Café & Preparos

Campeonato Brasileiro de Cup Tasters será em maio

Durante os dias 2 e 3 de maio, a cidade de Pedregulho, no interior de São Paulo, sediará o Campeonato Brasileiro de Cup Tasters. Realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o evento acontecerá na O’Coffee.

A abertura das inscrições será dia 26 de março, às 8h, no site da BSCA. O campeão da modalidade representará o Brasil no Campeonato Mundial de Cup Tasters, em Berlim, na Alemanha, entre os dias 6 e 8 de junho.

Para quem não conhece a competição: os degustadores passam por oito testes triangulares, com o objetivo de distinguir entre três xícaras, aquela que tenha um café diferente, no menor tempo possível, até no máximo 8 minutos.

O atual campeão brasileiro de Cup Tasters, Carlos Henrique da Silva, da Mogiana Assessoria, representou o Brasil na etapa Mundial, que aconteceu em novembro, do ano passado, durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG). Carlos chegou a semifinal e ficou em 11° lugar.

Mais informações: www.bsca.com.br

TEXTO Redação • FOTO Gui Gomes

Café & Preparos

Preparo de coado é tema de curso em São Paulo

Quer melhorar suas técnicas na hora de preparar um café coado? No dia 16 de março, das 10h às 13h, a torradora Natália Braga irá conduzir a oficina “Coando café em casa”, no Futuro Refeitório, em São Paulo (SP).

Na ocasião serão apresentados os grãos da casa e dois métodos de preparo: o Melitta e a Hario v60. A aula começará com um cupping às cegas de quatro lotes da safra 2018/2019 (selecionados, torrados e servidos/vendidos na cafeteria). Após isso, cada participante irá escolher um dos cafés para preparar em um dos dois equipamentos.

A oficina abordará assuntos como diferenças técnicas entre os filtros, importância dos tipos de moagem e processo de extração. Também funcionará como um encontro para provar cafés distintos e tirar eventuais dúvidas.

Se interessou? O curso tem o valor de R$ 200 e as inscrições podem ser feitas no site da casa. Mas corra, são apenas 8 vagas!

Serviço
Coando café em casa
Quando: 16/3, das 10h às 13h
Onde: Rua Cônego Eugenio Leite, 808 – Pinheiros – São Paulo (SP)
Mais informações: www.futurorefeitorio.com.br

TEXTO Redação • FOTO Lucas Albin/Agência Ophelia

Café & Preparos

Prepare a agenda: cursos de café para este mês!

Está a fim de fazer algum curso voltado para o mercado de café? Aproveite que neste mês de fevereiro muitas cafeterias já estão com a agenda aberta! Prepare o caderno, o lápis e aguce os sentidos! Confira as dicas que nós separamos em algumas cidades!

Um Coffee Co. – São Paulo (SP)

16/02 – SCA Sensory Skills Foundation
16/02 – SCA Brewing Foundation
17/02 – SCA Roasting Foundation
17, 23 e 24/02 – SCA Barista Foundation

Onde: Rua Júlio Conceição, 553 – Bom Retiro – São Paulo (SP)
Mais informações: www.umcoffeeco.com.br

Coffee Lab – São Paulo (SP)

16, 20, 22, 23 e 27/02 – Curso de Café em Casa
16, 18, 21, 23, 25 e 28/02 – Curso de Barista Júnior
18 e 25/02 – Curso de Barista Sênior
18/02 – Curso de Métodos de Preparo Avançado
16/02 – Curso de Drinques com Café
25/02 – Curso de Torra Júnior
27/02 – Curso de Torra Sênior

Onde: Rua Fradique Coutinho, 1340 – Vila Madalena – São Paulo (SP)
Mais informações: www.coffeelab.com.br

True Coffee Inc. – São Paulo (SP)

16/02 – Análise Sensorial do Café
20/02 – Workshop Desvendando a Aeropress
23/02 – Curso de Métodos de Preparo de Café em Casa

Onde: Rua Quintana, 741 – Brooklin Paulista – São Paulo (SP)
Mais informações:
www.truecoffeeinc.com.br

Hosken Barista – Niterói (RJ)

25/02 – Treinamento Prático Básico para Baristas
25/02 – Confecção de Drinques Alcóolicos à Base de Café
27/02 – Como Melhorar o Café Caseiro

Onde: Rua Visconde do Rio Branco, 633/702 – Centro – Niterói (RJ)
Mais informações: www.luizfernandobarista.blogspot.com

Academia do Café – Belo Horizonte (MG)

16/02 – Métodos de Extração
20/02 – Análise Sensorial do Café
22/02 – Classificação e Degustação
26/02 – Barista Iniciante

Onde: Rua Grão Pará, 1024 – Funcionários – Belo Horizonte (MG)
Mais informações:
www.academiadocafe.com.br

Unique Cafés Especiais – São Lourenço (MG)

16/02 – Barista Imediato
17/02 – Curso de Latte Art

Onde: Rua Wenceslau Brás, 35 – Centro – São Lourenço (MG)
Mais informações: www.uniquecafes.com.br

4beans Coffee Co. – Curitiba (PR)

16/02 – Oficina Barista
23/02 – Oficina Cafés Filtrados

Onde: Alameda Augusto Stellfeld, 795 – loja 3 – Curitiba (PR)
Mais informações:
www.4beanscoffeeco.com.br

Lucca Cafés Especiais – Curitiba (PR)

16/02 – Brewing Fundamental
17/02 – Sensory Skills Fundamental
18/02 – Roasting Fundamental

Onde: Alameda Presidente Taunay, 40 – Curitiba (PR)
Mais informações:
www.luccacafesespeciais.com.br

Café do Mercado – Porto Alegre (RS)

22 e 26/02– Barista Prático

Onde: Avenida França, 992 – Navegantes – Porto Alegre (RS)
Mais informações: www.cafedomercado.com.br

TEXTO Redação • FOTO Lucas Albin/Agência Ophelia

Café & Preparos

Café sem leite

Conheça as bebidas vegetais que substituem o leite de origem animal nas receitas e podem ser boas opções para pessoas com intolerância à lactose

Intolerantes ou alérgicos à proteína do leite de origem animal, vegetarianos e veganos costumavam ter certa dificuldade para encontrar opções que pudessem ser combinadas ao café. O cenário, enfim, está mudando e as prateleiras de supermercado e cafeterias hoje disponibilizam mais alternativas aos consumidores que desejam reduzir ou eliminar o consumo de lactose, fazendo a substituição com as chamadas bebidas vegetais. Utilizadas no preparo de vitaminas, smoothies, lattes, cappuccinos, entre outras combinações, essas bebidas, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não são consideradas leite, já que não são extraídas de nenhum animal.

Para a nutricionista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, Mariana Jimenez Marcatto, essas opções são nutritivas por serem excelentes fontes de fibras, vitaminas e minerais, gorduras saudáveis, proteínas de boa qualidade e isentas de colesterol. Vale ressaltar que algumas pessoas podem apresentar alergia à soja ou intolerância/alergia ao glúten (encontrado nos produtos de extrato de aveia), neste caso, é importante que se opte por outras bebidas vegetais.

Questão de saúde

Segundo Mariana, intolerância à lactose, também conhecida como deficiência de lactase, é a incapacidade parcial ou completa que o corpo tem de digerir a lactose – um tipo de açúcar encontrado no leite e derivados. Os sintomas, geralmente, começam entre trinta minutos e duas horas depois da ingestão de alimentos ou bebidas que contenham lactose. Entre os sinais, os mais comuns são: diarreia (ou, por vezes, constipação), distensão abdominal, gases, náusea e sintomas de má digestão. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 70% da população mundial apresenta algum grau de intolerância à lactose, já a Federação Brasileira de Gastroenterologia, afirma que cerca de 40% dos brasileiros apresentam algum grau de intolerância.

5 bebidas vegetais para provar

A nutricionista Alessandra Luglio, consultora da marca A Tal da Castanha, apontou as principais caraterísticas de algumas das bebidas vegetais mais encontradas no País. Confira, prove e escolha a sua preferida.

1- Amêndoas: possui baixo teor proteico e boa quantidade de gorduras insaturadas monoinsaturadas e poliinsaturadas que contribuem para o controle do nível de colesterol.

2- Arroz: é a bebida vegetal que apresenta maior quantidade de carboidrato; baixo ou praticamente nulo teor proteico e pouca quantidade de gorduras insaturadas.

3- Aveia: rica em cálcio, ferro, selênio, magnésio, vitaminas do complexo B e fibras, que facilitam o fluxo intestinal. Seu alto teor de fibras reduz a absorção de açúcar e oferece uma maior sensação de saciedade, segundo Alessandra Luglio. Não é recomendado para consumo por pessoas com intolerância ao glúten.

4- Castanha de caju: é a segunda bebida vegetal com maior teor proteico, possui pouca quantidade de carboidratos, porém, é rica em gorduras insaturadas, como as monoinsaturadas e o ômega-9 que podem auxiliar no controle dos níveis de colesterol total e na redução dos níveis do colesterol.

5- Soja: de todas as bebidas vegetais, é a que contém maior teor proteico, praticamente equivalente ao leite de vaca. Apresenta baixo teor de carboidrato e baixo valor calórico.

Será que dá latte?

O barista Eraldo Santos, da Espresso Arte, acredita que para obter um cappuccino de qualidade é necessário que o leite vaporizado alcance uma boa cremosidade, criando um perfeito equilíbrio entre café, leite e creme. O mesmo vale para as bebidas vegetais. Para ele, as mais indicadas para substituir o leite e criar um latte art são as de amêndoa, avelã e soja, já que elas tendem a ser doces e se equilibram bem no preparo de lattes e cappuccinos. Segundo Eraldo, as bebidas que são livres de gorduras insaturadas e com baixa proteína não possuem uma boa vaporização, gerando uma xícara “aguada”, como é o caso das de arroz e aveia.

Leite de amêndoa

Ingredientes
– 1 ½ xícara (chá) de amêndoas cruas
– 4 xícaras (chá) de água

Preparo
Em uma tigela funda, coloque as amêndoas cobertas com o dobro de água e deixe de molho por 12 horas. Escorra a água que ficou de molho e bata no liquidificador com as quatro xícaras de água. Coe em um pano fino. Se não for consumir na hora, deve-se guardar a bebida fresca por apenas três dias na geladeira.

Rende 400 ml

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso referente aos meses dezembro, janeiro e fevereiro de 2016 – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz

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Museu do Café realiza degustações aos finais de semana

Está com vontade de experimentar vários cafés gostosos? A dica é: todo fim de semana, o Museu do Café realiza degustações lá na Bolsa Oficial do Café, no centro histórico da cidade de Santos, litoral paulista. As rodadas acontecem às 10h30, 12h, 15h e 17h.

Quem participa tem a oportunidade de degustar três tipos de café preparados por baristas no tradicional método coado. Também é possível aprender um pouco mais sobre as características de cada grão e as diferenças existentes entre os cafés tradicionais, superiores e gourmet.

A experiência custa R$ 10 por participante. Aos sábados, é gratuita a visitação ao espaço expositivo.

Serviço
Degustações no Museu do Café
Onde:
Rua XV de Novembro, 95 – Centro Histórico – Santos
Quando:
todos os finais de semana
Horário:
10h30, 12h, 15h e 17h
Mais informações:
www.museudocafe.org.br

TEXTO Redação • FOTO Felipe Gombossy

Café & Preparos

Aprecie sem moderação

Preparamos dez dicas para você aprimorar o paladar e viajar ainda mais pelos sabores e aromas do café.

Etapas
Na hora de degustar bebidas como o café e o vinho existem três fases: análise visual, olfativa e gustativa. Os atributos da ficha de análise sensorial do café e do vinho têm alguma familiaridade, já os sabores têm mais proximidades ainda, como o floral, frutado, herbáceo, caramelizado, terroso, químico e fermentados. Uma dica é se orientar, inicialmente, por essas sensações e, aos poucos, ir ampliando as possibilidades.

Novas experiências
Observe os seguintes atributos: xícara limpa – ausência de defeitos; doçura; acidez; corpo; sabor; retrogosto (o sabor que fica na boca); balanço – a harmonia entre os atributos; finalização – nota pessoal do degustador. A mestre de torra do Lucca Cafés Especiais, Georgia Franco, afirma que, provar o café com a colher faz toda a diferença. “Quando dou workshop de cupping sempre encorajo meus alunos a usar a colher. Ela nos livra do ‘preconceito’, ou seja, nos liberta para sentir novas sensações. Enquanto que, quando se prova na xícara, o cérebro já espera ‘café’ como a pessoa já está acostumada. E se o ‘café’ não se parece com aquilo que ela toma sempre, pode achar ruim. Já quando se prova na colher, toda a experiência é nova e o processo de aprendizado é mais solto”, explica.

Foto: Gui Gomes

Degustação em casa
O supervisor de qualidade da Carmocoffees, Paulo César Junqueira, afirma que para se degustar um café em casa é interessante preparar em uma french press, que é o método que mais se aproxima da degustação feita em laboratório e seguir alguns passos. Para ele, o ideal é colocar 10 gramas de café, de moagem média, para cada 150 ml de água, a 93ºC. Antes, sinta o aroma do pó seco, depois coloque a água e sinta o aroma novamente, aguarde por 4 minutos e mexa com uma colher a crosta da superfície da cafeteira sentindo o aroma dos óleos em suspensão. Aguarde um pouco, até que a temperatura não queime a língua, baixe o filtro da french press e deguste a bebida.

Biblioteca sensorial
Assim como uma criança aprende a diferença entre uma laranja, uma tangerina e um limão os provando, o degustador vai criando ao longo do tempo um banco de informações em sua memória. Quando o degustador prova um café, ele busca em sua memória as sensações armazenadas e compara com aquelas que ele está sentindo. Por exemplo: este café tem muita ou pouca doçura. Para treinar o olfato e o paladar não tem mistério. Quanto mais alimentos diferentes você provar ou cheirar, mais rica será a sua biblioteca sensorial e mais descobertas você fará com o café. As feiras de rua ou a área de frutas e legumes de um supermercado são um paraíso para o treino.

A língua
A língua possui botões gustativos responsáveis pela percepção do gosto. Cada botão contém células gustativas, capazes de diferenciar as sensações: doce, salgado, ácido, amargo ou umami (é o nome do quinto sabor básico descoberto pelo pesquisador japonês Kikunae Ikeda, em 1908, é descrito como um gosto denso, profundo e duradouro que produz na língua uma sensação aveludada). Exercite as sensações da língua, provando comidas com essas características e prestando atenção nas reações sentidas na boca.

A prática leva à perfeição
Para Mário Teles Junior, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), na hora de provar bebidas é importante valorizar sua própria sensibilidade. Aprender a degustar vinho, por exemplo, é como aprender uma língua nova, não é um aprendizado rápido. O mesmo vale para o café. Quanto mais cafés degustar, mais conhecimento irá adquirir. Assim, o paladar fica cada vez mais detalhado e com diferencial.

Foto: Alexia Santi/Agência Ophelia

Raciocínio
Na hora de degustar o café, assim como o vinho, o primeiro passo é avaliar a cor. O visual da bebida pode mostrar muita coisa. Sentir o aroma é o próximo passo. E por fim provar. Para Mário Teles Junior, da ABS, degustar não é um ato de adivinhar e sim de raciocínio, é necessário extrair os dados da bebida e interpretar com os sentidos.  Isso é um processo de longo prazo.

Aprendizado
Aprender a degustar bem um café pode melhorar o conhecimento de outros alimentos, já que o paladar fica mais sensível às nuances de aroma e sabor.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso referente aos meses dezembro, janeiro e fevereiro de 2015 – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Natália Camoleze

Café & Preparos

Revolução fermentada

Nos últimos tempos, cafeicultores do País passaram a fazer uso da fermentação, uma técnica tão velha como o próprio mundo, a fim de aumentar um bocadinho mais a acidez, os sabores e os aromas frutados do café. Esse caminho tem sido usado como forma de mudar o perfil sensorial da bebida – e elevar de 3 a 5 pontos a classificação do grão na Specialty Coffee Association (SCA) –, uma diferença e tanto na hora de vender a saca. “Só que lidamos com uma xícara mais intensa. Seu preparo e apresentação dependem sobretudo das cafeterias”, avalia Eliana Relvas, barista e consultora da área de café do Grupo Pão de Açúcar.

De forma natural, já acontece uma primeira fermentação quando o fruto ainda está no pé ou durante a secagem. A observação de Eliana é particularmente direcionada a essa segunda fermentação, chamada de positiva, induzida ou assistida. “É um ‘café novo’ no Brasil, precisa ser muito bem entendido para que não haja a entrega de uma bebida amarga ou azeda”, pondera. Os produtores colombianos já praticam essa técnica há mais de cinquenta anos, sem o objetivo de interferir no aroma e no sabor do café. Lá ela é aplicada para tirar a polpa rapidamente e evitar a fermentação ruim em clima muito úmido.

A análise de Georgia Franco de Souza, fundadora da cafeteria Lucca Cafés Especiais, em Curitiba (PR), harmoniza com a interpretação de Eliana Relvas. Para Georgia, além da responsabilidade do preparo nas lojas, o Brasil está construindo o perfil desse produto. “Por isso, o café fermentado não ocupa mais do que 30% das opções nas unidades do Lucca”, diz ela. Um deles, por sinal, com pontuação de 91,5, cujas sacas chegaram a R$ 55,5 mil cada uma, em leilão, é produzido pela Nunes Coffee, no Cerrado Mineiro. “O aroma tem frutas amarelas e papaya, notas de açúcar mascavo e acidez leve cítrica”, descreve.

No entanto, Georgia avalia que, de modo geral, o consumidor de cafés especiais ainda está apegado a sabores convencionais, como chocolate e caramelo. Por isso, uma xícara feita com grãos fermentados pode ser encarada como intensa demais ou enjoativa. “Mas a renovação surge para mudar horizontes”, comenta.

Não existe uma receita definida
Para entender esse processo desde o começo, a empresária decidiu fazer os próprios experimentos: um deles numa propriedade do Paraná, o outro no Cerrado Mineiro, com fermentação a seco. Nesse processo, conhecido como maceração carbônica – o mesmo que se dá na fabricação de vinhos –, as cerejas são colocadas em um tanque, sem oxigênio, e a fermentação proporciona o crescimento de leveduras, que vão interferir no aroma e no sabor. “Ainda vamos iniciar os testes”, diz.

“Não existe receita de bolo”, adverte o classificador Sílvio Leite, que também resolveu fazer os próprios testes no início do ano, na Chapada Diamantina, na Bahia. Ele ressalta que cada região tem seu clima, solo, altitude, “o seu terroir”, – e esse processo depende disso. Por essa razão, a fermentação natural (proporcionada por resíduos provenientes da digestão de micro-organismos, como ácido láctico e acético, que enriquecem o sabor e o aroma do produto final) tem se mostrado superior à dos experimentos com adição de leveduras de vinho, champanhe ou cerveja. Sílvio Leite comenta que já soube de produtores que adicionam baunilha, limão, leite ou Yakult para mudar o gosto da bebida. “Gente, isso é café!”, diz.

Estar disposto a encarar esse processo significa testar tempo e temperatura diferentes e correr o risco de perder grãos de qualidade. “Fermentação não é mágica nem faz milagres”, pondera Georgia. Mesmo ciente desses riscos, Leonardo Custódio, supervisor de qualidade da Fazenda Mantissa, no Sul de Minas, decidiu arriscar. Tudo começou em 2015, quando um punhado de café amontoado foi deixado próximo ao lavador. “O café que imaginei que estivesse estragado bateu 88 pontos”, lembra. Só tempos depois, ele concluiu que ali havia acontecido um processo involuntário de fermentação. História semelhante ocorreu com um agricultor da Serra do Caparaó (ES), ao deixar algumas sacas de plástico cheias de café cereja no campo, na sombra das árvores.

A partir daí, Léo foi entender o processo, agora completamente dominado. A técnica aplicada na Fazenda Mantissa consiste em deixar as cerejas por 34 horas no terreiro, transferi-las por mais sete dias para o terreiro suspenso e depois amontoá-las numa estufa por quarenta horas. Nesse meio-tempo, o café é revolvido. “Quando surgem aqueles mosquitinhos parecidos com helicóptero significa que os grãos estão com muito açúcar; quando eles somem é porque o açúcar se transformou em álcool”, explica. Esse é o sinal natural da fermentação desejada, além das medições técnicas de pH e temperatura.

Na última safra, das 6 mil sacas colhidas, de trinta a quarenta foram fermentadas. Segundo Leonardo Custódio, o preço do café fermentado no mercado chega a ser três vezes superior, mas a procura ainda é restrita. “O produto é visto como um ‘café visitante’ nas cafeterias”, diz. Para ele o gosto dos consumidores de café especial vai se ampliar muito nos próximos dez anos. “O grão fermentado vai ganhar com isso porque proporciona uma clareza nas notas de frutas”, comenta.

Aos clientes que têm receio de provar novos sabores, Ricardo Marques Rodrigues, da empresa Auma Café (Ânima é a marca no mercado) recomenda: “Café você experimenta, não enfrenta”, diz. Para ele, ainda vão surgir níveis mais consistentes de fermentação que deixarão a bebida “menos agressiva” na xícara, que é a sensação comum hoje. Mas o positivo, segundo ele, é que essa prática aponta como os produtores vêm se renovando. “Hoje se presta muito mais atenção nas tendências de mercado, na procura das microtorrefadoras, e isso é um grande passo”, afirma. Das 500 mil sacas produzidas pela Auma, apenas 0,1% é de grãos fermentados. “O produto é carimbado pelo mercado como exótico”, compara. Segundo ele, por enquanto, começaram a ser comercializadas cepas selvagens próprias para o café (encontradas em ambientes naturais e que não passaram por modificações), que prometem facilitar muito o trabalho de fermentação no campo. “Tem tudo para emplacar”, afirma.

Na comida e na bebida

Para alguns estudiosos, a fermentação natural é um processo tão essencial para a espécie humana como o controle do fogo. Afinal, foi a principal forma de evitar que a comida se estragasse antes do surgimento de latas, freezers e geladeiras. Essa técnica antiga de conservação, por meio da qual os alimentos são transformados por fungos e bactérias “do bem” – os resíduos da digestão de microorganismos são substâncias (moléculas aromáticas, ácido lático e acético e álcool) benéficas para a saúde e que enriquecem o sabor e o aroma do produto final –, passa por uma onda de revalorização nas mãos de profissionais da área de alimentação e de pessoas cada vez mais preocupadas em comer e beber algo mais natural, como kombuchas e kefires.

Um dos árduos defensores dessa técnica é Sandor Katz, autor de A Arte da Fermentação (Sesi-SP), conhecido como o guru dos fermentados. Segundo ele, na guerra da civilização moderna contra a bactéria – a pasteurização passou a ser empregada para evitar riscos na produção dos alimentos em larga escala –, foram eliminados microorganismos que fazem bem à saúde. Além dessa questão, para alguns críticos, a indústria percebeu logo cedo que as pessoas gostam do doce e do salgado, e por isso “infantilizou” o paladar dos consumidores, dificultando a apreciação do sabor mais intenso dos fermentados.

No entanto, pelo menos um terço de toda a comida produzida no mundo passa por processos de fermentação, como aponta o escritor americano Michael Pollan em Cozinhar – Uma História Natural da Transformação (Intrínseca). Café, chocolate, baunilha, vinho, cerveja, iogurte, molho de soja e missô são alguns desses alimentos.

As mais usadas no Brasil

Existem muitas formas de fermentação positiva de café. As mais comuns no País, de acordo com o pesquisador Leandro Carlos Paiva, da IFSULDEMINAS, em Machado (MG), são:

Maceração carbônica: quando grãos naturais ou cereja descascado são colocados dentro de um tambor, tanque ou saco plástico hermeticamente fechados. Nesse ambiente ocorre a fermentação anaeróbica, o que proporciona o crescimento de leveduras que vão produzir ácidos cítrico, láctico e acético e outras substâncias que interferem no aroma e no sabor do café. Via de regra, o resultado vai depender da quantidade de polpa e açúcar existente na maceração e da temperatura do processo de fermentação.

Dupla fermentação: a maceração carbônica é feita duas vezes seguidas para que sobressaiam os sabores frutados do café.

Aeróbica com água: os grãos são colocados em tanques abertos, com 30% de água, onde permanecem de 24 a 48 horas, e são revolvidos durante esse período. O final da fermentação é quando o pH alcança valores de 3,5 a 4, e a temperatura se estabiliza.

Aeróbica sem água: os grãos são colocados em tanques abertos, sem água, onde ficam de 24 a 48 horas, e são revolvidos durante esse período. O final da fermentação é quando o pH alcança valores entre 3,5 e 4, e a temperatura se estabiliza.

TEXTO Janice Kiss • FOTO Divulgação

Café & Preparos

Personalidades e seus métodos preferidos

O café é uma das grandes paixões nacionais, consumido e vendido em vários cantinhos. Na revista buscamos apresentar, na seção Doppio/Perfil, algumas personalidades que tenham uma relação com o café. Com a chegada do final do ano, resolvemos separar alguns personagens que passaram por nossas páginas queridinhas! Dá uma olhada.

Foto: Gui Gomes

Palmirinha
A cozinheira sempre gosta de dar uma incrementada e toques especiais que só ela sabe na bebida. “Gosto do café bem cremoso, se não fica na cremosidade que eu quero, bato um pouco de chantili e coloco por cima. Minha filha fala que eu gosto é de inventar moda.”

Foto: Gui Gomes

Maria Fernanda Cândido
A atriz é daquelas que preferem o cappuccino bem cremoso, mas não tira de seu repertório o tradicional coado. Maria não abre mão do café nem na hora da sobremesa, visto que o tiramisu é a sua favorita. Quem resiste a um docinho com café?

Foto: Gui Gomes

Eduardo Kobra
O artista espalha mensagens de amor e paz pelos muros do mundo inteiro.  Chegou a retratar, no Porto de Santos, carregadores de café na década de 1920. Além disso, Kobra é um exemplo de que não existe idade nem momento certo para se encantar com o café, visto que só o colocou em seu dia a dia recentemente. “Eu tenho muitas reuniões, e em diversos lugares. O café entra na minha rotina principalmente nesses momentos.”

Foto: Gui Gomes

Jout Jout
A jornalista e youtuber tem como primeira lembrança cafeinada sua melhor amiga na infância, que tomava xícaras e mais xícaras assistindo desenhos animados, já na adolescência o hábito de consumir o café foi reforçado pelo seu seriado preferido da época: Gilmore Girls. “As protagonistas tomavam café e eram descoladas. Eu queria ser como elas”, brinca. Após uma viagem à Itália, acabou trazendo de lá uma prensa, que mudou seu hábito de tomar café, embora ainda goste de dar uma turbinada na bebida com açúcar e leite, mania que praticamente herdou de seu pai.

Foto: Gui Gomes

Laerte
A cartunista gosta de acordar e já tomar um café. Nos últimos tempos vem tentando educar o seu paladar para abandonar o açúcar na bebida, “minha sobrinha me disse uma vez que, se você conseguir tomar uma sequência de oito cafés sem açúcar, seu paladar já se acostuma. Eu nunca passei de cinco”, revela.

Foto: Gui Gomes

Paola Carosella
Chef argentina renomada que já tem tanto tempo de Brasil que até adotou hábitos muito brasileiros, como iniciar seu dia com um café coado, optando por grãos de menor acidez.  “Não sou fresca com café como sou com outras coisas. Geralmente tomo café orgânico e vou variando os tipos”, conta.

TEXTO Redação • FOTO Gui Gomes

Café & Preparos

Espresso Design: Competição que avalia embalagens divulga vencedora

A 2° edição da Espresso Design foi um sucesso! As 23 finalistas ficaram expostas durante os três dias de realização da Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG), onde um grande público teve acesso aos produtos e pôde conhecer as diferentes marcas e trabalhos.

Já para eleger a favorita do ano, a votação aconteceu no nosso Instagram (@revistaespresso). As fotos foram postadas no dia 7 de novembro e ficaram disponíveis até ontem. A mais curtida levava a competição.

Das 23 finalistas, a mais votada neste ano foi a Labbora. Os dois pacotinhos que estavam concorrendo (das fazendas Retiro Santo Antônio e Rio Brilhante) receberam um total de 3.507 votos e mais de 100 comentários!

Confira abaixo as marcas que chegaram à final:

– Guariroba Coffee (@cafeguariroba)
– Labbora (@labboracoffee)
– Coffee and Joy (@coffee_and_joy)
– Utam Uno (@utam_uno)
– Casa Café (@_casacafe_)
– Coopfam (@coopfamcoffee)
– Moka Clube (@mokaclube)
– Café é Uma Doidera, Bicho (@umadoiderabixo)
– Giulietta Cafés (@giuliettacafes)
– Mantissa Café (@mantissacafe)
– Café Abraço (@cafeabraco)
– Orfeu Cafés Especiais (@orfeucafes)
– Cafezal em Flor (@cafezalemflorcafe)
– Café Seis de Janeiro (@cafeseisdejaneiro)
– Vimi Café (@vimicafe)
– Distinto Cafés Especiais (@distintocafesespeciais)
– Villa Café (@villacafebrasil)
– Cófi (@querocofi)
– Feito a Grão (@feitoagrao)
– Coffee Draw Cafés do Brasil (@bebacoffeedraw)
– Tribeca (@cafetribeca_)
– Moema Cafés Especiais (@moemacafes)

TEXTO Redação • FOTO Marcelo Santanna e Giulianna Iannaco

Café & Preparos

Espresso compõe drinque finalista de campeonato

Temos um brasileiro entre os três finalistas da etapa nacional do campeonato de coquetéis, realizado pela marca Bacardí Legacy 2018/2019. O paranaense Ariel Todeschini, da Ponto Gin, garantiu sua vaga utilizando um drinque que leva nossa bebida predileta: o café.

Chamado de “Lazo” (laço, em português), o coquetel é composto por café espresso, suco de toranja, xarope de mel, solução salina e Bacardi B. Segundo o bartender, o conceito surgiu a partir da experiência que a bebida promove e da importância do café, um dos ingredientes mais consumidos no mundo.

“O café cria laços por natureza. As pessoas se reúnem para tomá-lo. Considerando que o Brasil é o maior produtor, o mundo tem um laço com o País por conta da presença desse ingrediente na nossa terra. Foi pensando nisso que o café e outros ingredientes simples e bem característicos, cada um com seu sabor, foram escolhidos para compor o drinque”, comenta.

Atual campeão brasileiro de Coffee in Good Spirits, competição de drinques alcoólicos com café, Ariel participará da final brasileira em fevereiro de 2019, em local a ser divulgado. O campeão irá para a final global, que acontecerá em Amsterdã, em maio de 2019.

TEXTO Redação • FOTO Marcus Desimoni / NITRO