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Com expansão em SP, Café Cultura prevê faturamento de R$ 100 mi em 2025

Luciana Melo, CEO e sócio-fundadora da rede de cafeterias, pretende inaugurar mais dez unidades na capital paulista até o final do ano

Luciana Melo, CEO e sócio-fundadora do Café Cultura

Por Gabriela Kaneto

Com uma história de 20 anos, o Café Cultura, de Florianópolis, ultrapassa fronteiras ao explorar novos mercados. São mais de 5 milhões de xícaras comercializadas ao ano e, com os novos investimentos na casa dos R$ 4 milhões, a projeção da rede de cafeterias é de fechar o ano na casa dos R$ 100 milhões de faturamento.

Ao todo, são 45 unidades em funcionamento, espalhadas por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Inauguradas entre setembro de 2024 e fevereiro deste ano, as unidades paulistas – duas no interior, em Campinas e Piracicaba, e duas na capital, nos bairros de Moema e Vila Nova Conceição – são o pontapé de um plano maior.

Em entrevista à Espresso, a CEO e sócio-fundadora, Luciana Melo, fala sobre as expectativas com as inaugurações deste ano, os planos de avanço para outros estados e como a rede de cafeterias se mantém atrativa mesmo depois de duas décadas de atividade. 

Espresso: O que motivou a escolha de São Paulo como novo mercado para a rede? Quais são as expectativas de crescimento para 2025?

Luciana Melo: O mercado de São Paulo é o principal mercado do Brasil e sempre esteve dentro do nosso planejamento. O que a gente entendia é que a rede tinha que ser forte e consolidada para enfrentar este mercado. Estávamos esperando a hora certa para entrar. As expectativas de crescimento são muito boas e já temos novas lojas em implantação. Nos próximos três meses, devem começar a pipocar as inaugurações. Mas acreditamos que, até o final do ano, vamos estar com mais dez lojas na capital.

Unidade da Vila Nova Conceição, primeira inaugurada na cidade de São Paulo

E: Além de São Paulo, outras cidades estão no radar para os próximos anos?

LM: A gente segue crescendo organicamente na região Sul, onde temos lojas que vão inaugurar em Joinville. Seguimos crescendo nas praças onde já somos referência e, consolidando São Paulo de forma mais estratégica, vamos olhar para outros estados, como Espírito Santo, Minas Gerais e Distrito Federal. Então, começamos a subir um pouquinho mais no mapa. 

E: O consumo de cafés especiais cresce no país. Como o Café Cultura tem aproveitado essa tendência para atrair novos clientes?  

LM: Nós somos pioneiros no café especial no Brasil e continuamos fomentando o mercado através da educação. Levamos para o ponto de venda a questão da torra, por exemplo. Na loja de São Paulo, temos uma área chamada circuito do café, onde nós mostramos que somos o café especial. Nas lojas continuamos fortalecendo sempre o café em pacote, os métodos e outras formas de preparo, como o drip coffee. Tivemos o lançamento do cold brew já reformulado em um ready-to-drink, uma garrafinha que pode ser levada na bolsa. Adoramos tendências e estamos sempre de olho em como podemos apresentar isso ao consumidor.

E: O preço do café no mercado tem oscilado bastante. O Café Cultura tem sentido dificuldades para manter sua cadeia de fornecimento devido ao custo do grão?

LM: Dificuldade em manter a cadeia de suprimentos, não. Mas tivemos dificuldade em manter o preço. Fizemos um repasse de preço, mas não os 170% que subiu a saca de café. 

E: Muito se fala sobre sustentabilidade e, quando falamos de café, tratamos de origem, clima, ESG etc. Como o Café Cultura trabalha esses temas?

LM: Todo produto que compramos tem origem, tem rastreabilidade. As fazendas parceiras são sustentáveis. Não só exigimos os selos como visitamos as propriedades. E tudo que vem desta cadeia nós reutilizamos. Todos os sacos de café, de juta ou de papel, nós reutilizamos em decoração. Toda a casca que é gerada nos torradores vai para a compostagem. Itens como bandejas e pratos de bolo são feitos com madeira de poda de café. Tudo que podemos olhar para o café, para o produto, nós reutilizamos aqui dentro ou na sua própria origem. Também olhamos muito para as mulheres no campo. Além do blend Delas, em que trazemos a história de uma mulher que está à frente de uma fazenda, nossa principal fazenda é comandada por uma mulher. Sempre olhamos para essa cadeia das “cafezeiras”. 

E: Quais as projeções de faturamento do Café Cultura para 2025? 

LM: A projeção é fecharmos o ano na casa dos R$ 100 milhões. Esperamos um crescimento expressivo com as novas unidades. O Rio de Janeiro já mostrou um potencial maior do que temos hoje de consumo aqui na região Sul. E São Paulo também já vem mostrando isso.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

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McDonald’s ultrapassa Starbucks como marca mais valiosa de restaurantes do mundo

O McDonald’s ultrapassou a Starbucks e se tornou a marca de restaurantes mais valiosa do mundo. Em 2025, o valor da rede de fast-food subiu 7% e atingiu US$ 40,5 bilhões, superando pela primeira vez, desde 2016, a Starbucks, que este ano registrou queda de 36%, chegando a US$ 38,8 bilhões.

Ainda de acordo com o relatório da Brand Finance, consultoria global de avaliação de marcas, a queda apresentada pela Starbucks é decorrente de declínios em diversos indicadores-chave de força da marca nos EUA e na China, como reputação e recomendação. Isso indica um desalinhamento crescente com as expectativas dos clientes e um aumento da insatisfação dos consumidores, o que resulta em redução nas vendas.

Enquanto isso, o valor da marca chinesa Luckin Coffee registrou um acréscimo de 17%, para US$ 1,7 bilhão, subindo duas posições (19º lugar) e conquistando o título de marca de crescimento mais rápido de 2024. Segundo informações, a Luckin Coffee supera a Starbucks em domínio de mercado na China, impulsionada por inovações em produtos e em estratégia agressiva de expansão, que resultou na abertura de 1.382 novas lojas no terceiro trimestre do último ano.

O relatório da Brand Finance foi divulgado em meio ao plano de reestruturação da Starbucks, o “Back do Starbucks”, que recentemente incluiu a redução da frequência de promoções, a simplificação do menu nos EUA e o corte de cargos corporativos.

TEXTO Redação / Fonte: Global Coffee Report

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Saiba o que rola na última edição da revista Espresso

Há duas décadas, seria impensável dizer que onde se produz café também se pode cultivar vinhedos. Pois no Brasil, isso é possível. A capa desta edição, escrita por Cristiana Couto, explora como regiões conhecidas pela produção de cafés especiais vêm apostando, também, no plantio de vinhas e na elaboração de rótulos de qualidade. O segredo? Uma combinação entre território e manejo.

A Espresso #87 já está disponível no site da Café Store e nos pontos de venda parceiros. Clique aqui para comprar.

Em outra de nossas reportagens, Mariana Grilli traz à tona a realidade do café net zero, mostrando como produtores brasileiros adaptam suas fazendas às novas exigências ambientais e econômicas do mercado global. O café carbono neutro deixa de ser tendência e torna-se requisito essencial para quem deseja sobreviver em uma cafeicultura cada vez mais competitiva e consciente.

Também nesta edição, Lívia Andrade conta a história do Vale da Grama, uma região incrustada na Serra da Mantiqueira e reconhecida pela produção de cafés de qualidade. Recentemente oficializada como a mais nova indicação geográfica (IG) cafeeira de São Paulo, o Vale da Grama reúne tradição centenária, terroir único e famílias que vêm conquistando os mais prestigiados prêmios do setor.

Examinamos, ainda, o aumento do consumo de cafés solúveis, as pesquisas que buscam produzir cafés em laboratório e as tendências no mercado de cacau de qualidade.

Buscamos, assim, exemplos claros de como inovação e tradição podem caminhar juntas, criando novas oportunidades e estruturando o futuro da agricultura brasileira.

Boa leitura!

TEXTO Redação

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Campanha quer desmistificar o ristretto

Chamada “O ristretto é nosso”, iniciativa engaja cafeterias e incentiva consumidores a conhecerem mais sobre a bebida

Por Gabriela Kaneto

Você já tomou um ristretto hoje? Com o objetivo de popularizar a bebida e destacar seus sabores, a campanha “O ristretto é nosso”, que vai até o dia 30 deste mês, engaja cafeterias em diferentes partes do Brasil e convida consumidores a provarem e a compararem o ristretto com o já conhecido espresso.

“Criei o evento para dar uma animada no nosso mercado depois de tanta notícia difícil mês após mês”, explica Flávia Pogliani, do The Little Coffee Shop (SP), idealizadora do projeto, referindo-se aos preços do café e às incertezas climáticas na produção. “Mas, também, para desmistificar o ristretto, pois trabalhando no mercado, ouvindo clientes e cafeterias, percebi que haviam alguns preconceitos”, conta.

A campanha conta com 60 cafeterias espalhadas por 19 cidades, de norte a sul do país. Cada uma delas apresenta um duo autoral, composto por um espresso e um ristretto (simples ou duplo), feitos com o mesmo grão de qualidade. “Cada casa prepara o duo com o grão que já usa na operação, então todos eles serão diferentes, o que é ótimo para quem quer fazer um tour. A maioria das cidades tem mais de uma cafeteria participante”, conta Flávia.

Duo do FFV Café – Fotos: Divulgação

Na capital paulista são 23 endereços, como o FFV Café (@ffv_cafe), na Vila Buarque. “A potência e a complexidade do ristretto deveriam ser mais bem exploradas”, comenta Clayton Miranda Silva, barista e sócio-proprietário da casa. “No dia a dia, já temos como hábito sugerir o ristretto para nossos clientes, inclusive em bebidas com leite”.

Justamente para apresentar melhor essa complexidade, o FFV escolheu grãos de catuaí 2SL, de processamento natural, cultivados na Mantiqueira de Minas e torrados pela Dora Coffee Roasters. “Se depender de nós, baristas e cafeterias, e de campanhas como essa, seguiremos um bom caminho para essa valorização”, afirma.  

Já em Belo Horizonte (MG), o Café Magrí (@cafemagri), no bairro Mangabeiras, inova ao ser a única cafeteria da lista a apresentar um duo com grãos canéfora. “Por aqui já estamos desenvolvendo um trabalho com canéforas que precede a campanha e, para nós, não fazia sentido usar outro café”, explica Marília Balzani, sócia e barista. 

Duo do Café Magrí – Fotos: Alexandre Fidelis

O café escolhido para a campanha foi um conilon da Fazenda Venturim, no Espírito Santo, torrado pela Fuzz Cafés Especiais. “Foi desafiador para a equipe, pois temos poucas referências de ristrettos de canéforas no mercado, mas chegamos a um resultado super legal e estamos muito felizes em explorar essa possibilidade e esses novos sabores”, comemora.

Marília conta que, antes da campanha, foram raras as ocasiões em que um cliente havia solicitado um ristretto, já que a maioria dos frequentadores tem como hábito consumir o espresso longo. “A maior parte dos nossos clientes entendem o espresso curto como um espresso de pelo menos 50 ml, e o longo de 80 ml para mais, o que é muito comum em alguns cafés de cápsula e nas tendências estadunidenses”, menciona a sócia. “Isso nos dá a oportunidade de falar mais sobre as opções de bebida, mas também nos confere um desafio em explicar os motivos do ristretto ser menor do que a expectativa deles”, completa.

Para ela, campanhas como essa são importantes para quebrar paradigmas propostos exclusivamente pela indústria do café. “O ristretto está no imaginário das pessoas como uma opção de bebida de cápsula, e criou-se uma visão deturpada do que ele realmente é. Então participar dessa campanha significa reivindicar ao barista a capacidade de apresentar bebidas diferentes, complexas e bem feitas”, ressalta.

O valor dos duos varia entre R$ 10 e R$ 22. “Isso quer dizer então que o ristretto é melhor do que o espresso? Não. Melhor ou pior é um gosto individual. O ristretto é o que ele é”, afirma a criadora da campanha.

TEXTO Gabriela Kaneto

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Exportações brasileiras tem queda de 10,4% em fevereiro, diz Cecafé

Receita, porém, subiu 55,5%; cafés diferenciados representaram 25% das exportações e dobraram o faturamento; exportação de solúvel cresce 16,5%
 

Da Redação

Em fevereiro, o país exportou 3,274 milhões de sacas de café – uma queda de 10,4% em comparação com o mesmo período do ano passado, diz relatório de fevereiro do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado nesta quinta (13). A receita, porém, é 55,5% maior, um recorde: US$ 1,190 bilhão, reflexo das cotações elevadas no mercado global (para acessar o relatório completo, clique aqui).

As exportações somam 33,452 milhões de sacas nos oito primeiros meses da safra 2024/25, o que gerou divisas de 9,723 bilhões de reais – uma alta recorde de 59,8% em receita cambial se comparada ao mesmo intervalo anterior (julho de 2023 a fevereiro de 2024).

Para Marcio Ferreira, presidente da Cecafé, “embora as bolsas internacionais tenham recuado, os preços atuais e cotações médias dos últimos meses são significativamente maiores do que aqueles praticados no mesmo período do ano anterior”. 

Preços ao consumidor podem subir 

Ferreira lembra, porém, que os canéforas do Brasil na bolsa de Londres não estão com preços competitivos como os do Vietnã, por exemplo, porque estamos na entressafra. Também os arábicas nacionais estão mais caros na bolsa de Nova York.

Sobre a diminuição do comércio de café, Ferreira cita como causas a redução de linha de crédito e um eventual recuo pontual no consumo da bebida. “Novas altas nos preços ao consumidor não devem ser descartadas. Esses potenciais aumentos gerarão uma redução no consumo”, declara. 

Safra 2026/27 pode se recuperar

Segundo Ferreira, se o inverno for sem intempéries e as chuvas retornarem em volume suficiente, a safra 2026/27 poderá ter boa florada e se recuperar. “No momento, a certeza para a safra 2025/26 é de um volume bem menor para o arábica e maior ao conilon”, prevê o presidente do Cecafé. Nesse cenário, diz ele, não será possível bater recordes de exportação, mas o Brasil ainda terá “uma participação representativa”. 

Os Estados Unidos foram o principal destino dos cafés brasileiros neste primeiro bimestre, importando 1,206 milhão de sacas (16,6% do total). Em seguida vem a Alemanha (878.350 sacas, 12,1% do total), a Itália (531.260 sacas), o Japão (478.844 sacas) e a Turquia (354.904 sacas).

Problemas logísticos

Apesar de Vietnã e Indonésia estarem mais competitivos no primeiro bimestre, ambos — respectivamente, segundo e quarto maiores produtores globais — continuam ampliando a compra de café verde brasileiro. Nos dois primeiros meses do ano, os vietnamitas importaram 72.836 sacas (aumento de 297,3%), enquanto os indonésios adquiriram 47.471 sacas (um crescimento de 29,2%).

Ferreira acredita que muitas dessas exportações correspondem a contratos fechados em 2024, quando os canéforas brasileiros estavam mais competitivos. No entanto, parte desse volume ainda não foi embarcada devido a problemas logísticos –  atrasos de navios, mudanças de escala e rolagens de carga, reflexo da infraestrutura portuária defasada do país.

Solúvel cresce 16,5%

O café arábica manteve a liderança nas exportações brasileiras no primeiro bimestre, com 6,07 milhões de sacas embarcadas ( 83,4% do total). Apesar do volume expressivo, houve queda de 0,7% em relação ao mesmo período de 2024.

Na segunda posição, solúvel registrou um crescimento de 16,5%, com 640.996 sacas exportadas (8,8% do total). Já os canéforas tiveram recuo de 45,5%, somando 559.928 sacas (7,7%), enquanto o café torrado e torrado e moído apresentou o maior crescimento percentual – alta de 63,9%, mas com um volume modesto de 7.993 sacas (0,1% do total).

Os cafés de qualidade superior ou com certificados como sustentáveis representaram 24,8% das exportações, com 1,8 milhão de sacas embarcadas — um crescimento de 14,7% em relação ao mesmo período de 2024.

Com preço médio de US$ 398,47 por saca, os cafés diferenciados geraram uma receita de US$ 717,7 milhões – 28,5% do total obtido com as exportações de café no período. Em relação ao ano anterior, a valorização foi expressiva, com um aumento de 101,1% no faturamento.

Os Estados Unidos lideraram as compras desse tipo de café, adquirindo 351.205 sacas (19,5% do total exportado). Na sequência, aparecem Alemanha (228.840 sacas, 12,7%), Bélgica (179.510 sacas, 10%), Japão (125.646 sacas, 7%) e Holanda (118.806 sacas, 6,6%).

TEXTO Redação

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Mundialmente conhecido, restaurante Noma agora torra e vende café

O triestrelado restaurante dinamarquês Noma, do chef René Redzepi, acaba de lançar uma assinatura de cafés coados, comprados e torrados por sua equipe em Copenhague. 

Por DKK 300 (cerca de R$ 250 reais), os assinantes do Noma Kaffe recebem dois pacotes de 250 g de café especial em grãos, selecionados pela chef de cafés do Noma, Carolyne Lane, pela sommelier Ava Mees List e pelo torrefador Alastair Hesp.

Em comunicado à imprensa, o restaurante Noma disse que, durante a assinatura, os clientes terão a chance de explorar uma variedade de origens e perfis de torra, o que destaca produtores e suas histórias com o café.  

A assinatura Noma Kaffe está disponível na União Europeia e em mais oito países, como Canadá, Austrália e Japão. Os primeiros grãos de qualidade do programa são das origens México e Etiópia. 

Eleito por várias vezes o melhor restaurante do mundo pela premiação The World’s 50 Best Restaurants e detentor de três estrelas Michelin, o Noma levou mais de dez anos para desenvolver seu programa de café na loja, e teve como parceiro o barista campeão Tim Wendelboe, da torrefação e microcafeteria que leva seu nome em Oslo, na Noruega.  

A partir deste mês, o café servido no restaurante será torrado na torrefação Noma Kaffe, também na capital dinamarquesa.

TEXTO Redação / Fonte: World Coffee Portal • FOTO Divulgação

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Canadá usa café para “rebelar-se silenciosamente” contra EUA

À medida que as tensões entre Estados Unidos e Canadá crescem, as cafeterias canadenses respondem de maneira sutil, mas engraçada: o chamado café “americano” não está mais disponível nos menus. Agora, caso alguém queira tomar a bebida, deve solicitar por um “canadiano”.

O National Post denominou essa mudança “uma rebelião silenciosa” contra as tarifas de importação de 25%, que entram em vigor na próxima semana, e os comentários do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre transformar o Canadá no 51º estado estadunidense.

A tendência de renomear a bebida nas cafeterias espalhou-se pelo país, apesar de alguns proprietários preferirem manter-se fora da política. Tudo começou com uma postagem – já excluída – no Instagram, feita pela empresa de café Kicking Horse Coffee, na Colúmbia Britânica, que incentivava outras cafeterias a mudarem o nome da bebida para algo mais patriótico.

Segundo a marca, eles já chamam o “americano” de “canadiano” desde a inauguração em 2008, mas, agora, decidiram oficializar o nome e convidar cafeterias de todo o país a fazerem o mesmo. E muitas adotaram a ideia.

“Não estamos necessariamente tentando ser políticos”, disse Elizabeth Watson, proprietária do Palisades Cafe, na Colúmbia Britânica, ao Washington Post. “Mas adoramos a ideia de apoiar o orgulho canadense”, completou.

William Oliveira, dono do Café Belém, em Toronto, compartilhou o mesmo sentimento, dizendo que não quer que sua cafeteria se torne um “local político”, mas acredita ser importante demonstrar apoio ao seu país. “É bom para nós simplesmente reafirmarmos quem somos e lembrarmos a outras pessoas que não seremos empurrados ou intimidados por ninguém”, afirmou.

O “canadiano” não é a única maneira dos canadenses expressarem suas frustrações. Durante o torneio 4 Nations Face-Off, da NHL, torcedores canadenses vaiaram a execução do hino nacional dos EUA.

TEXTO Redação / Fonte: New York Post

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Café na onda sul-coreana

O país tem um dos maiores e mais vibrantes mercados de cafeterias focadas em qualidade do mundo. Mas o que está por trás dessa obsessão da nação do Leste Asiático, e quanto tempo os operadores podem sustentar esse crescimento estratosférico?

Por Tobias Pearce (5THWAVE)

Poucas nações no mundo abraçaram o café e sua cultura com tanto entusiasmo quanto a Coreia do Sul. Dados do governo mostram que, no final de 2023, havia mais de 100 mil cafeterias em todo o país, gerando, coletivamente, ₩ 15.5 trilhões (US$ 11,2 bilhões) em vendas e empregando cerca de 270 mil trabalhadores.

Com uma população de 52 milhões de pessoas, há aproximadamente uma cafeteria para cada 520 cidadãos no país. Cerca de um terço desses estabelecimentos são redes de cafés, e dados do World Coffee
Portal mostram que o segmento cresceu 6,9% e superou 31.130 pontos de venda nos 12 meses até novembro de 2023 – com uma média de quase 10% de crescimento anual nos últimos cinco anos.

A rede de cafés líder de mercado, Ediya Coffee, abriu centenas de unidades nos últimos 12 meses e, agora, opera mais de 4 mil lojas, seguida pela Mega Coffee, com mais de 3 mil estabelecimentos, e pela Compose Coffee, com 2,6 mil pontos. Com 1,9 mil lojas, a Coreia do Sul é o terceiro maior mercado global da Starbucks, atrás dos EUA e da China. Tal é a popularidade dos cartões-presente da Starbucks, especialmente no Natal, que o governo coreano estima que a rede possua cerca de ₩ 318 bilhões (US$ 230 milhões) em saldos pré-pagos. “Podemos dizer que a Starbucks é um banco não regulamentado”, disse Kim Jung-tai, ex-CEO do Hana Financial Group, em 2020.

Uma loja da Ediya Coffee em Myeongdong, Seul

A posição da Coreia do Sul como um dos maiores consumidores de café do mundo é ainda mais notável quando se considera a adoção relativamente recente do café em massa no país. O lançamento da mistura para cappuccino – sachês de café instantâneo e leite em pó – pela gigante alimentícia Dong-suh Foods, em 1976, é considerado o pontapé inicial da obsessão por cafeína no país.

“Esse lançamento teve um impacto duradouro na indústria, contribuindo para uma cultura em que pessoas de várias idades apreciam o café. Essa tendência influenciou a percepção de que a bebida deve ser rápida e doce, impulsionando com sucesso a cultura do café durante a rápida industrialização da Coreia do Sul”, diz Wonjin Cho, colunista de café e coautor do aclamado Korea Specialty Coffee Guide.

Esse impacto duradouro é evidente na tendência viral do Dalgona, que varreu o mundo em 2020. A mistura batida de café instantâneo, açúcar, leite e água quente, nascida em Busan na década de 1960, cativou milhões durante os confinamentos da Covid-19 e continua sendo a indulgência favorita em cafés e cozinhas caseiras.

Hoje em dia, a Coreia do Sul também é um mercado em expansão de cafés especiais, com pioneiros locais como Coffee Libre, Terarosa, Namusairo e Bean Brothers competindo com marcas internacionais
renomadas, incluindo Blue Bottle Coffee e Intelligentsia Coffee (dos EUA), % Arabica (do Japão) e The Barn (da Alemanha).

O amor dos sul-coreanos pela bebida mantém em funcionamento uma enorme quantidade de redes de cafés e operadores independentes – mas o que está por trás dessa obsessão cafeinada, e como as cafeterias podem continuar a prosperar em um mercado tão saturado? As pistas podem ser encontradas na complexa história da nação e em suas ricas tradições culturais.

Fila para pedidos na Starbucks do aeroporto Incheon

Competição e excelência

Para Wonjin Cho, a competição e a busca por excelência caracterizam estruturalmente o sul-coreano. “Esse espírito competitivo impulsionou a concorrência construtiva em várias indústrias, colocando a Coreia do Sul na vanguarda em vários campos”, diz ele.

Cercado pelo Japão a leste, pela China a oeste, e separado da Coreia do Norte pela fronteira mais fortemente militarizada do mundo desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953, é fácil deduzir por que a sociedade sul-coreana valoriza ferozmente a independência e uma ética de trabalho fundida em ferro.

Com o hábito de trabalhar por muitas horas, o café e a cultura das cafeterias tornaram-se parte essencial do cotidiano dos sul-coreanos ao oferecer uma maneira prazerosa e econômica de se revigorar. Só em 2011 a Coreia do Sul adotou oficialmente a semana de trabalho de cinco dias, e, em 2018, o máximo de horas de trabalho semanais foi reduzido de 68 para 52.

Mesmo assim, eles ainda trabalham, em média, 1.915 horas por ano, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em comparação com 1.791 horas nos EUA e 1.607 no Japão.

“O termo ‘competitividade’ pode ter uma conotação negativa, mas também pode ser visto como algo que incorpora um senso de responsabilidade e diligência”, diz Cho.

A busca pela excelência teve papel crucial na transformação do país em um dos principais inovadores industriais e culturais do mundo. Nos anos 1960, a renda per capita da Coreia do Sul era inferior à de
países como Haiti, Etiópia e Iêmen e 40% abaixo da renda per capita da China.

No entanto, o chamado milagre sul-coreano assistiu ao surgimento de conglomerados empresariais (em coreano, chaebol), incluindo a Lucky Chemical Company (que mais tarde se tornou a gigante da eletrônica LG) e a Samsung na década de 1970. Depois disso, o crescimento econômico foi, em média, de 6,4% até 2022. Hoje, a economia de ₩ 2,24 quatrilhões (US$ 1,72 trilhão) da Coreia é a quarta maior da Ásia e a 14a do mundo.

Seguindo a mesma trajetória ascendente, o mercado de cafeterias do país requer um exército de baristas, torrefadores e Q-Graders qualificados para apoiar essa gigantesca indústria. Por isso, a associação de cafés do país é uma das poucas diretamente financiadas pela Speciality Coffee Association (SCA).

Após o lançamento do sistema de diplomas da SCA na Coreia do Sul, em 2011, existem agora cerca de 400 treinadores SCA autorizados (authorized SCA trainers ou ASTs, em inglês), representando um
quinto dos 1,8 mil ASTs no mundo.

O entusiasmo dos sul-coreanos por competições de café é enorme, especialmente depois que Jooyeon Jeon se tornou o primeiro campeão mundial de barista do país, em 2019. Fora das competições, não é
incomum ver donos de cafeterias exibindo certificados e prêmios atrás do balcão como símbolos de sua dedicação à excelência.

“Os sul-coreanos estão dispostos a estudar e aprender mais, por isso o interesse na educação sobre café sempre foi muito grande. Mesmo que as pessoas não trabalhem nesta indústria, elas ainda querem saber mais sobre o que estão bebendo todos os dias”, diz Cera Jung, gerente da SCA na Coreia do Sul.

Prateleiras com cafés ready-to-drink na 7-Eleven

A onda sul-coreana

Os fortes laços econômicos e culturais da Coreia do Sul com os EUA e o ocidente continuam a ressoar profundamente entre os consumidores e têm uma influência significativa nos negócios, na moda, na mídia e nas tendências culinárias.

Criado nos EUA, mas agora vivendo na Coreia do Sul como gerente-geral da Blue Bottle Coffee, Ryan Suh é um exemplo de como o mercado de café da Coreia do Sul é um dos mais vibrantes e bem-sucedidos do mundo. Ele concorda que a curiosidade dos sul-coreanos por tendências estrangeiras desempenhou um papel central na ascensão meteórica das cafeterias. “Essa parte do mundo sempre foi fortemente influenciada pela cultura ocidental, e isso se reflete nas décadas em que marcas multinacionais foram recebidas com uma demanda inicial enorme.”

Suh, que abriu a primeira loja da rede da Califórnia em 2019, diz que ela começou a todo vapor, e ao final do primeiro ano já empregava 80 membros de equipe em tempo integral e gerava cerca de ₩ 8 milhões em vendas.

Ao lembrar de sua primeira viagem ao Japão com a Blue Bottle, em 2017, Suh conta que cerca de 40 a 50% dos clientes do Aoyama Café, em Tóquio, eram visitantes sul-coreanos. “Não tivemos escolha a não
ser entrar na Coreia do Sul, porque os sul-coreanos nos escolheram”, afirma.

No entanto, o país também está traçando seu próprio caminho cultural. Hallyu, ou “onda sul-coreana”, descreve a difusão internacional da cultura desde os anos 1990, após o fim do regime militar e a liberalização da indústria cultural – um desenvolvimento que permitiu que indústrias criativas como cinema, televisão, moda e, claro, o K-pop prosperassem.

Em 2023, mais de 100 milhões de álbuns físicos de K-pop foram vendidos na Coreia do Sul. Doze anos após o sucesso global de Gangnam Style, o gênero continua atraindo o grande público e gera quase US$ 1 bilhão em vendas internacionais todos os anos.

Em julho de 2023, a Starbucks colaborou com o grupo de K-pop Blackpink ao criar um frappuccino temático e uma linha de mercadorias de edição limitada em nove mercados da Ásia-Pacífico, que, dizem, esgotaram em três horas após seu lançamento on-line. Em 2023, a Mega Coffee lançou uma campanha com o grupo de K-pop ITZY, e a Compose Coffee se uniu a Kim Taehyung, estrela do BTS.

Um pôster promocional do Compose Coffee apresentando V do popular grupo de K-Pop BTS

“Os grupos de K-pop foram projetados desde o início para serem exportados para o mundo. Eles são divertidos, nostálgicos e orientados para a comunidade, e eu já vi a influência cultural do K-pop, dos cosméticos e da comida sul-coreana ao redor do planeta”, observa Suh.

Me encontre para um café

Quando a Starbucks entrou no país, em 1999, o conceito de “terceiro lugar” para socializar, realizar reuniões ou simplesmente recarregar as energias conquistou muitos consumidores, já cativados pelo café instantâneo e ansiosos para dar o próximo passo em direção às bebidas premium e à cultura do espresso.

“Historicamente, os sul-coreanos não tinham muitos lugares para passar o tempo fora de casa, em comparação com a sociedade ocidental. Eles não costumam convidar pessoas para suas casas, então a cafeteria se tornou o local para encontrar amigos ou fazer reuniões – tudo pelo preço acessível de uma xícara de café. Isso também trouxe o consumo diário da bebida, que virou um hábito”, explica Matt Lee, gerente-geral da La Marzocco Korea.

Trabalhando com a La Marzocco desde que a empresa começou suas operações na Coreia do Sul, em 2012, Lee testemunhou de perto o rápido desenvolvimento do mercado de café no país. Nos primeiros anos, a La Marzocco encontrou um nicho entre os operadores de cafés especiais, focados na qualidade e no prestígio de possuir uma máquina da empresa. “La Marzocco era considerada uma ‘máquina dos sonhos’ cara naquela época”, diz ele.

“Contudo, à medida que as pessoas começaram a reconhecer a qualidade que nossas máquinas podiam oferecer, vimos cada vez mais clientes querendo ter uma La Marzocco em suas cafeterias. Agora, até mesmo as empresas de franquia querem servir café especial e mostrar aos clientes que também valorizam a qualidade”, completa.

Lee diz que o mercado de cafeterias da Coreia já parecia saturado 12 anos atrás. No entanto, a enorme escala tornou-se mais complexa, com muitas cafeterias especiais introduzindo torrefação de pequenos lotes e bebidas de café infusionadas para se manterem à frente da concorrência.

“O amor dos coreanos pelo café continua crescendo, e a busca por melhor qualidade também. O mercado está saturado, mas continua em expansão – não sei qual o seu limite”, afirma.

Ao destacar que, em 2023, o número de cafeterias superou o de restaurantes fast-food pela primeira vez desde 2013, Wonjin Cho afirma que a criação de novos distritos comerciais e complexos de apartamentos
levou a um excesso de propriedades, que costumam ser ocupadas por cafeterias.

“Esses espaços vagos são frequentemente preenchidos por cafeterias, que são vistas como lucrativas e relativamente fáceis de operar. No entanto, muitas fecham rapidamente se não conseguirem acompanhar as rápidas mudanças nas tendências ou se muitos concorrentes abrirem um estabelecimento nos arredores delas”, diz ele.

Redes focadas em valor

Apesar de sua ascensão aparentemente incontrolável, o mercado de cafeterias da Coreia do Sul não ficou imune aos desafios econômicos mais amplos. O Banco da Coreia do Sul prevê que o crescimento econômico desacelere para uma média de 0,6% na década de 2030 e contraia 0,1% ao ano na década de 2040. Com o envelhecimento da população e o baixo crescimento salarial pressionando as rendas disponíveis, as redes de cafeterias focadas em valor se fortaleceram para garantir que mais coreanos possam continuar consumindo café.

“Muitos previram que o crescimento do café de baixo custo não duraria devido ao aumento dos custos de matérias-primas e mão de obra causados pela inflação. Apesar dessas previsões, a demanda por esse tipo
de café aumentou continuamente por causa da crise econômica prolongada. Esse setor viu um crescimento explosivo nos últimos anos, com adolescentes, incluindo estudantes dos ensinos médio e fundamental, agora participando do mercado”, diz Cho.

A rede de cafés Mega Coffee abriu sua primeira loja em 2015, e expandiu-se rapidamente. Segundo dados da Comissão de Comércio Justo da Coreia do Sul, havia, em 2022, 1.184 locais da Mega Coffee no país, mais de 2.150 em 2023 e 3 mil em maio de 2024. O concorrente focado em valor, Compose Coffee, também viu seu portfólio crescer de 725 lojas licenciadas em 2020 para 2.571 atualmente.

Mega Coffee, uma das maiores cadeias de café da Coreia do Sul

Porém, enquanto grandes redes de café se beneficiam da redução de riscos e das taxas de licenciamento para a expansão de franquias, seus operadores, muitas vezes, deparam-se com descontos agressivos impostos pelas sedes. Em julho de 2024, um proprietário de loja licenciada, que preferiu não se identificar, disse a repórteres sul-coreanos que 38% das receitas geradas por um café americano quente de ₩ 1,500 (US$ 1,10) são perdidas por causa dos custos de produção.

“O modelo de franquia muitas vezes se beneficia por meio da expansão agressiva, aumentando a receita com taxas de franquia, design de interiores e custos de treinamento. No entanto, os franqueados
sofrem com a diminuição dos lucros e o aumento de lojas fechadas devido à intensa concorrência.”

Do leite saborizado de banana ao café com queijo e grain lattes – uma infusão do popular pó multigrãos coreano, Misutgaru –, a inovação de bebidas na Coreia do Sul tem dado mais do que algumas reviravol-
tas estranhas e incríveis ao longo dos anos. “Um aspecto único da cultura sul-coreana é a rapidez com que as tendências vêm e vão, então empreendedores, artistas e criadores estão sempre otimizando para o
próximo grande sucesso”, diz Ryan Suh, da Blue Bottle.

A bebida mais vendida da Blue Bottle no país é o nola float, uma versão inovadora do café gelado de Nova Orleans com sorvete de máquina por cima, que representa cerca de 10% das vendas totais da marca no país.

Cera Jung também observa que o entusiasmo dos consumidores por novas tendências tem sido um catalisador chave para o desenvolvimento da indústria, ao incentivar a experimentação e a inovação em busca da próxima grande novidade no café. “Mesmo que seja caro, as pessoas no país querem experimentar coisas novas para aprimorar sua experiência. Elas gostam de cafés de origem única e sabores distintos, mas também estão interessadas em novos métodos de processamento, como o café infusionado. Qualquer coisa nova, diferente e que valha a pena experimentar, estamos a par e trabalhando para”, diz Jung.

No entanto, o café gelado é o campeão indiscutível do mercado de cafeterias na Coreia do Sul. A Starbucks Coreia relata que mais de três quartos de todas as bebidas servidas são frias ou com gelo, com esse número ainda em torno de 60% durante os meses de inverno. “Tudo gira em torno de bebidas geladas quando o assunto é café ou até mesmo bebidas não cafeinadas”, afirma Jung.

O trabalho árduo, a competição e o desejo de descobrir as últimas tendências transformou a paixão dos sul-coreanos pelo café em uma indústria de causar inveja no mundo.

Seja como arte a ser dominada, bebida a ser saboreada, marca para inspirar ou uma bebida para construir relações, o café é o ponto focal de inúmeras interações na sociedade coreana – e uma obsessão nacional que não mostra sinais de desacelerar.

Texto originalmente publicado na edição #86 (dezembro, janeiro e fevereiro de 2025) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Tobias Pearce (5THWAVE)

Mercado

Marca carioca produz licor de cafés especiais

“O Cabra Lab veio de uma ideia que surgiu há mais de cinco anos”, conta Gabriel Collares, sócio da Degusto Brands, holding de destilados que detém o Cabra Lab e as marcas de cachaça Quero Chuva e Cafuné.

Diferentemente das cachaças, o Cabra Lab produz e comercializa licor de café, feito com grãos de qualidade. “Eu gosto muito de café e achei que faltava no mercado um licor que desse protagonismo a ele, com dulçor equilibrado, sem interferência de notas da base alcoólica e sem adição de aromas”, comenta.

A marca, que começou os testes em 2020 mas só fez seu primeiro lançamento no ano passado, produz o licor com um blend de grãos arábica da Fazenda Tassinari, no Rio de Janeiro, e de canéfora da Fazenda Venturim, no Espírito Santo. “O café é torrado e moído poucos dias antes da extração a frio, o que garante frescor e intensidade”, explica Collares.

A base alcoólica, neutra, é feita com álcool de cereais e possui 25% de álcool, e a doçura do Cabra Lab está bem abaixo da média dos licores de café no mercado. É um produto para ser tomado puro ou em coquetéis. “Se puro, sugerimos que esteja gelado ou em um copo com gelo. Já em coquetéis, é versátil e fica perfeito no Espresso Martini”, recomenda.

O Cabra Lab está em mais de 80 casas de coquetelaria do Rio de Janeiro, mas também é possível encontrá-lo no e-commerce da marca, no Mercado Livre e na Amazon, por R$ 189 (750 ml).

TEXTO Redação • FOTO Umami.mkt

Mercado

Ranking internacional de cafeterias cita apenas uma brasileira entre as 100 melhores

Por Cristiana Couto

A paulistana Cupping Café, na Vila Madalena, é a única cafeteria brasileira a integrar a primeira edição do ranking The World’s 100 Best Coffee Shops, organizada pela empresa espanhola NeoDrinks. O anúncio das cem melhores do mundo foi feito nesta segunda (17), em Madri, durante o evento Coffee Fest. A Cupping Café posicionou-se em 92o lugar.

O primeiro lugar ficou com Toby’s State Coffee Roasters, da Austrália, país que emplacou mais três estabelecimentos entre os dez melhores na lista, ao lado dos Estados Unidos, Áustria, Noruega, Singapura, França, Malásia e Colômbia – estes dois últimos, os únicos países produtores de cafés contemplados entre os dez mais bem posicionados. “A Austrália tem uma tradição e uma qualidade enorme de cafés, de serviço de baristas e de equipamentos”, diz Edgard Bressani, CEO da Latitudes Brazilian Estates e autor do Guia do barista – Da origem ao café perfeito. 

O ranking avaliou mais de quatro mil cafeterias, baseando-se nos critérios de qualidade do café, habilidade do barista, práticas sustentáveis, serviço, atmosfera, qualidade dos alimentos, inovação e consistência. Um júri internacional de especialistas e profissionais da indústria (com peso de 70%) e votação pública online (que compõe 30% do peso da nota) determinaram as melhores de uma lista preliminar de 200 cafeterias indicada pelo público ou pelos profissionais. 

Entre os coordenadores de cada região de votação estão nomes como Michalis Dimitrakopoulos, campeão mundial de baristas e chefe do júri para a Europa Oriental, Kat Melheim, fundadora do Coffee People Zine e chefe do júri para a Costa Leste dos EUA, a especialista e educadora Dara Santana, chefe do júri para a Europa Ocidental e Darveris Rivas, especialista em cafés venezuelano e chefe do júri para a América do Sul. O site oficial não revela o número total de jurados. “Há, porém, casas que ficaram de fora, como a Substance [Cafe], em Paris, a Sisu [Coffee Studio], no Panamá, a loja conceito da Espresso Lab, em Istambul”, lembra Bressani. 

“De fato, algumas cafeterias tradicionais do mundo e do Brasil não estão contempladas na lista. Assim como aconteceu com outras premiações de gastronomia, questionamentos sobre rankings parecem fazer parte do negócio”, reforça Caio Alonso Fontes, CEO da Espresso&CO. “Vale considerar que esta é a primeira edição do ranking, e que listas como estas geram visibilidade e impulsionam mercados”, conclui.

TEXTO Cristiana Couto • FOTO Divulgação