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Seminário Internacional de Café de Santos discute sustentabilidade e diversidade na cafeicultura

Nesta quarta-feira (11) ocorreu a abertura do XXIII Seminário Internacional de Café de Santos: exportação do café do Brasil preparada para a economia mundial. Após dois anos parados por conta da pandemia de Covid-19, o evento, que acontece há 50 anos, retorna com o tema O quanto o Brasil está preparado?”. O Seminário busca discutir assuntos estratégicos para o setor como governança socioambiental, agricultura regenerativa, impacto do clima e desafios de logística.

A edição conta com a  participação de 21 países e autoridades na abertura. Representando o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Francisco Matturro, participou da abertura do 23º Seminário Internacional do Café de Santos, no Guarujá.

O secretário argumentou que há décadas o Brasil trabalha para se posicionar como principal ofertante de cafés de alta qualidade. “O estado tem intensificado a expansão de cafeterias e de outros tipos de estabelecimentos voltados aos cafés de alta qualidade”, disse.

Francisco apontou que São Paulo tem a cafeicultura como seu berço. “Muitos de nossos institutos, como é o caso do Instituto Agronômico e o Instituto Biológico, foram fundados justamente para estudar e proteger essa cultura tão importante para a economia de São Paulo”, lembrou.

Para o secretário, essas ações realizadas pela Secretaria à cafeicultura não são apenas históricas. “Nossos institutos de pesquisas e assistência técnica estão também conectados com aquilo que é sinalizado como tendência no mercado consumidor”, complementou.

Outra pesquisa que o secretário citou como importante é a que está ligada ao desenvolvimento pelo IAC, de cultivares de café com características voltadas ao mercado de cafés especiais: “Também temos realizado estudos no IAC com o uso de biotecnologia para levar o maior e mais completo banco de germoplasma de cafés do mundo, que fica em Campinas, para uma outra unidade da secretaria”.

Francisco Matturro justificou essas e outras ações com o objetivo de apoiar os cafeicultores, indústrias e exportadores. Atualmente, apenas o estado de São Paulo produz cerca de 6,5 milhões de sacas ao ano. “Esse conjunto de ações faz de São Paulo o território privilegiado do agronegócio Cafés do Brasil”, concluiu.

O presidente da Associação Comercial de Santos, Mauro Sammarco, destaca que o Brasil é líder em produção e exportação, e o Porto de Santos é fundamental na logística da exportação dos grãos brasileiros. 

A primeira palestra contou com o tema “Cenário macroeconômico” e teve Sandro Mazerino Sobral, Head de mercados e trandings do banco Santander Brasil, como palestrante. Ele deu uma verdadeira aula sobre o mercado financeiro e traçou um paralelo entre 2022 e anos anteriores de inflação. “Estamos vivendo um período complicado para o futuro, tem a ver com o mundo, provavelmente será um período de mudança de era. Os futuros historiadores dirão que esse foi um período perigoso para a humanidade, crise financeira de 2008, preservar o sistema como estava, levou hoje aos problemas”, apontou. O palestrante reiterou sobre a inflação que bateu, ontem (11), 12% no Brasil e 8% nos Estados Unidos, o que demonstra um problema mundial.

Michelle Burns, vice-presidente da Global Coffee Tea and Cocoa da Starbucks Coffee Company, foi a segunda palestrante da tarde e apresentou o trabalho realizado pela empresa que envolve tecnologia e sustentabilidade. “Pensamos em como buscar melhorias, práticas sustentáveis ao lado dos produtores. Precisamos fazer com que os agricultores tenham uma renda suficiente para bem estar e melhoria nas comunidades”, destacou. Michelle ainda comentou sobre o centro da Starbucks na cidade de Varginha (MG), em que é possível aprender e trocar soluções para o setor e que serão compartilhadas em todo o mundo. 

Para encerrar o primeiro dia do Seminário, ocorreu um painel com o tema “O Brasil está bem-posicionado na Cadeia Mundial de Café?”, moderado por Carlos Alberto F. Santana Jr., da EISA, com a participação de Trishul Mandana, diretor executivo da Volcafé (ED&FMan Coffee Division); Edward A. Esteve, Chief Carbon Officer and Head of Coffee Division da ECOM Agroindustrial; e David Neumann, CEO da NKG. 

O painel levantou algumas discussões e David Neumann destacou que as perspectivas para o café brasileiro são excelentes, porém é preciso atenção em relação às mudanças climáticas e as dificuldades que irão existir para as próximas gerações. 

“O Brasil traz exemplos maravilhosos de produção, mas é necessário uma liderança mais forte, uma linha de negócios e focar em ajudar os pequenos e médios produtores em relação à sustentabilidade. Os negócios de café tem que ser mais simples para concentrar nos problemas e equilibrar as necessidades. Troquem ideias, a ciência pode salvar o café e nós, se não fizermos algo, vamos continuar em um mundo no qual o café não é acessível para todos”, reforçou. 

Edward apontou as tecnologias aplicadas no Brasil e que não são vistas em outros países produtores: “Aqui vocês possuem escala, tecnologia, terrenos que permitem a mecanização. Brasil cada vez mais está bem posicionado no mercado e tenho inveja cada vez que vejo a cultura do café e possibilidades para os produtores”. 

Já Trishul trouxe alguns dados relacionados ao avanço da produção e aumento do consumo. “A indústria como um todo deve se preocupar com relações como a diversidade, os custos do frete, taxas de exportação e clima”, destacou. Ele acredita que o aumento do consumo deve voltar ao patamar de antes da pandemia, de 2% ao ano. “É importante apresentar ao consumidor a perspectiva, apresentar a diversidade, as histórias, romances e porque o preço do café é diferenciado”, disse. 

“Muitas empresas firmaram o compromisso do carbono zero até 2050, mas como isso será realizado? Os compradores acabam avaliando o melhor plano na hora de adquirir os cafés e o consumidor pagará por isso? Ele é quem vai decidir se irá consumir um café que possua algum tipo de certificação ou não”, finalizou Edward. 

A grade de programação do evento segue durante essa quinta-feira (12).

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Natália Camoleze

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Embrapa e IAC desenvolvem método que identifica cafeeiros com teor reduzido de cafeína

Foto: Roberto Seba

Um método para identificação e seleção de plantas de café (Coffea arabica) com teor de cafeína reduzido teve a patente reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). As inventoras da metodologia são as pesquisadoras Mirian Perez Maluf, da Embrapa Café, e Maria Bernadete Silvarolla, do Instituto Agronômico (IAC). 

“O método foi um avanço importante para o desenvolvimento de cultivares de café arábica naturalmente descafeinadas, ou com baixo teor de cafeína. A inovação trará benefícios à cafeicultura, à agroindústria ligada ao café e aos consumidores,” avalia Mirian. 

“Esse método foi validado em campo e conseguimos transmitir a característica de ausência ou baixíssimo teor de cafeína para várias gerações de plantas e com diferentes origens genéticas”, comemora a pesquisadora da Embrapa, que realiza suas pesquisas no IAC por meio de parceria, estabelecida no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, entre a Embrapa e o Instituto, o qual é ligado à Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo.

Ela ressalta que o mercado de café descafeinado é um nicho que pode crescer consideravelmente, uma vez que cerca de 10% dos consumidores de café no mundo costumam consumir esse tipo da bebida, e no Brasil esse público é de apenas 1%. Atualmente, os cafés são descafeinados por processos industriais. Esses processos, além da cafeína, acabam retirando do grão vários outros compostos que conferem suas características sensoriais. 

Para Maria Bernadete, essa inovação é capaz de viabilizar o desenvolvimento de cultivares com baixo conteúdo de cafeína, com potencial de se tornarem mais uma opção de cultivo para o produtor de café do Brasil. “Haverá o diferencial desse perfil químico já nas sementes, com agregação de valor diretamente para o cafeicultor”, resume a pesquisadora do IAC.

O trabalho dela envolveu a identificação dos mutantes naturalmente descafeinados e a realização dos cruzamentos entre esses materiais e cultivares elite, aquelas que reúnem qualidades agronômicas e industriais. “Concluída essa fase, fizemos as seleções nas gerações segregantes com o objetivo de transferir os genes responsáveis pela característica de baixo conteúdo de cafeína dos mutantes para cultivares elite, visando reunir o baixo teor de cafeína e a alta produtividade das cultivares”, explica. 

“As plantas híbridas e as das gerações posteriores foram utilizadas nas análises moleculares de laboratório, a fim de identificar as diferenças entre os materiais com teores normais de cafeína e aqueles com quantidades reduzidas, o que deu origem ao método agora patenteado”, comenta a cientista.

Histórico da pesquisa

Para entender o achado e sua importância, é preciso fazer uma pequena cronologia dos estudos para a obtenção de uma cultivar naturalmente sem cafeína de café arábica, a espécie mais consumida. Em 1964, pesquisadores de países produtores de café, entre eles brasileiros, financiados pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), coletaram sementes de 300 plantas de café na Etiópia, país de origem do produto. 

Com a criação do programa de melhoramento genético do cafeeiro, do Instituto Agronômico, em 1987 foram realizados cruzamentos das espécies selvagens de café com baixo teor de cafeína com variedades de C. arabica, no entanto, características que não interessavam eram passadas para as plantas filhas. 

Em 1996 foi iniciado o projeto com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Naquele trabalho foram analisadas cerca de três mil plantas de café do Banco de Germoplasma do IAC, o que resultou, em 2003, na descoberta de três plantas de uma mesma família que eram naturalmente descafeinadas. A descoberta foi feita pela geneticista Maria Bernadete Silvarolla, em trabalho conjunto com o pesquisador Luiz Carlos Fazuoli, também do IAC, e de Paulo Mazzafera, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). As plantas foram batizadas de AC1, AC2 e AC3 em homenagem ao geneticista de café Alcides Carvalho, já falecido.

A partir dessa descoberta, foram realizadas várias pesquisas com essas plantas. Em 2005, com financiamento do Consórcio Pesquisa Café e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a pesquisadora Mirian Maluf iniciou análises moleculares do gene que codifica a cafeína sintase (cs), uma das enzimas da via de síntese de cafeína, presente no cafeeiro AC1, que é naturalmente descafeinado, e identificou as várias alterações de nucleotídeos, os chamados polimorfismos do tipo SNP, em comparação com a sequência do gene isolado em cafeeiros com teores normais de cafeína.

Com isso foi possível identificar e marcar esse gene cs, além de entender as mutações sofridas por ele associadas à ausência de cafeína. A partir desse achado, a ideia é provocar essa mesma mutação em cafeeiros que hoje já são cultivados com alta produtividade. Isso é possível com a realização de programas de melhoramento assistido ou por edição gênica.

TEXTO Redação

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Nucoffee apresenta inovações durante XXIII Seminário Internacional do Café de Santos

Durante o XXIII Seminário Internacional do Café de Santos, marcado para acontecer entre os dias 11 e 12 de maio, no Sofitel Jequetimar, na cidade de Guarujá, no litoral paulista, a Nucoffee, plataforma de café da Syngenta, apresenta suas soluções de cafés. 

“O Seminário Internacional do Café é uma oportunidade para debatermos assuntos relevantes para o setor, além de podermos apresentar o café especial Nutracêutico ao mercado nacional”, afirma Juan Gimenes, Gerente de Inovações da Nucoffe

Na quinta-feira (12), às 9h, o prof. Flávio Borém, especialista em cafés especiais do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), ministra a palestra “Um novo olhar para a pós-colheita num cenário de mudanças climáticas”, que será promovida pela Nucoffee.

Café nutracêutico

O café nutracêutico, desenvolvido por meio de uma parceria público-privada entre a Syngenta e a UFLA, será o grande destaque da Nucoffee no Seminário. Com sabor intensificado e alto índice de qualidade, o grão aumentou em até 40% suas propriedades antioxidantes. Obtida por meio de um processo inovador, que utiliza até 30% dos grãos verdes, a técnica gera maior produtividade na colheita. Isso significa que os cafés nutracêuticos reúnem mais doçura, complexidade, acidez e corpo.

Esse aperfeiçoamento dos grãos, caracterizados como nutracêuticos – nutricional, funcional e medicinal –, permite que os produtores ofereçam cafés com sabores que o consumidor ainda não experimentou, além de possibilitar a comercialização do produto em outros setores, como o farmacológico, de suplementos e até mesmo o de cosméticos.

“A maturação desuniforme é um grande desafio para a qualidade hoje em dia e, com esse programa, otimizamos a janela de colheita, aumentando o potencial de qualidade dos frutos. O projeto é uma inovação que permite produzir cafés especiais a partir de frutos com elevada porcentagem de grãos imaturos, aproveitando os benefícios que eles trazem à saúde devido à alta ação antioxidante”, declara Juan.

A empresa também preparou para o evento sessões de degustação de cafés especiais e chá gelado de polpa de café, além de reservar uma sala de reunião para rodadas de negociação e networking com os principais players do setor.

Ciência por trás da xícara

De acordo com o prof. Borém, o Brasil, como maior produtor de café do mundo, tem muitos promotores e amantes da bebida, porém, quando se trata de ciência por trás de uma xícara de café especial, o assunto é mais complexo e requer muitos estudos. “A qualidade do produto é fundamental e, por isto, a interação entre genótipo e ambiente, além das tecnologias pós-colheita, são temas extremamente relevantes”, explica.

Ainda segundo o especialista, o Brasil vem enfrentando, nos últimos 10 anos, novas condições climáticas que criam desuniformidades na maturação do grão, gerando mais desafios aos produtores. “Apesar do país ter exportado cerca de 7 milhões de sacas de cafés diferenciados nos últimos cinco anos, fatores climáticos, incluindo temperatura média, níveis anuais de chuva e sazonalidade, têm influenciado nas características fisiológicas do grão”.

“Buscamos alternativas para aprimorar o perfil sensorial dos grãos e aumentar a produtividade da colheita, além de reduzir a queda de frutos no chão ao mesmo tempo em que apoiamos a evolução de uma agricultura mais positiva, capaz de reduzir a emissão de gases do efeito estufa e apta a capturar carbono”, finalizar Juan.

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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Mineiros levam a melhor no 31º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café

Após dois anos de espera por conta da pandemia de Covid-19, a Espresso esteve presente na cerimônia de premiação do 31º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso, que aconteceu na noite da última quinta-feira (5), na cidade de São Paulo, e reuniu produtores, pesquisadores e demais personalidades importantes do setor cafeeiro para divulgar e parabenizar os melhores cafés do concurso.

A edição contou com o recebimento de 754 amostras de café arábica, da safra 2021/2022, cultivadas em diferentes partes do Brasil. Após análises, a Comissão Julgadora, composta por especialistas seniors em espresso da illycaffè, chegou aos 40 melhores.

Na categoria Nacional, os três cafés mais bem pontuados foram todos de Minas Gerais, produzidos pelos cafeicultores Candido de Sorti Machado, de Muzambinho, no Sul de Minas; Claudio Esteves Gutierrez, de Capelinha, na Chapada de Minas; e João Batista dos Santos, de Araponga, nas Matas de Minas. A ordem de classificação entre eles será descoberta apenas no 7º Prêmio Internacional Ernesto Illy, que acontecerá em Nova York no segundo semestre.

O 4º lugar da premiação foi para Tapiratiba (SP), para o produtor Luiz Miguel Costa Rocha, seguido de Marie Nakao Sasaki, de Patos de Minas (MG), que ficou em 5º lugar, e Cristiane Zancanaro Simões, de Cristalina (GO), na 6ª colocação.

Outras categorias premiadas na competição são a Regional, que parabeniza as duas melhores amostras de cada região participante da edição, e a Classificador do Ano. Confira os nomes:

Cerrado Mineiro
1º lugar 
Marie Nakao Sasaki, de Patos de Minas (MG)
2º lugar Catarina Takahashi Myaki, de Patrocínio (MG)

Centro-Oeste
1º lugar 
Cristiane Zancanaro Simões, de Cristalina (GO)
2º lugar Álvaro Luiz Orioli, de Niquelândia (GO)

Chapada de Minas
1º lugar 
Claudio Esteves Gutierrez, de Capelinha (MG)
2º lugar CBI Madeiras, de Capelinha (MG)

Matas de Minas
1º lugar 
João Batista dos Santos, de Araponga (MG)
2º lugar Raimundo Dimas Santana, de Araponga (MG)

Sul de Minas
1º lugar 
Candido de Sordi Machado, de Muzambinho (MG)
2º lugar Rodrigo de Almeida Machado, de Muzambinho (MG)

São Paulo
1º lugar 
Luiz Miguel Costa Rocha, de Tapiratiba (SP)
2º lugar Luiz Antonio Poli Filho, Caconde (SP)

Sul
1º lugar 
Orlando Von Der Osten, de Cornélio Procópio (PR)
2º lugar Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, de Jacarezinho (PR)

Classificador do Ano
1º lugar 
Luiz Evandro Ribeiro, do Sul de Minas
2º lugar Marcos Leoncio de Araujo Alvarenga, do Cerrado Mineiro
3º lugar Edenilson de Oliveira Cabral, das Matas de Minas

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

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Agricultura regenerativa é destaque em coletiva da illycaffè realizada em São Paulo (SP)

Após pausa de dois anos por conta da pandemia de covid-19, nesta quinta-feira (5) será realizada a premiação do 31º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso. A illycaffè selecionou 40 cafeicultores finalistas que serão premiados na ocasião. 

A Experimental Agrícola do Brasil, braço da illycaffè no país, analisou 754 amostras enviadas das principais regiões produtoras de café arábica da safra 2021/2022, por meio da Comissão Julgadora da premiação, composta por especialistas seniors em espresso da illycaffè.

Na manhã desta quinta, ocorreu uma coletiva de imprensa com a presença de Andrea Illy, presidente da illycaffè; Anna Illy, presidente da Fundação Ernesto Illy e membro do Conselho Administrativo da illycaffè; Alessandro Bucci, diretor de compras; e Frederico Canepa, diretor da illy Sul América. 

Andrea iniciou expressando sua alegria em poder retornar ao Brasil e comentando sobre a importância do Prêmio, iniciado em 1991 através de seu pai, Ernesto Illy, que abriu o mercado para os cafeicultores dispostos a cultivar cafés especiais e estimulou o trabalho na cadeia. 

“Temos muito orgulho dessa iniciativa pioneira, que já reconheceu mais de mil e quinhentos produtores. Nesse ano foram mais de 700 amostras inscritas. A premiação nacional serviu de inspiração para criação do Prêmio Ernesto Illy Internacional, que completa sua sétima edição, reunindo 27 cafeicultores de nove países, e deve ocorrer no segundo semestre em Nova York, se não houver problemas sanitários”, contou Andrea. 

Um dos destaques da coletiva foi a agricultura regenerativa, que é vista pela illycaffè como um modelo para enfrentar as mudanças climáticas e promover a troca de experiências e ideias em relação à transformação do solo e do cultivo através de práticas sustentáveis. 

“Ser sustentável é uma escolha diária, dever moral da empresa, respeitando os mais altos padrões, evitando crises ambientais, sociais e econômicas. É importante corrigirmos os erros do atual modelo de mineração, que continua esgotando os recursos planetários, criando uma enorme quantidade de resíduos que se acumulam no meio ambiente. Há uma necessidade urgente de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico, regenerativo, que seja circular e capaz de não só reutilizar recursos, tentando não produzir resíduos, mas também de revitalizar o capital natural, ao mesmo tempo em que busca o bem-estar do homem e do planeta”, pontuou o presidente da empresa italiana. 

Ele destacou que o intuito é melhorar as práticas agronômicas, desenvolver mais variedades resistentes ao clima, investir em plantações, reservas de água e adubos orgânicos: “O Brasil conta com ótimas instituições que buscam as melhorias das variedades”. 

Sobre o tema, Alessandro Bucci comentou que “o Brasil tem ótimas condições e um avanço tecnológico avançado em relação a outros países produtores. As fazendas estão cada vez mais bonitas e os produtores estão animados para mudar, regenerar e melhorar a plantação”.

Em relação à pandemia, Andrea mencionou que os preços do café dobraram e a logística de envio do grão foi complexa – já que os portos foram fechados – além dos problemas com a crise, a seca e geada. Segundo ele, o consumo em casa aumentou bastante em comparação com o consumo fora do lar. “Estamos na expectativa de um equilíbrio nessa questão, já que a forma de trabalho e o tempo fora de casa foi mudado”, disse. 

Já sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o presidente da illycaffè apontou que não houve um grande impacto comercialmente para a empresa, já que ela não possui uma relação de mercado com a Rússia e conta com um distribuidor menor na Ucrânia: “A inflação foi muito impactada com a guerra e o sentimento grande de insegurança”. 

“A geada na região do Cerrado foi uma surpresa, comprometeu muito a produção. Talvez haja uma estabilização em 2023, mas podemos ter uma inversão do ciclo de alta e baixa. A junção da seca e geada não víamos há muito tempo”, disse Alessandro. Já o presidente da marca afirmou que prefere não realizar previsões sobre a nova safra.

Andrea destacou, ainda, em relação aos novos rumos da empresa, que agora conta com um novo conceito de governança em busca de um maior desenvolvimento. “A nova CEO, Cristina Scocchia, iniciou os trabalhos em janeiro e prepara um plano estratégico para melhorias internas”, finalizou. 

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Gabriela Kaneto

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Consumo de café cresce na China à medida que a produção desacelera

De acordo com um novo relatório do Serviço de Agricultura Estrangeira do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa de café verde está em declínio, enquanto a demanda doméstica por café não torrado e torrado está se expandindo rapidamente à medida que mais consumidores adotam a bebida.

O relatório anual destaca a rapidez com que o mercado cafeeiro chinês está evoluindo, com base em mudanças tanto no setor cafeeiro doméstico (produção) quanto no mercado cafeeiro doméstico (consumo), este último ocorrendo principalmente em cidades grandes e médias.

As importações de café verde para a China no ano de 2020/2021 aumentaram, aproximadamente, 80% em relação ao ano anterior, para 1,68 milhão de sacas de 60 kg. No geral, as importações de café para a China – incluindo verde, torrado e solúvel embalado (instantâneo) – atingiram o equivalente a 3,8 milhões de sacas em 2020/2021, com estimativas de 4 milhões de sacas para o atual ano de mercado.

Isso colocaria a China aproximadamente entre a Rússia e o Reino Unido no total de importações anuais de café, embora a China represente o mercado de importação de café que mais cresce em porcentagem entre todos os principais países compradores de café do mundo, de acordo com dados anteriores da FAS de dezembro de 2021.

O relatório mais recente atribui grande parte do crescimento do mercado de importação da China ao setor de varejo, com o número total de lojas de café crescendo de aproximadamente 108 mil, em 2020, para cerca de 120 mil lojas até o final de 2023.

“Comparado com outros países consumidores de café, como Estados Unidos e Japão, o consumo de café na China é um fenômeno relativamente novo, com consumidores mais jovens dispostos e interessados em experimentar novos sabores e produtos de café”, afirma o relatório da FAS.

Ao mesmo tempo que esse boom de consumo, a produção de café na China está desacelerando, com um declínio de produção estimado de aproximadamente 1,75 milhão de sacas de 60 kg no ano comercial de 2020/2021.

Fontes do relatório da FAS “indicaram que muitos produtores de café em Yunnan estão achando a produção de café menos lucrativa e estão mudando para outras culturas”. O relatório também observa que as iniciativas lideradas pelo governo ou por várias partes interessadas para estimular o setor comercial de café verde na China foram mais ativas entre 2014 e 2019, mas que “nos últimos anos, os programas de apoio à expansão da produção de café não foram divulgados”.

TEXTO As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin

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Café e arte: 3corações apresenta linha inspirada nas obras de Candido Portinari

Na última sexta-feira (29), a 3corações lançou uma linha de cafés inspirada nas obras do pintor brasileiro Candido Portinari, considerado um dos artistas mais importantes do século XX. Com o objetivo de enaltecer as riquezas da cultura brasileira, as embalagens da linha, encontradas nas versões torrado e moído, cápsula, solúvel e drip coffee, serão estampadas com inspiração em três grandes obras: Peneirando Café (1957), Meninos Soltando Pipas (1947) e Café (1942).

Candido Portinari nasceu em uma fazenda de café no interior de São Paulo, onde buscou inspiração para pintar, dentre as 5.400 obras, 257 que retratam o dia a dia de um cafezal. “Não conheço nenhum pintor, em toda a pintura universal, que tenha pintado mais um país do que Portinari pintou o seu. E como não poderia deixar de ser, a primeira imagem de sua infância, aquela que ficou gravada em suas retinas até o último suspiro, é a do imenso cafezal do interior paulista.  Não é por acaso que o seu primeiro prêmio internacional, que lhe abriu as portas para a fama além de nossas fronteiras, tenha sido conquistado com sua tela ‘Café’, hoje no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro”, comenta João Candido Portinari, filho do pintor.

“Acreditamos que o café é mais do que uma bebida. O café também é a expressão da identidade de cada brasileiro que tem seu próprio jeito de amar café. E o Brasil também vai além do futebol e do carnaval. O Brasil também é o país do café e o país de Portinari, e temos muito o que nos orgulhar disso! Assim como Portinari se inspirou no café para criar seu legado memorável, a 3corações agora se inspira em Portinari para criar esta linha de cafés 100% arábica como homenagem não só para ele, mas para todos os amantes de arte & café”, completa Roberta Prado, head de Marketing do Grupo 3corações.

O lançamento oficial aconteceu no Rio de Janeiro, no Copacabana Palace, durante o Baile da Vogue, evento patrocinado pela 3corações. A linha Portinari será comercializada a partir de maio, além de estar disponível para pré-venda no e-commerce da marca, Mercafé.

Mais informações: www.3coracoes.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Nespresso recebe certificação de responsabilidade social e ambiental

A Nespresso anunciou, nesta terça-feira (26), sua certificação global como uma Empresa B. A marca, com sede na Suíça, se une a um movimento internacional de 4.500 empresas com propósitos que atendem aos padrões de responsabilidade social e ambiental e transparência da Certificação como Empresa B.

Os principais elementos de contribuição da marca incluem sua abordagem exclusiva ao fornecimento de café – por meio do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável, desenvolvido em parceria com a Rainforest Alliance -, sua aliança estratégica com a Fairtrade e o programa global de reciclagem para suas cápsulas de alumínio. No Brasil, as 1.200 fazendas que fornecem café para a Nespresso fazem parte do Programa AAA, e 100% dos consumidores têm acesso a uma solução de reciclagem de cápsulas.

“A Certificação como Empresa B reflete um compromisso de 30 anos da Nespresso com a sustentabilidade, a transparência e os negócios responsáveis. Estamos imensamente orgulhosos de nos juntarmos a uma comunidade de mentes semelhantes que compartilham nossa crença de que lucro e propósito andam de mãos dadas. Esta certificação traz valor agregado para nossos clientes. Um outro ponto importante é que a Certificação como Empresa B nos inspira a fazer mais. Isso fortalece nosso compromisso com a visão de que cada xícara de café Nespresso tem um impacto positivo no mundo”, disse Guillaume Le Cunff, CEO da Nespresso. 

Para se certificar como uma Empresa B, as empresas devem atender a altos padrões em cinco áreas de impacto: Governança, Colaboradores, Comunidade, Meio Ambiente e Clientes. A cada três anos o processo é repetido e as Empresas B são obrigadas a demonstrar melhorias em suas ações e aumentar suas pontuações para manter a certificação.  

“O processo para se tornar uma Empresa B Certificada é uma avaliação independente e rigorosa do impacto de uma empresa nas pessoas e no planeta, analisando tudo, desde sua pegada de carbono até a maneira como trata os colaboradores. Alcançar a Certificação como Empresa B é um marco importante para a Nespresso. Quero parabenizá-los e desejar-lhes boa sorte enquanto continuam em sua jornada de sustentabilidade”, complementa Jonathan Normand, fundador do B Lab Suíça.

No caso da Nespresso, a Certificação como Empresa B abrange os negócios globais da empresa, ou seja, todas as operações da Nespresso em que ela é uma entidade legal ou uma divisão da Nestlé, abrangendo 38 mercados. 

“A comunidade de Empresas B é composta por negócios pequenos, médios e grandes. Todos são essenciais para o Movimento e ajudam no caminho para a construção de um futuro possível e mais justo. Mas sempre que uma marca do tamanho da Nespresso chega, isso nos ajuda a alavancar nossas ideias, educar o público e mostrar que um novo modelo econômico, não baseado exclusivamente no lucro, é possível”, explica Felipe Brescancini, Diretor de Certificações e Programas do Sistema B Brasil.

A Nespresso adicionará o logotipo da Empresa B aos produtos e comunicações para ajudar a divulgar o movimento, engajar os consumidores e ajudá-los a fazer escolhas mais sustentáveis em suas decisões de compra.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Marca colombiana de café Juan Valdez anuncia expansão para Turquia e Catar

Com foco na expansão, a marca Juan Valdez iniciou oficialmente os trabalhos de cafés na Turquia e no Catar. Isso representa uma oportunidade única de continuar honrando o trabalho das mais de 540 mil famílias produtoras de café na Colômbia, levando seu café para diversos cantos do mundo.

“Operar nesses mercados é a materialização do esforço da marca e do grande trabalho em equipe com nossos franqueados Honest Holding, na Turquia, e Ali Bin Ali Holding, no Catar. Da mesma forma, alcançar esse marco é um imenso orgulho para a Juan Valdez e para a Colômbia, pois nos permite continuar tornando visível a experiência e a tradição cafeeira de nosso país em diferentes culturas ao redor do mundo”, disse Sebastián Mejía, vice-presidente internacional da Juan Valdez.

Essas duas lojas, localizadas na região do Oriente Médio e Norte da África, contam com o apoio e a experiência de alguns dos culturistas colombianos da marca, que fizeram parte do processo de abertura e contribuem com seus conhecimentos para entregar a melhor experiência aos consumidores locais.

“Estamos felizes em trazer o café premium 100% colombiano da Juan Valdez para a Turquia. Temos um plano de expansão muito ambicioso para a região e acreditamos que nossa estratégia omnichannel será decisiva para aumentar a posição da marca no país”, afirmou o franqueado Cengiz Deveci, da Honest Holding.

As lojas Juan Valdez no Catar e na Turquia, localizadas, respectivamente, em Doha e Istambul, serão decisivas para o desenvolvimento da estratégia de expansão internacional da empresa, fortalecendo a presença da marca dos cafeicultores colombianos no Oriente Médio.

TEXTO As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin • FOTO Matt Hoffman

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Empresa italiana Lavazza vê 2022 ‘desafiador’ após forte lucro em 2021

Após relatar um forte aumento nos lucros em 2021, a marca italiana de café Lavazza disse que espera um 2022 difícil devido aos aumentos dos preços das matérias-primas. “Em primeiro lugar, café verde, mas também embalagem, energia, logística – e os riscos decorrentes da dramática situação geopolítica atual”, disse o presidente-executivo Antonio Baravalle.

Os aumentos dos preços se devem principalmente aos problemas na cadeia de suprimentos global e aos danos causados por eventos climáticos, acrescentou o grupo com sede em Turim. A Lavazza decidiu suspender todas as suas atividades na Rússia no dia 10 de março, acrescentando que também teve que interromper temporariamente a distribuição na Ucrânia.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) chegou a 312 milhões de euros (US$ 338 milhões) em 2021, um aumento de 23,3% em 2020. As receitas aumentaram 11%, para 2,3 bilhões de euros (US$ 2,5 bilhões) no ano passado, também graças a uma recuperação no canal “fora de casa” após a desaceleração causada pela epidemia de Covid-19, quando os bloqueios mantiveram as pessoas em casa. 

TEXTO As informações são da Reuters / Tradução Juliana Santin • FOTO Max Nayman