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A Espresso provou cafés da variedade arara
Num dia distante de 1987, em Ibaiti, no Paraná, três plantinhas de café de frutos amarelos surgiram num cafezal repleto de sarchimor vermelho. Assim nascia a arara, variedade de arábica que é um híbrido natural da sarchimor, variedade desenvolvida em Angola por pesquisadores portugueses e introduzida na década de 1970 no Brasil. “Ela deve ter cruzado com a variedade icatu, por ter características semelhantes, como ramos grossos”, relembra o engenheiro agrônomo José Braz Matiello, principal desenvolvedor da variedade e um dos coordenadores da Fundação Procafé, instituição de pesquisa e desenvolvimento para a cafeicultura.
Enviada pela instituição para sua fazenda experimental de Varginha (MG) e estudada por anos até ser lançada em 2012, a variedade arara despertou o interesse de cafeicultores de arábica. Além do porte baixo (que facilita o manejo), da alta produtividade e da resistência a doenças como a ferrugem, a variedade tem grãos graúdos e entrega qualidade na xícara.
Sob os cuidados da Fazenda Sertãozinho, em Botelhos (SP), em 2017 venceu as categorias de processamento úmido e seco no prestigiado concurso Cup of Excellence Brazil. A variedade tem sido extensivamente plantada no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas, e nos últimos anos, a busca por ela só cresceu. “Hoje é o nosso material mais plantado”, orgulha-se o engenheiro. Segundo seus cálculos, perfaz quase 50% de todas as sementes de variedades fornecidas pela instituição para plantio.
A Espresso provou cinco cafés arara com base no Protocolo Brasileiro de Cafés Torrados desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Os critérios considerados foram complexidade de odor e de sabor, características sensoriais, doçura, corpo, acidez e intensidade, esta última definida pelo protocolo como “percepção de persistência de sabor na boca”. Confira nossas anotações:
Morena Café – SM Cafés
Arara produzido por Lilia Garcia no Caparaó (MG), a 980 metros de altitude, e torrado por SM Cafés.
Complexidade de odor: média
Complexidade de sabor: média/alta
Notas descritivas: frutado, cacau, doce
Doçura: média/alta
Corpo: alto
Acidez: alta, equilibrada
Intensidade: média
www.instagram.com/sm_cafes
Arara – Café Fazenda Floresta
Café da Fazenda Floresta, de São Sebastião da Grama, na região do Vale da Grama – Mogiana (SP), cultivado a 1.100 metros de altitude.
Complexidade de odor: média
Complexidade de sabor: média
Notas descritivas: mel, chocolate, caramelo
Doçura: média
Corpo: médio/alto
Acidez: média
Intensidade: média/alta
www.instagram.com/cafefazendafloresta
Pausa Pro Café – Café POR ELAS
Grãos da variedade arara processados pelo método natural, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e torrados por Café por Elas.
Complexidade de odor: alta
Complexidade de sabor: média/alta
Notas descritivas: mel, cereal, especiaria
Duçura: média/alta
Corpo: médio/alto
Acidez: média, delicada
Intensidade: média/alta
www.instagram.com/cafe_porelas
Varietais Arara – Orfeu Cafés Especiais
Grãos da Orfeu Cafés Especiais, cultivados no Sul de Minas, a 1.020 metros de altitude.
Complexidade de odor: alta
Complexidade de sabir: média/alta
Notas descritivas: chocolate, caramelo, amadeirado
Doçura: média
Corpo: alto, aveludado
Acidez: média, prazerosa
Intensidade: alta, presente
www.instagram.com/orfeucafes
Adocica – Over Coffee Roasters
Arara de processamento natural, cultivado a 1.200 metros por Jean Faleiros, na Fazenda Boa Esperança, na região da Alta Mogiana (SP), e torrado por Over Coffee Roasters.
Complexidade de odor: média
Complexidade de sabor: média
Notas descritivas: caramelo, castanha, chocolate
Doçura: média/pouco doce
Corpo: médio
Acidez: média
Intensidade: alta
www.instagram.com/overcoffeeroasters
Texto originalmente publicado na edição #87 (março, abril e maio de 2025) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.
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