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Dionatan Almeida é o primeiro brasileiro a conquistar o título mundial de prova de cafés

Pela primeira vez, o Brasil vence o Campeonato Mundial de Cup Tasters. A vitória inédita veio com o mineiro Dionatan Almeida, provador das Fazendas Caxambu e Aracaçu, de Três Pontas, que bateu 16 profissionais após acertar todas as amostras diferentes, em oito trios, em tempo recorde de 2 minutos e 19 segundos, segundo a BSCA. “É até difícil falar sobre a felicidade de ter conseguido ser campeão mundial na categoria que faz parte da minha vida profissional, que é a prova de café”. Assista a final aqui.

A competição aconteceu nos últimos três dias (12 a 14/4), durante a Specialty Coffee Expo, em Chicago (EUA). No domingo, Dionatan disputou a final com Aurore Ceretta, da Alemanha, que ficou em segundo lugar; Han Jong Lee, da Nova Zelândia, terceiro colocado; e Jonathan Rangel, da Guatemala, que finalizou na quarta posição.

Da esquerda para a direita: Dionatan Almeida, Aurore Ceretta, Han Jong Lee e Jonathan Rangel

Em entrevista à Espresso, o mineiro contou que, desde sua vitória no Campeonato Brasileiro, em setembro passado, a rotina de treinos vinha sendo diária. Com apoio do provador brasileiro Jack Robson e da equipe das fazendas em que trabalha, realizava rodadas de provas que variavam cafés, concentrações e níveis de dificuldade. 

Essa dedicação fez com que o desempenho de Dionatan fosse bonito do começo ao fim, não apenas trazendo o título desta categoria para o Brasil pela primeira vez, mas também apresentando excelentes tempos: na semifinal, o provador brasileiro acertou 100% das amostras em 2 minutos e 9 segundos! 

“Sou muito grato a Deus por ter vivido isso e por ter trazido esse troféu inédito para o Brasil. Isso mostra o quanto o Brasil tem grandes profissionais na área de classificação e degustação, e em todos os outros setores do café. Sou extremamente grato a todo mundo que torceu e acreditou em mim e espero que todo mundo tenha se sentido representado. É uma sensação única ter vivido isso. Estou muito feliz”, comemora Dionatan.

Também rolou em Chicago

A Specialty Coffee Expo também foi palco do Campeonato Mundial de Brewers, que contou com 39 baristas na busca pelo melhor café filtrado do mundo. O campeão brasileiro Rubens Vuolo, da cafeteria Amado Grão, de Cuiabá (MT), ficou em 17º lugar. “Acredito que a gente sempre se torna um profissional melhor a cada competição. Foi muito emocionante poder falar e dividir, com toda a cadeia do café, o que eu acredito que seja positivo, que é a nossa comunicação com o consumidor final, e poder levar também um blend que continha café brasileiro. fiquei muito contente com tudo e espero que a gente sempre coloque o brasil no topo”, comenta o barista à Espresso. Assista a apresentação de Rubens aqui.

O campeão da categoria foi Martin Wolfl, da Áustria, seguido por Wataru Iidaka, do Japão, em segundo lugar, e Ryan Wibawa, da Indonésia, que ficou na terceira posição.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Barista

Quem é Rubens Vuolo, que disputa o título de melhor café filtrado do mundo

Foto: BSCA

“Acredito que uma linguagem mais simples pode trazer cada vez mais público para o café especial e desenvolver toda a nossa cadeia”. Esse é o propósito de Rubens Vuolo, da cafeteria Amado Grão, em Cuiabá (MT), brasileiro a disputar o Campeonato Mundial de Brewers, que acontece durante a Specialty Coffee Expo, em Chicago (EUA), de 12 a 14 de abril.

Ao lado de campeões de outros 38 países que concorrem ao título de melhor café filtrado do mundo, Vuolo, hoje com 31 anos e que há três anos largou uma promissora carreira de advogado para tornar-se barista, já está se preparando na maior cidade de Illinois para representar o Brasil. Na entrevista para a Espresso, o campeão nacional conta sua trajetória no café, reflete sobre os impactos da vitória no Campeonato Brasileiro em sua vida profissional e comenta suas expectativas para o Mundial.

Espresso: Há quanto tempo você trabalha com café? Conte um pouco sobre a sua jornada até aqui.

Rubens: Minha jornada no café é bem recente, tudo aconteceu bem rápido. Eu era servidor público, fui advogado, e fiz essa troca pois me encantei com o universo do café. Eu nem tomava café, porque a referência que eu tinha dele era péssima, de algo desagradável. E, à medida que minha mãe veio com o projeto de montar uma cafeteria, ela começou a estudar e descobriu o café especial. Ela compartilhou isso comigo e eu me encantei.

Então, desde o início, não era só uma bebida que dava energia, mas, sim, para saborear e entender sua complexidade. No começo foi um hobby, uma paixão compartilhada com a minha mãe. Ela iniciou o projeto da Amado Grão [em 2018] e, no começo, eu a ajudava nos finais de semana, meus dias de folga. Mas dois anos depois, pedi exoneração do meu trabalho, que era ser assessor de desembargador no Tribunal de Justiça, para virar barista, que era minha grande paixão e o que eu queria fazer na vida. 

Como estava saindo de um emprego estável, eu queria fazer algo que realmente fosse diferente, que tivesse um propósito e me motivasse. Por isso, fui estudar e fazer cursos, pegar referências e tentar aprender, e acredito que isso fez com que a caminhada fosse acelerada. 

Em 2021, ganhei o prêmio Torrefação do Ano, da Atilla, representando a torrefação Amado Grão. No ano seguinte, meu professor, amigo e coach Garam Um, quando veio ao Mato Grosso, me incentivou a competir no Brewers. No primeiro ano fui o terceiro colocado e, agora, o campeão.

Foto: Arquivo pessoal

E: Como você se sentiu ao ganhar o título de Campeão Brasileiro de Brewers?

R: Foi uma alegria sem tamanho. Em primeiro lugar, porque entendo a dimensão disso tudo, principalmente para alguém que vive fora dos grandes centros. É muito representativo ter alguém do centro-oeste, do Mato Grosso, de Cuiabá – que são lugares desconhecidos para o público – para mostrar que nosso país é gigantesco e que podemos desenvolver bons trabalhos em todos os cantos do Brasil. Pessoalmente, também foi incrível legitimar todo o esforço, trabalho e dedicação, e significativo, porque mudei de profissão pela paixão que tenho e porque, realmente, queria ter um trabalho com propósito, voltado a tudo que acredito. 

Queria fazer algo significativo na minha vida. Quando ganhei, passou um filme na minha cabeça e o feedback dos juízes era justamente validando tudo aquilo que sempre acreditei, que é atender bem as pessoas, ser gentil, respeitoso, me comunicar, passar mensagens. E os juízes me relataram que eu tinha passado exatamente isso. Foi como uma mensagem de apoio, de “você está no caminho certo”. Isso faz nossa vida ter muito mais propósito. 

E: Quais responsabilidades você acha que o campeão brasileiro de café filtrado tem?

R: Acho que a responsabilidade é muito grande, porque até tempos atrás me explicaram sobre a competição e me falaram que o campeão não era simplesmente o vencedor, era alguém que seria escolhido para ser o embaixador do café e que, principalmente, mostraria o que nós queremos ver na nossa profissão. 

Por isso, minha apresentação voltou-se para dar uma mensagem que eu realmente gostaria que meus colegas baristas observassem, que é a comunicação, a forma como atendemos nosso cliente e o quanto isso pode agregar para o cenário de maneira geral. Acredito, realmente, que uma linguagem mais simples pode trazer cada vez mais público para o café especial e desenvolver toda a nossa cadeia.

E: Como ganhar o título de campeão brasileiro impactou sua vida profissional?

R: Ele vem para legitimar todo o trabalho que já estamos executando. Muitas vezes, as pessoas falavam que fazemos um trabalho legal na Amado Grão e ponto. No momento em que a gente se coloca à prova no cenário nacional, com os melhores baristas da atualidade, e consegue ter destaque, isso mostra que nosso esforço é, sim, muito grande e que estamos fazendo um trabalho legal, mesmo em uma região diferente. 

Pódio do Campeonato Brasileiro de Brewers realizado em outubro de 2023, na cidade de Curitiba (PR). Da esquerda para a direita: Tiago de Mello (terceiro lugar), Rubens Vuolo (campeão) e Daniel Vaz (segundo lugar). Foto: Gabriela Kaneto

E: Como você está se preparando, já em Chicago? 

R: O primeiro obstáculo foi a língua, ainda mais querendo falar de comunicação. Meu inglês era realmente muito fraco. Então, antes da competição, vendo a possibilidade de ganhar, fiz aulas particulares cinco vezes por semana, um treinamento bem intenso para me comunicar melhor na língua inglesa. 

Além disso, comecei a me preparar em Cuiabá, treinando bastante para as etapas e dividindo minha rotina de trabalho com o treinamento. Chegava mais cedo, treinava antes de começar o expediente ou no fim do dia, sempre conciliando. 

Depois, fiquei dez dias em São Paulo junto dos meus treinadores, Danilo Lodi e Garam Um, treinando intensivamente todos os dias, de manhã até de noite. Já estou em Chicago para mais dias de treinamento. Dedicação completa. 

E: Quais são as suas expectativas para o Campeonato Mundial?

R: Minha maior expectativa é representar bem o meu país. Quero que os baristas brasileiros se sintam representados. Essa é minha missão principal. Que eles possam assistir à apresentação e sentir que têm um pouco deles ali. Quero fazer tudo que treinei, entregar tudo que foi preparado. A colocação, depois, é só uma consequência. Pretendo fazer uma belíssima apresentação. Mas, lógico, a intenção maior é colocar o Brasil de novo entre os finalistas.

E: Quais são seus planos para o futuro? Pretende competir novamente?

R: Tento dar um passo de cada vez, visualizar as oportunidades que vão surgindo, mas acho que ainda tenho lenha para queimar. Sou um cara muito competitivo, comecei há pouco tempo no café. Acho que dá para competir por alguns anos, talvez em outras categorias, talvez me mantendo no Brewers. É algo que estou tentando não pensar. Vou deixar para as cenas dos próximos capítulos. 

TEXTO Gabriela Kaneto

Barista

Conheça Dionatan Almeida, brasileiro que disputa o mundial de prova de cafés

Com passagens compradas para quinta (4) rumo a Chicago (EUA), onde acontece o Campeonato Mundial de Cup Tasters de 12 a 14 de abril, o provador Dionatan Almeida embarca combinando sentimentos de realização e responsabilidade. “Quando você representa seu país, você representa toda a cadeia produtiva”, diz. 

Mineiro de Três Pontas, ele foi selecionado para representar o Brasil na competição, que acontece durante a feira Specialty Coffee Expo, após superar mais de 40 profissionais e vencer a etapa nacional da categoria, com sete acertos dentre oito trios de amostras, em um tempo de 3 minutos e 47 segundos. 

Em entrevista à Espresso, Dionatan Almeida fala de sua trajetória no café, da visibilidade que ganhou com o título brasileiro e das expectativas em relação ao Mundial e ao futuro.   

Espresso: Como tem sido sua trajetória profissional relacionada ao café até o momento? Conte um pouco das  suas experiências, conquistas e desafios ao longo do caminho.

Dionatan: Minha história com o café começa no meu nascimento. Nasci e fui criado em uma fazenda produtora de café em Três Pontas, Minas Gerais, onde meus pais trabalhavam. Morei lá até os 14 anos. O Sul de Minas é uma região em que a cafeicultura predomina, então, o café sempre fez parte da minha vida. Comecei a trabalhar com café em 2011, aos 16 anos. Apesar de ter sido criado em uma fazenda produtora, eu conhecia pouco sobre o assunto. Fui aprender nas fazendas que trabalho até hoje, que são a Caxambu e a Aracaçu [em Três Pontas]. Na época, trabalhava no setor de pós-colheita, na unidade de processamento, de secagem e de beneficiamento dos cafés. Ali, tive a oportunidade de aprender bastante e foi muito bom, porque quando comecei a trabalhar, as fazendas tinham uma filosofia mais voltada para os cafés especiais, e eu me encantei por este universo. Em 2015, comecei a fazer cursos de análise sensorial, torra e prova de café. E aí assumi o controle de qualidade das Fazendas Caxambu e Aracaçu. Eles proporcionaram os treinamentos necessários para que eu dominasse o tema, e estou no cargo desde então. 

E: Como foi ganhar o título de Campeão Brasileiro de Cup Tasters?

D: É um sonho realizado, porque me lembro de 2015, quando comecei e não sabia nada de análise sensorial. Quantos professores eu tive e quantas pessoas me ajudaram até aqui, quantas referências eu pude ter neste universo do café… Desde que conheci a competição, foi meu sonho participar dela. Em alguns momentos, acontecia algum problema e eu não conseguia fazer a inscrição. Em outros, sentia que ainda não estava preparado o suficiente. A primeira oportunidade de participar do Cup Tasters foi em 2022, e fiquei muito feliz com a experiência de alcançar o terceiro lugar. Tive um bom desempenho e me apaixonei ainda mais pela competição. Essa adrenalina e o contato com outros provadores é incrível. E, em 2023, me preparei mais e consegui ser campeão, e isso coroou todos esses anos de trabalho com café e todas as pessoas que estiveram ao meu lado. É uma satisfação enorme conseguir, entre tantos profissionais, ser campeão. Estou comemorando até hoje! E estou muito feliz por representar o Brasil no campeonato mundial.

Pódio do Campeonato Brasileiro de Cup Tasters realizado em setembro de 2023, em Varginha (MG). Da esquerda para a direita: José Augusto Naves (segundo lugar), Dionatan Almeida (campeão) e Edimilson Generoso (terceiro lugar) – Foto: Gabriela Kaneto

E: O que significa ser um campeão brasileiro de prova de café?

D: Acho que tanto no campeonato de Cup Tasters quanto nos de barismo, em todas as modalidades, quando você representa seu país, você representa toda a cadeia produtiva. Estamos representando todos os produtores, a indústria, o café brasileiro. É uma responsabilidade muito grande. No meu caso, principalmente com os provadores e classificadores, que é uma profissão importante e bonita. Hoje os cafés brasileiros têm crescido e despontado em qualidade, e esses profissionais têm um peso gigantesco nisso. Representar todas essas pessoas é uma responsabilidade muito grande. Estamos nos preparando ao máximo e treinando bastante para dar o melhor e trazer o título para o Brasil. Não é o Dionatan que vai competir, mas toda a cafeicultura. 

E: Como tornar-se campeão brasileiro impactou sua vida profissional?

D: É uma sensação de realização. Ser campeão brasileiro não tem explicação e é algo que vai ficar para sempre. É marcar o seu nome na história do café e do Cup Tasters. Em termos profissionais, traz valorização e oportunidades. Abre muitas portas, até mais do que eu imaginava. Traz muito reconhecimento e visibilidade. Neste momento, temos que ter muito foco, muito pé no chão e muita sabedoria para viver isso. O resultado do campeonato colocou minha carreira em destaque. Com certeza, olhando para trás, dá para ver o Dionatan antes do campeonato, e o Dionatan depois dele. Não como pessoa, sigo com a minha visão, as coisas que acredito, a minha filosofia de vida, o meu caráter, o caminho que quero seguir, mas sim em relação ao reconhecimento.

E: Como você está se preparando para o Campeonato Mundial de Cup Tasters? 

D: Treino todos os dias na fazenda. Agradeço demais aos meus companheiros daqui, que me dão suporte e acreditam em mim. Estamos todos indo juntos para Chicago, mesmo que não fisicamente. Também tenho o suporte do Jack Robson, que está sendo meu coach e treina comigo toda semana. Uma ou duas vezes na semana nós dois fazemos várias rodadas de treinamento, variando cafés, concentrações, e elevando o nível de dificuldade. Aqui na fazenda, o pessoal tem me ajudado bastante com o preparo dos cafés, e treinamos pelo menos duas vezes ao dia. Quando falo de preparação também não posso deixar de mencionar a BSCA [Associação Brasileira de Cafés Especiais], que cedeu espaço, cafés e tem auxiliado muito, e o pessoal da ABCD [Associação Brasileira de Classificadores e Degustadores de Café], que também tem dado um suporte financeiro extraordinário, além de cafés. E outros parceiros, como o Wellington Pereira (Baba), que conseguiu uma cafeteria parceira em Chicago para treinarmos. Vamos viajar antes [na quinta, dia 4], para nos adaptarmos à água e ao clima de lá, onde também é mais fácil termos acesso a cafés diferentes para treinarmos. Tenho também o apoio da Apex-Brasil, que possibilita a estada e a viagem. Tudo que está sendo feito é para que eu tenha a melhor preparação para disputar o Mundial.

E: Quais são suas expectativas em relação ao Mundial?

D: Aproveitar bastante. Essa é minha primeira experiência em outro país e em outra feira, porque até então eu só conhecia a SIC [Semana Internacional do Café]. A feira de Chicago, por tudo que já ouvi, é uma feira gigantesca e incrível, então quero viver essa experiência ao máximo, curtir e tentar trazer este título inédito para o Brasil. É um desafio e uma expectativa muito grande, de todo mundo que está engajado nessa preparação. Vou dar o melhor, com muita responsabilidade, pois representar o Brasil e a nossa cafeicultura é um desafio muito grande, mas também vou procurar me divertir e fazer aquilo que temos feito no dia a dia. Como falamos da visibilidade que o Campeonato Brasileiro traz pra gente, acho que o Mundial potencializa muito essa visibilidade.

E: E quais os planos para o futuro? Pretende competir novamente?

D: Pensando a curto prazo, meu desejo é voltar com esse troféu de campeão, se Deus quiser. Já a longo prazo, caso esse título venha, quero curtir e aproveitar bastante. O Campeonato Brasileiro de Cup Tasters traz muitas coisas positivas para o profissional e, com certeza, o Mundial também trará. Então é aproveitar isso da melhor forma possível. Em relação às competições, caso ganhe o Mundial, não sei se irei competir no próximo Brasileiro. Talvez darei um tempinho para curtir. Mas, caso não venha, estarei lá de novo, tentando, porque de qualquer forma o campeonato é incrível, pela adrenalina e pelos contatos que fazemos. Enquanto eu estiver neste universo de cafés, com certeza vou querer fazer parte das competições, principalmente de Cup Tasters, mas também de torra, que me chama atenção e faz parte do meu dia a dia. As competições de café são incríveis, tanto na promoção do profissional quanto no contato com os companheiros.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Arquivo pessoal

Barista

Jota de Paula vence o Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024

Barista trabalha na cafeteria Jardim do Café, em São José dos Campos (SP)

Da esquerda para direita: Eduardo Olímpio (3º lugar), Jota de Paula (campeão) e Tiago Rocha (2º lugar)

O barista Jota de Paula, da cafeteria Jardim do Café, de São José dos Campos (SP), levou a melhor no Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024, realizado nos dias 22, 23 e 24 de março, no Mercado do Café, em Brasília (DF).

A disputa, que avalia técnicas para realizar desenhos com leite vaporizado no café, teve 18 participantes. Nas eliminatórias, Jota fez uma tartaruga como primeiro desenho, e, como segundo, um mico-leão-dourado. Além dele, foram finalistas: Elves Albino (Abô Botânica e Café, João Pessoa), Eduardo Olímpio (Naveia), Tiago Rocha (Naveia), Gabriel Zanotelli (Baden Torrefação, Porto Alegre) e Ramon Dallabona (Tabenne Coffee, Curitiba). 

Da esquerda para a direita: Eduardo Olímpio, Jota de Paula, Gabriel Zanotelli, Tiago Rocha, Elves Albino e Ramon Dallabona

A final do campeonato aconteceu no domingo (24), e determinava que os competidores entregassem três desenhos aos juízes. Primeiro a se apresentar, Jota também entregou uma arara que, ao lado dos outros dois desenhos, recebeu as maiores pontuações, arrematando o troféu. 

Ao lado dele no pódio, dois nomes conhecidos: Tiago Rocha, de Curitiba, foi campeão brasileiro da categoria em 2019 e ficou em segundo lugar este ano. Já Eduardo Olímpio, de São Paulo, era o atual campeão, e conquistou a terceira posição.

Jota representará o Brasil no Mundial de Latte Art, que acontece entre 27 e 29 de junho na World of Coffee, em Copenhague, Dinamarca. 

O Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024 foi realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Apex-Brasil, como ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”. O leite oficial da edição foi o Nude e, o café, da cafeteria e torrefação Ernesto Cafés Especiais, de Brasília. A Espresso foi a mídia oficial.

TEXTO Gabriela Kaneto e Letícia Souza • FOTO Robson Alselmo

Barista

Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024 divulga lista de competidores

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) anunciou hoje (18) os 18 competidores que disputarão o Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024. O evento acontece de 22 a 24 de março, em Brasília (DF), no Mercado do Café. 

Os 18 baristas competidores:

César Romano – Curitiba (PR)
Cristian Limas da Rosa – Porto Alegre (RS)
Eduardo Olímpio – São Paulo (SP)
Elves Albino – João Pessoa (PB)
Gabriel Duarte Zanotelli – Porto Alegre (RS)
Leo Mesquita – Rio de Janeiro (RJ)
Isis Rodrigues – Porto Alegre (RS)
Joabner Santana Azevedo – Brasília (DF)
João Michalski – Cascavel (PR)
Jota de Paula – São José dos Campos (SP)
Jonatha Nascimento – João Pessoa (PB)
Juliano Souza – Porto Alegre (RS)
Juliano França – Birigui (SP)
Gael Lirian – Porto Alegre (RS)
Ramon Dallabona – Curitiba (PR)
Tiago Rocha – Curitiba (PR)
Vinicius Dias – São Paulo (SP)
Wesley Oliveira – Porto Alegre (RS)

Os baristas têm que demonstrar criatividade e habilidade ao desenhar com o leite vaporizado sobre o espresso. A competição tem três fases – eliminatórias, semifinal e final –, e a grande final acontece domingo (24).  

O café oficial da edição de 2024 foi torrado pela equipe do Ernesto Cafés Especiais, cafeteria e torrefação brasiliense. Os grãos escolhidos são da variedade catuaí amarelo, de processamento natural, cultivados pelo produtor Augusto Borges, na Fazenda Capadócia, em São Gonçalo do Sapucaí, Mantiqueira de Minas. Na xícara, apresenta notas de chocolate ao leite, com doçura elevada, acidez presente e finalização refrescante.

A Espresso é mídia oficial do Campeonato Brasileiro de Latte Art. Acompanhe os resultados no nosso Instagram.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Latte Art
Quando: 22 a 24 de março, a partir das 12h
Onde: Mercado do Café – 509, bloco C – Asa Sul – Brasília (DF)
Mais informações: www.bsca.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Barista

Google homenageia flat white

O doodle do Google de hoje, 11 de março, chamou atenção dos aficcionados (ou não) por café ao estampar xícaras e porta-filtros em ilustrações alegres e convidativas. A animação refere-se ao flat white, uma bebida à base de café criada na Austrália ou na Nova Zelândia – os países disputam sua origem – entre as décadas de 1980 e 1990. Tornou-se popular mundialmente, graças à influência das cafeterias de cafés de qualidade. Várias grandes cadeias de café incluem o flat white em seus cardápios, o que ajudou a aumentar sua visibilidade e demanda.

O flat white é feito com uma quantidade maior de espresso e menor de leite vaporizado, e resulta numa bebida de textura mais aveludada do que a de um cappuccino além de sabor predominante de espresso. O tamanho varia com a região e a preferência do barista, mas é geralmente menor que um latte, e costuma ser servido em xícaras pequenas ou copos.

Existem variações regionais. Nos Estados Unidos, costuma ser feito com uma dose dupla de espresso, enquanto na Austrália e na Nova Zelândia a dose única é mais comum. 

TEXTO Redação • FOTO Daniel Ozana/Estúdio Oz

Barista

Daniel Munari é bicampeão do Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits

O barista curitibano Daniel Munari, da Royalty Quality Coffee, foi consagrado, pela segunda vez, campeão no Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits, que aconteceu em Porto Alegre (RS) entre 1º a 3 de março. Mari Mesquita, de Brasília (DF), conquistou o segundo lugar e Leo Oliva, também de Curitiba (PR), ficou em terceiro. Assista a final da disputa aqui.

A competição, que julga as habilidades no preparo de drinques alcoólicos com café, contou com oito participantes em busca do título. Em sua apresentação, que teve como tema a sustentabilidade na cafeicultura, Munari preparou primeiro o drinque quente, chamado Upcycle, composto por folha seca de figo, óleo de pequi, conhaque sherry cask, licor de umê, cordial de amora e beterraba, soro de leite e café filtrado na clever, que, segundo ele, atribuiu notas de frutas roxas à bebida. Na montagem do drinque gelado, nomeado Deserto, o campeão utilizou tequila, cordial de goiaba, suco de pitaya, solução salina e espresso. Usado em ambos os drinques, o grão escolhido foi um catucaí S2L, fermentado, cultivado por Jean Faleiros na Fazenda Santa Mônica, em Ibiraci (MG), Alta Mogiana. 

Já no irish coffee, o barista utilizou whisky kavalan taiwanês finalizado em barril reaproveitado de vinho do porto, xarope de mel, xarope de agave, creme de leite gaúcho e café – dessa vez, escolheu um catuaí vermelho, seco em terreiro suspenso na Fazenda Santa Mônica, que, na xícara, diz o campeão, apresenta notas cítricas e de laranja. “Escolhi o café do Jean porque ele faz um trabalho de sustentabilidade e regeneração bastante pioneiro. É um produtor que questiona o sistema na cafeicultura”, explicou Munari à Espresso.

Quando perguntado pela nossa equipe sobre a preparação para essa edição, após ter ganhado no último ano, Munari responde: “Os feedbacks que recebemos depois das competições ajudam muito a ganhar pontos importantes, mas garanto que o nervosismo pré-competição é o mesmo todo ano”. 

Munari vai representar novamente o Brasil no Campeonato Mundial da categoria, que acontece em Copenhague, Dinamarca, em junho. No ano passado, ele ficou em oitavo lugar na mesma competição, em Taipei. “A participação no Mundial de Taipei mostrou que é possível sonhar alto, então estou mirando na final. Acredito que na final o jogo muda e todos ficam muito emparelhados. Quem errar menos, ganha”, comenta.

O Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits é realizado pelo projeto “Brazil. The Coffee Nation”, em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Apex-Brasil.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Matheus da Silva/BSCA

BaristaCafé & Preparos

Nova roda sensorial busca identidade para grãos produzidos na Austrália

Recentemente, especialistas em café na Austrália propuseram mais uma roda sensorial para a avaliação de cafés especiais. A novidade foi divulgada por meio do paper “Coffee is more than flavor, the creation of a coffee character wheel”, publicado no periódico Journal of Sensory studies. Nele, os pesquisadores australianos buscam explorar a complexidade do café para além do sabor, introduzindo uma nova ferramenta denominada Roda de características do café (Coffee character wheel), para auxiliar a categorizar e descrever diferentes aspectos dos grãos de maneira mais precisa. A roda foi desenvolvida como parte do projeto Defining terroir of Australian coffee to increase demand and investment (Definindo o terroir do café australiano para aumentar demanda e investimento) desenvolvido pela organização AgriFuture Australia, uma colaboração entre a Southern Cross University, a empresa Processing Methods Bootcamp e a indústria de cafés do país.

O argumento dos investigadores é de que as outras características sensoriais do produto – textura, acidez e sabor residual – precisam também de uma ferramenta, assim como a Coffee taster’s flavor wheel, roda desenvolvida em 1995 pela antiga SCAA para padronizar a comunicação internacional do aroma e do sabor dos cafés especiais.

A nova roda de características do café tem 95 termos, selecionados a partir de 679 palavras utilizadas por provadores durante o desenvolvimento da pesquisa, dispostos em roda e em três níveis, que vão do geral ao específico. 

Projetada para ser uma ferramenta útil para profissionais e entusiastas na compreensão da complexidade dos grãos, a nova roda pode auxiliar a padronização das avaliações sensoriais do café para além dos sabores e aromas, incrementando a consistência para a indústria dos cafés de qualidade. 


De acordo com a AgriFuture Australia, os australianos consomem mais de seis milhões de xícaras por ano, e 99% dos grãos são importados pelo país. Mas a Austrália tem uma indústria cafeeira (embora pequena) estabelecida há muito tempo, que reúne cerca de 50 produtores de qualidade entre o norte e o sudeste de Queensland e o norte de New South Wales.

Diferentemente do vinho australiano, que já faz sucesso no mundo inteiro há décadas, seu café é pouco conhecido. A partir da nova roda e dos estudos em torno do território, a corporação australiana tem como objetivo ajudar os cafeicultores locais a definirem e comunicarem as características e sabores únicos dos seus grãos.

TEXTO Por Cristiana Couto • FOTO Agrifuture Australia

Barista

Daniel Vaz é o novo Campeão Brasileiro de Barista!

Entre cuppings, degustações, troca de conhecimento e negócios fechados, a Semana Internacional do Café também foi palco do Campeonato Brasileiro de Barista, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Na competição, 20 profissionais foram julgados por sua habilidade e por seu conhecimento no preparo e na apresentação de cafés espressos, bebidas com leite vaporizado e drinques de assinatura, assim como pelo conhecimento da indústria e dos produtos que utilizam. Depois de dois dias de classificatórias, os nomes dos seis finalistas foram divulgados: Maurício Maciel (MG), Tainá Luna (SP), Daniel Vaz (RJ), Hugo Silva (SP), Juliana Morgado (DF) e Marcondes Trindade (DF).

A final foi realizada no último dia de SIC, 10 de novembro. Depois das seis apresentações, foi divulgado o novo campeão brasileiro: Daniel Vaz, da Five Roasters, do Rio de Janeiro! “Eu acho que este é o título mais desejado do Brasil, a competição mais difícil, e eu estou muito feliz de ter conseguido conquistar na primeira vez. Este ano está sendo muito especial”, destacou o vencedor, que participou de quatro campeonatos recentemente e conseguiu uma boa colocação em todos: primeiro lugar na Copa Barista e no Brasileiro de Barista, e segundo lugar no Desafio Barista e no Brasileiro de Brewers, competição de cafés filtrados.

Agora, os próximos passos é lá fora, onde Daniel representará o Brasil no Mundial de Barista, que ocorrerá entre 1º e 4 de maio de 2024, na World of Coffee Busan, na Coreia do Sul. Os olhos estarão mais do que nunca voltados para o nosso País, uma vez que o atual campeão mundial da categoria é o brasileiro Boram Um. “A expectativa está altíssima porque o Boram colocou a régua lá em cima. Vou dedicar toda a minha energia pra manter esse título em casa”, disse.

Confira a ordem final de classificação:

Daniel Vaz @daniel_vaz
Marcondes Trindade @ondes27
Juliana Morgado @ju._morgado 
Tainá Luna @tainalunaa
Maurício Maciel @baristamaciel 
Hugo Silva @hugosilva.barista   

O campeão Daniel Vaz recebeu R$ 10 mil pelo título. O segundo lugar da competição, que ficou com Marcondes Trindade, da Acorde 27 Cafés Especiais, de Brasília (DF), recebeu R$ 3 mil. Já a terceira colocada, Juliana Morgado, da Studio Grão Coffee Roasters, também de Brasília, teve como prêmio R$ 2 mil.

“Isso significa não só um título, mas sim tudo que a gente sonha. Parece clichê, mas não é. Pra mim não existe sorte, existe dedicação. Transpiração vence talento”, comemorou Daniel.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Barista

NotCo lança linha barista de leite vegetal

De olho no crescimento do consumo dos leites vegetais em cafeterias, a NotCo lançou duas novidades: o Clube Why Not Barista e o NotMilk Barista. O clube tem o objetivo estreitar o vínculo entre a empresa e os baristas por meio de um grupo que oferece experiências exclusivas e conhecimento especializado aos profissionais. Os convidados terão acesso a eventos de degustação, TNTs (competições de Latte Art) patrocinadas pela própria startup, uma newsletter mensal com conteúdos relacionados ao tema e surpresas que chegarão na casa dos participantes.

Já a expansão da linha NotMilk traz um produto com crema densa e consistente, espumação a quente e frio, sabor que não mascara o gosto do café e, de acordo com a marca, uma versatilidade que permite a utilização em diferentes preparos. 

Os dois lançamentos foram apresentados oficialmente em um evento exclusivo no Dela Café, em São Paulo, no mês de outubro. A Espresso pôde degustar o NotMilk em três tipos de bebidas (cappuccino, com matchá e uma bebida gelada) e, ainda, colocar a mão na massa e participar de um TNT para testar as habilidades e a consistência do produto.

De acordo com Vanessa Giangiacomo, Head de Marketing da NotCo, a ideia da apresentação era provar aos baristas que o leite vegetal pode ser um protagonista nos cardápios das cafeterias. “A degustação e o desafio de latte art foram amostras de que estamos do lado dessa classe de especialistas, seja estimulando o aprendizado de novas técnicas com o clube ou lançando novidades que supram as suas demandas”, diz. 

A executiva ainda reforça que o café é uma paixão nacional e, uma vez que o mercado plant-based está em crescimento constante, esses profissionais são essenciais para garantir um futuro inovador e delicioso ao público. “Eles são os tomadores de decisão no momento de criar opções à base de plantas maravilhosas e trazer uma boa diversidade de alternativas aos amantes dessa bebida tão querida no Brasil, além de ajudarem as pessoas a incluir produtos sem ingredientes de origem animal no dia a dia”, conclui.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação