Café & Preparos

A xícara pode alterar a percepção do sabor e do aroma do café?

A neurocientista Fabiana Mesquita de Carvalho coletou dados na SIC 2017, ao testar a percepção do público em diferentes modelos de xícara

Se existem taças específicas para diferentes tipos de vinho e copos bastante variados para modalidades de fermentação de cervejas, a xícara de café não pode ser tão diferente. Pensando nisso, a pós-doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP), Fabiana Mesquita de Carvalho decidiu colocar a teoria à prova. A pesquisa dela, que vai tratar tanto da forma quanto da cor das xícaras, teve seus primeiros testes na Semana Internacional do Café 2017, de 25 a 27 de outubro, que apoiou o projeto, batizado de Sala Coffee Sensorium. O experimento foi conduzido em colaboração com o professor Charles Spence, da Universidade de Oxford, em Londres, que vai participar da análise e da discussão dos dados.

Fabiana realizou o experimento durante o evento, em Belo Horizonte. Participaram, entre os homens, 60 amadores e 85 profissionais do café e, entre mulheres, 65 amadoras e 66 profissionais. A pesquisadora serviu a mesma bebida em três xícaras de mesma cor e material, mas de formato diferente, enviadas em colaboração pelo mestre de torra Tim Wendelboe, da Noruega. Ela esperava que a percepção das pessoas fosse diversa em cada recipiente, mas o estudo apontou resultados surpreendentes.

No teste, ela usou as xícaras em formatos tulip, split e open. O tipo tulip é em formato cônico, bastante similar às taças de vinho e dá uma impressão maior de doçura. As xícaras split têm um design único, arredondadas na base e com uma borda que se abre para o consumidor: estão relacionadas a cafés mais aromáticos e ácidos. Por fim, as open são as mais tradicionais, em formato de U, e são conhecidas por ressaltar aromas.

Xícaras dos modelos tulip, split e open (Figgjo/Divulgação)

O café usado no teste foi um microlote cedido pela Fazenda Recreio, de São Sebastião da Grama, na região do Vale da Grama (SP). A variedade é bourbon amarelo (CD), de 85 pontos, com aroma de frutas cítricas e melaço, sabores que lembram laranja, com acidez cítrica suave e doçura equilibrada.

“Basicamente, a informação que vem de um sentido, a visão, afeta a percepção de outros sentidos, como o olfato e o paladar”, explica Fabiana. Assim, as formas mais arredondadas se associam ao sabor mais adocicado, enquanto as angulares são relacionadas à acidez e amargor. Em todos os grupos, profissionais ou não, foi observada uma percepção maior de doçura e de acidez nas xícaras split. A xícara tulip, por sua vez, teve percepções de aroma aumentadas.

Os profissionais se saíram melhor nos testes: a maioria afirmou gostar igualmente dos três cafés. Nos grupos de amadores, a xícara split surpreendeu como a pior das três testadas. “A minha explicação é que é uma xícara fora do padrão, não encaixa no nosso conceito de xícara. Acredito que essa não-familiaridade afetou a percepção. Existem estudos que mostram como recipientes diferentes do costume podem alterar o gostar da bebida, principalmente se servida em um vasilhame específico de outra. Por exemplo, café em taça de vinho causa repulsa”, propõe a pesquisadora.

Fabiana e participantes do primeiro teste na SIC. (Bruno Lavorato/Café Editora)

Fabiana acredita que a pesquisa pode ajudar baristas, donos de cafeterias e amantes de café a compreender qual tipo de xícara extrai uma percepção melhor da bebida. Não para encontrar a xícara ideal para se apreciar uma boa extração, mas tipos diferentes para cada necessidade. “Acho que vamos chegar a diferentes xícaras para diferentes perfis de café. A bebida é muito complexa. Claro que não vai ser um modelo de xícara por variedade de grão, mas acredito que conseguiremos determinar grupos de percepções sensoriais para diferentes designs”, comenta.

A pós-doutoranda ainda vai conduzir testes relacionando a percepção de sabor com xícaras de cores diferentes: tons mais quentes se associam à doçura, enquanto os frios, ao amargor. “Ainda não temos estudos sobre os recipientes para o café, e isso depende tanto da associação de gosto, como de elementos culturais. Se eu tivesse conduzido esse estudo na Europa ou na Ásia, os resultados teriam sido os mesmos? Eu não sei. Tem que ver o que é cultural e o que não é, ainda temos um longo caminho pela frente”, defende.

Esta segunda etapa da pesquisa deve acontecer em março, e os dois estudos serão escritos separadamente: o primeiro, sobre formato de xícaras, tem previsão de publicação para janeiro. Ainda está prevista uma terceira etapa, com testes do peso e da textura da xícara influenciando na percepção do consumidor. Embora Fabiana não possa usar a mesma amostra de café nos três testes, ela tem dado preferência a grãos de características parecidas: doces, cítricos e frutados.

TEXTO Clara Campoli

Mercado

Oceania e Ásia despontam como mercados importadores de café brasileiro

Entre 2012 e 2016, os dois continentes aumentaram, juntos, em 4,4% o volume de consumo de café: média mundial de crescimento é de 1,6%

Os importadores de café brasileiro estão bastante atentos aos mercados da Ásia e da Oceania: ambos os continentes apresentaram um crescimento de consumo de 4,4% entre 2012 e 2016. O continente asiático comprou 5,5 milhões de sacas de 60 kg em 2017, e os países da Oceania importaram 372 mil sacas de café brasileiro no mesmo período.

Outro continente interessante é a África, que aumentou em 6% a importação em relação a 2016. Os dados são do relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado em coletiva de imprensa na manhã desta terça.

Dos 10 principais destinos do café do Brasil, apenas dois exportaram mais sacas em 2017 do que em 2016: Rússia e Turquia. O primeiro teve uma variação de 1,27%, enquanto os turcos compraram 7,53% mais sacas neste ano. O principal porto russo, de São Petersburgo, ficou entre os 10 maiores receptores da mercadoria brasileira, tendo exportado 619.361 sacas. No Brasil, são 20 portos escoando a produção cafeeira. O principal, com 84,9% da participação total, segue sendo o de Santos, histórico nessa função.

O Brasil lucra muito mais com exportação do produto do que com o consumo interno. Em 2017, o café rendeu R$ 26,6 bilhões, sendo R$ 16,64 bilhões advindos de exportações. Atualmente, o país exporta o grão para 127 países. “O café brasileiro é confiável, tem qualidade e assiduidade. É extremamente sustentável, não só pelo bom senso dos produtores, mas também por força de lei”, afirmou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.

Outro dado importante destacado na coletiva foi o crescimento do consumo mundial de café. A previsão é de que, em 2017, foram consumidas 158 milhões de sacas. O relatório do Cecafé aponta a projeção para 2030 em três cenários de crescimento em que o mundo consumiria entre 192 e 220 milhões de sacas. Para isso precisaria haver, em 13 anos, um aumento na produção mundial de mais de 60 milhões de sacas, equivalente a toda a produção anual brasileira, por exemplo.

Hoje o mundo já consome mais do que se produz em uma safra e, para suprir esta demanda, são usados os estoques dos anos anteriores. O Brasil deve chegar em 2018 ao menor estoque da sua história, com menos de 8 milhões de sacas.

Você pode ver o estudo na íntegra aqui.

TEXTO Clara Campoli • FOTO Gui Gomes

Mercado

Palestras e oficinas ajudam a montar sua própria cafeteria

Durante os dias 25, 26 e 27/10, a Cafeteria Modelo, evento que acontece durante a Semana Internacional do Café, funcionará como um espaço direcionado para o mercado de food service. Com programação gratuita e paga, as oficinas e palestras focam na capacitação técnica e na orientação em planejamento de negócios, ajudando quem pretende montar sua própria cafeteria.

As palestras gratuitas, que possuem os temas “Café e Pessoas – A Importância Do Bom Atendimento”, “Oficina de Qualidade da Água” e “Franquia ou Loja Própria? Aprenda com quem Empreende”, serão dadas no dia 25/10 por profissionais como Leonardo Gonçalves, barista e vencedor do Campeonato Brasileiro de Aeropress 2017; Luis Ponciano, da Everpure Pentair; Deiverson Migliatti, proprietário do Sterna Café e Bruno Gomes, gerente de operações.

Também sem custos, as oficinas serão realizadas no dia 26/10 e ministradas por nomes como Camila Arcanjo, da Sindicafé, SP; Mônica Pinto, da ABIC; Guilherme Amado, da Nespresso; Felipe Brazza, da Café da Semana e Alan Cavalcanti, Gabriel Diniz e Lidiane Souza, representantes do Recife Coffee.

A programação paga, que acontece no dia 27/10, conta com as palestras de Paula Dulgheroff, do Mundo Café, e Regina Machado, do Coffee Lab. Respectivamente, cada barista falará dos temas “Quais são os melhores métodos de preparo de café para o seu negócio?” e “Água: a base de um bom café”. Com investimento de R$ 150 e R$ 450, cada curso possui dez vagas disponíveis.

A programação é indicada para iniciantes, apreciadores, produtores de café, torrefadores, traders de café, classificadores, empresários, proprietários de cafeterias, baristas, donos e gerentes de bares e restaurantes e gerentes de hotéis.

Mais informações: http://semanainternacionaldocafe.com.br/br/?page_id=1150

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Vitor Macedo

Mercado

Artista une poesia, café e sustentabilidade

Juntando sua paixão por café e poesia, o mineiro Carlos La Terza criou, há cinco anos, um projeto independente utilizando sua criatividade e filtros de café usados.  Com o material em mãos, a ideia foi produzir livros de poesias a partir da reutilização, dando outro fim aos coadores de papel.

Chamado de Projeto Leitura Sustentável, o trabalho é todo artesanal, desde o processo das páginas até a escrita e a capa. Segundo o poeta, os filtros são lavados para retirar o resto de pó e deixados para secar ao ar livre, sem tirar a cor amarronzada e mantendo a essência da bebida.

Para dar um charme, as poesias são datilografadas diretamente no coador através de uma máquina de escrever e a capa é desenhada a mão utilizando uma tinta à base de café, que é produzida pelo próprio artista.

Com toda a proporção que seu trabalho vem ganhando, Carlos recebe muitas doações de filtros de papel, permitindo assim que ele dê continuidade ao seu projeto. Depois de divulgar seu livro “Leite de Pedra” para todo o país, o poeta lançou recentemente sua segunda obra, “Gaiola Viola”, fruto de muita imaginação e sustentabilidade.

Mais informações: www.instagram.com/poetalaterza

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Barista

Brasil terá pela primeira vez campeonato de torra de café

Neste ano, entre os dias 15 e 18 de setembro, nosso país realizará pela primeira vez o Campeonato Brasileiro de Torra de Café. A competição acontecerá na cidade de Curitiba (PR) e possui 16 participantes.

A disputa será dividida em duas etapas: a primeira, que será realizada na Indústria de Torradores Probat Leogap, exige que os participantes torrem cafés servidos utilizando um Probatone 5. Estes cafés serão degustados por juízes sensoriais na segunda etapa, que ocorrerá na cafeteria Lucca Cafés Especiais. “Nossa expectativa é de que esse evento será um marco para o segmento, pois é visível o crescimento nos últimos anos do número de pessoas que se interessam cada vez mais pelo universo dos cafés especiais”, disse Paulo Kleinke, diretor da Probat Leogap.

Os 16 participantes são:

Agostinho Douglas Andrade Ramos – São Paulo
Carlos Frigerio – São Paulo
Eduardo Affonso Scorsin – Paraná
Fabíola Jungles – Paraná
Felipe Brazza – Minas Gerais
Francisco Massucci Silveira – São Paulo
Hugo Rocco – Paraná
Jack Robson Silva – Minas Gerais
Jansen Willian de Souza Santos – Rio de Janeiro
Leandro Carlos Paiva – Minas Gerais
Leo Moço – Paraná
Luiz Eduardo Melo – Paraná
Orlando Salvatti – Paraná
Philipe Glazer – Santa Catarina
Robson Rodrigues Ribeiro – Minas Gerais
Thiago de Oliveira Sidney – São Paulo

O competidor que for mais fiel à curva de torra planejada e obtiver as maiores notas na bebida vencerá o campeonato e representará o Brasil no World Coffee Roasting Championship, competição mundial de torra proporcionada pela World Coffee Events (WCE) que acontecerá em dezembro, na cidade de Guangzhou, na China.

Promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento (Apex-Brasil), o Campeonato Brasileiro de Torra de Café é uma ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”.

World Coffee Roasting Championship
Realizado na cidade chinesa de Xangai, a última edição do campeonato mundial de torra teve como campeão o romeno Alexandru Niculae. Completando o pódio, o russo Dmitrii Borodai ficou com a segunda colocação e Matthew Robley-Simeonsma, do Reino Unido, com a terceira.

A primeira edição do World Coffee Roasting Championship aconteceu em 2013 na cidade de Nice, na França, e teve como campeão o japonês Naoki Goto.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Torra de Café
Onde: Curitiba (PR)
Quando: 15 a 18/9
Mais informações: www.brazilcoffeenation.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Santos sediará festival de cafés

Com o objetivo de promover o turismo e o café, a cidade de Santos sediará a 3ª edição do Festival Santos Café, no Centro Histórico. O evento acontecerá entre os dias 7 e 9 de julho e busca unir música, gastronomia, cultura e café. Com passeios e oficinas, a programação conta com degustações, exposições, feiras, cursos, shows, entre outras atividades.

A Espresso Degusta, degustação gratuita de cafés especiais com curadoria da Revista Espresso e da Café Editora, acontecerá na Frontaria Azulejada. Os participantes terão a oportunidade de conhecer 14 marcas que oferecerão cafés coados e espressos gratuitamente. Além disso, a degustação trará novidades em acessórios, utensílios, cafés embalados para comercialização e distribuição de revistas por parte da Revista Espresso.

Para os ligados em comida, oficinas gastronômicas ocorrerão nos dias 8 e 9, no antigo restaurante da bolsa de café. Com apenas 80 vagas, as inscrições precisam ser feitas com antecedência. O Festival Santos Café também conta com parceria com restaurantes e bares do centro.

Com realização da Prefeitura de Santos, Museu do Café e Secretaria de Turismo, o evento possui o apoio da Café Editora, Revista Espresso, Clube de Automóveis Antigos de Santos, American Ciclo, Rádio Guarujá, SENAC e Estação Bistrô – Restaurante Escola. O Festival Santos Café terá como marcas participantes Astro Café, Bunn, Café Baronesa, Café Caramello, Café do Centro, Café Mitsuo Nakao, Café Store, Café Utam, Da Hora Bike, Gold, Grão Gourmet, Mazzi Caffè, Rei do Café, Revo Coffee, Santa Monica Café Gourmet, Swiss Coffee, Zalaz Brasil e Revista Espresso.

Serviço
Horário: 7/7, das 17h às 20h, 8 e 9/7, das 10h às 20h
Locais: Museu do Café, Praça Mauá, Casa da Frontaria Azulejada, Boulevard da Rua XV de Novembro, Museu Pelé, Santuário Santo Antônio do Valongo e restaurantes parceiros do Centro Histórico de Santos
Mais informações: http://bit.ly/2sKLaBk

TEXTO Gabriela Kaneto

Mercado

Café do Centro completa 100 anos com café exclusivo

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O Café do Centro – marca da Brasil Espresso – completou, em 2016, o seu centenário. Em nova fase, com a aquisição da empresa – pertencente a família Branco Peres – pelo Pátria Investimentos (associado ao Grupo Americano Blackstone), juntamente com fazendas situadas no Cerrado Mineiro, do Grupo AC Café, a empresa lança uma edição limitada e comemorativa aos 100 anos.

Os grãos foram cultivados na Fazenda Santa Lúcia, na cidade de Perdizes (MG), na variedade bourbon amarelo, processo natural, com avaliação de 84,33 pontos na escala da SCAA. O lote, com apenas 100 sacas, foi torrado na cidade mineira de Adamantina e chega com selo da Rainforest Alliance – certificadora de sustentabilidade de propriedades.

O café apresentou notas doces, acidez média-baixa, bom corpo e aroma acentuado de caramelo. As embalagens de 250 g em grãos ou torrado e moído estão à venda por R$ 39.

Para comprar, acesse www.cafestore.com.br

TEXTO Da redação

Mercado

Café colombiano Juan Valdez chega ao mercado brasileiro

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A marca de café da Colômbia, Juan Valdez, entra formalmente este mês no mercado brasileiro para continuar sua estratégia de expansão internacional. A cafeicultura colombiana ganhou destaque mundial com a figura do senhor de chapéu e seu bigode bem aparado que, sem perder a pose, puxa seu burrico carregado de sacas de café. O personagem Juan Valdez há mais de 50 anos é um dos grandes responsáveis pela popularização do Café de Colômbia e está realmente em toda a parte do país e hoje em mais 16 outros. A partir deste mês de novembro de 2016, os produtos Juan Valdez podem ser encontrados nas lojas Pão de Açúcar, no Brasil. Inicialmente, estarão disponíveis em 108 pontos de venda, com um potencial de mais de 2.100 estabelecimentos. O Grupo Pão de Açúcar (GPA), de propriedade do francês, Casino Guichard-Perrachon, com presença no mercado brasileiro desde 1945, é a companhia que se encarregará de comercializar os produtos da marca colombiana. O Grupo Pão de Açúcar é o maior varejista do Brasil, com 2.181 lojas em todas as regiões, além do comércio eletrônico. juan-valdez-huila-500g-beans (1)

O portfólio de produtos oferecidos serão cafés de origem 100% colombianos das regiões de Huila (balanceado), Tolima (suave) e Sierra Nevada (forte), com diferentes perfis de xícara. Todos serão vendidos torrado e moído em pacotes de 125 gramas nas versões lata (R$ 19,90) e pacote com válvula aromática (R$ 15,90). “O Brasil é um mercado dinâmico e diverso. Por ser um país produtor, faz com que sua população se interesse pela variedade do produto e em aprender sobre ele. Acreditamos que nossa chegada ao país será um êxito, pois os brasileiros se interessam cada vez mais pelos cafés especiais”, informa María Paula Moreno, vice-presidente internacional da Procafecol, empresa que opera a marca e a cadeia de lojas, Juan Valdez Café.

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Panorama da Colômbia
Em reportagem de 2011, da Revista Espresso, estive na Colômbia para visitar propriedades locais. Foi preciso se embrenhar por diferentes fincas, as fazendas, para conhecer as peculiaridades dos cafeicultores colombianos. A maior parte das propriedades tem de 3 a 40 hectares de extensão, sendo as menores, em maior quantidade, 70%. A colheita na Colômbia é seletiva, quando os apanhadores passam pelos pés de café retirando apenas os frutos maduros da planta. Essa técnica garante uma seleção inicial dos melhores cafés, porém é antes de tudo algo necessário numa maturação desuniforme. Na Colômbia, num mesmo cafeeiro, é possível ver flor, chumbinho, verde, maduro e passa. Como a quantidade não é o destaque da maioria das fazendas, a colheita seletiva é uma questão de sobrevivência para o cafeicultor local. O beneficiamento do grão é feito exclusivamente no método lavado, em que os frutos são colocados dentro de um tanque cheio de água. O processo é todo ele artesanal, o fruto bom que fica no fundo do tanque é levado a uma tolva (grande funil), que direciona os frutos a um despolpador. Novamente no tanque cheio, os grãos maduros fermentam por até 18 horas. Sem a mucilagem eles vão ao terreiro secar. No Brasil esse processo é pouco utilizado, por ter gasto elevado de água e necessidade de uma estrutura de muitos tanques. Mas na Colômbia ele funciona muito bem e dá ao café o perfil de corpo leve, destaca a acidez do grão e é uma seleção precisa, em que poucos grãos com defeito chegam à fase final de beneficiamento. Em 2011 o parque cafeeiro do país passou por uma renovação de variedade. A caturra, que estava em quase toda parte das zonas produtoras, foi sendo substituída pela castillo, que é resistente à ferrugem, praga do cafeeiro que foi responsável pela grande queda na produção do país em 2010.

2011 CafÈ de Colombia Barista Origin Trip

Investimento planejado
Durante os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, a marca Juan Valdez esteve presente na Casa Colômbia, servindo cerca de 6.000 bebidas diárias. A estratégia teve grande aceitação, o que foi importante para a familiarização dos brasileiros com os produtos Juan Valdez. “O Brasil é o segundo país onde mais se consome café no mundo, superado pelos Estados Unidos, e se encontra entre os países com maior consumo per capita, alcançando 5,1 quilos de café por ano, o que o torna um país muito atrativo para o negócio”, destacou María Paula Moreno. O plano de crescimento internacional da marca, atualmente com 118 lojas Juan Valdez Café fora da Colômbia, localizadas em 16 países: Equador, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai, Panamá, El Salvador, Costa Rica, México, Aruba, Estados Unidos, Espanha, Kuwait, Malásia, Curaçao e Bahrein. Na Colômbia, há 244 lojas em operação e o consumo vem aumentando no país, com 1,85 kg de consumo per capita/ano.

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Os produtos Juan Valdez são distribuídos em 23 países além da Colômbia, sendo o Brasil o país mais importante para a chegada da marca em 2016. A Federação de Cafeicultores da Colômbia representa mais de 500 mil famílias de pequenos produtores de café do país. O Café de Colômbia tem a Denominação de Origem e há menos de dez anos vem investindo em mostrar também as regiões e seus diferentes perfis de bebida. E o início dessa história data de 1730, quando as primeiras sementes chegaram à Colômbia. A Colômbia é dividida em 32 desses departamentos, como os nossos Estados. Desses, 20 são produtores de café, que produzem 13,5 milhões de sacas de café, contra 43,2 milhões do Brasil. Por isso, a economia local gira muito em torno do produto, que internacionalmente é conhecido como Café de Colômbia e ocupa o terceiro lugar na produção mundial, atrás de Brasil e Vietnã.
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TEXTO Mariana Proença • FOTO Café Editora/Divulgação

Mercado

Cafés especiais brasileiros são atração durante a Olimpíada do Rio

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Ações da BSCA promoverão grãos de 10 regiões produtoras. Os cafés especiais brasileiros serão servidos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) coordenará trabalhos de promoção dos cafés especiais nacionais, no Espaço Arte do Café, dentro da Casa Brasil, no Píer Mauá.

A BSCA estima que o Brasil produzirá até 8 milhões de sacas de 60 kg de cafés especiais em 2016, o que representa uma fatia de 35,5% da demanda mundial pelo produto, projetada pela Organização Internacional do Café (OIC) em 22,5 milhões de sacas. O principal mercado para os cafés especiais do Brasil são os Estados Unidos, mas os maiores valores pagos pelo produto são obtidos nas vendas para Japão, Coreia do Sul, Austrália e Taiwan. A ação nos Jogos será viabilizada através de parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Sebrae Nacional.

O Espaço irá abranger história, origens produtoras, características e métodos de preparo. “Serão realizadas apresentações individuais dos métodos de preparo e o café selecionado para cada demonstração será oferecido ao público presente. Trata-se do mesmo modelo que utilizamos na Expo Milão, na Itália, também em parceria com a Apex-Brasil, que foi muito bem sucedido”, explica a diretora da BSCA, Vanusia Nogueira.

Os cafés que serão apresentados são de associados da BSCA e dos pequenos produtores de cafés especiais apoiados pelo Sebrae. “Considerando a diversidade dos grãos, realizaremos apresentações distintas, com explicações sobre as características próprias da bebida e os produtos referentes a cada uma das regiões de produção e que estão à disposição no mercado”, completa. Veja, abaixo, as 10 regiões produtoras selecionadas:

Sul de Minas (MG): Características do café: Sudoeste – corpo médio, acidez alta, adocicado, com notas florais e cítricas; Montanhas – corpo aveludado, acidez alta, adocicado, com notas de caramelo, chocolate, amêndoa, cítricas e frutadas.

* Indicação de Procedência Mantiqueira de Minas (MG): Características do café: (i) Via úmida (cereja descascado/despolpado) – notas cítricas e florais, corpo cremoso e denso, acidez cítrica com intensidade média-alta, doçura alta, finalização longa; (ii) Via seca (café natural) – cítrico, floral, frutado, corpo cremoso e denso, acidez média-alta, doçura alta.

Matas de Minas (MG): a região surgiu para o mercado de cafés especiais após o início da produção dos grãos cerejas descascados. Características do café: corpo médio a encorpado, acidez média, doçura alta, com aroma achocolatado e sabor cítrico.

** Denominação de Origem Cerrado Mineiro (MG): Apresenta clima seco durante o período da colheita, o que faz com que o café sofra menos com a umidade depois de colhido. Conquistou a Denominação de Origem em 2013 e foi a primeira de café do País a receber este reconhecimento.

* Indicação de Procedência Alta Mogiana (SP): Características do café: aroma marcante, frutado com notas de chocolate e nozes, corpo cremoso aveludado, acidez média e muito equilibrada e finalização prolongada, com uma doçura de caramelo e notas de chocolate amargo.

Média Mogiana (SP): Características do café: boa acidez, doçura média, corpo médio, notas de chocolate, castanha e nozes.

Planalto Baiano (BA): Muitas propriedades realizam a colheita seletiva (apenas grãos maduros), o que favorece a produção do café cereja descascado. Características do café: encorpado e aveludado, adocicado, com acidez cítrica, notas de nozes, chocolate e final prolongado.

Montanhas do Espírito Santo (ES): Características do café: encorpado e com acidez de média a alta, doçura e boa complexidade de aromas.

* Indicação de Procedência Norte Pioneiro do Paraná (PR): Características do café: corpo médio, doce, com acidez média e notas de chocolate e caramelo.

Rio de Janeiro (RJ): A produção estadual gira em torno de 350 mil sacas por ano. Características do café: os grãos do Estado possuem características diversas e servem de base para blends de diversos produtos no Brasil.

Serviço
Espaço Arte do Café na Casa Brasil
Local: Píer Mauá, Av. Rodrigues Alves, n° 10, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quando:
– 06 a 21 de agosto: entre 10h e 20h
– 22 de agosto a 06 de setembro: entre 14h e 20h
– 07 a 18 de setembro: entre 10h e 20h
Mais informações: (35) 3212-4705 / 3212-6302 / exec@bsca.com.br

TEXTO Da redação • FOTO Guilherme Gomes e Tipuana Imagens Aéreas e Alexia Santi/Agência Ophelia - Café Editora

Barista

Campeão do mundial de baristas vem ao Brasil para conhecer regiões produtoras

berg wu

Berg Wu, de Taiwan, vencedor do World Barista Championship, além do vencedor do campeonato de Brewers e outros profissionais viajarão a origens produtoras. A rota levará baristas internacionais para conhecer lavouras no Espírito Santo e em Minas Gerais na próxima semana. Entre eles, está Berg Wu, de Taiwan, atual campeão do World Barista Championship, realizado em junho, em Dublin, na Irlanda. Além dele, Tetsu Kasuya, do Japão, atual campeão de Brewers, e outros seis profissionais internacionais virão ao Brasil, inclusive o campeão norte-americano, Lem Butler.

allycoffee

A passagem por aqui será de uma semana, de 24 a 31 de julho, inclui três regiões de cultivo de café no Brasil, e é organizada pela empresa Ally Coffee, do grupo Montesanto Tavares, ao lado da Atlântica Coffee, Cafebrás e InterBrasil Coffee. Os baristas que participarão da “Viagem a Origem 2016”, serão Berg Wu (Taiwan), Todd Goldsworthy (USA), Tetsu Kasuya (Japão), James Tooill (USA), Lemuel Butler (USA), Tony Querio (USA), Andrea Allen, (USA), Kyle Belinger, (USA).

Na oportunidade, os baristas terão contato com os grãos produzidos no país, além de conhecer os cafeicultores responsáveis por essa produção. “Ao mesmo tempo, queremos que os produtores conheçam esses profissionais que promovem o grão especial em todo o mundo”, explica Bruno Tavares, CEO da Ally Coffee, empresa que atua como importadora e distribuidora de café no mercado americano e no europeu.

Roteiro completo
Na agenda dos campeões, a chegada será em Vitória (ES), seguindo para Venda Nova do Imigrante, onde estão programadas visitas a produtores parceiros da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), e aos produtores Clayton Barrossa Monteiro, da Fazenda Ninho da Águia e Paulino, no Espírito Santo. De lá, a viagem segue para Minas Gerais nas fazendas Primavera, em Angelândia, e Matilde, em Capelinha, ambas do grupo Montesanto Tavares. O roteiro termina em Belo Horizonte (MG), onde conhecerão a Wäls e a Academia do Café.

A excursão dividirá os campeões em equipes para trabalhar com dinâmicas e desafios em torrefação, fabricação de cerveja e preparação de café espresso. Também está programado o encontro com baristas brasileiros em uma cervejaria artesanal em Belo Horizonte.

(Texto publicado originalmente no site CaféPoint)

TEXTO Redação • FOTO Divulgação