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SIC é palco de premiações e empreendedorismo

A Semana Internacional do Café, que começa nesta quarta (22), prevê gerar R$ 60 milhões em negócios

A Semana Internacional do Café (SIC), que começa nesta quarta-feira (20) em Belo Horizonte e é, tradicionalmente, um ponto de encontro para profissionais e empresas do setor cafeeiro no Brasil e na América Latina, também tem se consolidado como um polo estratégico para a geração de negócios, networking e desenvolvimento do mercado. 

O evento, que vai até sexta (22) traz uma agenda repleta de rodadas de negócios, palestras, feiras e concursos, numa plataforma única para conectar empreendedores e executivos a tendências e tecnologias emergentes, impulsionando a competitividade e a sustentabilidade do setor. É um evento essencial para quem busca não apenas expandir suas operações, mas também fortalecer suas redes e explorar oportunidades no mercado cafeeiro nacional e internacional.

Um dos melhores exemplos dessas oportunidades é a 13ª Coffee of the Year 2024, uma celebração que exalta a excelência e a diversidade dos cafés brasileiros, e gera impacto direto no mercado. A seleção dos 10 melhores produtores de arábica e dos cinco melhores de canéfora, feita pelo voto dos visitantes, impulsiona o trabalho dos finalistas, facilitando o acesso a novos mercados e consolidando a presença dos cafés brasileiros em mercados já existentes. 

Esse reconhecimento agrega valor aos cafés não só dos produtores premiados, mas de toda a região, e abre caminho para parcerias e negociações que fortalecem todo o ecossistema. 

Os cafés foram avaliados inicialmente por profissionais Q-Graders e R-Graders, que selecionaram as 180 melhores amostras para serem apresentadas ao público da Semana Internacional do Café. Esses cafés estarão disponíveis em duas salas de cupping, onde compradores e visitantes poderão provar e negociar diretamente com os produtores, criando um ambiente propício para novos negócios.

Novos negócios também acontecem entre os mais de 170 expositores distribuídos por todo o pavilhão da Expominas, que vão mostrar seus produtos, lançar novidades e apontar tendências. A estimativa para esta edição é movimentar cerca de R$ 60 milhões. 

Conectar-se com compradores é, também, um dos principais objetivos das regiões produtoras, que se organizam em estandes para oferecer degustações e informações sobre seus melhores produtos. A SIC, portanto, funciona como uma vitrine estratégica, capaz de abrir portas para novos mercados e oportunidades de negócios, além de impulsionar o desenvolvimento econômico e sustentável de cada território representado.

“A SIC é um importante evento para aproximar os produtores rurais, grandes responsáveis por essa liderança, e os demais elos do setor. Essa conexão viabiliza um terreno propício para parcerias e bons negócios e mostra ao consumidor final a qualidade e a importância dos nossos cafés”, destaca Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg Senar, uma das entidades realizadoras. 

Oportunidades de negócios serão tratadas, também, em palestras durante a SIC. Uma das mais aguardadas será ministrada pelo especialista Haroldo Bonfá, diretor e consultor da Pharo Consultoria, que vai discorrer sobre o tema “Cenários e perspectivas do mercado de café”. Entre os assuntos abordados na palestra estão a abertura de novos mercados, dados sobre exportação para outros países, denominações de origem e novos consumidores. 

“Os números recordes nas exportações e a abertura de grandes mercados, como a China, são prova de que investir em tecnologia, inovações, assistência técnica e equilíbrio com o meio ambiente dá resultados. E a SIC é uma vitrine de tudo isso”, afirma o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo de Minas Gerais, Thales Fernandes.

Premiações

Além do COY, outras premiações acontecem no evento e são, sempre, uma celebração do trabalho de todos os elos da cadeia. Em sua 6a edição, o concurso Espresso Design tem o objetivo de avaliar e premiar as melhores embalagens de café de 2024, reconhecendo o compromisso das marcas de café que investem em comunicação e que impactam, diretamente, a maneira como o café de qualidade chega ao consumidor. 

Foram mais de 80 embalagens, avaliadas pela Equipe da Espresso e por especialistas convidados nos quesitos identidade visual, eficiência, conceito, originalidade e criatividade. Destas, surgiram as 20 embalagens finalistas, que nos dois primeiros dias de SIC, ficarão expostas e receberão os votos dos nossos visitantes. 

A grande final da competição Torrefação do Ano Brasil 2024, organizada pela Atilla Torradores e com o apoio da SIC, vai acontecer, pela segunda vez, no último dia do evento. Dentre as 20 torrefações finalistas, de mais de 18 estados inscritos, só uma leva o troféu.  

A SIC também é palco do Campeonato Brasileiro Blends de Café, uma realização da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). 

O campeonato, que está em sua segunda edição, promove e fomenta o conhecimento em torno da criação de blends de café, um saber fundamental para o trabalho das torrefações brasileiras. O resultado será conhecido, também, na sexta (22).

Por fim, a agitação do último dia ainda conta com a revelação do vencedor do Campeonato Brasileiro de Barismo, promovido pela BSCA e que acontece nos três dias de SIC. O campeão brasileiro irá representar o Brasil no campaonato mundial da categoria, que acontece em 2025 na Itália. 

Um tributo às regiões brasileiras

Uma obra completa sobre as indicações geográficas (IGs) terá seu lançamento na SIC. A Revolução do Café Brasileiro: Regiões com Indicação Geográfica reúne 14 regiões produtoras de café do Brasil. A obra explora as características de cada uma das áreas, com suas particularidades, métodos de cultivo e processamento dos cafés, além de incluir perfis sensoriais dos grãos. 

O livro surgiu da necessidade de oferecer uma visão abrangente da cadeia produtiva brasileira, desde a plantação até seu consumo. O Sicoob, instituição financeira cooperativa, é patrocinador da obra, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.  

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

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Lei Antidesmatamento é adiada por um ano no parlamento europeu

O Parlamento Europeu aprovou, nesta quinta (14), o adiamento de um ano para a entrada em vigor da lei antidesmatamento (EUDR, na sigla em inglês). Foram 371 votos a favor, 240 contra e 30 abstenções. Agora, só falta o texto ser endossado pelo Conselho e pelo Parlamento e publicado no Jornal Oficial da UE.  

A votação fez com que grandes e médias empresas entrem em conformidade com as regras da EUDR até 30 de dezembro de 2025, enquanto pequenas empresas têm até 30 de junho de 2026 para se adequar a elas. 

Além disso, o Parlamento Europeu criou uma nova categoria, denominada “sem risco”, para países considerados como de desenvolvimento de área florestal estável ou crescente, que, consequentemente, passarão a enfrentar requisitos menos rigorosos do que as categorias já existentes (risco “baixo”, “padrão” e “alto”).

Em outubro, a Comissão Europeia havia proposto o adiamento de 12 meses, após reclamações de um grupo de 20 países da UE, algumas empresas e países fora da UE, como Brasil, Indonésia e Estados Unidos.

Porém, não foram propostas alterações no conteúdo da lei, posição esta apoiada pelos governos da União Europeia. Segundo a agência de notícias Reuters, a votação apertada do parlamento para adicionar a nova categoria de países “sem risco” aumenta a incerteza sobre a regulamentação da  EUDR. 

A EUDR (European Union Deforestation Regulation) é uma regulamentação da União Europeia que visa combater o desmatamento global associado a sete produtos importados, como o café. Ela exige que empresas que importam para a UE comprovem que esses produtos não estão ligados ao desmatamento, nem ao uso de terras desmatadas após 31 de dezembro de 2020. 

TEXTO Redação • FOTO Simon Gibson

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Brasil vence o Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy

É a segunda vez consecutiva que o país é eleito na categoria Best the Best, desta vez, com a Fazenda Serra do Boné, nas Matas de Minas

O café despolpado da Fazenda Serra do Boné, de Matheus Lopes Sanglard, ganhou ontem, em Nova York, o prêmio Best of the Best, distinção concedida pela illycafè no âmbito do 9o Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy. O café campeão é um despolpado produzido em Araponga, nas Matas de Minas.

É a segunda vez consecutiva que o Brasil vence o prêmio da torrefadora italiana, que já existe há trinta anos e elege os melhores cafés sustentáveis entre seus fornecedores pelo mundo. A fazenda, que fornece grãos para a illy desde 2013, fica entre mil e 1,4 mil metros de altitude, em área montanhosa, o que exige colheita manual ou semimecanizada dos grãos. 

Os irmãos Sanglard, no recebimento do prêmio nesta quarta (12), em Nova York

O prêmio tem um painel independente de nove especialistas – este ano, contou com o estrelado chef italiano Massimo Bottura, da Osteria Francescana, em Módena –, que avaliaram os melhores lotes de café entre as nove origens únicas do blend da illycaffè. Além do Brasil foram avaliados cafés de Costa Rica, El Salvador, Etiópia, Guatemala, Honduras, Índia, Nicarágua e Ruanda. Participaram do júri, também, Felipe Rodrigues, chef do Complexo Rosewood, em São Paulo, e Vanúsia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC). 

 Outro prêmio, o Coffee Lovers’ Choice, ficou para o SMS Cluster ECOM, da Nicarágua. O Coffee Lovers’ Choice, como já sugere o nome, é resultado da votação dos consumidores pelo mundo que, semanas antes da premiação, provaram às cegas as mesmas amostras.

Práticas regenerativas 

“Nossas práticas agrícolas respeitam o meio ambiente”, afirmou Matheus Sanglard, em comunicado oficial da illy. Na Fazenda Serra do Boné, o uso de fertilizantes orgânicos, controle biológico e reutilização dos produtos de processamento (como a palha do café) preservam a saúde do solo, a biodiversidade e as fontes de água. Fazemos o plantio do café de forma a minimizar o impacto ambiental, utilizando roçadas ou capinas no lugar de herbicidas sempre que possível e realizando pulverizações contra doenças e pragas apenas quando necessário, de forma pontual”.

Para Andrea Illy, presidente da illycaffè, a empresa está “mais uma vez, notando sinais importantes que confirmam como a agricultura regenerativa é o caminho certo para uma produção mais resiliente, capaz de garantir produtividade e qualidade superior”.

No mesmo dia do evento, na sede das Nações Unidas, em Nova York, representantes de toda a cadeia de fornecimento do grão reuniram-se para a mesa redonda “Aliança Global do Café: Mobilizando um Fundo Público-Privado para Combater as Mudanças Climáticas”, que explorou iniciativas para promover a produção sustentável de café diante dos desafios climáticos.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Feira é vitrine para cafeicultores na SIC

Cafés premiados são destaque nos estandes de regiões produtoras, que promovem a diversidade da bebida com degustações e muita história para contar

Não faltarão regiões produtoras de café de qualidade para os apreciadores conhecerem durante a Semana Internacional do Café, que acontece de 20 a 22 de novembro no Expominas, em Belo Horizonte (MG). Se o tema das origens produtoras, escolhido como mote do evento de 2023, reforçou a sustentabilidade e a qualidade dos cafés, nesta edição, vários estandes continuam a pavimentar esse caminho com mais experiências sensoriais e informativas em torno do grão e suas singularidades. Desde 2013 – quando se deu o primeiro evento em solo mineiro –, é a edição com mais regiões produtoras, distribuídas em espaços específicos ou representadas por meio de cooperativas. Estarão lá municípios e cafeicultores da Bahia, Espírito Santo, Ceará, Rondônia, Acre, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Estreia

Novidade este ano, o estande dos robustas do Acre apresenta os 15 produtores melhor posicionados no concurso de qualidade II Qualicafé Estadual de Cafés Especiais. “A participação na SIC é a virada de chave para os produtores e o estado”, comemora Michelma Lima, coordenadora do núcleo da cafeicultura da Secretaria de Estado da Agricultura.

Produtora Eliane Lara, de Acrelândia, finalista do Florada Premiada e que estará no estande dos robustas do Acre

Num espaço de 47 m2, esses produtores e produtoras – estas, ainda, finalistas entre as vinte melhores do concurso Florada Premiada, promovido pela 3corações e cuja premiação acontece no terceiro dia do evento – estarão apresentando seus grãos aos visitantes, auxiliados por três baristas. Brasileia, Acrelândia e Epitaciolândia são alguns dos municípios representativos dos grãos da tríplice fronteira acreana. “O objetivo é promover a marca dos cafés do Acre, pois, apesar da pouca área produtiva e da pequena quantidade, temos qualidade”, assegura Michelma, referindo-se às mil famílias cafeicultoras e aos cerca de mil hectares plantados no estado. “Com a cafeicultura, estamos recuperando áreas antropizadas, degradadas”, conta ela – o Acre preserva mais de 80% de suas florestas.

O município do Alto Caparaó, que há anos participa do evento, também estará bem representado. Em uma área de 24 m2, cerca de 20 cafeicultores do município mineiro vão servir seus cafés – quase todos eles premiados, como os dez melhores do ano do 11º Concurso de Qualidade dos Cafés Especiais de Alto Caparaó e quatro vencedores do COY (Coffee of the Year), premiação criada pelos realizadores da SIC e que elege, desde 2012, os melhores arábicas e canéforas do país. 

Imagem de lavouras de café do Alto Caparaó

Mais premiados

Cidade cuja principal renda é a cafeicultura e o turismo, o Alto Caparaó venceu o COY pela primeira vez em 2014, e tem, entre os 150 finalistas de cafés arábica da atual edição, oito representantes. “O COY foi o primeiro concurso do qual participamos. Desde então, nossos cafés especiais têm ganhado notoriedade”, comemora Ramiro Horst de Aguiar, secretário de turismo e cultura do Alto Caparaó. “Para o município, a SIC é uma grande vitrine para os nossos cafés”, acredita Aguiar.

“Queremos levar a identidade territorial e cultural da cidade”, emenda Andyara Machado, Secretária de Turismo e Cultura da Prefeitura Municipal de Caparaó. Caparaó, que assim como a cidade de Ramiro, está inserida em duas indicações geográficas (denominação de origem Caparaó e indicação de procedência Matas de Minas), participa pelo segundo ano do evento com 12 produtores, degustações e comercialização dos cafés, também conhecidos nacionalmente. “Sabemos que nossos cafés são mais que meros pontos de encontro, são momentos de partilha”, acredita Andyara, que vê na SIC, ainda, um fator determinante na comercialização dos grãos mineiros.

Estande do Caparaó na Semana internacional do Café 2023

Com mais de 300 produtores, o estande da Região do Cerrado Mineiro, primeira denominação de origem de cafés no Brasil, participa pela sétima vez da SIC. “É importante estar no evento pois encontramos o público torrefador e o público consumidor, inclusive internacional”, destaca Juliano Tarabal, diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado. “Além disso, há a exposição da nossa denominação de origem, da nossa marca, da nossa estratégia”, completa Tarabal, citando a integração da promoção da federação pela presença de seis cooperativas e sete associações no espaço, de 80 m2. Degustações dos nove melhores cafés da safra e dos dois campeões do COE (Cup of Excellence) dividirão as atenções com outras atividades, como o game Cerrado The Wall, instalado numa das paredes do estande, com direito a camisetas e pulseiras para os vencedores do jogo.

Muitos e melhores

“Sentimos uma grande necessidade de explorar nossa marca no evento, que é um dos maiores do mundo”, elogia Klayrton Alves de Souza, secretário de comunicação da prefeitura de Manhuaçu, município no leste mineiro cuja maior riqueza também é o café – 83% oriundo de agricultura familiar. Com o estande e uma segunda participação consecutiva na SIC, o município espera fomentar a marca cafés de Manhuaçu. O estande vai ser temático, com foco no 11º Concurso Municipal de Qualidade de Café. Os produtores premiados vão estar ali, e os cafés campeões serão servidos por baristas. Ilustrações que remetem às lavouras de café locais e ao Castelo do Café, importante atração turística, decoram o espaço de Manhuaçu, que na última safra produziu 565 mil sacas de café, em uma área de 24 mil hectares.

A SIC também faz parte da história de evolução da cafeicultura em Rondônia, que marca presença novamente com um estande dedicado aos robustas amazônicos. “Iniciamos nossa participação como expositores em 2016 e, no início, causamos estranheza”, relembra o pesquisador da Embrapa Rondônia Enrique Alves, que está entre os organizadores da caravana de 60 expositores até a capital mineira, a maioria deles, cafeicultores da denominação de origem Matas de Rondônia. 

Foto: Gustavo Baxter/Semana Internacional do Café

“Este ano somos muitos e melhores. Nossos cafés nunca beberam tão bem, os preços nunca estiveram tão altos”, comemora Alves. A celebração aos cafés, inclusive, se estende no espaço da feira com o animado nome “Its gonna be SIC!”, um happy hour em que os inscritos terão oportunidade de degustar “robustas reserva” – cafés que aprimoraram sensorialmente ao longo dos anos –, acompanhados de meis oriundos de abelhas das lavouras cafeeiras, cookies feitos com farinha de casca de café e drinques à base da bebida. “A SIC é nosso lugar de pertencimento”, alegra-se Alves. “Os jornais, tvs e sites já ficam em expectativa para saber qual cafeicultor de Rondônia será destaque no COY”, relata. 

Histórias e aprendizado

A SIC permite que os profissionais e entusiastas conheçam não apenas os sabores do café, mas as histórias e os desafios de quem está por trás de cada grão. Num estande com três balcões, nove produtores de Espera Feliz (MG) se revezam no serviço de seus cafés, coados e no método espresso. Os cafés de mais de uma dezena de produtores também serão vendidos ali. A expectativa é grande. “Participar do evento é dar visibilidade às histórias, aos produtores e suas propriedades. É o momento de celebrar e destacar aqueles que fazem toda esta história acontecer”, reforça Mariana Aparecida Correia, secretária de agricultura do município, que, assim como Alto Caparaó e Caparaó, situa-se na área delimitada pela DO Caparaó e pela IP Matas de Minas. Este ano, Espera Feliz pretende colher 228 mil sacas dos 9,5 mil pés em produção. “Nossa economia gira em torno do café”, arremata Mariana. 

Piatã – que acaba de entrar para o rol das IGs como um dos sete municípios da indicação de procedência Chapada Diamantina, na Bahia –, também estará no evento. Seu representante oficial é o produtor Euvaldo José da Costa Jonis, da Fazenda Riacho da Tapera. Jonis estará na SIC em nome dos 55 associados da Coopiatã, a cooperativa local, que inclui produtores também dos municípios de Abaíra e Rio de Contas. No espaço destinado à cooperativa, serão servidos blends próprios das linhas gourmet e especial. “Encontramos na SIC todas as pessoas do universo do café. É uma oportunidade para visitar outras regiões e aprender um pouco”, conclui Jonis.

TEXTO Cristiana Couto

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Café ganha transporte em navio movido à vela e a energia solar

Uma remessa de café brasileiro especial começa a ser embarcada nesta segunda-feira (11) no Porto de São Sebastião, com destino a Le Havre, na França. Serão 588 toneladas de grãos, cultivados com práticas sustentáveis em várias regiões do Brasil. A novidade? O transporte será feito pelo cargueiro à vela Artemis, uma embarcação de tecnologia sustentável recém-construída na França.

A operação, conduzida pela Seaforte em parceria com a FAFCoffees, a Belco e a TOWT, marca a primeira exportação de café especial para a Europa utilizando um navio sem motor, movido apenas por velas e energia solar, sem emissão de carbono. Ao todo, serão 700 pallets com 14 sacas de café em cada, totalizando 9.800 sacas.

Além do café verde – que será torrado e moído na Europa para atender à crescente demanda por produtos de alta qualidade e rastreabilidade ambiental –, também serão embarcados pallets com sementes de cacau brasileiro, destinados à indústria de chocolates.

Transporte sustentável e impacto ambiental

O transporte à vela integra uma cadeia sustentável, onde o próprio modal marítimo contribui para a redução de emissões de poluentes. O café brasileiro, cultivado sob rígidos padrões de sustentabilidade, encontra agora um transporte igualmente responsável, reforçando o compromisso ambiental em todas as etapas.

Sobre o navio Artemis

Com 81 metros de comprimento e 12 de largura, o Artemis tem uma viagem estimada em 20 dias até a França e contará com uma tripulação de pelo menos oito pessoas. A embarcação chega ao Porto de São Sebastião nesta segunda-feira (11), com a partida rumo à Europa programada para quinta-feira (14), às 12h.

TEXTO Redação / Fonte: Radar Litoral

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SIC 2024 discute clima, ciência e novos consumidores

 

Reunindo questões candentes no cenário cafeeiro atual, este ano da Semana Internacional do Café – SIC privilegia o clima, a ciência e os novos consumidores como pauta de discussões durante os dias 20 e 22 de novembro no Expominas, em Belo Horizonte.

Em sua 12ª edição, a SIC, um dos maiores e mais importantes eventos do mercado cafeeiro do Brasil e do mundo, espera receber 20 mil pessoas, de 40 países, para assistir a painéis, palestras e workshops em torno do tema “Como o clima, a ciência e os novos consumidores estão moldando o futuro do café”, além de movimentar cerca de 60 milhões de reais em negócios.

Para discutir os atuais desafios do setor estarão presentes Márcio Ferreira, CEO da Tristão e Valéria Pardal, diretora-executiva de cafés da Nestlé Brasil, no primeiro dia do evento, no DNA Café, espaço dedicado à paineis e palestras sobre tendências, desafios e ações para o futuro do café (com tradução simultânea para o inglês).

Soluções verdes para mitigar os impactos climáticos é tema de outro painel, no mesmo espaço, conduzido pelo engenheiro agrônomo José Donizeti Alves, professor titular da Ufla (Universidade Federal de Lavras), e pelo especialista em transição verde Daniel Vargas, da Fundação Getúlio Vargas – RJ.

O segundo dia da SIC tem como um dos destaques os trabalhos desenvolvidos no Fórum da Cafeicultura Sustentável, criado em 2014 para discutir práticas, inovações e desafios relacionados à sustentabilidade na cafeicultura. Este ano, o fórum abre com um painel sobre os desafios e oportunidades da EUDR (Regulamento de Desflorestação da União Europeia), integrado por Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Expositores de Café do Brasil), Adriana Mejía Cuartas, presidente do Conselho da Plataforma Global do Café (GCP) e Sueme Mori, diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Revolução Verde e discussões sobre agricultura regenerativa também encontram lugar no segundo dia do fórum, que discute, ainda, os avanços científicos na cafeicultura no painel “A força da ciência nas questões de clima, solo, variedades e consumo” (confira mais detalhes da programação no site da SIC)

Na cafeteria modelo, um ponto de encontro já tradicional entre baristas e outros profissionais do setor com o público, a programação segue intensa. Palestras sobre os novos protocolos ABIC para cafés torrados e CVA (Avaliação de Valor do Café, em português) da SCA, programado para entrar em vigor em 2025, dividem as atenções com temas como a influência da água no perfil de cafés e cafés infusionados, além do painel sobre “Diversidade, equidade, inclusão e pertencimento (DEIP) como impacto de ESG na xícara”.

Com objetivo de conectar e gerar oportunidades para toda a cadeia do café brasileiro no acesso a mercados e negócios, a programação da SIC abriga, também, campeonatos, degustações e premiações importantes, além de uma feira com mais de 170 expositores.

O já conhecido Concurso Florada Premiada, iniciativa do Grupo 3corações em parceria com a BSCA, acontece, como de praxe, no último dia SIC. O concurso, que busca dar visibilidade ao trabalho de cafeicultoras mulheres e oferecer acesso às melhores práticas na produção de cafés especiais, é coordenado pelo especialista em qualidade de cafés Silvio Leite, e já impactou mais de 4 mil famílias de mulheres cafeicultoras.

Também fechando o evento acontece a final do Campeonato Brasileiro de Barista 2024, cujo campeão entre os seis semifinalistas irá representar o Brasil no campeonato mundial em 2025 em Milão, na Itália.

“A SIC estabeleceu-se como a principal plataforma para a promoção, acesso a mercados, e negócios do café brasileiro”, diz Caio Alonso, diretor da Espresso&CO, um dos realizadores do evento. “A SIC é um importante evento para aproximar os produtores rurais, grandes responsáveis por essa liderança, e os demais elos do setor”, reforça Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg Senar, uma das entidades realizadoras do evento.

O evento é gratuito para produtores rurais, empresas da área (visitantes com CNPJ) e visitantes internacionais. O ingresso para outros visitantes custa R$ 70 para os três dias, e pode ser adquirido no site.

12ª Semana Internacional do Café – SIC
Quando: 20, 21 e 22 de novembro de 2024, das 10h às 19h
Onde: Expominas – Av. Amazonas, 6.200, Gameleira, Belo Horizonte, MG
Quanto: R$ 70 (para os três dias). Visitante com CNPJ, produtor rural e visitante internacional tem entrada gratuita.

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

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Sabores universais do cacau

De olho na qualidade, pesquisadores e organizações públicas e privadas desenvolvem um guia para padronizar a avaliação do fruto amazônico

Q uais são as características de um cacau de excelência? A resposta pode parecer simples, mas diante da complexidade entre variedades, terroirs, métodos de cultivo e de beneficiamento, exige rigor e consistência. É a partir desses dois fundamentos que cacauicultores brasileiros acabam de se destacar num dos mais importantes concursos do mundo e que um protocolo recém-lançado promete ser o primeiro a normatizar, em nível global, a avaliação de amêndoas de cacau.

Em março deste ano, o Guide for the Assessment of Cacao Quality and Flavour (Guia para avaliação da qualidade e do sabor do cacau), lançado em setembro de 2023 pela plataforma global Cacao of Excellence, foi atualizado. A publicação do guia, que consumiu sete anos de estudos e discussões, integrou diferentes organizações públicas e privadas, especialistas e representantes da indústria cacaueira no mundo.

Já os brasileiros Miriam Vieira, de Medicilândia, no Pará, e Luciano Ramos, de Ilhéus, na Bahia, ganharam em outubro passado medalhas de ouro no Cacao of Excellence Awards – a avaliação baseada na nova publicação e que traz, entre outros parâmetros analíticos, uma roda de sabores do fruto.

Com o crescimento do consumo mundial de chocolate e diante das críticas quanto à qualidade da indústria, a necessidade de avaliar o cacau de excelência – ou fino – tornou-se o objetivo de várias entidades e organizações mundiais.

“Há cada vez mais pessoas interessadas no cacau especial, assim como aconteceu com o café trinta anos atrás”, compara Julien Simonis, gerente de programa da plataforma Cacao of Excellence, liderada pela Alliance of Bioversity International e pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT). “Então, montamos um comitê com especialistas de todo o mundo para desenvolvermos uma linguagem comum para comunicar os sabores e gostos do cacau”, conta ele, referindo-se à publicação de 216 páginas e que pode ser acessada gratuitamente no site da Cacao of Excellence.

Além da sistematização da roda de sabores do cacau, a obra traz informações técnicas que vão da análise física das amêndoas e seu processamento até a avaliação sensorial de amêndoas não torradas, da massa de cacau e do chocolate amargo. Instruções de como armazenar o fruto amazônico, de quais instrumentos e equipamentos utilizar para torra, além de um formulário de avaliação das amostras completam o guia, disponibilizado na plataforma em inglês, espanhol, francês e italiano.

Foram necessários 12 anos de provas sensoriais para desenvolver a roda de sabores, fruto da experiência nas análises de amostras de cacau de todo o universo produtor para a Cacao of Excellence Awards, uma das mais importantes competições de amêndoas de cacau do mundo.

Para a avaliação, os atributos de sabor foram divididos em três grupos. Os atributos principais são características esperadas na amêndoa e que incluem acidez, amargor, adstringência e grau de torra. Os sabores complementares são os que podem ou não ser percebidos nas amostras de cacau. Há descritivos como sabores de frutas frescas, vegetal, floral, amadeirado, de especiarias, amendoado e caramelo, além de doçura – este último, só para o chocolate amargo; e os off-flavours, que resultam de defeitos que podem ou não ser notados nas amêndoas.

Não que a roda de sabores fosse inédita no mercado cacaueiro até então. “Empresas, cooperativas e produtores usam seus métodos de análise sensorial. Mas se duas pessoas diferentes falam que o cacau é frutado, por exemplo, não dá para garantir que se trata do mesmo sabor. E isso é um grande problema”, analisa Simonis, que espera que a nova roda seja, em breve, adotada como parâmetro de sabores oficial no mercado. “Não é todo mundo que quer usar a roda, mas se quiser se comunicar de forma ‘universal’,
precisará dela”, analisa.

Os critérios aplicados à nova roda de sabores do cacau se assemelham aos do café, mas a análise sensorial tem suas particularidades. “Quando você prova o cacau, é 100% puro, não é igual ao café, que é diluído”, relata Simonis. “Então levamos muito mais tempo para analisar as amostras, que vão da amêndoa até o chocolate amargo.”

O longo tempo de reflexão e concentração fazem parte da rotina dos avaliadores do Cacao of Excellence Awards, que, na última edição, em 2023, recebeu 222 amostras de amêndoas de 52 regiões de origem, divididas entre África e Oceano Índico, Ásia e Pacífico, América Central e Caribe e América do Sul. “Primeiro, fazemos a massa de cacau e escolhemos as 50 mais bem pontuadas para elaborarmos o chocolate amargo e a avaliação final de cada amostra”, explica ele sobre a dinâmica do concurso às cegas, ou seja, sem que se conheça a origem e o produtor.

O Brasil tem direito a enviar sete amostras, selecionadas de acordo com as competições nacionais. Isso porque o número de vagas é determinado pelo volume de produção de cacau no mundo. Já os líderes Gana e Costa do Marfim, na África, têm presença maior no Cacao of Excellence Awards. Mas, se nos últimos três concursos, um país conquistar mais medalhas de ouro, pode levar mais amostras na competição seguinte (o concurso é anual). “Assim, vemos que há um aumento na qualidade do cacau e queremos encorajar os produtores locais”, diz Simonis.

É ouro

Se considerar a edição de 2023, o Brasil pode comemorar, pois foi o melhor resultado já alcançado pelo país na premiação. Três pequenos agricultores familiares foram condecorados: Miriam Federicci Vieira, do Sítio Alvorada, em Medicilândia (PA), com um forastero da cultivar alvorada 01, e Luciano Ramos, da Fazenda São Sebastião, de Ilhéus (BA), com um trinitário da cultivar BN 34, ganharam a medalha de ouro; e Robson Brogni, Sítio Ascurra, também de Medicilândia (PA), conquistou a prata com o híbrido
blend MA 15.

“Nunca havíamos ouvido falar do concurso, foi um amigo que nos incentivou, mas estávamos desconfiados”, revela Miriam que, com seu esposo Leomar, cuida de 10 mil pés de cacau na cidade paraense, reconhecida pelo cultivo de qualidade. Depois de ser premiada com a medalha de prata por dois anos seguidos – em 2022 e 2023, com seus Alvorada 1 e Alvorada 3, respectivamente – no Concurso Nacional de Cacau Especial – Sustentabilidade e Qualidade, a dupla foi surpreendida com o ouro no campeonato mundial. “Hoje já estamos sendo procurados por empresas no Brasil e no exterior”, revela Miriam, que possui somente 500 pés do cacau alvorada 1, que rendem cerca de 300 kg de amêndoas secas e fermentadas. “Para dar uma qualidade muito boa ao chocolate, o cacau tem que ser fermentado. E precisa ser colhido bem maduro”, ensina a produtora.

Para os avaliadores do concurso brasileiro, entre as principaiscaracter ísticas encontradas no alvorada 1 estão a acidez frutada, com frutas cítricas, amarelas e tropicais; ao lado de notas florais, vegetais, de tabaco e nozes discretas; amargor e adstringência (que, no cacau, são atributos positivos) somam-se a uma agradável e longa finalização de caramelo, além de mel e sabores florais no retrogosto.

Já o cacau de Luciano Ramos foi descrito como um chocolate único, suave e cremoso, com notas florais, toque de acidez e combinação de frutas frescas e browned fruits. Na boca, traz ervas e notas lenhosas, com leve doçura, amargor equilibrado e uma adstringência persistente. “O cacau brasileiro tem um futuro grandioso, que vai superar seu passado glorioso”, acredita Ramos, que tem sua vida marcada pela vassoura-de-bruxa no sítio que foi do pai, em Ilhéus, e pela perseverança em retomar o cultivo na região. “Reiniciei o plantio pensando em melhoramento genético”, relembra o agrônomo, que escolheu a variedade BN34 pela “resistência fabulosa” à praga, que assolou a produção cacaueira no Brasil em 1989. “Até os anos 2000, diziam que o Brasil só produzia cacau commodity, mas de lá pra cá tivemos muitos cacaus premiados. Estamos quebrando esse paradigma”, conclui.

O único ponto importante e que não mereceu, ainda, consideração na avaliação do Cacao of Excellence é a sustentabilidade. Saber como o cacau é produzido e qual o impacto socioambiental de seu cultivo causa preocupações nos dias de hoje. “Estamos discutindo amplamente como acrescentar [a sustentabilidade na avaliação], pois essa não é a nossa expertise, mas, sim, qualidade e sabor”, alerta Simonis. “Mas sabemos que, de alguma forma, ela será incluída”, promete. Quando isso acontecer, o Brasil terá todo o potencial para carregar mais medalhas para casa.

Crise na produção mundial de cacau

O mercado cacaueiro tem chamado a atenção com as recentes quedas de produção em Gana e Costa do
Marfim – países que, juntos, são responsáveis por cerca de dois terços do cacau comercializado no mundo. Ambos têm sofrido com questões climáticas e de doenças nas plantas, e a escassez do fruto fez com que seu valor aumentasse globalmente.

A notícia pode até parecer boa para o Brasil, mas não necessariamente para o cacau fino, já que os altos
preços da commodity afugentam investimentos e geram custo maior para se ter amêndoa de valor agregado. “Agora ninguém está querendo pagar caro”, comenta Miriam, do Sítio Alvorada.

Simonis acredita que há uma desconexão entre produto e preço pela especulação financeira e que os preços tendem a baixar, mas sem prever quando. “É uma situação muito perigosa, porque não há incentivo para produzir alta qualidade, já que o produtor ganhará bem por qualquer que seja o cacau”, diz.

Cacau em números

Segundo a International Cocoa Organization (ICCO), a produção mundial de amêndoas de cacau em 2023 foi de 4,449 milhões de toneladas, uma queda em relação a 2022, que foi de 4,996 milhões de toneladas. O Brasil, que ocupa a sétima posição no ranking, é responsável por 220 mil toneladas, e se manteve estável nos últimos anos. O Pará é o maior produtor nacional – foram produzidas 149.396 toneladas de amêndoas em 2023, de acordo com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).

Texto originalmente publicado na edição #84 (junho, julho e agosto de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Beatriz Marques • ILUSTRAÇÃO Pamella Moreno

Mercado

UE propõe adiar novas regras de desmatamento após pressão de governos e agricultores

O período adicional de 12 meses serve como fase de transição para garantir a eficácia de implementação da lei

A União Europeia sugeriu, nesta quarta-feira, postergar em um ano a implementação de novas regulamentações que proibiriam a comercialização de produtos ligados ao desmatamento, após receber críticas de diversos governos, que alegam que a medida pode prejudicar o comércio e impactar negativamente os pequenos agricultores.

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, indicou que a nova legislação poderá ser aplicada a partir de 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e de 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas, caso os 27 países membros e o Parlamento Europeu aprovem a proposta.

A regulamentação abrange uma gama ampla de produtos, incluindo cacau, café, soja, gado, óleo de palma, borracha, madeira e derivados. 

Os críticos afirmam que a medida pode ser prejudicial para países com vastos recursos florestais, comprometendo suas exportações. Já os defensores argumentam que a regulamentação é essencial para proteger as florestas globalmente, uma vez que o desmatamento é a segunda maior fonte de emissões de carbono, ficando atrás apenas dos combustíveis fósseis.

Ao propor o adiamento de um ano, a Comissão Europeia justificou a decisão citando as preocupações de vários parceiros internacionais sobre sua capacidade de adaptação, destacadas recentemente durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York.

A Comissão também sugeriu que o período adicional de 12 meses funcionaria como uma fase de transição para garantir que a implementação da lei seja realizada de forma eficaz, dado que as ferramentas técnicas já estão prontas. A medida depende agora da aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho.

TEXTO Redação / Fonte: Associated Press

Mercado

UE mantém firmeza sobre lei antidesmatamento e descarta adiamento na OMC

Legislação entra em vigor em 30 de dezembro, o que pode originar potencial confronto internacional

A União Europeia (UE) reafirmou na Organização Mundial do Comércio (OMC) que não vai adiar a implementação de sua lei antidesmatamento, apesar da pressão de países exportadores agrícolas, como o Brasil. O bloco europeu confirmou que a legislação entra em vigor em 30 de dezembro deste ano, desafiando as críticas e insistindo que qualquer adiamento exigiria uma mudança legal. A decisão abre caminho para um potencial confronto no comércio internacional em 2024.

Durante uma reunião do Comitê de Agricultura da OMC, a UE foi alvo de diversas críticas de exportadores, mas manteve sua posição, explicando que a nova legislação é necessária para fornecer segurança jurídica e que todos os elementos para sua implementação estão sendo preparados. O regulamento visa bloquear o acesso ao mercado europeu de seis commodities – incluindo carne bovina, soja, café e óleo de palma – provenientes de áreas desmatadas após o fim de 2020.

A legislação afeta diretamente o Brasil, um dos maiores fornecedores dessas commodities para a UE, o que pode prejudicar significativamente o comércio brasileiro a partir de 2025. O Brasil, junto com outros países exportadores como Indonésia e Argentina, pressionou o bloco, argumentando que a lei é unilateral e punitiva, ignorando leis nacionais de combate ao desmatamento e criando barreiras comerciais discriminatórias.

A UE, no entanto, defendeu que o objetivo do regulamento é combater as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade, e garantiu que sua legislação está em conformidade com os compromissos assumidos na OMC. Além disso, a UE afirmou que está desenvolvendo uma metodologia para classificar os países por risco de desmatamento, e que essa avaliação será baseada em dados científicos e objetivos, embora ainda esteja em elaboração.

Países como Estados Unidos, Canadá e Austrália também expressaram preocupações, solicitando que a UE adie a implementação até que os desafios relacionados à conformidade sejam resolvidos. Mesmo com a pressão crescente, a UE manteve sua posição, sinalizando que está em conversas bilaterais com países sobre o tema, mas não indicou nenhuma mudança nos planos.

Com a entrada em vigor iminente, a possibilidade de disputas comerciais e medidas retaliatórias por parte de países afetados pela lei europeia é cada vez mais real. O Brasil, por exemplo, já considera a criação de mecanismos próprios para restringir importações, com base em critérios ambientais, como resposta às medidas unilaterais adotadas por parceiros comerciais.

TEXTO Redação / Fonte: Valor Econômico • FOTO Agência Ophelia

Mercado

Embrapa e UnB desenvolvem metodologia que simplifica análise sensorial de cafés

Denominada PDO, a técnica surgiu a partir de uma dissertação de mestrado e torna avaliação sensorial mais rápida e acessível a consumidores, sem a necessidade de especialistas 

Pesquisadores desenvolveram uma nova metodologia que facilita a avaliação da qualidade do café por pequenos produtores e empresários. Adaptada pela primeira vez para o setor cafeeiro, a técnica denominada Perfil Descritivo Otimizado (PDO) oferece uma análise mais simples e rápida do que os métodos sensoriais tradicionais, permitindo sua aplicação em pequenos estabelecimentos, cooperativas e instituições de pesquisa. A inovação, feita pela Embrapa e pela Universidade de Brasília (UnB),  visa democratizar o acesso a ferramentas de controle de qualidade, acelerando processos que antes eram complexos e demorados.

Uma das principais mudanças é que a equipe de avaliação pode ser formada por funcionários e consumidores, em vez de especialistas, com um treinamento simplificado. “As metodologias oficiais exigem várias etapas de avaliação realizadas por especialistas. Com essa alternativa, os testes são mais simples, e qualquer pessoa com paladar e olfato apurados pode participar”, explica Sônia Celestino, pesquisadora da Embrapa Cerrados.

A metodologia atende às demandas de fazendas, cooperativas e centros de pesquisa. “As cooperativas, por exemplo, podem montar suas próprias equipes para avaliar os cafés e decidir se vale a pena inscrevê-los em concursos”, acrescenta Sônia.

O processo foi detalhado no Manual de Análise Sensorial Descritiva de Café, fruto da dissertação de mestrado de Manuella Nascimento, na Universidade de Brasília (UnB). O estudo avaliou cafés do Cerrado cultivados com diferentes fontes de potássio, um nutriente cuja influência na qualidade do grão é tema de debate.

Durante a pesquisa, a equipe optou por adaptar o PDO em vez de utilizar a Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), o padrão-ouro entre os métodos sensoriais, devido à pandemia de Covid-19, que inviabilizou o treinamento necessário. “O ADQ exige um treinamento mais longo, enquanto o PDO pode ser aplicado com uma equipe semitreinada, facilitando sua implementação”, explica Sônia.

Para compensar o treinamento reduzido, o PDO utiliza um número maior de avaliadores, geralmente 16, podendo ser reduzido para dez se bem treinados. Cada sessão de análise foca em um único atributo, agilizando o processo.

O PDO oferece resultados rápidos e de baixo custo, enquanto a ADQ fornece descrições sensoriais mais completas. Ambos os métodos são úteis para controle de qualidade e identificação de oportunidades de mercado.

Metodologias

Para ser classificado como “especial”, o café precisa alcançar ao menos 80 pontos em uma escala de 100, segundo a metodologia da Specialty Coffee Association (SCA), usada globalmente por avaliadores certificados. A técnica analisa atributos como aroma, doçura, acidez e sabor, entre outros.

Sônia Celestino, da Embrapa Cerrados, explica que a metodologia desenvolvida pela Embrapa e UnB serve como uma análise inicial dos grãos. “Como a avaliação da SCA é paga, nossa técnica ajuda a identificar o potencial dos cafés internamente, antes de investir em uma avaliação oficial”, afirma. Isso permite que cooperativas e universidades selecionem seus melhores grãos previamente.

A nova metodologia usa uma escala de 50 pontos, categorizando cafés como ruins, bons ou ótimos. “Ela é uma facilitadora, fornecendo informações úteis para as avaliações da SCA”, diz Celestino. Além disso, oferece resultados mais rápidos, permitindo que equipes avaliem atributos individuais, como acidez ou amargor, de forma ágil.

TEXTO Redação / Fonte: Embrapa