categoria Nacional, serão selecionados 40 produtores finalistas. Desses, os três primeiros ganharão uma viagem ao exterior para participar do 9º Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy em 2024, além de ganhar prêmios em dinheiro e diplomas.

Na Categoria Regional, serão premiados até dois cafeicultores em cada um dos 10 Estados/Regiões, sendo: Minas Gerais (subdividido em Cerrado Mineiro, Chapada de Minas, Matas de Minas e Sul de Minas); São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e as regiões Centro-Oeste, Sul e Norte/Nordeste. Todos os vencedores e finalistas recebem prêmios em dinheiro e diploma.

A comissão julgadora responsável pela seleção dos cafés é composta pelos especialistas da Experimental Agrícola do Brasil/illycaffè. A análise para a classificação do café é realizada considerando quesitos como: aspecto, cor, tipo, peneiras, teor de umidade, torração e a qualidade da bebida, inclusive com degustação para espresso. Durante o período de inscrição, o produtor poderá vender o lote inscrito e aprovado para a Experimental

A ficha de inscrição e o regulamento completo para o 33º Prêmio estão disponíveis no site do Clube illy do Café.

Endereço para envio da amostra e inscrição:
Experimental Agrícola do Brasil Ltda
Rua Dr. Nicolau de Souza Queiroz, 518 – Vila Mariana
CEP 04105-001 – São Paulo (SP) – e-mail: compras@illy.com

Serviço
33° Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso
Inscrições: de 01/06 até 20/09/2023
Divulgação dos 40 finalistas: Novembro de 2023
Revelação dos vencedores e entrega dos prêmios aos finalistas: abril de 2024
Informações: Link
Regulamento: Link

TEXTO Redação

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Região da Alta Mogiana ganha novos sete municípios que produzem café

Referência na produção de cafés especiais, a Região da Alta Mogiana acaba de ganhar 7 novas cidades em sua Indicação Geográfica. A certificação, que atesta a fama e a história de uma região na produção de determinado produto, foi conferida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que passa a reconhecer 23 municípios como sendo da Alta Mogiana quando o assunto é café. Além dos 16 paulistas que já possuíam o selo de origem, agora também fazem parte da lista mais 7 municípios mineiros circunvizinhos.

Com a novidade, as cidades que integram a Região da Alta Mogiana como produtoras de cafés são: as paulistas Altinópolis, Batatais, Buritizal, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cristais Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara, Nuporanga, Patrocínio Paulista, Pedregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, Santo Antônio da Alegria e São José da Bela Vista; e as mineiras Capetinga, Cássia, Claraval, Ibiraci, Itamogi, São Sebastião do Paraíso e São Tomás de Aquino.

A IG leva segurança de procedência ao consumidor e qualifica o mercado para o produtor. A conquista foi alcançada pela primeira vez em 2013, após requisição da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC).

“As cidades de Minas sempre fizeram parte da nossa prioridade e, desde que pleiteamos a inclusão desses municípios, já temos feito várias ações regionais que atraem produtores da região. Eles passam a ter mais visibilidade no café e, consequentemente, agregam valor na sua comercialização. Na verdade, há ganho para toda a cadeia. Cafeterias podem encontrar produtores melhores e torrefações, atrair turismo. Enfim, são muitos os benefícios”, afirma Edgard Bressani, presidente da AMSC.

As indicações geográficas são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas agregam valor ao produto, permitindo estabelecer um diferencial competitivo frente aos concorrentes, possibilitam a organização produtiva e a promoção turística e cultural da região. Além disso, o registro ajuda a evitar o uso indevido por produtores instalados fora da região geográfica demarcada.

Sobre a Região Alta Mogiana

Atualmente, a Alta Mogiana conta com mais de 5 mil cafeicultores que cultivam o grão em uma área de aproximadamente de 120 mil hectares e produzem, anualmente, 4,5 milhões de sacas. Localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, a região tem mudas de café cultivadas em altitudes privilegiadas que, aliadas ao uso de uma tecnologia de pós-colheita, enriquecem o sabor e o aroma da bebida.

TEXTO Redação

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Região Sudoeste de Minas: Cafés especiais e produção entre gerações

A noite da última terça-feira (30) foi de emoção em Guaxupé (MG), com o lançamento da Marca Território Região Sudoeste de Minas. Com a participação de cafeicultores e prefeitos dos municípios integrantes, o evento foi realizado pela Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas e pelo Sebrae Minas. 

“Estamos empenhados em buscar uma nova cafeicultura, inspirando e fomentando a melhoria da qualidade dos cafés produzidos, acreditando no potencial da nossa região com o nosso bioma e o talento inovador e tecnológico das pessoas que fazem parte deste território”, destacou Fernando Barbosa, presidente da Associação. “Com trabalho e dedicação, alcançaremos novos mercados de excelência, com qualidade, processo de governança e rastreabilidade controlada”, completou.

Evento de lançamento da Marca Território Região Sudoeste de Minas – Foto: Gabriela Kaneto

O Sudoeste de Minas é composto por 21 municípios – Arceburgo, Alpinópolis, Alterosa, Bom Jesus da Penha, Botelhos, Cabo Verde, Carmo do Rio Claro, Conceição de Aparecida, Fortaleza de Minas, Guaranésia, Guaxupé, Itamogi, Jacuí, Juruaia, Monte Belo, Monte Santo de Minas, Muzambinho, Nova Resende, Passos, São Pedro da União e São Sebastião do Paraíso – e responde por 10% da produção cafeeira de todo o estado de Minas Gerais. Segundo dados da Emater-MG, a região é responsável por colher, em média, 2,6 milhões de sacas de 60 kg anualmente.

“A criação da marca território é um passo fundamental. Ao lançarmos essa marca, estamos reforçando o compromisso do Sebrae em apoiar e impulsionar os setores produtivos de Minas Gerais. Reconhecemos a importância do agronegócio e o papel primordial que ele exerce na economia”, disse, em vídeo, Marcelo Souza, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.

O evento também contou com a presença do vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, que falou sobre a importância de destacar individualmente as diferentes regiões do estado e parabenizou o trabalho feito pelo Sudoeste de Minas nos últimos anos. “Nós temos, no entorno de Guaxupé, toda a cadeia produtiva bem organizada. Nós temos produtores de excelência, beneficiadores de excelência, exportadores e comercializadores reconhecidos em toda parte. Isso dá pra gente a tranquilidade de saber que, antes do lançamento, a Marca Território Região Sudoeste de Minas já é um sucesso, porque ela, de alguma forma, revela, pelo nome, aquilo que vocês já fazem pelo trabalho, que é a excelência da produção”, disse.

Em 2022, a Associação solicitou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o reconhecimento da Marca Coletiva Sudoeste de Minas e deu entrada no pedido de Indicação Geográfica, na modalidade Indicação de Procedência (IP). Os cafés da região são cultivados em áreas montanhosas, entre 700 a 1.250 metros de altitude. Na xícara, apresentam um sabor doce, com destaque para notas de chocolate, avelã, caramelo, frutas amarelas, frutas secas, mel e melaço; aroma de chocolate, frutado e açúcar mascavo; acidez cítrica; e corpo denso.

Cafeicultura que passa de geração para geração

Para conferir mais de perto o trabalho realizado na região, a equipe da Espresso foi convidada pelo Sebrae e pela Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas para conhecer a Fazenda São Domingos, localizada no município de Muzambinho, onde fomos recebidos por Suzana Santos Passos, acompanhada de seu marido Wilson e de seus irmãos Sérgio e Soraia.

Da esquerda para a direita: Suzana, Armando, Sérgio, Wilson, Maria Célia e Soraia – Foto: Gabriela Kaneto

Suzana é filha de Armando e Maria Célia, que adquiriram a propriedade há mais de 60 anos. Ela contou que sua família sempre teve o hábito de preservar a natureza e mostrou, através de fotos, todo o trabalho de seu pai na revitalização das árvores no perímetro da fazenda. Hoje, 30% dos 200 hectares totais são de área de preservação permanente e reserva legal. “Para nós, a terra é mais um membro da família e existe todo um cuidado para preservar o que ela dá”, disse. 

Apesar das décadas dedicadas ao cultivo de café, foi em meados de 2002 que eles passaram a aprimorar os processos na lavoura e na gestão da propriedade. Para isso, tiveram ajuda do Educampo, que hoje conta com sete grupos formados na região. “Com os tratos culturais, conseguimos um grão que rendesse mais. E, através das técnicas que o Sebrae ensinou pra gente, temos um processo rigoroso na produção e pós-colheita”, comentou a produtora. 

Foto: Gabriela Kaneto

A Fazenda São Domingos realiza um processo detalhado de rastreabilidade em cada talhão de café a partir do momento que ele é colhido, ou seja, todos os passos são registrados: o dia da colheita, o processamento, a data que entrou no lavador, o período que ficou no terreiro, em qual terreiro foi colocado, o dia que entrou e saiu do secador, o nível de umidade, qual tulha ele ficou armazenado e por quanto tempo, e por aí vai. “Se algum comprador quiser saber a história de um determinado café, está fácil”, explicou Suzana. Atualmente, a propriedade produz 3 mil sacas de café por ano. O cultivo é realizado em 86 hectares e conta com pés das variedades catuaí, catucaí, mundo novo, icatu e acaiá, plantados entre 980 e 1.200 metros de altitude. 

Como grande parte da lavoura está situada em área montanhosa, o tipo de colheita que predomina na fazenda é a manual. “Por conta do relevo, nós trabalhamos muito mais com pessoas do que com máquinas. Temos que fazer uma grande logística para implementar maquinário. Precisamos capacitar as pessoas para que se adequem às técnicas. Ainda temos dois ou três que estão desde o começo da propriedade, agora estamos com uma geração nova. Nós vamos além do empresarial e estamos muito agarrados à parte emocional”, destacou ela.

Foto: Gabriela Kaneto

Na lavoura, outro ponto de destaque é a aplicação da agricultura regenerativa. Ao andar pelos cafeeiros, é possível perceber uma vegetação proeminente nas ruas do cafezal. “O grande desafio que temos hoje na cafeicultura são as doenças. Quando você trata o solo, a planta tem alimento e uma melhor estrutura, então ela fica doente menos vezes”, contou Reginaldo Dias, que também produz café na região e nos acompanhou na visita. “Quando proporcionamos os nutrientes no alimento, diminui a necessidade de adubo químico. Então o que a planta está comendo ela manda para os frutos, e os frutos é o que vamos consumir”.

A visita também contou com a presença de Claudia Leite, especialista em ESG e sustentabilidade na Hilo Consultoria. Através de uma degustação no meio do cafezal, ela explicou sobre as diferenças sensoriais de um café commodity para um café especial e destacou a importância da agricultura familiar, da rastreabilidade e da preservação para a obtenção de um produto de qualidade.

Da esquerda para a direita: Fernando Barbosa, Suzana e os representantes do Sebrae na visita, Lucilene Pessoni e Leonardo Mól – Foto Gabriela Kaneto

“Estamos vendendo muito mais do que café, estamos vendendo a nossa vida, a nossa experiência, a nossa história, os nossos valores, aquilo que a gente acredita e que fazemos com muito amor, que é produzir café. Um café de qualidade e diferenciado”, comentou Leonardo Mól, gerente da Regional Sudoeste e Centro-Oeste do Sebrae Minas.

Para finalizar, Fernando Barbosa, presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas e cafeicultor do município de São Pedro da União, comemorou o lançamento da marca e agradeceu à todos os envolvidos no processo: “Para nós, agora, é muito importante sermos reconhecidos pela região do Sudoeste de Minas. Hoje somos a 14ª região de origem controlada. Ainda temos etapas a serem concluídas, mas já estamos no mapa. Já podemos dizer que somos da Região Marca Território Sudoeste de Minas”.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

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9º Coffee Dinner & Summit debate melhorias para cafeicultura

Na última sexta-feira (26), foi realizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em São Paulo (SP), o 9º Coffee Dinner & Summit. Com tema “Crescimento da produção: seus desafios e oportunidades em tempos de ESG”, o evento reuniu líderes e interessados no segmento da cafeicultura em um dia recheado de palestras e conversas em busca de melhorias no setor.

O deputado Evair de Melo destacou as atenções necessárias para o sistema tributário e melhorias na comunicação. “Temos que somar esforços para o desenvolvimento do país, remunerar melhor os trabalhadores para que o Brasil possa liderar as plataformas internacionais’’, apontou. 

Na sequência, Marco Aurelio, diretor-presidente do Sicoob, realizou uma apresentação em que destacou os pontos da política monetária do Brasil e a expectativa da nova safra do café, que volta a se recuperar e um aumento no consumo. 

A palestra sobre Mercado Global de Café iniciou com a apresentação de Albert Scalla, da StoneX. Ele afirmou que precisamos promover agressivamente o consumo do café nos países consumidores, mas igualmente nos países produtores. “É importante que ele tenha o poder da escolha, acesso a várias possibilidades e que tenha uma experiência prazerosa em casa’’, explicou Albert. Já Cyrille Janet, vice-presidente da SCTA, detalhou pontos trabalhados da empresa com o café e das opções oferecidas ao consumidor. 

Bill Murray, presidente e CEO da NCA, explicou sobre pesquisas realizadas duas vezes ao ano para entenderem o comportamento do consumidor. Em 1950, 80% dos americanos bebiam café uma vez por dia. A bebida era deixada em uma cafeteira e poderia ser reaquecida na parte da tarde. Já em 2004, as pessoas bebiam o café com mais frequência, um aumento de 23% em relação a 1950. 

“O café é a primeira bebida para os americanos, eles entram no mercado de trabalho e bebem mais café, o que aumenta o consumo em nível per capita e as pessoas mais velhas buscam por inovação nessa área. É pouco provável que tenhamos mais pessoas bebendo café, não vamos conseguir converter isso. Às vezes ela não gosta, mas as que bebem aumentam o consumo, essa é a oportunidade’’, completou. 

Bill apontou que os americanos preparam predominantemente café em casa, com pouco menos de um terço consumindo a bebida fora de casa e 62% já associam o grão ao Brasil, país que fica em terceiro lugar no ranking de qualidade pela visão dos americanos, atrás da Colômbia e da Costa Rica. 

Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), que completa 50 anos, destacou os programas de qualidade desenvolvidos ao longo dos anos, respeitando toda a cadeia. “Apenas 4,7 milhões de sacas separam o consumo do Brasil dos Estados Unidos, consumimos cerca de 1.350 xícaras per capita, com crescimento sazonal em maio e junho. A relação do brasileiro com café é emocional, união, reunião entre amigos e família”, pontuou. 

Para fechar, Rodrigo Mattos, analista sênior de bebidas alcoólicas, café e cannabis da Euromonitor, apresentou sobre o mercado asiático, que tem descoberto os cafés especiais em um mercado baseado no uso do solúvel. “As três tendências que podemos avaliar é a tecnologia, com aplicativos de entrega, avanços em máquinas de venda automática; portabilidade, com aumento dos drinques prontos para beber e os métodos de preparo individual como sachês de café gelado e café instantâneo especializado; e a atenção pós-pandemia, com horários de trabalho flexíveis, aumento do uso de aplicativos, preferência por experiências digitais rápidas. Além disso, é importante olhar o café como ingrediente e não só bebida final’’, explicou Rodrigo. 

A sequência do evento foi com o “Painel Associações Globais de Café” e contou com a participação de Eileen Gordon, Secretária Executiva ECF; Michael von Luehrte, Secretário geral SCTA; Bill Murray, Presidente e CEO NCA; Cyrille Janet, Vice-presidente SCTA; Marcos Matos, CEO do Cecafé; Hannelore Beerlandt, Conselheira do Café EC DG INTPA  sistemas alimentares resilientes e sustentáveis; e Vanúsia Nogueira, Diretora Executiva da OIC. O debate foi em torno da legislação europeia, que, segundo Hannelore, busca manter as florestas e os negócios sustentáveis. “O texto original diz que a legislação não é para impedir o desflorestamento, mas, sim, contribuir para sua diminuição’’.  

Vanusia Nogueira destacou que a OIC tem buscado trabalhar cada vez mais com a casa da diplomacia do setor de café especial. “Buscamos o equilíbrio entre os dois processos, trabalhando como uma força-tarefa trazendo processos com principais problemas, soluções e desafios, com o intuito de levar os países que estão longe do campo a conhecer mais a realidade e o que pode ser feito’’, explicou. 

A diretora executiva da OIC apontou que o consumidor está cada vez mais engajado e que busca conhecer sobre rastreabilidade e sustentabilidade, mas isso não é a realidade de muitos consumidores que compram o café por preço. “E aí que precisamos nos unir para explicar para essa cadeia sobre o que é o café especial’’, completou. 

Eileen Gordon pontuou a importância de acompanhar como será feita a implantação desse acordo da União Europeia e Michael Von completou dizendo que são muitos aspectos e direções até 2030. “É uma pauta muito complexa no legislativo europeu. Temos que ter regras claras de importação, os produtores precisam estar em conformidade com tudo que deverá ser entregue. Nosso papel como associação é levar para empresas e membros ferramentas para estar em conformidade com tudo isso’’, completou Michael. 

O Coffee Dinner & Summit contou, ainda, com um painel logístico de exportação de café e de sustentabilidade. Representantes do Vale da Grama apresentaram produtos da região aos participantes no estande do Sebrae, onde foram realizadas degustação e promoção dos cafés especiais da região. Segundo o gestor de Agronegócio da entidade, Junior Correia, há vários anos essa origem produtora se destaca pela produção e pela comercialização de cafés especiais, em uma área muito próspera para a cafeicultura.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Gabriela Kaneto

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Cooxupé lança protocolo de sustentabilidade para comunidade cafeeira global

A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (MG) apresentou para o mercado e consumidores de café o seu protocolo próprio de sustentabilidade chamado “Gerações”. O lançamento foi realizado pelo presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, na noite de 25 de maio, durante o fórum global Coffee Dinner & Summit, que aconteceu em São Paulo (SP)

Além de lançar o Protocolo Gerações, a Cooxupé foi homenageada pelo evento organizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em reconhecimento à liderança nas exportações de café pelo desempenho de 2022, quando a cooperativa exportou 5,6 milhões de sacas de café verde tipo arábica para 50 países.

Presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, recebe homenagem à cooperativa pelo desempenho nas exportações em 2022

Protocolo Gerações: Café para os consumidores mais exigente

De acordo com a Cooxupé, a adoção de práticas sustentáveis e a agenda ESG já fazem parte da realidade da cooperativa para garantir um futuro melhor aos mais de 18 mil cooperados e ter a qualidade e procedência do café produzido cada vez mais reconhecido diante das exigências do mercado e do consumidor.

O trabalho resultou na implantação do Protocolo Gerações, que define diretrizes e níveis para que a cooperativa e seus cooperados estejam integrados à nova realidade: de que a longevidade e a qualidade do grão estão profundamente ligadas a um sistema de produção economicamente sustentável, em harmonia com o meio ambiente e com os produtores, suas famílias e seus funcionários

Por meio do protocolo, a Cooxupé e seus cooperados vêm adotando as melhores práticas para garantir resiliência, além de aprimorar as condições de trabalho nas propriedades e, assim, produzir um café sustentável do ponto de vista social, ético e ambiental. “A maioria dos nossos cooperados representa a agricultura familiar, então nosso maior desafio é que todos integrem este programa inclusivo para serem beneficiados com maior competitividade no mercado e produzir um café que atenda o consumidor do futuro”, explica o presidente, Carlos Augusto

O protocolo inclui as diferentes realidades e variações de cada produtor, como tamanho de produção, recursos, entre outros fatores. Para garantir transparência nos processos, o Gerações traz quatro níveis diferentes de sustentabilidade. “Todos esses níveis congregam um conjunto de requisitos. Dessa forma, os cooperados são estimulados a cumprir com os compromissos mínimos de sustentabilidade (Nível 1), aumentando os comprometimentos para, assim, progredir aos demais níveis”, explica o presidente

O Protocolo Gerações foi desenvolvido em parceria com a SCS Global Service, órgão com 40 anos de experiência em certificação ambiental, de sustentabilidade e de qualidade de alimentos. “Os produtores estão conscientes e aceitando muito bem o modelo do nosso protocolo. Até porque é um programa inclusivo, transparente e muito representativo, pois tem o cooperativismo na sua essência. Porém, para fechar os demais pilares da sustentabilidade, será necessário envolvimento de todos os elos da cadeia. E, nesse sentido, estamos muito otimistas”, garante o superintendente comercial da Cooxupé, Luiz Fernando dos Reis

Outro objetivo da Cooxupé ao adotar e lançar o protocolo de sustentabilidade é a busca por preços justos e agregação de valor aos seus produtos. “Não há responsabilidade social e nem compromisso ambiental se não houver desenvolvimento econômico”, ressalta o superintendente

Para ele, a sustentabilidade e a agenda ESG são os desafios do momento e que a cooperativa deve comprovar ao mercado a qualidade do café comercializado. “A prática do cooperativismo fielmente desenvolvida na Cooxupé nos permite disponibilizar ao cooperado o suporte adequado para se adequar às diversas necessidades do mercado. Seja qual for a exigência, seremos resilientes e estaremos preparados para o futuro”, conclui Luiz Fernando.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Inscrições abertas para o Summit Empreendedoras do Café 2023

Com o objetivo de impulsionar a inovação e a transformação no setor cafeeiro, estão abertas as inscrições para o Summit Empreendedoras do Café 2023, que será realizado no dia 12 de maio, no teatro do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG).

O evento é promovido pela Associação Mulheres Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí, região da Mantiqueira de Minas, e contará com a presença de nomes importantes do mercado. A programação apresenta palestras, espaços para networking e exposições culturais, históricas e de produtos.

O destaque dos assuntos a serem abordados será a importância do café especial e da cafeicultura no território brasileiro, um produto de alta qualidade que apresenta características únicas de aroma, sabor e corpo, resultado de uma produção cuidadosa e sustentável.

“O evento é uma oportunidade única para os interessados e produtores de café aprenderem sobre inovação e tecnologia, fazerem conexões e se inspirarem com as visões de negócios”, ressaltou a cafeicultora e Presidente da Associação Mulheres Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí, Daniele Alckmin Carvalho Mohallem.

Uma das novidades do Summit será a presença do Museu do Café, de Santos (SP), que trará para o evento uma exposição itinerante sobre os Imigrantes do Café e, para o público infantil, o Cafezalzinho uma área exclusiva com o intuito de proporcionar experiências lúdicas e educativas às crianças e familiares.

Inscrições

Para participar, basta se inscrever no site ou pelo link. A entrada é gratuita e as vagas são limitadas. A organização solicita apenas a doação de um produto de limpeza, para que sejam encaminhados à instituições de caridade de Santa Rita do Sapucaí (MG). Veja a programação completa no site ou nas redes sociais do grupo.

Programação das palestras:

“Empreendedorismo: Realizar para protagonizar”, com Angelita Marisa Cadoná (presidente do Sicredi – Conexão)

Entrevista exclusiva direto de Londres com Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC). Entrevistadora: Luisa Nogueira (Play no Agro)

“ESG e crédito de carbono na prática – Como gerar valor ao seu negócio”, com Claudia Leite (Hilo Consultoria) e o produtor Eduardo Ferreira de Sousa (Fazenda Pedra Preta)

“Sucessão: Planejamento patrimonial, tributário e familiar. Aprenda com especialistas”, com Dr. Fernando Castellani (CCHDC) e Matheus Trolesi (IPECONT)

“Comercialização de cafés: Conheça novas realidades e oportunidades”, com Isabela Pascoal (Daterra Coffee), Edgard Bressani (Latitude Coffee) e Marcelo Pedrosa (Volcafé)

“Produção de café: Redução de custos, gestão, produtividade e inovações tecnológicas no campo”, com Gustavo Rennó (engenheiro agrônomo e apresentador do programa No Pé do Café)

“Agro é pertencer, é realizar, é evoluir”, com Camila Telles (produtora rural, comunicadora e especialista em marketing)

Sobre a Associação Mulheres Empreendedoras do Café

A Associação Mulheres Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí (MG) é uma entidade sem fins lucrativos, com o objetivo de fomentar o empreendedorismo feminino na cadeia do café, promovendo a capacitação e fortalecimento do setor.

O grupo, formado por 125 mulheres líderes em diversas frentes de trabalho em Santa Rita do Sapucaí, foi criado em 2018, quando quatro mulheres produtoras de café especial decidiram se unir para falar sobre cafeicultura e ganhar mais representatividade. Nesses cinco anos de atuação, o grupo tem se destacado no mercado com a produção de cafés especiais e o fortalecimento de relações, atraindo novas participantes.

Além disso, a Associação Mulheres Empreendedoras do Café promove eventos e cursos de capacitação para as associadas, com o objetivo de aprimorar as habilidades e competências das empreendedoras. As atividades incluem palestras, workshops, rodas de conversa e visitas técnicas, participações em feiras nacionais e internacionais de café, sempre voltadas para o desenvolvimento do setor cafeeiro e para o fortalecimento econômico de todos que fazem parte da rede. A instituição também promove atividades voltadas para educação nas escolas sobre o protagonismo e o desenvolvimento do café entre as gerações.

Serviço
Summit Empreendedoras do Café
Quando: 12 de abril
Horário: 8h
Onde: Inatel – Santa Rita do Sapucaí (MG)
Mais informações e inscrições: www.empreendedorasdocafesrs.com.br

TEXTO Redação

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Diretor geral do Cecafé aponta impacto das questões climáticas na produção do café

Marcos Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)

O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, conversou com a redação sobre as exportações do café brasileiro, o clima e a sustentabilidade. 

Nos dias 25 e 26 de maio ocorrerá o Coffee & Dinner Summit. Com o tema “Crescimento da produção: seus desafios e oportunidades em tempos de ESG”, o evento contará com a participação e contribuições de importantes atores do setor cafeeiro nacional e internacional – vindos principalmente de Europa, América do Norte e Ásia –, que debaterão sobre os desafios que a cafeicultura global vive ao longo dos últimos anos, como economia e tendências de mercado, questões climáticas, sustentabilidade, logística e as novas regulamentações voltadas a um mercado consumidor mais verde.

Marcos destaca que o Cecafé está envolvido em diversas ações para debater sobre a imagem do Brasil, programas de ESG, questões relacionadas ao desmatamento, limite máximo de resíduos, para, assim, apresentar as capacitações que são feitas, as boas práticas e todo trabalho primoroso do produtor brasileiro. “O evento vem para reconhecer os produtores e todos componentes da cadeia produtiva. No segundo dia teremos painéis de debates no qual discutiremos a economia e o consumo mundial, tendências, juros, inflação, além de conversas sobre a nova regra global do desmatamento, que é aplicada na União Europeia e replicada em países como os Estados Unidos’’, explica. 

A União Europeia aprovou, em dezembro do ano passado, as novas diretrizes para impedir a compra de produtos ligados às áreas de desmatamento global e dificultar a degradação florestal. As novas regras de importação podem afetar as compras de soja, café, carne bovina, cacau, madeira e óleo de palma. Produtos derivados e manufaturados como chocolate, papel impresso e móveis também deverão ser incluídos.

O evento também abordará as tendências do balanço de carbono. “O Cecafé, ao lado de associados, desenvolveu um trabalho de balanço de carbono em Minas Gerais e agora estamos estudando o Espírito Santo. Já identificamos, por exemplo, que o café arábica é carbono negativo. O balanço de carbono nada mais é que o índice para mostrar a agricultura regenerativa no ambiente tropical e vamos ver em breve o balanço de carbono no canéfora (conilon), para fazer com que seja reconhecido internacionalmente e, assim, criar uma plataforma de crédito de carbono das plataformas brasileiras”, comenta. Infelizmente os ingressos do evento já estão esgotados. 

Já sobre as exportações, o diretor geral aponta que, no primeiro trimestre, o Brasil exportou 8,4 milhões de sacas, uma queda de 23%, e as receitas cambiais foram de 1,8 bilhão de dólares, uma queda de 27,5%. “Esse padrão já vem sendo noticiado pelo Cecafé nesses meses de 2023 por conta da dinâmica do mercado. O Brasil está em uma entressafra e, não apenas de uma, estamos vindo de duas safras mais baixas. Desde a safra recorde em 2020, em que tivemos grandes volumes de produção, de exportação, de qualidade, de sustentabilidade, o Brasil passou por inúmeras anomalias climáticas, geadas, secas, o que resultou tanto na safra 2021, quanto na de 2022. Agora estamos na entressafra após essas duas baixas, então o café remanescente é cada vez menor e isso impõe desafios. É claro que no mês específico de março exportamos cerca de 3,1 milhões de sacas, um avanço em relação a fevereiro, quando exportamos 2,4 milhões de sacas, e ligeiramente superior ao mês de janeiro, no qual exportamos 3 milhões de sacas. Então esse patamar e essa dinâmica tem que ser observada em abril, lembrando sempre que a safra nova se aproxima e, obviamente, em períodos que temos menores exportações de canéfora e pela concorrência com a indústria interna, já que ele tem sido usado cada vez mais nos blends’’. 

Nos últimos tempos, muito tem se falado sobre o clima e os desafios para o cafeicultor. Marcos aponta que o café é sensível às anomalias climáticas, água, energia, temperatura, tudo isso impacta na formação, enchimento, expansão e maturação dos frutos. 

“A partir da safra 2020, tivemos um período que o Brasil teve recorde de produção, maiores números de exportação, cafés sustentáveis, de qualidade, e tivemos todas as variáveis fortemente alinhadas naquele ano. Após isso tivemos altas temperaturas ainda no final de 2020, períodos secos, depois no final de 2021 tivemos as geadas. Então, tudo isso nos resultou em duas safras seguidas baixas, porque o café é uma cultura perene. Questões climáticas muito sérias afetam mais de um ano de produção, isso não é novo. Entre 2014, 2015 e 2016, tivemos o café arábica sendo afetado por seca, de 2015 até 2019, o café conilon do Espírito Santo também foi afetado por períodos extremos de seca e levamos de 3 a 4 sacas para recuperar e, hoje, já temos plena expansão dos grãos da região. Então, para essa safra, especificamente, tivemos um verão chuvoso. O IBGE e a Conab estimaram safras recordes de grãos, e aqui entra soja, milho, algodão, ampla produção estimada. No caso do café, por ser uma fisiologia muito específica, estamos com uma safra boa. Tudo indica que teremos um ciclo mais equilibrado de dados climáticos. Temos que aguardar semana a semana, dia a dia. O clima é muito difícil de prever. Se o Brasil tiver dados climáticos adequados, vamos ter boas notícias na de 2023/2024 que vamos colher e, principalmente, a 2024/2025, que, aí sim, pode ser uma safra recorde. Temos que acompanhar as questões de perto. Sempre é difícil ter uma previsão do clima, mas o Brasil depende disso para ampliar sua produção e bater o recorde de 2020. Por isso, o seguro rural é tão importante para o produtor. Liquidez na comercialização como contratos futuros, gestão correta de riscos, gestão do custo de produção é importante’’, finaliza.

TEXTO Redação

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Destinos nacionais e internacionais para quem é fã de café!

Se tem algo que faz parte do cotidiano dos brasileiros, é o café. Além disso, o Brasil é o maior produtor e exportador do grão no mundo. Mas, apesar de toda essa importância, muitas pessoas nunca viram de perto uma lavoura cafeeira, ou tiveram a oportunidade de conhecer os processos por quais esse fruto passa até chegar na nossa xícara. Pensando nisso, a empresa de tecnologia Hurb, que conta com uma plataforma on-line de viagens, selecionou alguns destinos nacionais e internacionais que devem fazer parte do roteiro dos amantes do café.

Apesar de não ser reconhecida hoje como um dos maiores produtores do grão, identificou-se que a origem do coffea – nome científico da planta – leva à Etiópia. A lenda conta que os efeitos da ingestão desse produto natural foram constatados pela primeira vez no país africano por um pastor, que notou que seu rebanho de ovelhas percorria uma distância maior que a média depois de consumir os frutinhos. Depois disso, os habitantes da região quiseram experimentar esses mesmos efeitos, dando início ao consumo de uma das bebidas mais vendidas no mundo.

Historicamente, sua exportação começou a ser realizada pelo Oriente Médio, vizinho da Etiópia, graças ao seu papel medicinal. De lá, partiu para o Egito e continuou arrebatando apreciadores pela Turquia, até chegar ao continente europeu, onde passou a ser consumido pela nobreza.

Aqui no Brasil, a primeira muda de café chegou de forma clandestina em 1727, trazida por um sargento estrangeiro. Depois de tentativas de produção no Maranhão e no Rio de Janeiro, chegou a São Paulo e Minas Gerais, onde o plantio não só emplacou, como veio a consolidar um dos maiores ciclos econômicos do país, nos séculos XIX  e XX. Hoje, o grão ainda é uma das nossas principais commodities. De acordo com o Sumário Executivo do Café de 2022, produzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, suas lavouras ocupam cerca de 3,2% do território nacional, o que corresponde a quase 2 milhões de hectares. A produção do ano passado foi estimada em 55,7 milhões de sacas de 60 kg, e, no ano anterior, mais de 40 milhões dessas sacas foram destinadas à exportação.

Além do país ser o principal produtor do mundo, os brasileiros também são grandes consumidores da bebida, ficando atrás apenas dos estadunidenses. Sobre o tema, o Hurb recebeu o barista Emerson Nascimento, especialista em latte art e campeão nacional de Coffee in Good Spirits em 2017 e 2020, para um bate-papo.

Mas, voltando à origem, Minas Gerais, principal produtor nacional, conta com a Rota do Café, que se estende por 35 km, passando por cidades como Carmo de Minas e São Lourenço, na região da Serra da Mantiqueira. Com uma combinação entre solo, temperatura e altitude ideais – chamado pelos especialistas no assunto de terroir -, Carmo de Minas surpreende pela produção do café arábica, umas das espécies de maior consumo mundial. Já a cidade vizinha, São Lourenço, oferece experiências alternativas, como um relaxante banho de banheira com aroma de café, acompanhado de massagem nos pés e ducha escocesa.  

No Nordeste, a Rota Verde do Café corta o sertão cearense passando pelos municípios de Guaramiranga, Mulungu, Pacoti e Baturité. Cultivado na penumbra, o café da sombra é produto de destaque do estado. Sem receber luz direta do sol, o solo rico é umedecido pelo orvalho das árvores, possibilitando o cultivo desse produto único.

A cafeicultura também acontece na Bahia, graças ao clima ameno nas altitudes da Chapada Diamantina. No top 10 nacional da premiação Cup of Excellence, que avalia anualmente os melhores grãos do Brasil e do mundo, seis são de fazendas da Chapada, inclusive o primeiro lugar, produzido pela Fazenda Tijuco.

No município de Serra Negra, em São Paulo, a Rota Turística do Café, reconhecida pelo Ministério do Turismo, abriga cafezais em meio à região de Mata Atlântica. Além de conhecer a produção dos seus cafés especiais, a região oferece mais atrações aos turistas, como passeios por alambiques, cachoeiras, destilarias, entre outros.

Já o Vale do Café compreende 15 municípios do Rio de Janeiro, na região conhecida como Vale do Paraíba, que compreende o sul do estado. Na década de 1860, eles foram responsáveis pela produção de 75% de todo o café consumido no mundo e, segundo a ABIH-RJ, 30 fazendas do vale estão abertas à visitação. Com a popularização do café gourmet, o trecho já aparece entre os cinco mais atrativos para o turismo no estado. 

No sul brasileiro, o Paraná teve um papel importante para produção cafeeira na história brasileira, até ser atingido por intensas geadas nas décadas de 1960 e 1970, que prejudicaram o potencial produtivo do solo. A Rota do Café paranaense cruza nove municípios e inclui atividades voltadas especialmente para esse público, como cardápios que ressaltam seu sabor e a Semana do Café, evento anual que realiza experiências gastronômicas e interativas no Museu Histórico de Londrina.

Para quem está disposto a sair do Brasil em busca de novos sabores e conhecimentos, Colômbia, Cuba e Estados Unidos são alguns dos destinos mais próximos que fazem parte da história de produção e cultura do café.

Com toda uma tradição de consumo, que vai muito além de uma fonte de energia para começar o dia, o café colombiano é aclamado em todo o mundo. Na capital Bogotá, cafeterias especializadas investem em grãos in natura, ou seja, sem passar pelo processo de torra, de pequenos produtores locais. Na produção, o Triângulo do Café Colombiano – que compreende os estados de Caldas, Quindío e Risaralda – concentra grande parte da produção nacional.

Em Havana, o encorpado espresso cubano faz parte da maioria das refeições, sendo servido em grande parte dos restaurantes. Por isso, não é difícil achar uma boa bebida na capital, onde evitam-se as versões no estilo americano, como as popularizadas pela rede Starbucks, original de Seattle. A cidade norte-americana é mais um destino  que pode ser incluído na lista dos amantes do café. Ainda que a cadeia mundial de cafeterias não seja a primeira opção daqueles que valorizam um bom café, sua fundação ocupa um papel na recente popularização do café. Além disso, Seattle conta com muitas opções de negócios menores voltados para produtos artesanais.

Já quem pretende chegar ainda mais longe pode embarcar para Austrália e Taiwan. No primeiro, as cafeterias se popularizaram como lugar de encontro após um movimento popular que visava diminuir o consumo alcoólico no país. Hoje, a terra dos cangurus tem cafés com longas filas na entrada, arquitetura e estilos diferenciados e produtos especiais. Já Taipei, em Taiwan, é mais uma das cidades impactadas pela popularização do café, que entra nesse roteiro graças às lojas temáticas de todos os tipos, além do povo simpático e receptivo aos turistas. Afinal, um bom café fica ainda melhor em boa companhia.

TEXTO Redação

CafezalMercado

Em visita ao Brasil, CEO da Fairtrade Global comenta sobre produção cafeeira

Sandra Uwera, CEO da Fairtrade Global – Foto: Julio Huber/Nova Comunicação

Na última sexta-feira (31/03) tivemos o prazer de acompanhar a visita da CEO da Fairtrade Global, Sandra Uwera, à loja da Ben & Jerry’s, na Oscar Freire, em São Paulo (SP). A marca utiliza ingredientes com certificação Fairtrade e destaca que apoia um movimento global que trabalha para garantir que pequenos agricultores de países em desenvolvimento consigam sobreviver no competitivo mercado global.

Sandra é de Ruanda, cresceu ali e no Quênia. Possui um Master of Science (MSc) em Planejamento Estratégico, um Bacharel em Comunicações Corporativas e realizou treinamento profissional avançado em política e direito de comércio internacional, inclusão digital e liderança para a sustentabilidade dos negócios. Ela faz parte de vários conselhos na África e internacionalmente.

Segundo ela, foi uma grande alegria quando recebeu a proposta para CEO da Fairtrade. “Fiquei muito feliz em representar uma organização tão nobre, principalmente pelos valores muito fortes, que envolvem promoção e boas condições para os produtores, considerando justiça social num nível global, com a certeza de que os produtores sejam ouvidos. Posso representá-los em reuniões e lutar por condições melhores’’.

Sandra chega ao Comércio Justo com uma vasta experiência na África e traz um conjunto único de habilidades, perspectivas e relacionamentos. Recentemente, atuou como CEO do COMESA Business Council (CBC), organização de membros empresariais na África, que é uma instituição do setor privado do Mercado Comum para a África Oriental e Sul (COMESA), que representa 34 setores empresariais em 21 países.

Foto: Julio Huber/Nova Comunicação

Fairtrade International é uma organização global que trabalha para garantir melhores condições de trabalho para fazendeiros e operários através do Comércio Justo, que é um modelo comercial que coloca o ser humano e a sustentabilidade social, econômica e ambiental das sociedades no centro, dignificando o trabalho, respeitando o meio ambiente e promovendo uma gestão responsável e sustentável dos recursos naturais. Se baseia em relações comerciais nas quais existem solidariedade, equidade e justiça, e, definitivamente, contribui para a melhoria das condições de vida das famílias produtoras e trabalhadoras em todo o mundo.

Em relação ao café brasileiro, Sandra destaca que o Brasil, como maior exportador de café, traz o desafio do custo de produção. “Com as crescentes condições econômicas em todo o mundo, vimos muitos produtores sofrerem em termos de altos custos de negócios. Vimos cair os preços do café que eram muito fortes no início dos anos 2000. Vimos os desafios de nossos clientes deixarem de comprar café por causa do poder aquisitivo fraco, com menos dinheiro no bolso, e o café sempre foi vendido como um produto de alto valor. E a parte boa é que é um produto que não sairá do mercado, sempre haverá demanda’’, explica. 

Mas a CEO completa que isso não reflete como os produtores estão se saindo no campo: “A gente descobre que muitos produtores estão operando dentro de sistemas e processos de altos impostos. Eles estão enfrentando desafios em termos de instalação das plantas e de processamento correto. Tenho certeza de que alguns dos desafios que você enfrenta em termos de como você limpa seu café, por exemplo, pode ser atualizado’’. 

O objetivo com o comércio justo é melhorar as condições de operação dentro dos setores e esse também é o caso do Brasil. Sandra aponta que ainda é muito importante que as empresas maiores sejam fornecedoras e que hoje os produtores estão mais atentos a investir nas instalações, nas facilidades operacionais, nas tabelas salariais, nos salários que todos os requisitos que podem ajudar este setor a se tornar mais lucrativo dentro do comércio justo.

“É muito interesse em garantir que esse setor que você conhece seja fortalecido e cresça na perspectiva dos produtores. São muitos os desafios, como a mudança climática, instalações precárias e operacionais, e é por isso que recentemente aumentamos nosso preço mínimo para café orgânico e café lavado, para que possamos criar uma rede de segurança para os produtores, para que não sejam afetados por todos os problemas”.

Em relação ao Brasil, o que mais a impressionou foi a riqueza em termos de agricultura. “É um país lindo, com pessoas muito engajadas e dedicadas em melhorar sua produção”. Sandra e equipe visitaram também a Coperfam – Cooperativa de Laranja e puderam acompanhar a produção e todo o processo de comercialização da fruta. 

Foto: Julio Huber/Nova Comunicação

Mulheres na produção 

Quem também acompanhou essa visita foi a produtora e presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam), Vânia Lucia Pereira da Silva, que destaca que a cooperativa foi uma das primeiras a ter o certificado Fairtrade.  

O movimento na região começou na década de 80, quando os produtores já tinham um café orgânico, mas sem muita ideia do que era isso. “Com muita pesquisa e trabalho, foram percebendo e entendendo sobre o café, até que viram que podiam certificar e assim veio a Fairtrade, todo um novo trabalho e a criação de uma associação de pequenos agricultores familiares da região’’, conta Vânia. 

Vânia Lucia Pereira da Silva, produtora e presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam) – Foto: Coopfam

A Coopfam foi criada em 2003 e busca qualidade de vida, respeito e preservação da natureza, sem agrotóxico. “Hoje somos aproximadamente 500 cooperados e mais de 90% do nosso café é exportado para 14 países’’, conta Vânia.

Ela destaca que a mulher foi conquistando cada vez mais espaço: “Já tínhamos um papel em todo o processo, menos na comercialização. Até que uma mulher ficou viúva e teve que ir numa assembleia sozinha, com muitos homens. Então, as mulheres foram dar uma força para ela e perceberam que tinham que estar nesse espaço também. Começaram a se organizar, formando o grupo MOBI – Mulheres Organizadas em Busca de Igualdade, em 2006, e aí veio o trabalho de diagnóstico com esposa dos cooperados, para entender como estavam. Hoje temos um processo de conscientização e transformação do grão à xícara’’. 

Vânia, que também é produtora de café, fez parte deste processo de construção coletiva. Primeiro, ela ocupou um dos espaços de coordenação da Rede Orgânicos Sul de Minas, com o projeto das rosas orgânicas. Dentro da Coopfam, ela foi indicada para a chapa da diretoria em 2016, pelo grupo MOBI, para concorrer à diretoria. Foi uma surpresa para ela quando esteve restrita ao grupo menor indicado para votação para diretoria. “Uma mulher assumir a presidência de uma cooperativa de café realmente é histórico. Eu participo de várias reuniões e busco saber se há mulheres presidentes de cooperativas de café e acho que sou pioneira nessa questão aqui em Minas Gerais”, contou.

TEXTO Natália Camoleze