Café & Preparos

Variáveis da extração: Dicas para melhorar o seu café em casa!

O que torna o café uma das bebidas mais consumidas no mundo é justamente a sua versatilidade. A relação entre a receita usada, o tempo de extração e o método escolhido pode fazer com que você tenha, na xícara, diferentes versões de um mesmo grão. Faça testes e encontre o seu próprio resultado! 

1- Diferentes moagens

Cada método necessita de uma moagem específica e isso varia de acordo com o tipo de filtro (papel, aço, metal) e o tamanho e a quantidade de orifícios do acessório. Apesar da indicação, dá para testar diferentes granulometrias e tempos de extração, que vão resultar em bebidas com características distintas na xícara. Você pode utilizar uma moagem mais fina para ter uma extração mais lenta, ou mais grossa para que a água passe mais rapidamente pelo pó. A cada teste, novas notas sensoriais podem ganhar destaque. Ache a fórmula que mais agradar!

2- Extração uniforme

Depois que o pó foi colocado no filtro, é interessante nivelar o café para que, quando jogada, a água preencha toda a superfície de maneira uniforme. Nessa etapa você também pode testar outras técnicas que visam a uma distribuição mais homogênea do líquido, como a Divot e a Kubomi. A técnica Divot consiste em fazer um furo no centro da superfície do pó com a ajuda de um palito (fino e comprido – estilo hashi). Já a Kubomi requer movimentos circulares em toda a camada do café: coloque o palito dentro do filtro, jogue todo o pó de café e faça movimentos circulares com o palito de fora para dentro, como uma espiral, até chegar ao centro. Ambas as técnicas ajudam na hidratação e na saturação do café na fase da pré-infusão.

3- Fluxo da água

O formato do bico da chaleira bico de ganso (ou goosenack) proporciona maior controle do direcionamento do fluxo da água e da quantidade despejada sobre o pó. Muitas receitas, principalmente as usadas em competições, exigem que sejam derramadas quantidades precisas de água, fazendo com que o fluxo seja controlado com base na combinação de tempo e peso. Além disso, um maior controle da turbulência da água (que são os movimentos feitos com a chaleira para que a água penetre igualmente em todo o pó) resulta em uma extração mais homogênea do café. Que tal elaborar a sua própria receita?

4- Pré-infusão

A pré-infusão consiste em jogar uma quantidade pequena de água por toda a superfície do café e esperar por alguns segundos para continuar o processo. É nessa etapa que é possível observar o blooming, aquelas bolhinhas que se formam quando a água toca pela primeira vez o pó. Essas bolhas são resultado da liberação do CO2 presente nos grãos. É o café respirando! Diversifique a quantidade de água e de tempo, ou simplesmente pule direto para a extração, e veja qual resultado você curte mais!

5- Os “ataques” 

Quando checamos uma receita passada por algum barista, é comum vermos alguns “ataques” indicados durante a extração. O ataque consiste na ação de despejar a água no pó de café. Nessa etapa, podem variar o número de vezes que se põe água, a quantidade que é despejada por vez, o tempo entre um ataque e outro e o local em que a água deve ser despejada. Essas variáveis podem determinar algumas características na xícara, como a intensidade da acidez e da doçura. A quantidade de ataques e a forma como a água é despejada fazem com que sejam extraídos diferentes sabores de um mesmo café.

6- Mexer ou não mexer?

Para acelerar o processo de extração ou para aumentar o contato do café com a água, alguns baristas costumam mexer o líquido depois que a água foi despejada sobre o pó. Isso pode ser feito utilizando uma colher, girando o porta-filtro ou fazendo movimentos circulares com a própria chaleira enquanto despeja a água. Os resultados podem ser variados, de positivos a negativos, uma vez que os fines (partículas muito finas resultantes da moagem) podem ser direcionados para as paredes do filtro, bloqueando o fluxo da drenagem do café. Mexer o café ainda divide opiniões e cada barista tem suas preferências, mas tudo é teste! Vá ajustando a sua receita até encontrar a combinação que mais agrada ao seu paladar.

Receita da barista Simoni Yamaguty

A receita sugerida é a proporção de 1 g para 15 g, ou seja, 20 g de café para 300 g de água. Durante a extração, serão realizados cinco ataques de 60 g cada um. Após o primeiro ataque, espere entre 30 e 45 segundos para que o blooming aconteça. Depois, faça os quatro últimos ataques, um de cada vez, com aproximadamente o mesmo intervalo de tempo, finalizando a extração total entre 2 minutos e meio e 3 minutos. 

*Para obter consistência no preparo, o uso da balança medidora é essencial! Já para facilitar a dosagem e a precisão exata dos ataques, os baristas equiparam a quantidade de água ao peso do pó (mililitros a gramas).

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz

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