Cafezal

Produtor do Vale do Café, no RJ, tem saca arrematada por mais de R$ 11 mil

Mariana Proença, diretamente do Rio de Janeiro

Em resgate histórico da região do Vale do Café, produtor tem lance recorde para o concurso que completou a terceira edição

Nesta tarde, 30 de novembro, foi anunciado o resultado do III Concurso de Cafés Especiais do Estado do Rio de Janeiro. Cafés das regiões produtoras fluminenses conquistaram as finais do certame e tiveram destaque na mesa de cupping realizada no Palácio Guanabara.

Às cegas, cafeterias, torrefações e indústrias locais e nacionais provaram os cafés e puderam dar lances em leilão durante o evento.

Em 1º lugar na categoria natural ficou o produtor Paulo Roberto dos Santos, da Fazenda Florença, coroando um trabalho de qualidade iniciado em 2014 na região do Vale do Café com as antigas propriedades que produziam café no Estado. Localizada em Conservatória, a Fazenda retomou o plantio de café em 2017, com variedades novas e sob orientação da Universidade Federal de Lavras (UFLA) com a coordenação do professor Flavio Borem.

O projeto coordenado pelo Sebrae RJ tem o objetivo de revitalizar o Vale do Café, região histórica que foi responsável pelo produção de 75% do café do mundo.

Com muita emoção o produtor recebeu o prêmio e teve sua saca arrematada por R$ 11.500 pela Café Capital – indústria e cafeteria da cidade – que disputou lance a lance com o Supermercado Zona Sul. No fim, Luciano Inácio, da Capital, deu o maior lance: 

“Extrema emoção pois a Fazenda Florença foi uma tradicional produtora de café no século XIX e ficou quase 80 anos sem produzir café. E agora foi coroada com essa premiação”, fala Paulo Roberto.

Com 36 amostras, os produtores da região Serrana, Noroeste e do Vale do Café tiveram seus cafés da safra 2019/2020 provados por um time de Q-Graders da Academia do Café, em Belo Horizonte, em seleção prévia. Os 10 melhores foram conhecidos em cerimônia no Palácio Guanabara e, os cafés, participaram de leilão com torrefações, cafeterias e indústrias locais.

Segundo Moacyr Carvalho, presidente da Associação de Cafeicultores do Rio de Janeiro (Ascarj), hoje são 2.600 produtores de café no Estado que já foi o maior produtor do mundo. Em média são 50 hectares de pequenos cafeicultores, familiares e que produzem um total de 386 mil sacas/ano. 

Todos destacaram o potencial de consumo de café do Estado do Rio de Janeiro e a importância do investimento em qualidade para ampliar o mercado e agregar valor ao produtor, inclusive citado pelo novo Secretário de Agricultura do Estado, Marcelo Queiroz.

Reforçando o perfil do cafeicultor do Estado, o 1º lugar da categoria Via Úmida foi Paulo Ricci, da região do Noroeste do Estado, da cidade de Porciúncula, a quinta geração da família no café no Sítio Santa Reginalda e Bom Jardim. Com 23 hectares, Paulo explica que está desde que nasceu no café e que agora passa para o filho, Tiago, a responsabilidade da produção de qualidade, que começou em 2003.

O produtor teve a saca arrematada por R$ 6.500 em um coletivo de cafeterias: Beco do Café, Ás Café Ipanema e Academia do Café, que ficarão cada um com 20 kg do grão premiado.

Para Bruno Souza, coordenador do concurso e proprietário da Academia do Café, os cafés estavam muito complexos e os finalistas tiveram notas acima de 82 pontos. “Os produtores do Rio de Janeiro estão de parabéns e esse é um trabalho muito importante. É prazeroso ter esses cafés expressivos e de qualidade excepcional”.

Os demais café finalistas foram leiloados com valores altos, com média de R$ 4.000 a saca. 

Resultado Final:

Via Úmida
1º lugar: Paulo Henrique Ricci (Sítio Santa Reginalda e Bom Jardim – Noroeste – Despolpado – 85,56 pontos)
2º lugar: Fabiano Antonio de Oliveira Rodolphi (Sítio Vai e Volta – Noroeste – Desmucilado – 84,81 pontos)
3º lugar: Enio Geraldo Marteline Neles (Fazenda São Mamede – Noroeste – Despolpado – 84,75 pontos)
4º lugar: Everaldo Tardin Erthal (Fazendinha Bela Vista 1 – Serrana – Descascado – 84,38 pontos)
5º lugar: Alyne Silva de Almeida (Sítio Vai e Volta – Noroeste – Desmucilado – 82,56 pontos)

Natural
1º lugar: Paulo Roberto dos Santos (Fazenda Florença – Vale do Café – Natural – 84,69 pontos)
2º lugar: Evando José Menim (Fazenda Boa Esperança – Noroeste – Natural – 84,25 pontos)
3º lugar: Geraldo Vargas de Moraes (Fazenda Ribeira e Soledade – Noroeste – 83,38 pontos)
4º lugar: Enio Geraldo Marteline Neles (Fazenda São Mamede – Noroeste – 83,31 pontos)

O leilão arrecadou em disputados lances o recorde de R$ 11.500 pela saca do produtor Paulo Roberto dos Santos, via natural, da Fazenda Florença, no Vale do Café, em cerimônia comandada pela diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira.

Na área externa do Palácio Guanabara foi realizada a feira de cafés especiais em que o público pode provar os grãos do Rio de Janeiro. Dentre as marcas presentes, os cafés dos finalistas e também o Café Iranita, o Café Monthal, dentre outros produtores de diferentes regiões.

*A jornalista viajou a convite da organização do Concurso de Cafés Especiais do Estado do Rio de Janeiro

TEXTO Mariana Proença • FOTO Mariana Proença/Revista Espresso

Barista

Saiba dia e horário das apresentações dos baristas do campeonato nacional

Os 24 baristas que participarão do Campeonato Brasileiro de Barista já têm dia e horário marcados para entrar na arena de apresentação. Entre os dias 26 e 27 de janeiro serão realizadas as classificatórias e, no dia 28 de janeiro, a grande final com os seis melhores baristas do ano. Tudo isso na Casa Camolese, no Rio de Janeiro, no bairro Jardim Botânico.

A competição será de 10h às 18h, nos dias 26 e 27 de janeiro, e as finais começam no dia 28/1, das 10h às 15h. O anúncio do campeão será no domingo por volta das 16h30. A entrada é gratuita.

Veja a lista e prepare-se para torcer para o seu barista preferido!

Classificatórias

26 de janeiro (sexta-feira)

10h – André Martinelli dos Santos Jr, da Baden Torrefação (RS)
10h45 – Gabriel da Cruz Guimarães, da Unique Cafés Especiais (MG)
11h25 – João Marcelo Casarini Vieira, do Carolina Café (SP)
12h05 – Rafael Rodrigues Alves, da Brasil Espresso (SP)
12h55 – Rodolfo Soares Barbosa, do Armazém 331 (RJ)
13h35 – Estela Candido Cotes, do Café do Moço (PR)
14h15 – Hugo Santos Silva, da IL Barista (SP)
14h55 – João Augusto Michalski, do Café du Coin (PR)
15h35 – Rafaela Rodrigues Oliveira, do Guima Café (MG)
16h15 – Arthur Malaspina Jr, da O’Coffee (SP)
16h55 – Thiago Sabino, do Cafés Especiais do Brasil (SP)
17h35 – Martha Barcellos Grill, do Octavio Café (SP)

27 de janeiro (sábado)

10h – Juca Santarosa Esmanhoto, do Rause Café (PR)
10h45 – Juliana Ferreira de Melo, da Brasil Espresso (SP)
11h25– Leonardo Correa Ribeiro, da Unique Café Store (MG)
12h05– George Gepp, do Borsoi Café Clube (PE)
12h55– Franciele Gomes, autônoma (SP)
13h35– Jefferson Faria de Moura, autônomo (MG)
14h15– Fernando Santana, da Baristando (SP)
14h55– Antônio Cordeiro Sobrinho Neto, da Astro Torrefação (SP)
15h35 – Lucas Salomão, autônomo (SP)
16h15 – Raphael Ferraz de Souza, do Grassy Café (SP)
16h55 – Cauã Sperling Prado Silva, da Fora da Lei Café (SP)
17h35– Leonardo Gonçalves, do Stella Cafés Especiais (RJ)

Local
Casa Camolese
Rua Jardim Botânico, 983 – Jardim Botânico
26 e 27/1 – das 10h às 18h
28/1 – das 10h às 16h30

O Campeonato Brasileiro de Baristas é uma ação integrada do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation” e é realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pela Alliance for Coffee Excellence (ACE).

Para saber mais sobre os competidores, acesse aqui

Mais informações: www.bsca.com.br

TEXTO Texto Mariana Proença • FOTO Fotos Giulianna Iannaco/Café Editora

Barista

Lista do campeonato de barista tem maioria de São Paulo

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) divulgou nesta sexta-feira (12/1) a lista dos 24 participantes do Campeonato Brasileiro de Barista, que acontece de 26 a 28 de janeiro no Rio de Janeiro, na Casa Camolese. O vencedor da competição será o representante do Brasil no Campeonato Mundial de Barista, marcado de 20 a 23 de junho em Amsterdã, na Holanda.

Treze competidores são do estado de São Paulo, seguido por quatro de Minas Gerais. O único representante do Nordeste do país é George Gepp, do Borsoi, de Recife (PE), e Curitiba vem com dois fortes competidores: Estela e Juca, já veteranos em competições. Ela, campeã do Brewers Cup (Preparo de Café), em 2015.

Participam também: Lucas Salomão, bicampeão de Brewers, em 2013 e 2014 e da Copa Barista em 2011 e 2016. Hugo Silva, atual campeão da Copa Barista, em 2017, e Thiago Sabino, campeão brasileiro em 2014. Da cidade anfitriã, Rio de Janeiro, Leo Gonçalves estreará nesta modalidade após vencer o Campeonato Brasileiro de Aeropress 2017.

Também retornam neste ano alguns finalistas de 2017, como Gabriel Guimarães, da mineira São Lourenço, Rafaela Oliveira, de Belo Horizonte, e Martha Grill, representando São Paulo. Veja como foi o campeonato no ano passado.

Conheça a lista completa dos participantes:

– André Martinelli dos Santos Jr, da Baden Torrefação (RS)
– Antônio Cordeiro Sobrinho Neto, da Astro Torrefação (SP)
– Arthur Malaspina Jr, da O’Coffee (SP)
– Cauã Sperling Prado Silva, da Fora da Lei Café (SP)
– Estela Candido Cotes, do Café do Moço (PR)
– Fernando Santana, da Baristando (SP)
– Franciele Gomes, autônoma (SP)
– Gabriel da Cruz Guimarães, da Unique Cafés Especiais (MG)
– George Gepp, do Borsoi Café Clube (PE)
– Hugo Santos Silva, da IL Barista (SP)
– Jefferson Faria de Moura, autônomo (MG)
– João Augusto Michalski, do Café du Coin (PR)
– João Marcelo Casarini Vieira, do Carolina Café (SP)
– Juca Santarosa Esmanhoto, do Rause Café (PR)
– Juliana Ferreira de Melo, da Brasil Espresso (SP)
– Leonardo Correa Ribeiro, da Unique Café Store (MG)
– Leonardo Gonçalves, do Stella Cafés Especiais (RJ)
– Lucas Salomão, autônomo (SP)
– Martha Barcellos Grill, do Octavio Café (SP)
– Rafael Rodrigues Alves, da Brasil Espresso (SP)
– Rafaela Rodrigues Oliveira, do Guima Café (MG)
– Raphael Ferraz de Souza, do Grassy Café (SP)
– Rodolfo Soares Barbosa, do Armazém 331 (RJ)
– Thiago Sabino, do Cafés Especiais do Brasil (SP)

TEXTO Redação • FOTO Giulianna Iannaco/Café Editora

Mercado

Organic Food Fest reúne pratos orgânicos em casas do eixo Rio-SP

De 19 de janeiro a 4 de fevereiro, restaurantes badalados do Rio e de São Paulo vão adaptar suas receitas em nome de uma gastronomia mais saudável

O desafio do 6º Organic Food Fest (OFF), aceito por 16 restaurantes paulistanos e sete cariocas, é criar menus em três tempos com receitas usando ingredientes predominantemente orgânicos. O festival, que acontece de 19 de janeiro a 4 de fevereiro, tem como objetivo promover a culinária natural e a alimentação de qualidade. Para a alegria de nossos leitores, alguns restaurantes paulistas criaram pratos com café.

O Bar da Dona Onça, parada obrigatória no Edifício Copan em São Paulo, terá um menu de jantar com salada de beterraba, galinhada modernista e, de sobremesa, a opção de espuma de coco com baba de moça ou café coado com brigadeiros e balas de leite. Ainda na capital, o La Piadina, na Vila Olímpia, tem duas sobremesas com o ingrediente: no menu de almoço, sorvete artesanal afogado em café italiano. No jantar, o tradicional tiramisù, doce que leva café na receita.

Nougat glace de frutas cítricas e café, do Felix Bistrot, em Cotia (Luís Simione/Divulgação)

A 30 quilômetros do centro de São Paulo, Cotia terá seu representante no festival: Felix Bistrot, cujo menu de almoço conta com uma salada verde de entrada, seguida por um tagliatelle de legumes e, de sobremesa, um nougat glace de frutas cítricas e café. O restaurante também contará com menu de jantar.

Os preços das sequências do festival são padronizados: R$ 55 no almoço e R$ 88 no jantar, por pessoa. O OFF foi criado pelo alemão Matthias Börner, grande entusiasta do mercado de orgânicos. “A produção dos orgânicos respeita princípios, como proteção da biodiversidade, condições dignas de trabalho e o manejo correto da água e do solo. Substituir a alimentação convencional pela orgânica é iniciar uma revolução sustentável “, comenta.

TEXTO Redação • FOTO Luís Simione

Mercado

Evento carioca busca unir setores do café

Com o intuito de aproximar as relações entre baristas, produtores, empresários e o público, a iniciativa “Rio Faz Café” irá promover um encontro visando a troca de experiências e conhecimento entre os setores.

Idealizado por Marco Antonio Santos, do Have a Coffee, e João Braune, da Casa da Glória, o evento acontecerá no dia 1/7, na Casa da Glória, e contará com a presença de nomes como Leonardo Gonçalves (Café ao Leu), Renato Gutierres (Café Secreto) e Marina Velloso Pereira (Fazenda Paradiso), entre outros, à frente das palestras e oficinas.

Com temas como agricultura, mercado internacional e consumo de café especial, além de bate-papo com produtores, as palestras irão ocorrer entre 12h e 18h. Já as oficinas, que contam com provas de café, cupping educativo e outros assuntos, ocorrerão na parte da tarde, entre 14h e 16h.

O evento é gratuito e, para participar, é preciso se inscrever no e-mail comunica@casadagloria.com.br.

Mais informações: https://www.facebook.com/events/1555511067814007/

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Felipe Gombossy

Mercado

Cafés especiais brasileiros são atração durante a Olimpíada do Rio

fazenda47-2

Ações da BSCA promoverão grãos de 10 regiões produtoras. Os cafés especiais brasileiros serão servidos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) coordenará trabalhos de promoção dos cafés especiais nacionais, no Espaço Arte do Café, dentro da Casa Brasil, no Píer Mauá.

A BSCA estima que o Brasil produzirá até 8 milhões de sacas de 60 kg de cafés especiais em 2016, o que representa uma fatia de 35,5% da demanda mundial pelo produto, projetada pela Organização Internacional do Café (OIC) em 22,5 milhões de sacas. O principal mercado para os cafés especiais do Brasil são os Estados Unidos, mas os maiores valores pagos pelo produto são obtidos nas vendas para Japão, Coreia do Sul, Austrália e Taiwan. A ação nos Jogos será viabilizada através de parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Sebrae Nacional.

O Espaço irá abranger história, origens produtoras, características e métodos de preparo. “Serão realizadas apresentações individuais dos métodos de preparo e o café selecionado para cada demonstração será oferecido ao público presente. Trata-se do mesmo modelo que utilizamos na Expo Milão, na Itália, também em parceria com a Apex-Brasil, que foi muito bem sucedido”, explica a diretora da BSCA, Vanusia Nogueira.

Os cafés que serão apresentados são de associados da BSCA e dos pequenos produtores de cafés especiais apoiados pelo Sebrae. “Considerando a diversidade dos grãos, realizaremos apresentações distintas, com explicações sobre as características próprias da bebida e os produtos referentes a cada uma das regiões de produção e que estão à disposição no mercado”, completa. Veja, abaixo, as 10 regiões produtoras selecionadas:

Sul de Minas (MG): Características do café: Sudoeste – corpo médio, acidez alta, adocicado, com notas florais e cítricas; Montanhas – corpo aveludado, acidez alta, adocicado, com notas de caramelo, chocolate, amêndoa, cítricas e frutadas.

* Indicação de Procedência Mantiqueira de Minas (MG): Características do café: (i) Via úmida (cereja descascado/despolpado) – notas cítricas e florais, corpo cremoso e denso, acidez cítrica com intensidade média-alta, doçura alta, finalização longa; (ii) Via seca (café natural) – cítrico, floral, frutado, corpo cremoso e denso, acidez média-alta, doçura alta.

Matas de Minas (MG): a região surgiu para o mercado de cafés especiais após o início da produção dos grãos cerejas descascados. Características do café: corpo médio a encorpado, acidez média, doçura alta, com aroma achocolatado e sabor cítrico.

** Denominação de Origem Cerrado Mineiro (MG): Apresenta clima seco durante o período da colheita, o que faz com que o café sofra menos com a umidade depois de colhido. Conquistou a Denominação de Origem em 2013 e foi a primeira de café do País a receber este reconhecimento.

* Indicação de Procedência Alta Mogiana (SP): Características do café: aroma marcante, frutado com notas de chocolate e nozes, corpo cremoso aveludado, acidez média e muito equilibrada e finalização prolongada, com uma doçura de caramelo e notas de chocolate amargo.

Média Mogiana (SP): Características do café: boa acidez, doçura média, corpo médio, notas de chocolate, castanha e nozes.

Planalto Baiano (BA): Muitas propriedades realizam a colheita seletiva (apenas grãos maduros), o que favorece a produção do café cereja descascado. Características do café: encorpado e aveludado, adocicado, com acidez cítrica, notas de nozes, chocolate e final prolongado.

Montanhas do Espírito Santo (ES): Características do café: encorpado e com acidez de média a alta, doçura e boa complexidade de aromas.

* Indicação de Procedência Norte Pioneiro do Paraná (PR): Características do café: corpo médio, doce, com acidez média e notas de chocolate e caramelo.

Rio de Janeiro (RJ): A produção estadual gira em torno de 350 mil sacas por ano. Características do café: os grãos do Estado possuem características diversas e servem de base para blends de diversos produtos no Brasil.

Serviço
Espaço Arte do Café na Casa Brasil
Local: Píer Mauá, Av. Rodrigues Alves, n° 10, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quando:
– 06 a 21 de agosto: entre 10h e 20h
– 22 de agosto a 06 de setembro: entre 14h e 20h
– 07 a 18 de setembro: entre 10h e 20h
Mais informações: (35) 3212-4705 / 3212-6302 / exec@bsca.com.br

TEXTO Da redação • FOTO Guilherme Gomes e Tipuana Imagens Aéreas e Alexia Santi/Agência Ophelia - Café Editora

Café & Preparos

A bela do samba Roberta Sá

roberta_sa

“Muitas decisões importantes da minha vida nasceram em uma padaria, entre cafés e pães na chapa.”

Café sem açúcar, moído na hora, espresso ou no coador, e de diferentes origens. Assim é a forma ideal de tomar café para ela. Nascida em Natal (RN), onde quer que se apresente, a cantora brasileira procura conhecer as diversas culinárias regionais e ter uma relação muito próxima com elas. Aprecia mesmo o momento do café. “Sair para tomar um café é delicioso. É um encontro gostoso, e o café proporciona isso”. Para ela, a canção sai muito desses momentos. “Se tem algum compositor com quem eu quero fazer alguma música, eu falo: ‘Vamos tomar um café?’.”

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Karina Trevizan • FOTO Jorge Bispo

Cafezal

Movida a café

e39_fazenda_martins

No interior paulistano, uma antiga região brilha com o trabalho da sexta geração da família Martins. Próxima à antiga estrada de ferro Sorocabana, a Santa Margarida vive jovem e forte

Uma casa de mais de 120 anos. Uma lavoura de 42 anos. Um trisavô fundador. Jovens em torno de 30 anos. Uma colheitadeira nova, 7.200 sacas colhidas, 39 sacas por hectare. Fazenda Santa Margarida: uma antiga região de plantio de café e hoje palco de grandes mudanças. Com esses inúmeros contrastes e uma mistura de novo e velho é que se é recebido na propriedade da família Martins, em São Manuel, Sorocabana, interior de São Paulo. O tempo todo teorias são contestadas: equipamentos tradicionais de beneficiamento de café ajudam nos desafios de experimentar as novas tendências de processamento do grão. Uma aula de ousadia, alguns podem pensar. Ou devaneios de jovens em busca de novos experimentos? Mariano Martins há nove anos assumiu a fazenda da família. Ele é a sexta geração. “Não tinha ideia do café que era produzido ali.” Com qualidade ou não, ele resolveu sair do banco onde trabalhava para assumir a empreitada. Devorou livros de agricultura e começou a fazer testes, muitos testes. Hoje anda com desenvoltura por entre cafezais, terreiros e tanques de fermentação. A região, a 280 quilômetros da capital paulista, não é das mais altas, tem 770 metros e, por ser um terreiro, comporta o uso de uma colheitadeira, que substituiu o trabalho de 200 pessoas, no passado. Hoje apenas dois funcionários passam colhendo, após o trabalho da máquina. Mariano conhece cada talhão da fazenda e faz o controle das variedades: catuaí vermelho e amarelo e mundo novo vermelho e amarelo. O controle vai desde a fermentação que o fruto sofre no pé até o microclima da região, estudado por mais de dois anos mensurando as temperaturas e os sombreamentos de árvores como jambolões e grevilhas. Uma barreira de eucaliptos ajuda a impedir a passagem do vento constante. A planta do café é muito sensível a temperaturas, ventos e outras intempéries e todo o cuidado é pouco. A consultoria do especialista Ensei Neto o ajudou a entender o potencial do café, as diferenças de sabores e processos do grão.

e39_fazenda_martins_02

Funcionário mexe o terreiro de café natural para ajudar na secagem dos frutos; equipamentos, como a colheitadeira azul ajudam o cafeicultor durante a safra.

Técnicas colombianas? Ali chove muito durante a colheita. Situação semelhante à da Colômbia, por exemplo. Tal fato ajudou Mariano a buscar informações de processos realizados em outros países para colher melhor o café e evitar a umidade no terreiro. Depois de muita pesquisa, começou a desenvolver as técnicas usadas em regiões da América Central: a lavagem do café em tanques por até 18 horas, controle do pH e temperatura da água. Para ver os resultados, prova o café e identifica as mudanças de cada processo no sabor da bebida. Minuto a minuto, de madrugada, o tempo todo é de dedicação ao café que sai da lavoura e entra no processo de lavagem e seca: “Estamos aprendendo e apanhando muito com esse café lavado”, revela. Mais da metade dos grãos verdes produzidos na Santa Margarida, em 2012, seguiam para exportação. Um terço é comercializado no mercado interno. Seguindo a linha da América Central e seus processos diferentes dos realizados aqui no Brasil, Mariano começou, há quatro anos a escolha do café verde no sistema de catação em uma bancada. Cinco mulheres trabalham na seleção manual do grão que foi colhido, processado e beneficiado. Com mãos e olhos atentos, as catadoras vão eliminando qualquer grão que apresente um defeito: quebrado, brocado, malformado ou até os muito pequenos. Uma verdadeira imersão em milhares de grãos de café que, pelas mãos habilidosas do quinteto, resultam em uma seleção criteriosa. A fazenda é enorme. São mais de 650 hectares, a casa-grande e ao longe muitas casinhas. “Aqui moravam 250 famílias, hoje são apenas quatro”, conta Mariano. Os tempos são outros. A mão de obra do café diminuiu, e os equipamentos avançaram muito. Hoje em dia, na época mais pesada da colheita, apenas 15 pessoas ajudam nos afazeres da lavoura. e39_fazenda_martins_03

e39_fazenda_martins_04

Região plana contribui para a colheita mecanizada. Mas parte da produção é colhida manualmente, de forma seletiva; o casal Mariano Martins e Fabíola Filinto, responsáveis pelo café.

Os modernos robôs Uma casa então se transformou no laboratório. Lá são testados e provados os grãos que passam por todo o processo na fazenda. Em contraste com a terra vermelha da propriedade, há muita tecnologia do lado de dentro das antigas construções. Lá começa outro mundo. Além da produção diária da fazenda, a família Martins resolveu criar uma marca própria de café. Isso há três anos. Após identificar que o café era de boa qualidade, que os processos podiam ser mudados e que o produto tinha bons resultados na xícara, Mariano se uniu a duas outras jovens empreendedoras, Maíra Lopes e Fabíola Filinto, e criou o Martins Café. Mas só um café especial para essa turma não era suficiente. Ele tinha que ter algo mais. Foi então que surgiu a ideia de trabalhar cafés com especiarias. Mas não qualquer uma, mas, sim, produtos naturais, vivos. Desenvolveram quatro tipos de café: anis, canela, noz-moscada e cardamomo. Com a consultoria do mixologista e barista Marco de La Roche foram testadas diferentes torras e quantidades de especiarias naturais para cada café. Então voltamos para a tecnologia da fazenda. Ali, no laboratório, Mariano realiza todos os diferentes perfis de torra no torrador norte-americano Diedrich, de 12 quilos. O brinquedinho é negócio sério e, de lá, saem os grãos torrados que depois serão moídos sob encomenda para os clientes e também adicionados às especiarias. O produto inovou o mercado de café. Tanto na proposta de ser um moído diferente, quanto na identificação do método de preparo – com moagens distintas para coado, french press, espresso –, e também na comunicação das embalagens. Robôs retrôs remetem ao antigo, ao mesmo tempo em que são figuras futuristas, presentes no nosso imaginário. “Desde o começo, queríamos algo que fosse moderno e ousado, no qual pudéssemos aplicar tudo o que tínhamos aprendido no mercado, mas que mantivesse um espírito tranquilo, de lugares onde a vida não passa tão rápido”, explica Mariano. Não podia ser diferente. Numa casa de 1890 com um pé-direito enorme, onde circulam ideias dentro de cabeças jovens e um ótimo produto na mão vive o café da Santa Margarida. “A primeira lembrança que tenho do meu avô, quando tinha cerca de quatro anos, é de ele me ensinando a beber café, para desespero de minha mãe. Lembro claramente dele respondendo: “Café está no sangue da família. Não adianta. Cedo ou tarde, ele vai ser movido a café.” E não é?

e39_fazenda_martins_05

À esquerda, mulheres catam e selecionam o grão verde em bancadas no laboratório da fazenda; ao lado, torrador usado para testes e para atender aos pedidos da marca própria.

Mundo novo amarelo A variedade mundo novo amarelo 4266 é parecida “fisicamente” com a mundo novo vermelho. Foi confundido por muito tempo por ali, entre tantos cafezais. Essa lavoura é remanescente da geada de 1975 e, claro, muito resistente. Esse talhão, hoje o único que recebe uma colheita seletiva na Santa Margarida é separado dos demais lotes, tem em sua carga genética muito do bourbon amarelo, e é uma variedade de ouro na cafeicultura, e, ainda, o melhor, com a produção alta. e39_fazenda_martins_06 A herança dos Martins A família Martins de Almeida começou a plantar café em 1823, na região de Vassouras (RJ). Victoriano Martins de Almeida, carpinteiro, comprou um sítio com dinheiro emprestado. Ao morrer, deixou seis fazendas para os filhos. Um deles, João Baptista, partiu para São Manuel (SP), à beira da estrada de ferro Sorocabana. Nascia a Santa Margarida, em 1890. A paixão pela fazenda era tanta, que, em testamento, foi indicada como tradição da família, devendo sempre ser passada para o filho mais promissor. Essa recomendação foi seguida e hoje ela é a última fazenda da família. O filho de João Baptista, Victor, continuou com o plantio de café. Já o neto, Victor Jr., avô de Mariano, pegou a grande geada de 1975, que matou todos os pés de café, com exceção de um talhão (veja o boxe na pág. 85). Quando o pai de Mariano, Milton, assumiu a fazenda, optou por retomar o cultivo de café, plantando novas lavouras e investindo em técnicas mais modernas. Mariano assumiu a fazenda quando o pai desistiu de “apanhar desse tal de café”. Desmotivado, Milton queria vender a fazenda, mas consultou o filho e lhe deu dois anos de prazo para mostrar o resultado. Após dobrar a produtividade por hectare e diminuir os custos, ele acredita que está no caminho certo. (texto adaptado de Mariano Martins)

e39_fazenda_martins_07

A jovem equipe do Martins Café: Maíra Lopes, Flávia Pogliani, Mariano Martins, Fabíola Filinto e Marcela Herz, em 2012

Ficha técnica*

Fazenda Santa Margarida Cidade São Manuel, SP Região Sorocabana Altitude 770 metros Fundação 1890 Proprietário Mariano Martins Área total 657 hectares Área de cafezais 180 hectares Cafeeiros 900 mil Sacas produzidas 7.200/ano Beneficiamento natural, cereja descascado e cereja lavado Variedades catuaí vermelho, catuaí amarelo, mundo novo vermelho e mundo novo amarelo (Essa reportagem foi publicada em 2012, na Revista Espresso)

TEXTO Mariana Proença • FOTO Guilherme Gomes

Cafeteria & Afins

Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro, investe em blend próprio

A tradicional Confeitaria Colombo, localizada no Rio de Janeiro, fechou uma parceria com a marca Tassinari Cafés para desenvolvimento de um blend próprio.

O café elaborado é 100% arábica e pode ser preparado na confeitaria nos métodos espresso e coado. “Queremos proporcionar aos consumidores da Colombo uma experiência que os inspire a sentir prazer em degustar um espresso de verdade. O nosso café tem como objetivo fazer com que o consumidor perceba a diferença entre beber, degustar, preparar e saber fazer uma boa bebida”, explica Paulo Tassinari, proprietário da Tassinari Cafés.

Parte do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio de Janeiro, a Colombo também está comercializando o café moído ou em grãos na loja, por R$ 29,93. A embalagem em lata celebra os 120 anos da confeitaria, comemorados no ano passado.

Serviço
Confeitaria Colombo
Local: Rua Gonçalves Dias, 32 – Centro – Rio de Janeiro (RJ)
Mais informações: www.confeitariacolombo.com.br

TEXTO Da redação • FOTO Divulgação

Cafezal

Projeto Café no Vale promove o turismo e resgata a história do grão no RJ

Revitalizar a cafeicultura regional de maneira sustentável no Vale do Paraíba do Sul Fluminense, no Rio de Janeiro. Esse é o desejo do médico Marcelo Motta com o Projeto Café no Vale. Motta quer promover a cultura em 15 municípios da região (Vassouras, Valença, Rio das Flores, Paty do Alferes, Miguel Pereira, Engenheiro Paulo de Frontin, Paracambi, Mendes, Barra do Piraí, Conservatória, Piraí, Pinheiral, Volta Redonda, Barra Mansa e Visconde de Mauá), fazendo com que se torne uma espécie de polo turístico, mais atrativo e com produção de bom café.

Segundo Marcelo, esse bioma foi agredido durante a atividade cafeeira da época dos “Barões do Café”, no Brasil Império. Seus estudos apontam que as primeiras safras de café desse local eram muito boas por conta da nutrição natural do solo na região de Mata Atlântica, sendo fértil e rico em matéria orgânica. Por isso, a ideia de retomar essa terra para produzir um café de melhor qualidade, incluindo o replantio e recuperação de pequenos fragmentos desse bioma.

O projeto, de acordo com Marcelo, começa com o produtor se tornando parceiro. Após este passo, quem deseja melhorar a sua plantação recebe a visita da equipe de Marcelo, que também é presidente da Turisplan, empresa de planejamento estratégico de turismo sustentável. O grupo realiza uma análise do solo para averiguar se existe ou não fragmento de Mata Atlântica e o que deve ser feito para aumentar a qualidade. A partir daí, são feitas elaborações de mudas de café e plantados apenas grãos da espécie arábica.

“Como não usamos defensivos e nem adubos químicos na implantação e condução destes cafezais precisamos de equilíbrio e parceria com a natureza do entorno da lavoura implantada, o que obtemos com a biodiversidade destes fragmentos que criamos na propriedade do parceiro. Ou seja, cada parceiro do projeto tem que ter ou criar um fragmento de Mata Atlântica e ter a produção de Café Mata Atlântica validada por nós”, afirma Marcelo.

Cada propriedade tem um planejamento exclusivo em que é levado em consideração o clima, circulação de ventos, insolação, qualidade do solo e de fragmento da mata, dentre outros. A base é de 1.200 pés, sendo dividido em quatro cultivares diferentes, com 300 pés de cada para cultivar.

Marcelo explica que na colheita, que deve ser manual, todos os parceiros ganham o mesmo valor mínimo por balaio de 60 litros de frutos maduros. Todo o material colhido de cada parceiro é individualizado num lote e irá receber uma identificação. Este lote entra na linha de beneficiamento de forma individual. Após o término do beneficiamento é realizada a classificação completa da bebida. “Todos os parceiros têm a oportunidade de ganhar com a venda em suas propriedades do Café Mata Atlântica, que é torrado e embalado”, conta o idealizador do projeto.

Mais informações
www.turisplanbrasil.com.br

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Divulgação