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Pesquisa destaca efeitos da pandemia sobre torrefações internacionais de café

Uma pesquisa recente conduzida pela trader Caravela Coffee sugere que torrefações de café de todos os formatos e tamanhos estão sentindo tensões em suas operações comerciais devido à pandemia de Covid-19.

Em geral, os resultados da pesquisa sugerem que a pandemia afetou negativamente os torrefadores norte-americanos. Esse grupo demográfico também mostrou a perspectiva mais pessimista no futuro.

Curiosamente, os Estados Unidos continuam sendo o líder global em perdas em termos de vida humana durante a pandemia de coronavírus, com 20% dos mais de 34 milhões de casos de infectados do mundo e pouco mais de 20% dos mais de 1 milhão de mortes, de acordo com os últimos números.

A pesquisa sugeriu que torrefações menores sofreram mais severamente do que as maiores. Grande parte das maiores (2,2 milhões de quilos anuais ou mais) disse que as vendas aumentaram durante a pandemia.

Realizada em julho deste ano, a pesquisa Caravela foi respondida por 143 torrefações, sendo 78 da América do Norte, 36 da Europa, 20 da Austrália e Nova Zelândia, 6 da Ásia, 2 da América Latina e 1 da África.

Tamanho e Distribuição

Entre todas as empresas pesquisadas, 61 torram menos de 100 mil libras (45.359,23 quilos)  anualmente, 46 torram entre 100 mil (45.359,23 quilos) e 500 mil libras (226.796,18 quilos) e 36 torram 500 mil libras (226.796,18 quilos) ou mais, incluindo oito empresas que relataram a torra de mais de 5 milhões de libras (2,26 milhões de quilos).

Os entrevistados foram divididos quase uniformemente entre torrefadores atacadistas (45%) ou torrefadores/varejistas (51%), enquanto que 4% foram identificados como “apenas on-line”. Em termos de canais de distribuição específicos, eles foram divididos entre: atacado (23%); on-line/pedido pelo correio (23%); varejo próprio (22%); escritórios, hotéis e restaurantes (18%); e mercearia e supermercado (14%).

Dentro desses canais, o grupo com maior percentagem de distribuição de mercearia (19%) eram as maiores torrefadoras (+5 milhões).

Como os negócios foram afetados?

Quando questionados sobre como a Covid-19 afetou seus negócios, 84% das torrefações de todas as regiões disseram que teve impacto médio ou significativo. Esse número aumenta para 90% entre os entrevistados norte-americanos, 52% dos quais relataram impacto significativo.

Entre os três grupos mais estatisticamente significativos, os torrefadores da Austrália e da Nova Zelândia relataram sentir o menor impacto da pandemia, com 5% relatando “nenhum impacto” e 26% relatando “impacto mínimo”. Entre todas as torrefações de todos os tamanhos, a resposta mais comum para a queda nas vendas devido à pandemia foi na faixa de 26% a 50%.

Um dos resultados mais fascinantes foi relacionado aos maiores torrefadores (5 milhões + libras), com seis em oito deles relatando aumento nas vendas devido à pandemia. As piores estimativas de desempenho de vendas de todas as regiões ocorreram entre empresas que torram de 100 mil a 500 mil libras.

Novas estratégias e canais

Entre todas as novas estratégias apresentadas – incluindo a abertura de novos canais de vendas/distribuição, maior investimento em marketing, redução dos custos do café verde e muito mais – a mais comum entre todos os entrevistados foi o fortalecimento das vendas on-line (32%).

Em termos de abertura de novos canais de vendas/distribuição, as respostas mais populares foram mercearia (23%), lojas locais (21%), lojas próprias na web (19%), lojas de mídias sociais (17%), mercados on-line (13%) e outros (8%).

Quanto aos novos produtos desenvolvidos durante a pandemia, os líderes entre as torrefações de todos os tamanhos foram: assinaturas (19%) e prontos para beber (19%), seguidos por sacos maiores (15%). O menor grupo de torrefadores (menos de 100 mil libras) tinha maior probabilidade de revelar uma assinatura durante a pandemia (25%).

Táticas de Sobrevivência

As torrefações relataram ter tomado uma série de “medidas drásticas” para manter os negócios funcionando, incluindo demissão de pessoas (23%), solicitação de empréstimos ou aumento de patrimônio líquido (23%), renegociação de aluguel com proprietários (22%), renegociação de termos com fornecedores com café verde (14%) e fechamento permanente de cafés (7%).

Entre as três regiões estatísticas mais significativas, as torrefações norte-americanas de todos os tamanhos apresentaram as taxas mais altas de dispensas de pessoas (26%) e empréstimos/capital próprio (29%). Também teve a maior taxa de fechamento permanente de cafés (7%) em comparação com a Europa (6%) e Austrália/Nova Zelândia (5%).

Efeitos nos parceiros da cadeia de suprimentos

Embora a Caravela tenha conduzido pesquisas de opinião entre os produtores de café na América do Sul e na Mesoamérica, a pergunta feita aqui foi: “como seus parceiros da cadeia de suprimentos foram afetados por sua própria situação atual?”.

Entre todas as torrefações, as duas respostas mais comuns foram embarques de café atrasados ​​(40%) e volumes reduzidos ou compromissos cancelados (37%).

Perspectiva futura

Quando questionados sobre quando eles esperam atingir os níveis de demanda pré Covid, de longe a perspectiva mais otimista veio dos maiores torrefadores (5 milhões + libras), dois terços dos quais (66%) disseram que já recuperaram ou aumentaram os níveis de demanda. Entre todas as torrefações, esse número cai para 23%.

Apenas 5% de todas as torrefações disseram que não esperam retornar aos níveis de demanda anteriores à pandemia, e 30% deles estimam que a recuperação levará mais de 12 meses. A perspectiva era particularmente sombria entre os torrefadores norte-americanos, dos quais 72% disseram que levaria seis meses ou mais para se recuperar.

As torrefações menores e as norte-americanas também foram as menos otimistas em relação à estimativa de demanda para os próximos seis meses. No total, 39% esperava uma queda adicional, enquanto 27% afirmou que é “difícil dizer”. Quase metade dos entrevistados da América do Norte (49%) disse esperar uma redução da demanda nos próximos seis meses.

TEXTO As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin • FOTO Battlecreek Coffee Roasters / Yanapi Senaud / Vladimir Proskurov / Gregory Hayes

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