Barista

Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024 divulga lista de competidores

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) anunciou hoje (18) os 18 competidores que disputarão o Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024. O evento acontece de 22 a 24 de março, em Brasília (DF), no Mercado do Café. 

Os 18 baristas competidores:

César Romano – Curitiba (PR)
Cristian Limas da Rosa – Porto Alegre (RS)
Eduardo Olímpio – São Paulo (SP)
Elves Albino – João Pessoa (PB)
Gabriel Duarte Zanotelli – Porto Alegre (RS)
Leo Mesquita – Rio de Janeiro (RJ)
Isis Rodrigues – Porto Alegre (RS)
Joabner Santana Azevedo – Brasília (DF)
João Michalski – Cascavel (PR)
Jota de Paula – São José dos Campos (SP)
Jonatha Nascimento – João Pessoa (PB)
Juliano Souza – Porto Alegre (RS)
Juliano França – Birigui (SP)
Gael Lirian – Porto Alegre (RS)
Ramon Dallabona – Curitiba (PR)
Tiago Rocha – Curitiba (PR)
Vinicius Dias – São Paulo (SP)
Wesley Oliveira – Porto Alegre (RS)

Os baristas têm que demonstrar criatividade e habilidade ao desenhar com o leite vaporizado sobre o espresso. A competição tem três fases – eliminatórias, semifinal e final –, e a grande final acontece domingo (24).  

A Espresso é mídia oficial. Acompanhe os resultados no nosso Instagram.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Latte Art
Quando: 22 a 24 de março, a partir das 12h
Onde: Mercado do Café – 509, bloco C – Asa Sul – Brasília (DF)
Mais informações: www.bsca.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Cafezal

Verônica Belchior é a nova integrante da World Coffee Research

A brasileira Verônica Belchior é a mais nova Cientista Pesquisadora de Avaliação da Qualidade do Café da World Coffee Research (WCR). Com quase 15 anos de experiência em cafés, Verônica é doutora em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Q-Grader desde 2013. Em 2014, criou sua versão do curso de Análise Sensorial de Cafés Especiais e participou do Projeto The Coffee Sensorium.

Seu papel na WCR – organização de pesquisa sem fins lucrativos dedicada a promover sustentabilidade e lucratividade da indústria do café – é contribuir com os programas de pesquisa, desenvolvimento e melhoramento de variedades, particularmente na avaliação da qualidade dos grãos em muitas origens de café pelo mundo. Ela também vai supervisionar e fortalecer a conexão entre o setor, os pesquisadores-colaboradores e os especialistas em melhoramento genético de plantas, agrônomos e outros pesquisadores do WCR. 

Entre suas pesquisas está a criação de modelos estatísticos para classificar cafés analisados por espectroscopia, cromatografia e análise físico-química. “Trabalhar para a World Coffee Research é uma forma de criar algo novo e relevante para o mundo do café e diante das mudanças climáticas”, diz a pesquisadora mineira, em entrevista ao WRC.

Clique aqui para conferir a reportagem completa.

TEXTO Redação

Cafeteria & Afins

OOP Café abre nova unidade em Belo Horizonte

Nova unidade do OOP Café, no centro de Belo Horizonte

O OOP Café inaugurou, em fevereiro, sua nova loja em Belo Horizonte (MG). A terceira unidade da cafeteria, que tem como sócio o norueguês Eystein Veflingstad, fica no centro da capital mineira (rua Rio de Janeiro, 600). O destaque são as janelas generosas que dão vista para a cidade – a cafeteria fica no 25º andar de um edifício. A unidade conta com cafés rotativos, que podem ser preparados no batch brew ou no espresso. Para acompanhar, os destaques são o pão de queijo recheado, o avocado toast e a broa.

Abaixo, a matéria sobre o OOP Café publicada na Espresso #82:

Com o objetivo de disseminar a cultura dos cafés especiais na capital mineira, o OOP Café foi inaugurado em 2016, no agitado bairro da Savassi. O OOP Torra surgiu logo depois, em 2017, inicialmente como apoio à cafeteria. “A gente entendeu que a seleção dos grãos e o perfil da torra eram uma espécie de assinatura”, explica o norueguês Eystein Veflingstad, sócio da casa. “Queríamos ter autonomia para escolher o café, ir até o produtor, desenvolver o próprio processo de torra e servir a bebida”, completa. Para Veflingstad, que tem como sócios a mineira Adriene Cobra e a Farmers Coffees, consultoria e trader capixaba, abrir uma torrefação é uma questão de controle de qualidade.

“Isso também significa ter liberdade para seguir o próprio caminho, definir a própria identidade a partir dos perfis de torra”, analisa. A torrefação começou de modo itinerante, passando por vários locais até fixar-se em um galpão da Rua Januária, no centro de Belo Horizonte. O OOP Torra compra café cru, desenvolve a torra e fornece ao mercado. Hoje em dia, Veflingstad está à frente do espaço, ao lado do especialista em cafés especiais Luan Vital. “Meu trabalho é alinhar e avaliar a colheita com os produtores”, conta ele, que também dá treinamentos para clientes de atacado, cursos e consultorias. Já Vital responde pelas torras, que acontecem por demanda e que são desenvolvidas num torrador Atilla. Além de mestre de torra, Vital cuida do dia a dia da torrefação, ao tratar com clientes e monitorar os processos que fazem com que tudo funcione.

Eystein Veflingstad, sócio do OOP Torra

Os cafés têm duas linhas distintas: ou são garimpados a partir de visitas diretas às fazendas ou são selecionados pela Farmers Coffees, sediada em Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. Além dos cafés capixabas, a casa conta com grãos de outras regiões, como Minas Gerais e Bahia. “O trabalho vai da planta até a xícara, com atenção às boas práticas de preservação e regeneração do ecossistema e produção de alimentos saudáveis, o que cria um produto sustentável”, destaca Eystein. Os cafés torrados pela equipe OOP podem ser adquiridos através do e-commerce da marca, que os envia para todo o Brasil. Eles também estão disponíveis nas unidades do OOP Café (Centro, Savassi e Inhotim).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Rio de Janeiro, 600 25º andar
Bairro Centro
Cidade Belo Horizonte
Estado Minas Gerais
País Brasil
Website http://www.instagram.com/oop.cafe
Horário de Atendimento De terça a sábado, das 10h30 às 18h30; aos domingos, das 9h30 às 13h30
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Mercado

Ingressos disponíveis para o São Paulo Coffee Festival 2024

Depois de receber mais de 13 mil pessoas em três dias e servir cerca de 80 mil cafés, o São Paulo Coffee Festival volta à Bienal do Ibirapuera para mais uma edição. Neste ano, o evento, realizado pela Espresso&CO em parceria com a Allegra Group, está marcado para os dias 21, 22 e 23 de junho. Os ingressos estão disponíveis aqui

Ao lado de degustações, diferentes agentes do setor – cafeterias, microtorrefações, fazendas, marcas de equipamentos, acessórios, etc. – estarão presentes com estandes e exposições de produtos e novidades. Palestras, workshops gastronômicos e harmonizações também fazem parte da grade gratuita de atrações, que busca apresentar diferentes experiências ao público.

Opções e valores* de ingressos:

Diário

  • R$ 60 (sexta-feira, 21/6)
  • R$ 80 (sábado ou domingo, 22 e 23/6)

Passaporte

  • R$ 160 (para os três dias de evento)

VIP

  • R$ 170 (diário – sexta, sábado ou domingo)
  • R$ 500 (para os três dias de evento)

*atualizados na quarta-feira, 13 de março

Serviço
São Paulo Coffee Festival 2024
Quando: 21, 22 e 23 de junho
Horário: das 14h às 21h (sexta-feira, 21/6) e das 10h às 18h (sábado e domingo, 22 e 23/6)
Onde: Bienal do Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana – São Paulo (SP)
Informações e ingressos: www.saopaulocoffeefestival.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Barista

Google homenageia flat white

O doodle do Google de hoje, 11 de março, chamou atenção dos aficcionados (ou não) por café ao estampar xícaras e porta-filtros em ilustrações alegres e convidativas. A animação refere-se ao flat white, uma bebida à base de café criada na Austrália ou na Nova Zelândia – os países disputam sua origem – entre as décadas de 1980 e 1990. Tornou-se popular mundialmente, graças à influência das cafeterias de cafés de qualidade. Várias grandes cadeias de café incluem o flat white em seus cardápios, o que ajudou a aumentar sua visibilidade e demanda.

O flat white é feito com uma quantidade maior de espresso e menor de leite vaporizado, e resulta numa bebida de textura mais aveludada do que a de um cappuccino além de sabor predominante de espresso. O tamanho varia com a região e a preferência do barista, mas é geralmente menor que um latte, e costuma ser servido em xícaras pequenas ou copos.

Existem variações regionais. Nos Estados Unidos, costuma ser feito com uma dose dupla de espresso, enquanto na Austrália e na Nova Zelândia a dose única é mais comum. 

TEXTO Redação • FOTO Daniel Ozana/Estúdio Oz

Agricultura de precisão reúne técnicas sustentáveis

Produzir café não é tarefa fácil. Afinal, é um produto natural suscetível a inúmeras variáveis econômicas e climáticas. Diversas ferramentas, porém, têm sido desenvolvidas para auxiliar os produtores nesta questão, e a agricultura de precisão é uma delas. A agricultura de precisão é um conjunto de técnicas que buscam aumentar a sustentabilidade do sistema produtivo, ao reduzir desperdícios e minimizar os impactos negativos no meio ambiente.

No final da década de 2010, houve a transição para o que se convencionou chamar agricultura 4.0 ou agricultura digital. Para Marcelo Chan Fu Wei, doutorando em Engenharia de Sistemas Agrícolas na ESALQ e membro do Laboratório de Agricultura de Precisão – LAP em Piracicaba, a adoção de técnicas de agricultura de precisão (ou AP) é difundida em diversas culturas agrícolas, sobretudo no café, o que originou a expressão cafeicultura de precisão.

Quando detecta-se a necessidade de uma planta, como água ou fertilizantes, o produtor atende o talhão como um todo (talhão é uma unidade de cultivo, ou seja, área que foi dividida conforme suas características e peculiaridades em comum). “A agricultura de precisão entende que o desempenho das culturas não é uniforme no talhão”, explica Wei, referindo-se a fatores como manchas de solo, doenças, pragas ou plantas daninhas. “Assim, a AP propõe que o manejo seja feito conforme a demanda específica do local, em vez de aplicado uniformemente, como é feito na agricultura convencional”, explica. A cafeicultura de precisão, portanto, é um conjunto de técnicas adotadas para manejar o cafezal, considerando as suas variações – estas recebem o nome de variabilidade espacial.

A cafeicultura de precisão inclui desde a análise do solo até a colheita. A partir da análise de solo, diz o especialista, identificam-se regiões que necessitem de aplicações de insumos agrícolas, em maior ou menor grau. “Além disso, com os dados de produtividade, é possível obter mapas de dados detalhados que ajudam a otimizar o gerenciamento de recursos, bem como analisar a lucratividade do produtor”, acrescenta ele, referindo-se às técnicas e análises que identificam possíveis causas da heterogeneidade em um talhão para tomadas de decisão mais assertivas.

Desafios para os produtores

A variabilidade espacial nas áreas de cultivo brasileiras são muitas. A maturação uniforme dos frutos nem sempre acontece, devido principalmente à variabilidade climática (aumento das temperaturas, secas imprevisíveis e padrões de chuva irregulares), que gera floradas irregulares e acentuam diferentes maturações, prejudicando as tomadas de decisão no campo.

Essa desuniformidade desafia a determinação do início da colheita. A Fazenda Daterra, em Patrocínio (MG), [onde as colunistas trabalham] criou estratégias: há monitoramento da maturação dos frutos com mais assertividade por meio da subdivisão dos talhões em setores menores, categorizados de acordo com a variedade, o nível de maturação e a qualidade sensorial. As amostras de cada setor são colhidas periodicamente e, no período de colheita, cada setor é avaliado separadamente, até que o café atinja a porcentagem desejada de frutos maduros. A partir daí, a equipe de qualidade inicia a amostragem para avaliação sensorial de cada setor – afinal, o que interessa é o grão e não a fruta: muitas vezes a cereja pode parecer madura, mas os grãos dentro dela ainda não estão no ápice do sabor. Assim, se não estiverem prontos, as amostragens continuam até chegar no ponto certo.

Com isso, além de um mapa de maturação, é possível obter mapas de qualidade, que permitem separar os cafés em nível de talhão, de setor e até de linhas, para que se extraia a melhor qualidade de cada planta. Essas estratégias são aplicadas em diferentes níveis de complexidade e em áreas diversas.

Num mundo cujos recursos naturais estão cada vez mais escassos, a agricultura de precisão é uma opção eficiente e promissora para  aumentar rendimentos e otimizar insumos. Por meio dela, os produtores trabalham com tranquilidade para garantir, continuamente, uma boa xícara aos consumidores.

A reportagem, reeditada, foi publicada na Revista Espresso #78, e deve ser compreendida no contexto em que foi elaborada (entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023)

TEXTO Diulie Moreira é pesquisadora e Juliana Sorati é assessora de marketing na Daterra Coffees, em Patrocínio (MG) • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Mercado

8 de março: O café sempre foi um assunto de mulheres

Se você buscar na memória, é provável que tenha lembranças acerca da bebida e envolvendo um parente próximo – uma mãe ou avó –, que preparava o café para a família pela manhã, enquanto arrumava todos para irem à escola. Ou, até mesmo, de um lanche em torno da mesa, combinado com biscoitos, pães, cadernos para fazer lição e muito jogo de cintura para manejar a rotina – muitas vezes solitária e sobrecarregada. 

Desses momentos em família, muita coisa pode surgir. Não é raro relatos de baristas que conectam suas histórias de vida para justificar a escolha profissional. Talvez como uma forma de retornar às origens, talvez como uma maneira de elevar a experiência do “servir ao outro”.

Mas, para além desses momentos de afeto, é importante dizer: as mulheres estão presentes em toda a cadeia produtiva do café. Em um nicho dominado por homens, elas são empreendedoras, baristas, produtoras, competidoras, mestres de torra, professoras, atendentes ou gerentes. 

Para ressaltar e reverenciar a participação feminina no mercado de cafés, neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, conversamos com algumas profissionais cujo trabalho merece sua atenção.

Patrícia Rigno, proprietária da Cafeteria Rigno, em Vitória da Conquista (BA) 

A empresária Patrícia Rigno, ao centro, e suas filhas Júlia, à esquerda, e Valentina, à direita.  – Foto: Sávio Bello

Ela já trabalhou com moda, foi funcionária pública, mas se encontrou no café. Patrícia vem de uma família de produtores premiados da Bahia. Há oito anos, ela, seu marido e as filhas  mudaram-se para Vitória da Conquista para abrir uma cafeteria – que hoje conta com duas unidades. E ela ainda arranja tempo para administrar um restaurante.

Patrícia conta que, durante sua trajetória, enfrentou algumas dificuldades em ser creditada por suas opiniões: “Sempre tiveram aqueles que preferiam ouvir meu esposo e não a mim. Eu lido com um pulso firme, mostrando meu valor e minha capacidade”, comenta. “Hoje posso falar que estou muito bem colocada no meu lugar de liderança e que ser mulher só agrega valor ao meu objetivo. Assim, consigo inspirar e impulsionar outras mulheres”.

Quem trabalha em restaurante já deve ter ouvido a frase: “Quero falar com o dono”, quando um cliente está insatisfeito. Automaticamente, projetamos uma figura masculina, mas que pode ser quebrada ao recebermos Patrícia Rigno. Ela conta que essa situação tem se tornado menos frequente: “Acredito que ainda há aquela surpresa inicial, mas que hoje já se tornou muito mais comum”, diz ela, ao se referir a mulheres na liderança, como Gabriela e Karina Barretto, no Futuro Refeitório, e Isabela Raposeiras, no Coffee Lab, restaurantes reconhecidos e premiados na cidade de São Paulo.

Quando inquirida sobre se o mercado de café está mais feminino, Patrícia diz: “Tenho visto cada vez mais mulheres em lugares de destaque. Reforço, aqui, o Projeto Florada, conduzido pela 3corações, que deu voz a diversas mulheres que trabalham na produção de cafés em diversos lugares do Brasil”, reflete. “Acredito que elas sempre estiveram na cadeia produtiva, pois cresci vendo as ‘apanhadeiras de café’ fazerem toda a diferença na colheita em Piatã (BA) e minha mãe costurando pacotes de cafés para vendermos nosso produto”, completa Patrícia, que, hoje em dia, tem orgulho de estar nessa posição e de poder ver, cada vez mais, mulheres conquistando respeito e notoriedade. “O futuro do café é feminino!”, arremata ela.

Carolina Xavier, barista na Versado Café, em Recife (PE)

A barista Carolina Xavier – Foto: Felipe Ramos

Por meio da gastronomia, Carolina teve acesso ao mundo dos cafés e, desde então, não parou de aprender. Atualmente, trabalha no Versado Café, em Recife (PE).

A barista conta que o cenário de cafés na cidade é vibrante. Com a abertura de novas cafeterias e torrefações, a bebida tem alcançado novos públicos. Por lá, Carolina observa que os balcões destes espaços têm cada vez mais mulheres. Mas ela faz um alerta: “Infelizmente, nos cargos de gerência, esse cenário diminui bastante. Pouquíssimas mulheres ocupam essas posições, principalmente mulheres negras. Mesmo que elas tenham experiência, são lugares com maior participação masculina”, conclui.

Ao perguntarmos se ela já sofreu algum preconceito relacionado ao seu gênero, Carolina diz: “Já vivenciei diversas experiências negativas por ser mulher e trabalhar com café. Os homens se sentem um parâmetro para a validação da fala de mulheres, o que acaba criando um ambiente onde nós precisamos provar, em tempo integral, o valor do nosso trabalho”.

Por isso, ela discorda de que o café está recebendo mais mulheres: “Apesar de encontrarmos muitas mulheres trabalhando em cafeterias atualmente, sinto que ainda não se pode dizer que o nicho é feminino. As mulheres sempre foram vistas como preferíveis para trabalhos de colheita na fazenda, algo que acontece até hoje”, conta. “É como se fossemos aptas apenas para atividades como servir ou que exijam um caráter menor de complexidade”, completa.

Cássia Novaes, mestre de torra no Café Por Elas, em São Paulo (SP)

A mestre de torra Cássia Novaes – Foto: João Fenerich

O Café Por Elas tem um time exclusivamente feminino e trabalha apenas com produtoras mulheres. A profissional, que tropeçou no mundo dos cafés por acaso, teve oportunidade de aprender, do zero, a delicada tarefa de torrar os cafés da marca. 

Ser um – ou uma – mestre de torra exige responsabilidade, organização e bastante estudo. Esse cargo, inclusive, é frequentemente atribuído a uma figura masculina. “Existem muitas profissionais no mundo do café que gostariam de mudar de área”, diz ela. “É importante que existam oportunidades no mercado de trabalho e que as empresas invistam em qualificar ainda mais essas mulheres”, pondera.

E, para se destacar nesse nicho, com muito jogo de cintura, a mestre conta que as mulheres são vistas como “desqualificadas”, quando, na verdade, não tem escuta. “A minha autoestima me ajuda a ter clareza da minha capacidade e do meu próprio valor”.

Dora Suh, sócia-proprietária do Manana Cafés, em Curitiba (PR)

A barista e empresária Dora Suh – Foto: Pedro Mamore

A barista e sócia do Manana Cafés, em Curitiba, veio do mundo das artes. Formada em design gráfico, ela trabalhou como atendente e teve seu primeiro contato com café ao entrar como funcionária de uma cafeteria. Lá, conheceu Vitor Coelho, seu parceiro na vida e nos negócios.

Perguntamos para Dora como é ser uma jovem mulher (de apenas 27 anos) com tantas demandas: “Ser mulher e ocupar um cargo de liderança é um desafio”, conta ela, que, no início, tinha inseguranças por ser sócia do negócio e ter múltiplas responsabilidades. “Ainda que eu tenha sorte com o público incrível do Manana, as pessoas ficam surpresas quando digo que sou a proprietária”, reflete ela. “Já rolaram situações em que fui questionada por  clientes e até profissionais da área sobre escolhas quanto à minha própria marca. Ficava abalada mas, agora, consigo defender minhas ideias”, pontua.

Dora embarcou no mundo das cafeterias e conseguiu unir suas paixões. “Comecei a carreira no café a partir do design. Lá no Manana, uma coisa não existe sem a outra. Não é só sobre a bebida, mas sobre arte, design e o sonho de alcançar mais pessoas com uma xícara de qualidade”, revela. Para ela, o design gráfico é uma ferramenta de comunicação, que propaga informações. “Nesse nicho, ele abre portas e comunica o que só o café especial, sozinho, não seria capaz”.

Aline Codo, sócia-proprietária da 15 Coffee Company, em Sorocaba (SP)

A cafeicultora e empresária Aline Codo – Foto: Luma Faria

A engenheira Aline escolheu o interior de São Paulo para mudar de vida. Sua trajetória começou quando decidiu fazer uma transição de carreira e ir pra roça. “Visualizei nesse espaço uma oportunidade de aplicar tudo que vivenciei na minha carreira, aliado a experiência da minha família em produzir café por quatro gerações”, explica. A 15 Coffee Company, que é cafeteria, torrefação e escola de barista, surgiu como um caminho para uma transformação do setor na região. “Procuramos educar o consumidor e apresentar a cultura do café, sempre protagonizando quem o produz”. 

A empreendedora tem contato direto com outras produtoras, e acredita que a bebida está, aos poucos, dando voz a mais mulheres, principalmente no campo. “O café é uma linda desculpa para uma revolução”, reflete. “Estamos vivenciando essa transformação ao vermos as novas gerações de meninas buscando seu espaço, e as tantas mulheres que já estavam na roça se capacitando, melhorando sua produção e inspirando outras”, relata Aline. Além das cafeicultoras, conta, há um número crescente  de mulheres atuando como mestres de torra, baristas e provadoras. “Para quem tem dúvidas, nós estamos apenas começando”, provoca.

TEXTO Letícia Souza

Mercado

Mercado de cafés no Oriente Médio é tema de palestra em São Paulo

A cafeteria paulistana IL Barista cede seu espaço, no dia 12/3, para uma palestra sobre o mercado de cafés no Oriente Médio dada pela consultora Cleia Junqueira, da The Coffee Connoisseur Collective. A brasileira, que trabalha em torrefações de Dubai há mais de dez anos e já atuou como juíza em campeonatos internacionais e coordenou o Centro de Preparo de Café do Sindicafé-SP,  completa em 2025 duas décadas de trajetória no mercado cafeeiro.

Durante o bate-papo, a especialista apresenta assuntos como o aumento do consumo de café (especialmente solúvel) na região e as preferências do mercado local, além de temas como tecnologia, sustentabilidade, cafés engarrafados e cafeterias drive-thru e com robôs, entre outros.

As vagas são limitadas (30 lugares) e custam R$ 150. As inscrições devem ser feitas pelo telefone (11) 2538-1155. O evento conta com apoio institucional da Câmara de Dubai – Escritório de São Paulo e patrocínio da rede de cafeterias e microtorrefação IL Barista.

Serviço
“Tendências do mercado de café no Oriente Médio” (palestra)
Quando: 12/3
Horário: das 19h às 21h
Onde: Rua do Consórcio, 191 – Vila Nova Conceição – São Paulo (SP)

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Seminário Internacional do Café acontece em maio, em Santos (SP)

Santos (SP) recebe, entre 21 e 23 de maio, a 24ª edição do Seminário Internacional do Café. O evento, voltado para produtores, pesquisadores, exportadores, compradores e representantes da indústria, a agenda deste ano busca oferecer uma visão ampla do cenário mundial e apontar caminhos para superar desafios e atingir grandes marcas no setor.

Entre os temas abordados nos painéis deste ano estão inovação, agro, café, marketing, consumos alternativos, agenda verde e o mercado cafeeiro na visão das empresas. As pesquisas e estudos giram em torno de cenários globais, novidades tecnológicas e tendências de consumo, entre outros assuntos. 

Já confirmaram presença palestrantes como o economista Ricardo Amorim, Bill Murray, presidente e CEO da National Coffee Association, Eileen Gordon Laity, secretária-geral da Federação Europeia do Café, Giuseppe Lavazza, presidente do Grupo Lavazza, Marcos Matos, CEO do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), além de Vanúsia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC) e Hugo Rodrigues, presidente do McCann Worldgroup.

Em 2022, foram registradas 500 inscrições, de mais de 20 países. Elas podem ser feitas no site, que traz mais detalhes da programação. 

Serviço
24ª edição do Seminário Internacional do Café
Quando: 21 a 23 de maio
Onde: Blue Med Convention Center – Pr. Almirante Gago Coutinho, 29 – Ponta da Praia – Santos (SP)
www.seminariocafesantos.com.br 

TEXTO Redação

Barista

Daniel Munari é bicampeão do Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits

O barista curitibano Daniel Munari, da Royalty Quality Coffee, foi consagrado, pela segunda vez, campeão no Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits, que aconteceu em Porto Alegre (RS) entre 1º a 3 de março. Mari Mesquita, de Brasília (DF), conquistou o segundo lugar e Leo Oliva, também de Curitiba (PR), ficou em terceiro. Assista a final da disputa aqui.

A competição, que julga as habilidades no preparo de drinques alcoólicos com café, contou com oito participantes em busca do título. Em sua apresentação, que teve como tema a sustentabilidade na cafeicultura, Munari preparou primeiro o drinque quente, chamado Upcycle, composto por folha seca de figo, óleo de pequi, conhaque sherry cask, licor de umê, cordial de amora e beterraba, soro de leite e café filtrado na clever, que, segundo ele, atribuiu notas de frutas roxas à bebida. Na montagem do drinque gelado, nomeado Deserto, o campeão utilizou tequila, cordial de goiaba, suco de pitaya, solução salina e espresso. Usado em ambos os drinques, o grão escolhido foi um catucaí S2L, fermentado, cultivado por Jean Faleiros na Fazenda Santa Mônica, em Ibiraci (MG), Alta Mogiana. 

Já no irish coffee, o barista utilizou whisky kavalan taiwanês finalizado em barril reaproveitado de vinho do porto, xarope de mel, xarope de agave, creme de leite gaúcho e café – dessa vez, escolheu um catuaí vermelho, seco em terreiro suspenso na Fazenda Santa Mônica, que, na xícara, diz o campeão, apresenta notas cítricas e de laranja. “Escolhi o café do Jean porque ele faz um trabalho de sustentabilidade e regeneração bastante pioneiro. É um produtor que questiona o sistema na cafeicultura”, explicou Munari à Espresso.

Quando perguntado pela nossa equipe sobre a preparação para essa edição, após ter ganhado no último ano, Munari responde: “Os feedbacks que recebemos depois das competições ajudam muito a ganhar pontos importantes, mas garanto que o nervosismo pré-competição é o mesmo todo ano”. 

Munari vai representar novamente o Brasil no Campeonato Mundial da categoria, que acontece em Copenhague, Dinamarca, em junho. No ano passado, ele ficou em oitavo lugar na mesma competição, em Taipei. “A participação no Mundial de Taipei mostrou que é possível sonhar alto, então estou mirando na final. Acredito que na final o jogo muda e todos ficam muito emparelhados. Quem errar menos, ganha”, comenta.

O Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits é realizado pelo projeto “Brazil. The Coffee Nation”, em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Apex-Brasil.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Matheus da Silva/BSCA