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Cooxupé é primeira cooperativa do mundo com protocolo de sustentabilidade reconhecido pela GCP

A Cooxupé é a primeira cooperativa do mundo a ter seu protocolo de sustentabilidade reconhecido pela  Plataforma Global do Café (GCP).

O protocolo em questão é o Gerações, que foi aceito como equivalente ao Código de Referência de Sustentabilidade do Café da GCP, desenvolvido como parâmetro para que o setor cafeeiro se alinhe às práticas e princípios fundamentais de sustentabilidade, abrangendo as dimensões econômica, social e ambiental (ESG).

A cooperativa atua em mais de 340 municípios do Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e Média Mogiana do estado de São Paulo. Para fazer esse reconhecimento, a GCP utilizou o Mecanismo de Equivalência, sistema para implementação na cafeicultura e que também inclui requisitos de governança, definição de padrões, garantia, dados e reivindicações. Para assegurar a integridade do processo, a GCP faz parceria com o International Trade Center (ITC), que avalia rigorosamente os programas.

De acordo com a Cooxupé, o Protocolo Gerações foi desenvolvido por uma equipe técnica brasileira e específica para plantações de café em clima tropical, considerando diversidade e  preservando a singularidade de cada agricultor em cada bioma.

“É de suma importância avançarmos fundamentados nos três pilares da sustentabilidade”, diz Luiz Fernando dos Reis, superintendente comercial da Cooxupé. Para ele, ser membro da GCP e equivalente ao Código mantém a cooperativa alinhada com os esforços globais em direção à sustentabilidade em toda a cadeia do café.

TEXTO Redação • FOTO Cooxupé

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As inscrições para o Coffee of the Year 2024 estão abertas

A partir desta sexta-feira (9), as inscrições para o Coffee of the Year 2024 estão abertas. O prêmio tem como objetivo reunir os melhores cafés do Brasil e eleger os grandes destaques do ano, incentivando o desenvolvimento e o aprimoramento da produção nacional e a divulgação de novas origens.

Produtores de todo o Brasil podem registrar seus melhores cafés, nas categorias arábica e canéfora, por R$ 180. Neste ano, o prazo de recebimento das amostras (4 kg) pela IFSULDEMINAS – Campus Machado (confira o endereço no fim deste post), é 7 de outubro. É permitida apenas uma inscrição por CPF. Acesse aqui o regulamento da edição.

O Coffee of the Year

A dinâmica do concurso consiste no recebimento das amostras, que serão submetidas a um processo de avaliação por uma Comissão de Julgadores formada por especialistas nacionais. Serão selecionadas as 180 melhores amostras, sendo 150 de arábica e 30 de canéfora. 

As amostras serão disponibilizadas durante a Semana Internacional do Café, que acontece em Belo Horizonte, na sala Cupping&Negócios. Do total, os 10 melhores arábicas e os 5 melhores canéforas participam do voto popular através de degustação às cegas, pelo método filtrado, nas garrafas térmicas disponibilizadas nos dois primeiros dias de evento (20 e 21 de novembro). A cerimônia de premiação acontece na tarde do último dia de SIC, 22 de novembro.

Atenção: A ficha da amostra, devidamente preenchida (digitada), deve ser assinada pelo produtor e encaminhada com a amostra de 4 kg para o endereço abaixo:

Envio das amostras:
IFSULDEMINAS – CAMPUS MACHADO
A/C PROFESSOR LEANDRO PAIVA – NÚCLEO DE QUALIDADE DE CAFÉ CONCURSO COFFEE OF THE YEAR 2024/ SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ
RODOVIA MACHADO PARAGUAÇU KM 03 – BAIRRO SANTO ANTÔNIO
CEP 37750-000 – MACHADO (MG) 

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

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3corações abre inscrições para Concurso Florada Premiada

Cafeicultoras de arábica e canéfora brasileiras têm até 20 de setembro para se inscreverem no Concurso Florada Premiada, da 3corações. A disputa, em sua 7ª edição, busca valorizar e gerar renda para produtoras de cafés especiais, e acontece em parceria com o especialista Silvio Leite e com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Clique aqui para se inscrever.

Neste ano, a premiação chega a R$ 150 mil em dinheiro, além de uma viagem para o Peru (com acompanhante) e de embalagens personalizadas. Os lotes campeões também serão comprados pelo dobro da cotação de mercado e por R$ 300 acima da cotação final. Ainda, as campeãs terão seu microlote à venda no e-commerce exclusivo do Grupo 3corações, o Mercafé.

A cerimônia de premiação está prevista para 22 de novembro e faz parte da programação da Semana Internacional do Café, que acontece de 20 a 22 de novembro no Expominas, em Belo Horizonte (MG).

O regulamento completo pode ser consultado aqui. Mais informações no WhatsApp (11) 99280-1742.

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

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Estudo avalia a adaptabilidade ao clima com qualidade na xícara da variedade conilon

Como o clima afeta a “plasticidade fenotípica” nos cafés canéfora? Foi com esta pergunta, de terminologia aparentemente complicada, que pesquisadores do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), da Embrapa Café e da Universidade da Flórida desenvolveram um estudo para compreender melhor o comportamento da espécie em diferentes ambientes – especialmente, os de altitude.

Plasticidade fenotípica é um termo técnico que se refere à capacidade de uma planta (no caso, o café) ajustar suas características observáveis em resposta a diferentes condições ambientais. 

A pesquisa, publicada este mês na Crop Science, um dos mais importantes periódicos de ciências agrárias do mundo, incluiu ambientes com altitudes diferentes no Espírito Santo, além de combinar análises genômicas e de genótipo da variedade conilon para cada um deles durante cinco anos (entre 2017 e 2022).

Os experimentos foram feitos em altitudes entre 620 e 720 m nos municípios de Venda Nova do Imigrante (na Fazenda Experimental do Incaper), Iúna e Santa Teresa, tradicionais regiões produtoras de arábica. Os cafés foram sensorialmente avaliados por Q-Graders no Laboratório de Análise e Pesquisa em Café do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Campus Venda Nova do Imigrante.

Os resultados sugerem que o conilon pode ser “climaticamente inteligente”, ou seja, flexível e com grande variabilidade, capaz de se adaptar aos efeitos da crise climática mantendo bom desempenho de produtividade (60 sacas/ha) e qualidade de bebida. A pesquisa foi financiada com recursos do Consórcio Pesquisa Café e teve a colaboração de produtores rurais. 

Para quem quer saber mais

A produção de arábica, que representa cerca de 60% do mercado global de café, tem projeções severas de redução devido à sua maior fragilidade às mudanças climáticas: estimativas indicam que, até 2050, pode haver uma diminuição de plantio na ordem de 80%.

Mais adaptada a climas mais quentes, mais resistente a doenças e com maior variabilidade genética do que a espécie arábica, os cafés canéfora – conilon e robusta – são candidatos potenciais ao enfrentamento aos desafios climáticos, especialmente com a recente qualidade na xícara apresentada por ambas as variedades no Brasil.

Desenvolver cultivares resistentes ao clima é necessário e inclui plantas de café adaptadas a condições de plantio que possam atender à demanda por tolerância e qualidade. A plasticidade pode ajudar a mitigar o efeito prejudicial das mudanças climáticas. 

“Compreender sua dinâmica em ambientes alternativos pode abrir uma nova janela de oportunidades para realocar as práticas tradicionais de cultivo de café para climas mais adequados”, escrevem os pesquisadores do artigo.

Para responder à pergunta de como os efeitos climáticos impactam na plasticidade fenotípica do café, os parâmetros selecionados para estudo foram rendimento e qualidade da xícara avaliadas em cultivares de C. canephora e C. arabica

Ambas as espécies foram colocadas, separadamente, em três locais de altas altitudes e avaliadas por cinco anos para, entre outras coisas, identificar cultivares que possam combinar estabilidade e alto desempenho fenotípico em múltiplos ambientes e comparar a plasticidade fenotípica das cultivares de C. canephora e C. arabica avaliadas em ambientes alternativos.

Os pesquisadores chamam atenção para a possibilidade de selecionar cultivares de C. canephora mais adaptadas a regiões destinadas, primariamente, à produção de arábicas, combinando qualidade sensorial e altos níveis de produção, além de mostrar, por meio de estudos de simulação, a relevância do melhoramento a partir de técnicas de biologia molecular (como marcadores moleculares, por exemplo) para o futuro da cadeia do café.

Fontes: Incaper e o artigo científico, que pode ser baixado gratuitamente na Willey Library.

TEXTO Cristiana Couto

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Qualidade no campo e na xícara: a importância do concurso Coffee of the Year

A paixão pelo café continua a mesma, mas o que mudou nos últimos anos foi o perfil de muitos consumidores da bebida, que passaram a ter mais curiosidade sobre a origem daquilo que estão consumindo. Hoje é possível encontrar nas gôndolas dos supermercados pacotes com informações além das tradicionais. Região em que foi produzido, nome do cafeicultor e mesmo o da propriedade são dados que já estampam algumas embalagens conhecidas. Se você for mais a fundo e procurar por cafés de microtorrefações, por exemplo, ou direto do produtor, encontrará até informações sobre a espécie e a variedade daquele fruto, a altitude do local em que ele foi cultivado e o processo utilizado no pós-colheita: natural (seco com casca), cereja descascado (seco sem a casca e com a mucilagem) ou lavado
(seco sem a casca e sem a mucilagem).

Outra informação possível de encontrar diz se aquele café foi destaque em algum concurso de qualidade, o que é interpretado como algo bacana, uma vez que mostra que ele foi provado e avaliado positivamente por profissionais. Esses concursos podem abranger regiões específicas ou todo o Brasil, como é o caso do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, do Cup of Excellence, do Florada Premiada – 3corações e do Coffee of the Year – agora, sim, chegamos ao assunto principal desta matéria!

Criado em 2012, o Coffee of the Year tem como objetivo principal reunir os melhores cafés do Brasil e eleger os grandes destaques do ano nas categorias arábica e canéfora. Isso incentiva o desenvolvimento e o aprimoramento da produção nacional, difunde conhecimentos sobre as etapas de produção e joga luz sobre as origens produtoras. De lá para cá, a premiação já recebeu inúmeras amostras vindas de diferentes regiões brasileiras e alavancou negócios de diversos pequenos produtores que foram destaque nas edições.

“Se eu te falar que foi uma mudança incrível que aconteceu na minha família e na nossa produção de café…”, conta Afonso Lacerda, vencedor do COY na categoria arábica nos anos de 2016 e 2018. Ele, ao lado de sua esposa, Altilina, e de outros familiares, cultiva o fruto na famosa Dores do Rio Preto (ES), no Caparaó Capixaba, no Sítio Forquilha do Rio. Quarta geração de cafeicultores, Afonso começou a participar no segundo ano de realização do concurso. “Quando comecei, lá em 2013, não tinha experiência nenhuma. Fiquei até meio perdido no meio daquela feira daquele tamanho.” Hoje, depois de acumular dois troféus, ele é conhecido não apenas em sua região, mas também nos corredores da Semana Internacional do Café (SIC), o maior evento de café do Brasil e palco da premiação do COY. Apesar de cultivar cafés especiais desde 2010, ele conta que sentiu uma grande diferença nos negócios depois de ganhar as duas edições do prêmio. “Passamos a ser muito mais valorizados. As vendas de café só alavancaram de lá pra cá. Não precisamos mais correr atrás de compradores para comprar nossos cafés. Antes de terminar a colheita já está tudo vendido”, comemora.

Afonso e Altilina Lacerda, vencedores do COY na categoria arábica nos anos de 2016 e 2018

Outros produtores também vivenciaram a mesma experiência. No lado mineiro do Caparaó, Clayton Barrossa Monteiro, cafeicultor da Fazenda Ninho da Águia, foi o vencedor do concurso nos dois anos anteriores às premiações de Afonso, em 2014 e 2015. Com uma produção de 300 sacas por safra, ele conta que se apresentar como o melhor café do Brasil é um destaque muito grande. “A gente aproveitou bem essa visibilidade. Estamos em uma região que é turística, então recebemos muita gente aqui na fazenda, que acabou virando um ponto de referência e visitação. Hoje já temos cafés nas melhores cafeterias do mundo e com um destaque bem bacana, contando a nossa história e valorizando a nossa região.”

Mas, em meio a tanto café – uma vez que estamos no país que mais produz o grão no mundo –, como se manter em destaque? Desde 2013, ano em que enviou a primeira amostra para o Coffee of the Year, Clayton aponta o fato de estar sempre se reinventando como o maior aprendizado: “Melhorar a cada ano, buscar uma variedade diferente, tentar manter o padrão de qualidade e conseguir ter uma surpresa a mais para os seus clientes. Tem espaço para todo mundo, mas você tem que manter o seu em destaque também. Isso cria uma responsabilidade e as pessoas esperam que você vá se manter ali entre os melhores”.

Clayton Barrossa Monteiro, cafeicultor da Fazenda Ninho da Águia, vencedor do concurso em 2014 e 2015, na categoria arábica

Assim como os cafeicultores, o Coffee of the Year se reinventou e começou a ditar tendências, como é o caso da inclusão da categoria canéfora, em 2016 – até então uma novidade entre os concursos de qualidade –, e das menções honrosas para fermentação induzida arábica e fermentação induzida canéfora, em 2020 e 2021. Em 2022, o concurso registrou um número recorde de amostras inscritas: 500, vindas de 32 regiões produtoras. Isso reflete não somente diversidade, qualidade e tecnologia dos cafés brasileiros, mas também o interesse dos produtores em participar de concursos e aprimorar suas produções.

“Você não necessariamente precisa ganhar. Só de participar, com o seu nome sendo destaque, as pessoas já começam a te conhecer. Ganhando essa visibilidade, se souber aproveitar, com certeza terá uma melhoria grande nos negócios”, destaca Clayton. Já Afonso aconselha ser importante dar o primeiro passo, pois a experiência levada do concurso vale a pena: “Sempre falo para os meus amigos produtores que tem que participar, que só ganha quem participa. Às vezes as pessoas falam: ‘não participo porque meu café não é tão bom’. Mas às vezes a pessoa não sabe provar, não sabe se o café dela é bom de verdade. Ela tem que aprender a provar, acreditar no trabalho e botar o café na competição. Aprendi que você não pode desistir nunca. Você só vence uma competição se você estiver disputando”.

Como funciona o Coffee of the Year

O concurso visa premiar cafeicultores que investem em suas lavouras e se dedicam a oferecer aos compradores uma bebida com qualidade. “A preparação começa no início da colheita. Vai colhendo e provando cada lote para descobrir qual é o melhor para participar, qual tem o perfil mais adequado para cada competição”, comenta Afonso. Depois de selecionada, a amostra (de 5 quilos) é enviada ao IF Sul de Minas – Campus Machado, onde parte fica retida para contraprova e parte é disponibilizada para a comissão julgadora e para as salas de cupping da Semana Internacional do Café.

Todas as amostras de café verde inscritas e recebidas são numeradas e codificadas, sem nenhuma identificação do produtor. “As amostras de café verde são classificadas quanto ao aspecto, à seca, à cor, à porcentagem de peneiras, ao tipo, ao teor de umidade e à qualidade da bebida. Passam por avaliação física, que tem caráter eliminatório, e, em seguida, por avaliação sensorial, para fins de classificação”, destaca Leandro Paiva, coordenador no concurso. As amostras de café que não atendem aos requisitos mínimos exigidos são desclassificadas, enquanto que as amostras selecionadas para participar da SIC são torradas pelos organizadores da competição dentro dos padrões de cupping profissional.

“O processo de seleção dos cafés que integrarão o prêmio se dá pela análise às cegas pela comissão julgadora, que avalia dez itens de qualidade, seguindo os protocolos da Specialty Coffee Association (SCA) de avaliação sensorial, que são aroma, sabor, aftertaste (retrogosto), acidez, corpo, uniformidade, balanço, xícara limpa, doçura e nota total”, explica o coordenador. Essa avaliação é feita por profissionais Q-Graders e R-Graders licenciados pela Coffee Quality Institute (CQI), vindos de diferentes partes do Brasil.

As quinze melhores amostras classificadas, dez de arábica e cinco de canéfora, vão para a final do concurso. Durante os três dias de feira, elas ficam disponíveis em garrafas térmicas codificadas para que o público visitante possa degustar às cegas e votar em sua favorita em cada categoria. Ao final, somam-se as notas dos avaliadores profissionais às dos consumidores. Em cerimônia de premiação realizada no último dia de evento, é revelada a ordem de colocação dos cafeicultores finalistas!

Texto originalmente publicado na edição #80 (junho, julho e agosto de 2023) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto

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Campanha do Cerrado Mineiro combate uso irregular da Denominação de Origem da região

Para combater o uso indevido de sua denominação, a Região do Cerrado Mineiro lançou a campanha “A verdade é rastreável – promovendo o autêntico Cerrado Mineiro”. A iniciativa busca conscientizar a cadeia cafeeira e a população da importância de consumir cafés autênticos, além de reforçar o valor do selo de origem controlada “Cerrado Mineiro”. 

Uso indevido ou infração às normas da Federação dos Cafeicultores do Cerrado é toda a embalagem – de café verde ou industrializado (torrado e moído) – que comunica a denominação “Cerrado Mineiro” sem que o lote tenha passado pelo processo de certificação de origem e qualidade da Região do Cerrado Mineiro, que tem o registro de Denominação de Origem assegurado pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). 

“Se um café está comunicando em sua embalagem ‘Cerrado Mineiro’ mas não passou pela certificação da Federação, quem garante que a procedência dele é, de fato, o Cerrado Mineiro?”, questiona Juliano Tarabal, diretor-executivo da Federação. “E mais, quem garante a qualidade mínima necessária e o processo de produção deste café?”, completa.

A nova campanha, que também busca promover a valorização do café certificado com o selo nos mercados nacional e internacional, conta com a participação de cafeicultores, exportadores, torrefadores e consumidores que são referência na região. A divulgação inclui redes sociais, áudios e vídeos, materiais impressos como banners e outdoors, totens, entre outros itens promocionais, como camisetas, copos térmicos e bottons. 

O que é Denominação de Origem?

A Denominação de Origem (DO) é um selo de qualidade que identifica produtos originários de uma região específica e que possuem características singulares e diferenciadas, resultado de fatores geográficos, climáticos e culturais. No caso dos cafés da Região do Cerrado Mineiro, essa certificação garante que o produto foi cultivado e processado na área correspondente a 55 municípios e por um dos 4,5 mil produtores que seguiram padrões de qualidade e sustentabilidade, além de  garantir a rastreabilidade.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

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Nestlé lança nova variedade de café arábica no Brasil

A partir de métodos tradicionais de melhoramento genético, cientistas da Nestlé desenvolveram a star 4, uma nova variedade de café arábica de alto rendimento, “substancialmente superior ao das variedades mais utilizadas”, segundo Jeroen Dijkman, head do Instituto de Ciências Agrícolas da Nestlé.

A nova variedade, de acordo com a multinacional, vem na esteira de mitigar o impacto das mudanças climáticas na cadeia de fornecimento do café, com emissões menores de gases do efeito estufa oriundos do cultivo do grão – segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change, em inglês, ou IPPC), a área para o cultivo de arábica pode ser reduzida em mais de 50% até 2050.

Além disso, a star 4, que já está registrada, é resistente à ferrugem – doença foliar causada por fungos que ameaça as lavouras de café –, e tem grãos maiores. Segundo a empresa, o alto rendimento também contribui para práticas agrícolas mais sustentáveis. A variedade foi desenvolvida em São Paulo e em Minas Gerais, em parceria com a Fundação Procafé. A nova variedade tem, de acordo com a empresa, “sabor característico do café brasileiro”.

Além do desenvolvimento da star 4, a Nestlé desenvolveu, recentemente, duas variedades de canéfora (roubi 1 e roubi 2), que estão sendo lançadas no México.

Em 2022, a multinacional lançou um Quadro de Agricultura Regenerativa, como apoio para alcançar sua meta de sustentabilidade líquida zero até 2050. No mesmo ano, lançou, ainda, seu Plano Nescafé, ao custo de US$ 1 bilhão, com iniciativas para melhorar a sustentabilidade no cultivo de café e auxiliar agricultores na transição para práticas de agricultura regenerativa até 2030.

TEXTO Fonte: Nestlé, ESG Today • FOTO Jéssica Luisa

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Região de Garça: a nova origem do café paulista

O que tem de especial nos grãos de Garça, um dos 15 municípios do centro-oeste paulista que pertence à mais recente Indicação Geográfica do estado, conquistada em 2022

Escultura na entrada de Garça

O ônibus vai se aproximando de Garça e, pela janela, é possível ver os pés de café à beira da estrada. Ao chegar à cidade, as placas já anunciam: “compro café verde”, “vendem-se mudas de café”. Na rotatória, há uma escultura de um trabalhador rural abanando o café na peneira – sinal da sua tradição na produção do grão.

Pelas ruas, muitos caminhões enfileiram-se nos vários armazéns. Eles aguardam para ser carregados de sacas do café, que, antes, era transportado pela estrada de ferro da Linha Tronco Oeste da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF). Por vezes, os trens saíam diretamente do armazém da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para seus destinos. O armazém funciona até hoje, com os trilhos aposentados, e guarda sacas de mais de 60 anos.

Armazém da Conab

A região de Garça é uma das mais recentes das 15 Indicações Geográficas de café do Brasil. A IG, de 2022, abarca 15 municípios do oeste paulista. Um dos maiores polos cafeeiros e de tecnologia (não só) agrícola do estado, Garça vem investindo, cada vez mais, na qualidade de seus cafés.

“Todo lugar planta café bom e café para commodity, a questão é qual o foco que se escolhe trabalhar”, diz Cassiano Tosta, produtor e presidente da Associação dos Cafés Especiais de Garça. Hoje, cerca de 30% do que se colhe na região são cafés especiais, fruto do incentivo trazido pela IG. Desde então, a ideia é identificar as oportunidades para o próximo passo, que é o reconhecimento de características únicas para o pedido de uma Denominação de Origem.

A IG Região de Garça, que é uma Indicação de Procedência, aponta que aquele local tem ligações históricas, vocação para o ofício e que se tornou conhecido como centro de produção de café. A conquista foi possível graças à união de um grupo de produtores, por meio do Conselho do Café da Região de Garça (Congarça), que enxergou que o grão da região merecia ter maior valor agregado. O trabalho com a cadeia produtiva começou a ganhar corpo em 2018, com concursos de qualidade e educação profissional.

Eles estavam certos. Alguns dos cafés inscritos no concurso e avaliados por juízes da Associação Brasileira de Classificadores e Degustadores (ABCD) atingiram 89 pontos. O pedido de IG foi protocolado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2020 e concedido em novembro de 2022. “Agora estamos na fase de capacitar e conceder os selos aos que estão aptos a usá-lo”, explica Tamis Lustri, presidente do Congarça.

Nada mais justo para uma região que tem até uma cidade chamada Cafelândia entre suas localidades, e que teve a primeira cooperativa nacional de produtores a exportar o grão, a Garcafé (as atividades estão suspensas, com planos de retomada nos próximos anos). Já Garça, município que concentra a organização regional e fica a 405 km da capital do estado, tem pouco mais de 44 mil habitantes e café nas artérias e no seu DNA. Prestes a completar cem anos de fundação, a cidade nasceu como povoado com a expansão da cafeicultura para o centro-oeste paulista no fim do século XIX.Foi em Garça que a Espresso conheceu um pouco mais sobre os diferentes modos de trabalhar em busca da qualidade e da identidade da produção local.

Tecnologia e serviços

Além do café – ou por causa dele –, a região é um polo tecnológico no estado de São Paulo. Uma das gigantes do ramo de automação, por exemplo, é de Garça, a PPA. Também é de lá, da cidade de Pompeia, a Jacto, fabricante de maquinário agrícola que revolucionou as lavouras no início dos anos 1980 com a colheitadeira de café que, em terrenos planos ou com pouca inclinação como os do planalto local, substituiu a mão de obra de 30 a 40 pessoas.

Os tubetes para mudas também são crias da região, que agora os utiliza para mudas francas (a partir de uma única cultivar) e enxertadas. A enxertia de robustas nos arábicas é uma das inovações das lavouras locais.

“Na parte de baixo, como cavalo, usamos uma base de robusta, e, na parte de cima, colocamos as cultivares de arábica”, explica Gabriel Correa, do Viveiro Alta Paulista, que produz exclusivamente mudas de café. O processo é delicado e feito a mão com uso de lâminas de barbear para abrir, no “caule” do robusta, a fenda que receberá o arábica.

Viveiro Alta Paulista

Não há interferência do robusta no sensorial dos grãos arábica, mas a planta, por ter 50% a mais de raízes, é mais resistente a estresses hídricos e a pragas como os nematoides. O resultado, que muitos cafeicultores já atestam, é de um aumento de 50% na produção em relação à muda franca já no primeiro ano.

Na outra ponta, a cidade também tem quem invista na qualidade da armazenagem do café verde, como José Olavo Boechat, da Garça Armazéns. “Meu avô era viveirista de mudas, minha família também é produtora e investimos nesse serviço”, conta Boechat. “Trouxemos um Q-Grader e temos um departamento de rebeneficiamento e de qualidade, pois é uma questão de confiança guardar o café dos outros”, detalha. O galpão, com capacidade para 35 mil sacas, tem atualmente 50 produtores entre os clientes e fica em uma ampla avenida da cidade. O Garça Armazéns chama atenção pelo grafite nas paredes externas, que homenageia a cadeia produtiva do café.

Garça Armazéns

Meio ambiente

A Fazenda Figueira Agroflorestal está na mesma família há quatro gerações e, desde 2018, passa por um processo que enxerga não só café, mas todo um ecossistema que precisa estar em harmonia. A proposta de cultivar café em sistema de agrofloresta vem do casal Larissa Cirillo de Rezende Barbosa e Marcelo de Rezende Barbosa, que busca aplicar os conceitos de sintropia, permacultura e agricultura orgânica e biodinâmica na região.

“Estamos plantando o café consorciado com pupunha e mandioca e sombreado por madeira nativa”, explica Marcelo, que também produz plântulas (embrião que resultará na muda) de espécies nativas e sabe que é preciso tempo e dedicação para obter resultados.

Na busca pela sustentabilidade e vivendo ao lado de uma área de reserva ambiental de mata atlântica de planalto, eles têm em sua propriedade uma zona tampão de proteção para a fauna e a flora locais. Esse convívio é fundamental para preservar as nascentes e a água na região, e para que o café possa integrar-se e se adaptar da melhor forma possível aos efeitos da crise climática.

Campo novo

Em 2014, o pai de Cassiano Tosta estava decidido a vender o sítio da família, onde produzia café desde a década de 1970. Morando e trabalhando com comunicação em São Paulo, Cassiano não concordou com a ideia e resolveu, literalmente, mudar sua atividade para outro campo.

Logo de cara resolveu investir nos cafés especiais e suas possibilidades. “Sempre fui apaixonado por café, ficava tomando em casa e fazendo experiências com canela, casca de laranja… aí, voltei pra minha cidade natal e fui estudar”, recorda.

Cassiano anexou outro sítio à propriedade e, hoje em dia, é um pequeno produtor com 14 hectares de café, que geram 30% de grãos especiais que ele processa, torra e comercializa com a marca Café Alta Paulista. Lá, ele investe nas mudas enxertadas, no pós-colheita e em tudo que possa melhorar a qualidade da bebida na xícara. Como presidente da Associação de Cafés Especiais de Garça e membro do Congarça, Cassiano trabalha pela capacitação de toda a cadeia e pela divulgação da região.

As colheitas têm sido boas: os cafés de sua família já ganharam e ficam sempre bem colocados no concurso local, criado em 2018. No ano passado, ficaram em terceiro lugar no 22o Concurso Estadual de Qualidade do Café, com grãos de 89 pontos.

Produtividade

As linhas dos cafeeiros desenham o horizonte a perder de vista. É deles que Albino Moreira Alves tira uma produtividade de 50 a 60 sacas de café por hectare. Isso é possível graças ao investimento na mecanização, na tecnologia e no manejo: hoje, ele e dois funcionários cuidam dos 80 hectares plantados.

Albino é engenheiro de formação, trabalhava com fibra óptica, mas, assim como Cassiano, resolveu voltar às origens: doze anos atrás, comprou a fazenda e investiu na cafeicultura. “Meus pais eram lavradores e arrendavam terras nessa região”, conta.

Todos os processos são mecanizados, com 100% das lavouras irrigadas e adubação de liberação lenta. A escolha de cultivares distintos permite obter colheitas recentes, medianas e tardias. Todo o processamento é feito na fazenda e os cafés de Albino venceram quatro das seis edições do concurso local, além de boas colocações no estadual.

IG Região de Garça em números e fatos

  • 25 mil ha cultivados
  • 800 unidades produtoras
  • 400 famílias produtoras
  • 15 cidades: Álvaro de Carvalho, Alvinlândia, Cafelândia, Duartina, Fernão, Gália, Garça, Guarantã, Júlio Mesquita, Lucianópolis, Lupércio, Marília, Ocauçu, Pirajuí e Vera Cruz
  • 600 mil sacas/ano, em média
  • 650 m de altitude, em média (Planalto de Marília e Serra dos Agudos)
  • Temperatura entre 17,8°C e 18,5°C
  • Já exportou café para 32 países
  • 1052 nascentes (bacias do Rio do Peixe e do Rio Aguapeí)
  • Cultivares principais: icatu amarelo, ouro verde, mundo novo
  • Características principais na xícara: café encorpado, com acidez equilibrada, doçura natural com notas de chocolate, caramelo, frutadas e cítricas

As 15 IGs de café do Brasil

Matas de Rondônia*, Oeste da Bahia, Região do Cerrado Mineiro*, Mantiqueira de Minas*, Matas de Minas, Campo das Vertentes, Canastra*, Sudoeste de Minas, Região de Pinhal, Montanhas do Espírito Santo*, Espírito Santo, Caparaó*, Alta Mogiana, Região de Garça, Norte Pioneiro do Paraná.

*Denominação de Origem (DO). Fonte: INPI

Texto originalmente publicado na edição #83 (março, abril e maio de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Agência Ophelia

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Cafés especiais de mulheres do Norte Pioneiro do PR são expostos no Chile

Neste ano, os participantes da Expo Café Chile, feira realizada na capital Santiago, terão a oportunidade de provar os cafés especiais produzidos por mulheres do Norte Pioneiro do Paraná. Os grãos com Indicação Geográfica (IG) estarão disponíveis entre os dias 13 e 14 de julho, no estande da Embaixada do Brasil.

Uma das marcas presentes será a Branca Flor, de Pinhalão, comandada por Rafaela Mazzottini Silva. “Fico agradecida pela oportunidade de levar o café do Norte Pioneiro para fora do país”, comemorou. Para a ocasião, a produtora levará embalagens personalizadas que contam a sua história na cafeicultura. “A IG tem uma importância enorme e acrescentou muito na propriedade e nas nossas vidas”, conta. 

A cafeicultora Rafaela Mazzottini Silva vai representar as mulheres do distrito Lavrinha, de Pinhalão – Foto: Arthur Guerino

Claudionira Inocência de Souza, cafeicultora e coordenadora do grupo das mulheres do café de Matão, em Tomazina, vai acompanhar Rafaela na feira. Ela conta que o projeto Mulheres do Café começou em 2013, no Norte Pioneiro do Paraná. Hoje, a Região concentra em torno de 150 cafeicultoras, que têm acesso a cursos, oficinas e capacitações pelo Sebrae/PR, além de assistência técnica do IDR-Paraná. 

Formalizada em 2010, a associação de cafeicultores do Matão, que até então era formada apenas por homens, ganhou mais um “P” a partir de 2014, e se tornou a Associação de Produtores e Produtoras de Cafés Especiais do Matão (Approcem) com a chegada das mulheres.

“As pessoas não sabem o tamanho da importância daquele ‘P’ nas nossas vidas”, afirma Claudionira, que por quatro anos também foi presidente da Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro (Amucafé). “Já havia um trabalho muito bom dos homens e não foi difícil, para nós, trabalharmos com cafés especiais. Tivemos ajuda da família e construímos um grupo forte, com visibilidade. As mulheres chegaram para somar”.

Claudionira de Souza diz que as mulheres chegaram para somar na cafeicultura do norte pioneiro do Paraná

Ela conta que a maioria dos cafés especiais, na forma crua, é exportada para a Europa e Austrália. Durante o ano, as propriedades recebem de cinco a seis visitas de compradores do exterior. Agora, com a oportunidade aberta a partir da Expo Café Chile, a expectativa é conseguir um novo parceiro comercial. “Somos da agricultura familiar. Não éramos reconhecidas e valorizadas. Hoje, ter esse reconhecimento é bom demais. Faz muita diferença em nossas vidas, famílias e para o norte pioneiro”, agradece a cafeicultora.

Para Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR, a participação no evento representa uma oportunidade de levar os cafés com IG do Norte Pioneiro para mais um país e, ao mesmo tempo, valorizar o trabalho das mulheres cafeicultoras da região. “A IG cumpre o seu papel de gerar desenvolvimento e dar visibilidade para o norte pioneiro, atraindo compradores do Brasil e do exterior”, acrescenta. Além dos cafés do Norte Pioneiro do Paraná, estarão representados, no estande brasileiro, grãos de São Paulo, Minas Gerais e Rondônia. 

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Fábrica de biochar é inaugurada em Brejetuba (ES)

A green tech francesa NetZero anunciou a inauguração da sua terceira fábrica de biochar, desta vez no Espírito Santo. Após as unidades de Camarões (África) e Lajinha (Minas Gerais), a cidade de Brejetuba recebe as operações a partir desta sexta (28). 

A nova fábrica está a menos de 40 km da unidade de Lajinha, que funciona desde o ano passado. Seu endereço também é estrategicamente próximo da Coocafé, cooperativa regional que conta com mais de 10 mil produtores de café, dos quais 250 fornecerão a biomassa necessária para a operação da nova usina. 

O local pretende produzir 4 mil toneladas de biochar por ano a partir de resíduos da casca do café, removendo mais de 6 mil toneladas de CO2 equivalente da atmosfera, além de oferecer uma solução para melhorar, de forma sustentável, a fertilidade do solo. 

Para marcar a inauguração da unidade, a NetZero também anuncia o início da construção de uma nova fábrica em Minas Gerais, que começará em algumas semanas. 

O que é biochar?

O biochar é um carvão vegetal feito a partir de resíduos enriquecidos do café. Mas, ao contrário do carvão vegetal tradicional, a produção do biochar é feita em um processo muito rápido, em torno de vinte minutos, dentro de um reator com mínima presença de oxigênio. É dentro deste reator que acontecerá a pirólise, um processo de decomposição térmica. Atualmente, a NetZero trabalha com resíduos de café, mas o biochar pode ser feito a partir de qualquer composto orgânico, até mesmo sobras de cozinha. 

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