Mercado

Organic Food Fest reúne pratos orgânicos em casas do eixo Rio-SP

De 19 de janeiro a 4 de fevereiro, restaurantes badalados do Rio e de São Paulo vão adaptar suas receitas em nome de uma gastronomia mais saudável

O desafio do 6º Organic Food Fest (OFF), aceito por 16 restaurantes paulistanos e sete cariocas, é criar menus em três tempos com receitas usando ingredientes predominantemente orgânicos. O festival, que acontece de 19 de janeiro a 4 de fevereiro, tem como objetivo promover a culinária natural e a alimentação de qualidade. Para a alegria de nossos leitores, alguns restaurantes paulistas criaram pratos com café.

O Bar da Dona Onça, parada obrigatória no Edifício Copan em São Paulo, terá um menu de jantar com salada de beterraba, galinhada modernista e, de sobremesa, a opção de espuma de coco com baba de moça ou café coado com brigadeiros e balas de leite. Ainda na capital, o La Piadina, na Vila Olímpia, tem duas sobremesas com o ingrediente: no menu de almoço, sorvete artesanal afogado em café italiano. No jantar, o tradicional tiramisù, doce que leva café na receita.

Nougat glace de frutas cítricas e café, do Felix Bistrot, em Cotia (Luís Simione/Divulgação)

A 30 quilômetros do centro de São Paulo, Cotia terá seu representante no festival: Felix Bistrot, cujo menu de almoço conta com uma salada verde de entrada, seguida por um tagliatelle de legumes e, de sobremesa, um nougat glace de frutas cítricas e café. O restaurante também contará com menu de jantar.

Os preços das sequências do festival são padronizados: R$ 55 no almoço e R$ 88 no jantar, por pessoa. O OFF foi criado pelo alemão Matthias Börner, grande entusiasta do mercado de orgânicos. “A produção dos orgânicos respeita princípios, como proteção da biodiversidade, condições dignas de trabalho e o manejo correto da água e do solo. Substituir a alimentação convencional pela orgânica é iniciar uma revolução sustentável “, comenta.

TEXTO Redação • FOTO Luís Simione

Mercado

Campeonato Brasileiro de Barista acontece no fim de janeiro

O 17º Campeonato Brasileiro de Barista acontece de 25 a 28 de janeiro na Casa Camolese, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Serão 24 participantes concorrendo à vaga brasileira no mundial da categoria, que acontece de 20 a 23 de junho em Amsterdã, na Holanda.

Para participar, é preciso ser brasileiro ou residente no Brasil há pelo menos dois anos e ser maior de 18 anos. As vagas da competição foram preenchidas, mas a organização disponibilizou uma lista de espera neste link.

Os competidores deverão apresentar aos juízes, em no máximo 15 minutos, quatro espressos, quatro bebidas com leite vaporizado e quatro bebidas de assinatura, não necessariamente nesta ordem: o próprio barista escolhe como vai conduzir a apresentação. A sequência deverá ter um tema, uma assinatura pessoal escolhida pelo próprio participante.

Serão cinco juízes avaliando cada participante, tanto na parte técnica como na sensorial. Eles podem dar ou tirar pontos dos competidores de acordo com o tempo gasto até a apresentação e limpeza da estação de trabalho, entre outros critérios.

No primeiro dia, os concorrentes receberão instruções sobre a competição com o juiz principal. Nos dias 26 e 27 acontece a etapa classificatória, da qual sairão seis finalistas para o último dia de competição. A etapa final começa na manhã do dia 28, quando o vencedor do campeonato será anunciado.

Em 2017, o Campeonato aconteceu em São Lourenço (MG) e o carioca Leo Moço conquistou seu terceiro título na categoria. Na competição mundial, realizada em Seul, na Coreia, ele ficou em 31º lugar. O campeão mundial foi Dale Harris, o terceiro britânico da história a levar o título para casa.

O Campeonato Brasileiro de Baristas é uma ação integrada do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation” e é realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pela Alliance for Coffee Excellence (ACE).

TEXTO Clara Campoli • FOTO Café Editora

Mercado

Parlamentares britânicos sugerem taxa sobre copos descartáveis em cafeterias

Um comitê de parlamentares do Reino Unido propôs, no último dia 5, cobrar uma taxa de 25 centavos de libra (R$ 1,10) por copo descartável vendido no país. De acordo com relatório publicado pela Casa dos Comuns, o número de cafeterias na terra da rainha quadruplicou nos últimos 18 anos: um em cada cinco britânicos visita essas lojas diariamente.

A estimativa é que 2,5 bilhões de copos descartáveis sejam utilizados no país anualmente, e apenas 0,25% deste montante é reciclado. De acordo com o relatório, se emendarmos um copo no outro, conseguiríamos dar pelo menos cinco voltas em torno da Terra.

O estudo mostra que algumas cafeterias já oferecem o desconto de 25 centavos para quem levar o próprio copo, enquanto outras cobram o valor de quem pede o vasilhame descartável. A proposta é padronizar essa cobrança e direcionar o dinheiro coletado para centros de reciclagem de papel.

O grupo também propôs que o governo britânico exija que, até 2023, todos os copos descartáveis vendidos no Reino Unido sejam recicláveis. A ideia é que caso a meta não seja cumprida, o governo proíba o uso de copos descartáveis em todo seu território.

TEXTO Clara Campoli • FOTO Daniel Ozana/Studio OZ

Desde 1994

Em 2013, Alex Atala brilhou, ao lado de dois cozinheiros estrangeiros, na capa da revista Time. Havia se tornado uma das cem pessoas mais influentes do planeta. Hoje, praticamente qualquer pessoa que frequenta redes sociais e gosta minimamente de comer já ouviu falar dele e de seu aclamado restaurante D.O.M., há dez anos na badalada lista dos cinquenta melhores restaurantes do mundo criada pela revista inglesa Restaurant. Atala é festejado por onde passa – para cumprimentá-lo, é preciso cavar espaço num aglomerado de gente querendo selfies com ele. Nesse universo de celebridades em que vivem os cozinheiros atuais, porém, poucos conhecem a trajetória de Atala, o “inseto que virou gigante”, como o descreveria na publicação norte-americana o chef dinamarquês René Redzepi, do aclamado restaurante Noma.

Ex-DJ, Alex Atala chamou a atenção dos críticos gastronômicos quando voltou para o Brasil, em 1994, depois de viajar por cinco anos pela Europa. Sem avó nem mãe cozinheira, meteu-se entre as panelas apenas para permanecer mais tempo no Velho Continente. Para ganhar um visto de estudante, Atala, então com 19 anos e pintando paredes para se manter, matriculou-se na Escola de Hotelaria Namur, em Bruxelas. Formou-se cozinheiro num tempo em que não havia escolas do tipo no Brasil, e partiu para trabalhar em restaurantes estrelados na França e na Itália. “Atirei no que vi, acertei no que não vi. Saí indeciso e voltei destinado”, resumiria o chef em entrevista, muitos anos depois.

Quando chegou a São Paulo, ninguém conhecia aquele moço magro e alto, com tatuagens, cabelos ruivos indisciplinados (domados por camadas de gel) e discurso eloquente. Seu primeiro emprego foi no desconhecido Sushi Pasta (já extinto), que unia cozinha italiana e japonesa. Logo depois, caiu nas graças do casal Roberto e Vera Suplicy, os donos do também extinto Filomena. Aberto em 1996, o restaurante foi sucesso instantâneo, pelo investimento no ambiente e, especialmente, na cozinha. “O cardápio da casa, curto mas elaborado, é obra do jovem profissional Alexandre Atala”, escreveria Josimar Melo, crítico gastronômico da Folha de S.Paulo, à época.

Atala, ainda Alexandre, buscava então seu caminho: de uma cozinha forjada em bases clássicas, o jovem chef, então com 29 anos, chamava atenção pela criatividade, ousadia e apuro técnico. Ingredientes brasileiros apareciam vez por outra, e sempre roubavam a cena. Foi considerada “ousada”, por exemplo, sua manga grelhada com pimenta-branca e coulis de maracujá. Três anos depois, ao inaugurar a cozinha do sofisticado restaurante 72, no Itaim, Atala – já Alex – teve nas mãos a oportunidade de abusar de ingredientes raros e cobiçados, como trufas, caviar e foie gras. Seu talento rendeu lhe o primeiro prêmio da carreira: Chef Revelação, concedido por uma associação de restaurantes nacional, hoje sem nenhuma importância. Muito, muito longe ainda dos prêmios que receberia vida afora, mas, naquele momento, um consolo pela perda do pódio para Carla Pernambuco (do restaurante Carlota), numa disputa entre “jovens chefs” promovida durante o Boa Mesa – o evento gastronômico mais importante (e praticamente o único) do Brasil nos longínquos anos 1990.

O D.O.M., hoje perto de fazer dezoito anos, alçou-o ao estrelato. Antes dele, o casual Namesa, aberto em 1999 na Rua da Consolação: tinha lojinha, mesa comunitária – novidade na época – e um gostoso san peter com cuscuz marroquino no cardápio. No mesmo ano, a casa levou o título de melhor cozinha rápida pela Veja São Paulo, o maior prêmio já conquistado pelo ascendente cozinheiro.

De primeiro latino-americano a dar aulas na Le Cordon Bleu, a mais tradicional escola de culinária do mundo, em 1998, e da primeira estrela no rigoroso Guia Quatro Rodas, em 2002, brotaram prêmios, reconhecimentos e convites para eventos no exterior no mesmo ritmo em que Atala descobriria a priprioca, o pirarucu, o jenipapo, e acrescentaria à sua cozinha de bases francesas e italianas os termomix, pacojets e gastrovacs da gastronomia (erroneamente denominada) molecular. “Faço uma paródia de uma frase do Daniel Boulud (chef francês radicado em NY): ser chef é uma delícia, mas vivo à beira do pesadelo para manter tudo isso”, diria, em entrevista a esta jornalista. Alex fez TV (apresentou, no GNT, o Mesa pra Dois, com a chef carioca Flavia Quaresma), lançou três livros (o primeiro, Por uma Gastronomia Brasileira, saiu em 2003), foi o primeiro brasileiro a participar do Madrid Fusión (importante evento gastronômico de cozinha contemporânea), assinou cardápios na primeira classe de companhias aéreas nacionais.

Se em 2014 venceu o badalado 50 Best América Latina (lista dos cinquenta restaurantes latino-americanos da Restaurant, um desdobramento da lista dos cinquenta melhores do mundo), em 2006 ganhou o maior dos prêmios, ao estrear na lista dos cinquenta melhores em último lugar. Ao recebê-lo, o brasileiro, daí gigante, diria com irreverência: “Sou o pior dos melhores”.

*Cristiana Couto é jornalista especializada em gastronomia e autora de Alimentação no Brasil Imperial, Educ, São Paulo, 2015. Fale com a colunista pelo e-mail  nacozinha@cafeeditora.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Cristiana Couto • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Cafeteria & Afins

Rigno Cafeteria – Vitória da Conquista (BA)

Antônio Rigno é nome conhecido de quem está no mundo do café. Os grãos produzidos por ele e sua família, há mais de quarenta anos, na cidade de Piatã, na Bahia, nas fazendas Ouro Verde e São Judas Tadeu, já tiveram destaque nacional, vencendo o concurso de qualidade Cup of Excellence em 2009, 2014 e 2015. Agora, além de café para exportação e venda, Rigno é nome de cafeteria.

Administrado por Cândido e Patrícia Rosa, o local funciona desde 2016 na cidade de Vitória da Conquista, no interior da Bahia. Inicialmente em dúvida sobre onde abrir a cafeteria, a escolha foi uma cidade em que se pudessem manter os hábitos de uma vida interiorana. A ideia ajudou a dar ainda mais visibilidade ao café cultivado a 1.300 metros de altitude, na região da Chapada Diamantina.

Na cidade, será fácil encontrar o espaço: pelo cheiro. A cafeteria tem torrador artesanal, para que todos os frequentadores possam entender e viver a experiência de presenciar a torra do grão. Isso também permite que a bebida servida seja preparada sempre com grãos de torra recente, o que garante o melhor dos sabores e aromas nos preparos.

Cursos e comidinhas
Os espressos são tirados de uma Nuova Simonelli Appia 2 e há também café coado, feito nos métodos prensa francesa, aeropress, cafeteira italiana, chemex e hario V60. A cafeteria convida, de tempos em tempos, profissionais de diversos locais do Brasil para dar cursos de barista e outros temas a seus funcionários e frequentadores.

Para acompanhar o café, há uma variedade de doces, tortas e salgados artesanais feitos por produtores locais, além de drinques com latte art. O espaço oferece wi-fi gratuito para os frequentadores, o que torna o ambiente ideal também para reuniões e encontros de trabalho e negócios, que ficarão mais agradáveis envolvidos pelo aroma de café sendo torrado.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua da Granja, 538
Bairro Vila do Bosque
Cidade Vitória da Conquista
Estado Bahia
País Brasil
Website http://www.facebook.com/rignocafeteria
Horário de Atendimento De segunda a sábado, das 13h30 às 20h30; domingo, das 9h às 20h30
TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Divulgação

Receitas

Filé ardente

Ingredientes
– 1,2 kg de filé-mignon
– 3 bananas nanicas
– 3 escumadeiras de arroz branco cozido
– Sal
– Açúcar
– Pimentas frescas variadas da época (mansas e picantes)
– Azeite
– Água fervente

Preparo
Primeiro, escolha as pimentas variadas da estação (cambuci, bode, cheirosa-do-pará, dedo-de-moça, etc) que estejam com os cabinhos bem verdes, pois isso é a garantia de seu frescor. Corte-as e retire uma mistura (meio a meio) de sal e açúcar e um fio de azeite. Reserve. Corte as bananas em rodelas de aproximadamente 1,5 centímetro. Coloque as bananas e as pimentas em espetinhos de madeira. Corte o filé em 12 medalhões (de 100 g cada um, em média). Regue uma frigideira robusta (de preferência de ferro) com um pouco de azeite para grelhar os filés. Em outra frigideira, grelhe as pimentas da mesma forma. Usando água fervente e com a ajuda de uma colher, raspe o fundo da frigideira na qual foram grelhados os bifes. Coloque ali o arroz cozido e misture bem. Monte o prato com arroz e espetinhos sobre os filés.

Rende 6 porções

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

FOTO Daniel Ozana/Studio Oz • RECEITA Mara Salles

Matriz e filial

Os cafeeiros já deram frutos e agora começam a nascer ramificações. Fazendo um paralelo com o momento do campo, refiro-me ao mercado de cafeterias no Brasil. Em 2003 nascia a primeira fase de um movimento nacional de empreendimentos focados no café de qualidade. A nossa onda incluía, um pouco antes ou um pouco depois, Lucca, Suplicy, IL Barista, Santo Grão, Cafeteria do Museu, Café Cultura, Cafeera e Caffè Latte apenas para citar alguns exemplos.

Depois desse primeiro movimento, as marcas consolidadas e o setor em ascensão permitiram o surgimento de novas empresas. O segundo grande ‘boom’ de negócios abrindo as portas em todo o Brasil foi por volta de 2011, com conceitos arrojados, incluindo o café do produtor diretamente nos seus espaços: “a fazenda dentro da cafeteria”. Esse conceito trouxe numa mesma “tacada” marcas como Coffee Lab, Sofá Café, Academia do Café, Urbe Café Bar, Rause Café + Vinho, Ateliê do Grão, Kaffa Cafeteria, Ernesto Cafés, Objeto Encontrado. Um mar de boas opções também havia surgido pelas cidades do interior e outras cafeterias nas capitais nacionais continuaram a ser inauguradas, antes e depois.

Não temos catalogado o número exato de casas que atuam hoje focadas no mercado de café de qualidade no Brasil, mas, certamente, o número já ultrapassa três centenas de bons cases de sucesso.

Em 2017, além de vermos consolidados esses projetos, o desafio é analisar para onde está caminhando nosso mercado de cafeterias. Foram dezenas de novos projetos que surgiram nos dois últimos anos. Cafeterias já totalmente inseridas no movimento mundial da Terceira Onda do Café (produto com rastreabilidade desde a origem, diferentes métodos de preparo, foco no café especial) pipocam em todas as cidades do Brasil, de norte a sul. São projetos individuais de empreendedores apaixonados por café que, muitas vezes, deixaram outras profissões para investir em negócios próprios.

As marcas “famosas”, que criaram sua clientela assídua e são roteiros obrigatórios para quem visita as cidades em que elas atuam, já alçam voos mais altos. E, nessa linha, acredito que seja o caminho para os próximos dois anos no País. Cafeterias brasileiras estão exportando conhecimento, como o Sofá Café, que, de forma bem cuidadosa, caminhou para ter filiais no exterior há alguns anos e agora inaugura a segunda loja internacional; a primeira é em Boston e a próxima, com torra própria, será em Framingham.

Já as novidades que estão por vir, por aqui, ficarão a cargo de Isso É Café, que deve inaugurar filial em breve, na capital paulista, com equipamentos embutidos da ModBar, empresa norte-americana. Ainda em São Paulo, a Um Coffee Co., um sucesso com a precisão coreana no preparo dos cafés, na matriz do Bom Retiro, ampliou para o bairro do Itaim Bibi e deve abrir duas outras lojas futuramente. A Sterna Café está na sua sétima loja, investindo principalmente nas cidades do ABC paulista. Em capitais como Recife, baristas veteranos investem em lojas como a Kaffe Torrefação e Treinamento e a Borsoi Café Clube. Além de outras várias iniciativas que não haveria espaço para citar.

São dezenas de novidades que chegam semanalmente à redação. Bons sinais, em meio à tormenta. Percebemos que a diversidade de métodos de preparo é o básico hoje para começar qualquer projeto, assim como, é claro, o cuidado com o café que será usado.

*Mariana Proença é jornalista. Em 2006 assumiu a direção de conteúdo da Espresso e, meses depois, o café já tinha virado uma paixão, que dura até hoje. Nesta coluna ela aborda diversos assuntos e experiências sobre o tema. Fale com a colunista: mariana.proenca@cafeeditora.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Cafeteria & Afins

Borsoi Café – Recife (PE)

“Vocês precisam abrir um café”, era o que a fotógrafa recifense Paloma Amorim e o barista carioca George Gepp ouviam dos amigos sempre que eles os visitavam em casa, na capital de Pernambuco. Assim, em janeiro deste ano, eles resolveram juntar suas ideias e seu conhecimento do mundo do grão em uma nova casa chamada Borsoi.

Com cardápio enxuto e foco na bebida, a cafeteria tem a proposta de ser um lugar onde as pessoas podem apreciar, aprender sobre e comprar cafés especiais. Como base, a casa trabalhará com grãos bourbon vermelho, de processo natural, cultivados na Fazenda Serra Negra, em Patrocínio (MG), em uma parceria entre o produtor Mitsuo Nakao e o barista George Gepp. A descrição da bebida diz “sabor frutado, acidez cítrica doce e longa finalização, com notas de chocolate e nozes”. Além disso, sempre haverá um grão convidado para compor a carta.

As bebidas podem ser provadas na forma de espressos ou nos métodos aeropress, kalita, alto air e hario. Um dos diferenciais está no treinamento dos baristas para falar sobre os cafés e na disposição do bar, que permite que todos acompanhem o preparo da bebida. Também há no cardápio o cupping, para que o cliente aprenda a provar dois grãos diferentes – feitos da mesma maneira – ou o mesmo grão em dois preparos. Com a ajuda dos baristas, ele analisa e avalia cada um, além de apontar o seu favorito.

Variações do quitute mineiro
Para acompanhar as bebidas, com a ajuda da chef Taci Teti foram criadas opções que giram em torno de um mesmo tema, o tão adorado pão de queijo. Além de porções de pequenos pãezinhos, há sanduíches como o de pernil com picles de cebola, calda de abacaxi e gouda gratinado no maçarico. Nos doces, destaque para o brownie com calda de caramelo salgado e para os bolos do dia, sempre uma opção simples, de cenoura, banana ou limão-siciliano – daqueles com jeito de que acabaram de sair do forno da vovó. A Borsoi também vende grãos e café moído na hora para levar para casa.

Borsoi Café Clube_Foto Paloma Amorim

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Artur Muniz, 82
Bairro Jardim de Boa Viagem
Cidade Recife
Estado Pernambuco
País Brasil
Website http://www.facebook.com/borsoicafeclube
Telefone (81) 3071-6834
Horário de Atendimento De terça a sexta, das 10h às 22h; fins de semana, das 8h às 22h
TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Paloma Amorim

Centenas já somos, milhares queremos ser

Ir para Seattle (EUA) e partici par do café da manhã da Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA) foi uma das experiências por que passei no evento da Specialty Coffee Association (SCA). Batizada neste ano de Global Specialty Coffee, a feira foi a primeira grande iniciativa realizada em conjunto após a união das associações europeia e norte-americana.

Na manhã de 22 de abril, mais de 400 pessoas estiveram presentes no encontro da IWCA e puderam interagir com mulheres de dezenas de países. Hoje são vinte capítulos em todo o mundo que têm a representação em seus locais de origem, com metas específicas para cada realidade, mas com o objetivo comum de “capacitar as mulheres da comunidade internacional do café para conquistar espaço e terem uma vida sustentável, além de incentivar e reconhecer sua participação em todos os aspectos da agroindústria do café”.

Ao contrário do que alguns podem pensar, a ideia da IWCA surgiu para dar voz às mulheres do café, já muito presentes em todas as pontas dessa agroindústria, e não para excluir os homens.

Num setor em que a predominância é masculina em todos os cargos de liderança, a fundação da IWCA em 2003 por iniciativa de Karen Cebreros e Kimberly Easson surgiu de uma necessidade de mulheres de todo o mundo de se colocar de forma conjunta perante um mercado repleto de oportunidades para todas.

Em viagem a Nicarágua e Costa Rica, foram firmados os primeiros laços da organização que trouxe diversos benefícios a milhares de mulheres em todo o mundo. Entre eles, cursos de capacitação em diversas áreas do café, criação de marcas de café, melhoria de condições de trabalho e presença em dezenas de eventos pelo mundo em posição de igualdade com os homens.

São muitos os exemplos mundiais de como a existência de mulheres em cargos de destaque pode inspirar outras a fazer o mesmo e buscar sua colocação no mercado. No café da manhã em Seattle, tivemos a oportunidade de ouvir o depoimento da barista duas vezes campeã do México (2014 e 2015), Julieta Vázquez Rivera. Ela começou no café após sua mãe decidir abrir uma cafeteria dentro da tradicional padaria da família. Para conhecer melhor o mercado, Julieta buscou conhecimento em feiras do setor no seu país e ficou encantada ao ver a apresentação da barista Aleli Moreno Labastida, campeã em 2008 e a primeira mulher do México a vencer a competição.

A inspiração ajudou Julieta a seguir uma meta: ser barista e competir no concurso: “Na época não sabia o que ela estava fazendo, mas sabia que queria fazer aquilo, com a mesma paixão que ela demonstrava e a mesma alegria”.

Seis anos depois, Julieta conquistou seu primeiro campeonato nacional do México. Em 2015 abria sua cafeteria e torrefação, a Arandela Barra de Café, na cidade de San Luis Potosí. Sua paixão falando no café da manhã da IWCA neste ano com certeza inspirou outras muitas mulheres no evento, tanto quanto ela foi tocada pela apresentação de sua conterrânea. E assim vamos criando uma corrente de boas atitudes, conexões e oportunidades para todas.

Durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG), teremos a chance de reunir mulheres de todo o Brasil pela sexta vez, a exemplo do ano passado, em que totalizamos 300 pessoas no café da manhã, para debater temas nacionais e desafios para a presença da mulher na agroindústria cafeeira. Em 2011 após um café no Suplicy, em São Paulo, era plantada a semente da IWCA Brasil num encontro que contou comigo, com a fundadora Josiane Cotrim e com Caio Alonso Fontes. Orgulho de ter criado oportunidades para que muitas mulheres hoje estejam conectadas nesta missão de dar voz a tantas outras que estão presentes na cafeicultura brasileira. Hoje são cinco subcapítulos nacionais divididos por regiões, que se encontram durante a SIC.

*Mariana Proença é jornalista. Em 2006 assumiu a direção de conteúdo da Espresso e, meses depois, o café já tinha virado uma paixão, que dura até hoje. Nesta coluna ela aborda diversos assuntos e experiências sobre o tema. Fale com a colunista: mariana.proenca@cafeeditora.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Mariana Proença • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Receitas

To-ny

Ingredientes
– 25 ml de Campari
– 25 ml de vermute Oscar 697 tinto
– 10 ml de amaro San Severino
– 1 lance de bitter
– 30 ml de clube soda
– 1/2 fatia de laranja
– Fatia de limão-siciliano
– Fatia de pepino
– Ramo de hortelã

Preparo
Com exceção do twist de laranja, coloque os demais ingredientes em um copo longo com cubos de gelo. Mexa bem e com cuidado com uma colher longa. Decore com o twist de laranja, sirva esse drinque refrescante e tim-tim.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

FOTO Gui Gomes • RECEITA Márcio Silva, do Guilhotina