Mercado

Café sem uni duni tê: Guia prático para ajudar a escolher o café que você vai preparar em casa

Uma reportagem feita para quem gosta de tomar café e ponto, desmitificando certo ou errado e pode ou não pode

Esta reportagem começa com um passeio num supermercado. É uma loja comum e fica em um bairro de classe média da Zona Sul de São Paulo. É de uma rede pequena e a unidade é tradicional na região, frequentada pelos moradores mais antigos. Não se enquadra na categoria dos empórios que vendem produtos sofisticados. 

Na seção dos cafés, espalhados por um corredor inteiro, havia catorze marcas de cápsulas compatíveis com três sistemas diferentes, somando mais de cem opções entre cafés, bebidas especiais (como cappuccino e chocolate quente) e chás. De grãos, eram doze marcas e vinte opções. De drip coffee, três possibilidades. De moídos e solúveis… não foi possível contar. Quer dizer, a repórter desistiu na terceira tentativa, depois de se perder nos números.

Nesse mesmo supermercado, no início da pandemia, havia apenas duas ou três opções de café em grãos, alguns solúveis e os moídos tradicionais ou, no máximo, da categoria superior. É claro que a situação varia bastante conforme o porte e o tipo da loja, o bairro onde estão e as cidades todas do País. Mas, se você tem a impressão de que tem muito mais café no bule dos mercados que você frequenta, provavelmente está certo.

Quem trabalha com café e gosta da bebida sabe que essa é uma boa notícia, que demonstra que o mercado de cafés especiais está se expandindo e amadurecendo. E que, com o consumidor tendo acesso a melhores produtos, há a chance de a cadeia como um todo também evoluir. É importante, porém, ter consciência do tamanho dos pontos de interrogação que surgem na cabeça até de consumidores já iniciados na bebida e interessados pela queridinha do brasileiro.

Muita gente acostumada a tomar cafés diferentes em cafeterias, com a ajuda dos baristas para orientar o consumo, deixava para consumir produtos mais simples em casa. Com o cenário mudando, mesmo esse consumidor, quando fica ali, sozinho no corredor do mercado diante de tantas opções, pode se perder na escolha.

“É algo muito bom. Dificulta um pouco a vida do consumidor, mas ele tem de entrar nesse mundo do café se quiser aproveitar a variedade”, avalia a especialista e consultora Eliana Relvas, que conhece bem o mercado por ter atuado por muitos anos como consultora de cafés para redes de varejo. 

“Cabe aos especialistas, a nós, da bolha do café especial, mostrar um jeito simples e acolhedor, senão esse mundo de opções afasta os novos consumidores”, diz Karla Lima, mestre de torra, classificadora, barista e coffee hunter, da Akan Coffee Experience, microtorrefação em São Paulo.

E, sim, é com esse mapa da mina do café no supermercado que, com a ajuda de quatro especialistas, vamos dar dicas sobre como fazer para chegar a boas experiências na xícara da sua casa. Antes, porém, vale entender o contexto no qual as prateleiras saíram do “suave, forte e extraforte” para essa infinidade de possibilidades. Passe seu café e vem com a gente!

No meio do caminho tinha um vírus 

O mercado de cafés especiais vem evoluindo muito no Brasil nos últimos anos. Uma pesquisa realizada pela Euromonitor em 2017 mostrou um crescimento médio anual de 20,6% entre 2012 e 2016 para esse segmento. A previsão deles era de que, em 2020, o volume de vendas teria dobrado.

No meio do caminho, porém, havia algo bem menor que uma pedra, e que causou toda uma bagunça do nível de uma avalanche. Um microscópico vírus, que ainda afeta o mundo de maneiras bastante intensas, fez com que tudo tivesse sua rota recalculada. Com o café, o consumo caiu nas cafeterias (em 2020, essa queda chegou a 7,5%), que permaneceram fechadas ou sem receber público por muitos meses, principalmente durante o primeiro ano da pandemia de covid-19.

Com a impossibilidade de praticar atividades de lazer, como sair para comer fora, o consumo de café em casa aumentou, abrindo espaço para que outros produtos que antes ficavam restritos às ruas entrassem pela porta da frente do isolamento social. Quem pôde transferiu para seu lar alguns dos prazeres que eram possíveis de ser ressignificados fora das ruas, e o café definitivamente foi um deles. Há até um meme que fala de coisas que as pessoas compraram durante a pandemia e sua evolução: mostra picos de busca por papel higiênico logo no início de tudo, de pijamas um pouco depois, o declínio do uso do carro, e o café ali, plácido, com consumo sempre estável e alto.  

Os dois movimentos, de expansão contínua do mercado de cafés especiais e de aumento do consumo doméstico por causa da pandemia, explicam bem o espaço que os cafés ganharam nas prateleiras do supermercado, algo que já vinha acontecendo, mas que certamente foi acelerado nos últimos anos. Não deu tempo, porém, de isso acontecer de uma forma mais estruturada, acompanhada de uma evolução de conhecimento e adaptação dos consumidores a tantos produtos diferentes. 

Ainda sem terem informações suficientes para escolher os cafés, testar o paladar (falta faz uma degustação no mercado, né,?), e preparar em casa, tanta novidade é um desafio. Há muito conteúdo bom na internet, vale consultar e se inspirar. Na medida em que a pandemia for permitindo, os cursos e degustações de café ajudam demais. Enquanto isso, segue o fio aqui.

Por onde eu começo? 

A primeira coisa a fazer é uma análise racional sobre você mesmo. É claro, optar por aquele café cujo preço caiba no seu bolso é fator decisivo. O que você vai fazer é, dentro da faixa de preço determinada, ter um resultado que combine mais com o seu momento.

Para além disso, identificar a sua caixa de ferramentas para preparar café já vai servir como um bom funil nas prateleiras do mercado: que tipo de preparos você pode fazer e gosta de fazer em casa? Usa cápsulas? Você tem moedor ou já vai comprar moído? Quer métodos rápidos, como o drip e os solúveis, ou vai investir em rituais demorados?

Para quem tem a opção de variar no preparo, vale comprar cafés em pacotes menores e adequados para cada tipo. Hoje já existem marcas que vendem o pó em granulometrias diferentes, mais grossas ou finas, e elas indicam na embalagem o tipo de preparo à qual cada moagem se destina. Para quem pode moer em casa, dá para usar o mesmo café e ajustar a moagem.

“Você precisa se perguntar de que café você gosta. Mais forte, mais fraco; gosta de tomar pouco, ou de ‘balde’; com ou sem açúcar, com ou sem leite. Tudo isso pode parecer básico demais, mas ajuda muito”, explica a barista e mestre de torra Letícia Souza, que tem o perfil @euquetorrei no Instagram e é parte da equipe do Futuro Refeitório, em São Paulo.

A barista e sócia do Borsoi Café, de Recife, Paloma Amorim Cunha aponta outra questão importante quando se pretende entrar no mundo dos cafés especiais para tomar em casa: “Se é a primeira vez que você vai comprar cafés diferentes sem a orientação de um barista, não adianta sair do que está acostumado e mudar radicalmente, pois você provavelmente não vai gostar”. Por isso, vá aos poucos, comece por sabores e referências que já conhece, e vá ampliando o seu paladar e repertório com calma. 

Café é para ser prazer

Quando as pessoas sabem que trabalhamos com café, é comum ouvir a pergunta: “Qual é o melhor café?”. E, não importa quanto de conhecimento se acumule, a resposta para isso é uma só, sempre: o melhor é aquele que você gosta, do jeito que você gosta. Com açúcar ou sem, com leite ou sem, do jeito que for.

“Trabalho com cafés especiais e quero que todo mundo tome cafés melhores e gostosos. Mas café tem de acolher e não afastar”, diz Paloma, do Borsoi. 

Para Letícia, do Futuro Refeitório, existe o mundo das supertécnicas específicas e avançadas e existe a vida real. “Tem hora que tudo o que se quer é um café gostoso, não importa saber muita coisa sobre ele. Por isso é legal respeitar as suas sensações quando tomar uma xícara”. Karla Lima, da Akan, complementa: “O café fica cada vez mais legal quanto mais a gente conhece. Aí não tem um melhor café, tem um monte deles”.

“Café é um prazer ainda permitido, ao menos para a classe média. É claro que se pode pesquisar e aprofundar os conhecimentos, mas não precisa virar algo chato. É bom ter cuidado com isso. Café é uma comfort food e tudo o que a gente quer no fundo é que ele abrace a gente”, resume a consultora Eliana Relvas. 

TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Gui Gomes

Receitas

Spicy Latte Botanikafé

Ingredientes

– 1 shot de espresso
– 1 colher (sopa) de mel diluído em água
– 1 g de gengibre em pó (uma colher de café rasa)
– 1 copo americano de leite cremoso
– Canela em pó
– Canela em casca

Preparo

Tire um shot de espresso na xícara e acrescente o mel diluído e o gengibre em pó. Mexa para misturar bem com o café. Acrescentar o leite cremoso com um pouco de espuma. Finalize com uma linha suave de canela em pó e coloque uma casca de canela na borda da xícara para aromatizar a bebida na hora do primeiro gole!

RECEITA Barista Antonio Renan Sampaio, do Botanikafé

Mercado

Com experiências sensoriais, Grupo 3corações inaugura cafeteria conceito em Curitiba (PR)

Em 2018, o Grupo 3corações lançou a 3corações Rituais, uma linha totalmente dedicada aos cafés especiais produzidos nas principais regiões cafeeiras do Brasil. Agora, a Rituais Casa de Café chega para agregar valor a esta linha, convidando mais e mais apreciadores a vivenciarem esta jornada.

Localizada em Curitiba (PR), a primeira cafeteria loja-conceito da 3corações possui 300m2 de área e três ambientes. Sua proposta é de ser o ponto de encontro de quem ama café e, para manter o frescor de aromas e sabores, os grãos são torrados ali mesmo, semanalmente.

“Nosso objetivo é proporcionar momentos incríveis ao nosso consumidor com um ambiente aconchegante, um cardápio versátil para o dia todo e com experiências voltadas para o universo do café especial”, explica Estela Cotes, que está à frente da casa. 

No espaço projetado para remeter aos armazéns de café que fizeram parte da construção do Brasil, o consumidor pode escolher entre oito grãos diferentes para provar, do espresso a um dos métodos de preparo disponíveis. Além disso, em “Experiência das Cores”, por exemplo, os baristas mostram como as cores das xícaras influenciam na sensação do aroma e sabor. 

O consumidor também pode vivenciar a experiência de torrar seu próprio café. Durante uma hora, o Barista Master da Casa vai explicar um pouco sobre o processo de transformação do grão verde enquanto a torra acontece. No workshop estão inclusos 2 kg de café recém-torrado que o participante já leva para a casa. 

“Teremos uma agenda com várias ações diferentes, de workshops para preparar café especial em casa, latte art para baristas, a degustações de outros produtos 100% brasileiros, como vinho, por exemplo. Temos pequenos produtores fazendo muita coisa incrível no Brasil. Precisamos conhecer e valorizar”, completa Estela. O novo espaço Rituais Casa de Café já está de portas abertas para receber os coffee lovers que buscam vivenciar experiências memoráveis através do café como protagonista.

A cafeteria Rituais Casa de Café fica na Rua Moysés Marcondes, 609 – Juvevê – Curitiba (PR). Funciona de terça a domingo, das 9h às 20h, e feriados, das 10h às 20h. 

Mais informações: (41) 3501-8234 ou instagram.com/rituaiscasadecafe 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Barista

Abigail Coffee Company reúne 10 baristas campeões mundiais em Campinas (SP)

A Abigail Coffee Company, uma cafeteria que oferece experiência em cafés especiais, realizará a segunda edição do Barista Day, na cidade de Campinas, um evento e workshop que reúne alguns dos maiores profissionais de café do mundo.

Anualmente, os melhores baristas disputam campeonatos do mais alto nível, para defender o título de melhor profissional no preparo de cafés do planeta. Na última edição, que aconteceu em 2021 em Milão, na Itália, diversos países foram representados por seus campeões no World Barista Championship e na World Brewers Cup, que são as “Copas do Mundo” dos cafés. Agora os vitoriosos virão à Campinas, para demonstrar suas técnicas e prestigiar o público em um encontro único.

No dia 9 de julho, sábado, a Abigail Coffee Company receberá 10 dos campeões e campeãs. Antes disso, os baristas visitarão a fazenda Daterra Coffee, uma das mais renomadas e sustentáveis produtoras de cafés do mundo, situada em Patrocínio (MG).

Internacionalmente famosa por ser a primeira e única fazenda de café brasileira a ter um grão vencedor da competição mundial de preparo de cafés coados (World Brewers Cup) em 2018, os grãos da Daterra foram utilizados no palco pela barista campeã mundial, Emi Fukahori. A fazenda convida todos os anos os campeões da competição para conhecerem seus inovadores processos de produção e processamento de café, além de suas técnicas sustentáveis de cultivo. Trata-se de uma estratégia de sucesso para mostrar ao mundo toda a qualidade e potencial do café brasileiro, através dos maiores formadores de opinião nesta indústria.

O evento em Campinas contará com a presença de:

  • Matt Winton (Suíça) – Campeã Mundial de Métodos de Preparo de Café Coado 2021;
  • Emi Fukahori (Suíça) – Campeã Mundial de Métodos de Preparo de Café Coado 2018 e 4º lugar no Campeonato Mundial de Barista 2021;
  • Daiki Hatekayama (Japão) – 2º lugar campeonato Mundial de Métodos de Preparo de Café Coado 2021;
  • Elika Liftee (EUA) – 3º lugar Mundial de Métodos de Preparo de Café Coado 2021;
  • Hugh Kelly (Austrália) – 3º lugar Campeonato Mundial de Barista 2021;
  • Ply Psarl (Canadá) – 5º lugar Mundial de Métodos de Preparo de Café Coado 2021;
  • Wojciech Tysler (Irlanda) – 6º lugar Campeonato Mundial de Barista 2021;
  • Boram Um (Brasil) – Bi-campeão Brasileiro Campeonato Brasileiro de Barista 2020 e 2022;
  • Júlia Fortini (Brasil) – Atual Campeã Brasileira de Métodos de Preparo de Café Coado 2020;
  • Emilee Bryant (EUA) – Bi-campeã Mundial de Latte Art e Campeã da Competição Barista League II.

Os baristas ensinarão algumas de suas técnicas e darão dicas sobre como preparam cafés que conquistaram os palcos do mundo. Além disso, o público terá a oportunidade de interagir com estes superprofissionais e provar alguns dos grãos raros trazidos por eles.

Além dos baristas convidados, o evento também contará com venda de ingressos ao público e, todo lucro será doado para uma instituição beneficente. Por ser um evento único e de grande interação, a quantidade de ingressos é limitada a 15 participantes.

Para amantes do café, esta talvez seja a maior oportunidade de conhecer os ídolos de perto e experimentar os cafés que conquistaram o podium como os melhores grãos do mundo. Para os profissionais de café do Brasil, trata-se de uma oportunidade de se inspirar e aprender novas técnicas com os melhores baristas do planeta.

Serviço
Barista Day Abigail Coffee
Quando: 9 de julho
Horário: 13h00 às 17h30
Onde: Avenida Coronel Silva Teles, 165 – Cambuí – Campinas (SP)
Valor: R$ 420 (apenas 15 lugares) – Todo o lucro será doado para uma instituição beneficente
Contato: (19) 99305-1388

TEXTO Redação • FOTO Gustavo Baxter / NITRO

Barista

Bicampeão! Boram Um vence o Campeonato Brasileiro de Barista 2022

Foto: Agência Ophelia

O Campeonato Brasileiro de Barista 2022 aconteceu entre 24 e 26 de junho, durante o São Paulo Coffee Festival, evento realizado na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo (SP). Entre 20 competidores de diferentes regiões do país, o troféu foi para Boram Um, da paulistana Um Coffee Co., que consagrou-se bicampeão na categoria!

Em uma apresentação de no máximo 15 minutos, os participantes tiveram que apresentar aos juízes da competição quatro espressos, quatro bebidas com leite vaporizado e quatro drinques de assinatura. A análise leva em consideração critérios como sabor, qualidade e persistência da crema (espresso), harmonia entre café e leite, criatividade (bebida de assinatura) e manipulação profissional dos ingredientes, do moinho e da máquina de espresso.

A apresentação de Boram teve como foco a percepção sensorial alinhada com a nova tendência de varietais com baixo teor de cafeína. “A [cultivar] Laurina já é muito conhecida no Brasil, tem um potencial sensorial incrível e, na competição, pude apresentar formas sobre como explorar esses cafés que estão vindo com características diferentes, principalmente em relação à cafeína”, comenta.

O bicampeão disputou a final do campeonato com outros cinco baristas: Marcondes Trindade, George Gepp, Vitor Coelho, Hugo Silva e Renan Dantas. Confira abaixo a ordem final:

1º Boram Um – Um Coffee Co. – São Paulo (SP)
2º Hugo Silva – Sabino Torrefação – São Paulo (SP)
3º Vitor Coelho – Manana Cafés – Curitiba (PR)
4º Renan Dantas – Nestlé – São Paulo (SP)
5º George Gepp – SO LO Brewing – Recife (PE)
6º Marcondes Trindade – Acorde 27 Cafés Especiais – Brasília (DF)

Vitor Coelho, Boram Um e Hugo Silva – Foto: Agência Ophelia

Agora, Boram será o representante brasileiro no Campeonato Mundial de Barista, marcado para acontecer entre os dias 27 e 30 de setembro, na Austrália, durante a Melbourne International Coffee Expo (MICE).

A competição é sancionada pela World Coffee Events (WCE), entidade internacional organizadora do World Barista Championship (WBC) e detentora dos direitos da competição em todo o mundo. No Brasil, a iniciativa integra as ações do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Mais informações: www.bsca.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Barista

Brasileiros disputam Mundiais de Latte Art, Coffee in Good Spirits, Cup Tasters e Torra em Milão

Enquanto São Paulo foi palco do Campeonato Brasileiro de Barista, a cidade de Milão, na Itália, recebeu os Campeonatos Mundiais de Latte Art, Coffee in Good Spirits, Cup Tasters, Torra e Ibrik, de 23 a 25 de junho. E o Brasil enviou seus representantes atuais para competirem nos quatro primeiros!

No Latte Art, a disputa de quem prepara os melhores desenhos no café utilizando o leite, o jovem curitibano Tiago Rocha, da Naveia, atingiu 221 pontos e ficou em 26º lugar. Ao todo, 27 baristas de diversas nacionalidades participaram da categoria, que teve como grande vencedora a italiana Carmen Clemente, da World Latte Art & Coffee Center. O segundo lugar foi para a sul coreana Rora, da RO&UM, e a terceira posição para o taiwanês Shao-Sing Lin, da UCC Taiwan.

Pódio do Campeonato Mundial de Latte Art – Foto: World Coffee Events

Quando o assunto é drinque alcoólico com café, Emerson Nascimento, do Coffee Five, foi quem disputou o Coffee in Good Spirits. Competindo com outros 22 baristas e bartenders, o brasileiro fez 300.5 pontos e terminou a competição na 16ª posição! O pódio foi composto pela polonesa Agnieszka Rojewska, da Sheep and Raven, seguida pelo ucraniano Vladyslav Demonenko, da Funt Coffee, e pela indonésia Shayla Philipa, da Hungry Bird Coffee Roaster.

Pódio do Campeonato Mundial de Coffee in Good Spirits – Foto: World Coffee Events

No Cup Tasters, que é a prova às cegas de amostras de café, o provador Phelippe Nascimento, da CarmoCoffees, ficou em 17º lugar, com um tempo de 7:46. De um total de 25 participantes, o troféu ficou com Heongwan Moon, da Coreia do Sul. A segunda posição foi para Jaco Chu, de Hong Kong, e a terceira para Heli Santiago, da Colômbia.

Pódio do Campeonato Mundial de Cup Tasters – Foto: World Coffee Events

Por último, no campeonato de Torra, o paraibano Túlio Fernando, do Nerd Coffee House, terminou a disputa em 15º lugar, com uma pontuação de 449.25. Entre 21 torrefadores, o vencedor foi o austriaco Felix Teiretzbacher, da Felix Kaffee, seguido pelo norueguês Simo Christidi, da Solberg & Hansen, e o indonesio Wisnu Aji Pratter, da Pratter Coffee Roaster.

Pódio do Campeonato Mundial de Torra – Foto: World Coffee Events

Na categoria Ibrik, o vencedor foi Paul Ungureanu, da Romênia. O segundo lugar ficou com Dimitris Baigkousis, da Grécia, enquanto que o terceiro foi para Agnieszka Rojewska, da Polônia. O Brasil não tem representantes neste campeonato.

Mais informações: www.worldcoffeeevents.org 

TEXTO Redação • FOTO World Coffee Events

Mercado

Com ingressos esgotados, São Paulo Coffee Festival lota a Bienal do Ibirapuera

A Bienal nunca presenciou tantos apaixonados por café de uma só vez como nos últimos três dias! De 24 a 26 de junho, o famoso local foi palco da primeira edição presencial do São Paulo Coffee Festival, evento internacional que reuniu consumidores, cafeterias, torrefações, produtores e diversas pessoas da gastronomia. Com os ingressos esgotados e fila para entrar, deu para sentir no ar as conexões feitas, os negócios fechados, o aprendizado e o cheiro de café fresco! 

Além de circular pelos estandes e conhecer de perto as variadas marcas presentes e seus produtos, os participantes puderam participar das salas temáticas, como o “A Torrefação”, onde ocorreu torras ao vivo e palestras sobre o assunto. Outra atração concorrida foi o “Sensory Experience”, espaço que uniu café e degustações guiadas a fim de explorar os nossos sentidos.

O queridinho latte art também marcou presença no “Latte Art Ao Vivo”, ambiente criado especialmente para que profissionais baristas falassem sobre técnicas de vaporização, bebidas vegetais e diferentes desenhos no café. Aqui, os participantes tiveram a chance de participar de masterclasses, oficinas e até de um TNT, onde arriscaram as primeiras artes com leite!

Já quem passou pelo “O Laboratório” pôde acompanhar diversos profissionais, do campo à xícara, que abordaram o cultivo do fruto, os diferentes métodos filtrados, como você pode melhorar o seu café em casa, a profissão barista, dicas de planejamento para quem quer investir no setor e a arte de moer o grão na hora. Orbitando o universo dos cafés, o espaço “A Gastronomia” trouxe chefs famosos para palestrar sobre diferentes temas, como o doce choux cream, os queijos artesanais de São Paulo, pães italianos, a famosa banoffees, cookies, o hit vegano avocado toast, entre outras delícias. Todas as palestras dadas no São Paulo Coffee Festival foram gratuitas!

Para quem curte emoção, 20 baristas disputaram o Campeonato Brasileiro de Barista. Depois de dois dias de apresentações, os finalistas Marcondes Trindade, George Gepp, Vitor Coelho, Boram Um, Hugo Silva e Renan Dantas deram o seu melhor no domingo novamente. Consagrando-se bicampeão, Boram Um, da Um Coffee Co., de São Paulo (SP), levou a melhor, seguido por Hugo Silva, da Sabino Torrefação, e Vitor Coelho, do Manana Cafés. A ordem dos seis lugares você pode conferir aqui.

Como um bom festival, também proporcionou muita música, tocada por DJs e cantores convidados; drinques, desenvolvidos pela Cervejaria Tarantino e pelo Urbe Café Bar; e arte, que ficou por conta da exposição “Imigrantes do Café”, feita pelo Museu do Café e Museu da Imigração, e pelo painel artístico disponibilizado por nós lá no estande da Espresso, onde os frequentadores puderam deixar a sua marca no evento!

O São Paulo Coffee Festival foi patrocinado por Nescafé e 3corações, com apoio da A Tal da Castanha, Orfeu Cafés, Café Store, Philips Walita/Café Santa Mônica e Prefeitura de São Paulo.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Mercado

M200 by La Cimbali: Nova máquina de espresso versátil e tecnológica

Disponível em duas versões e três cores, a novidade conta com design moderno, conectividade via Bluetooth e Wi-Fi, diversidade no preparo de bebidas com leite e qualidade nos resultados

“Uma verdadeira extensão da personalidade do barista”. É assim que a empresa italiana La Cimbali descreve sua mais nova máquina profissional de espresso, a M200, um equipamento inovador não apenas do ponto de vista tecnológico, mas também funcional.

Seu design único, assinado por Valerio Cometti, da V12 Design, traz a forma de um “C”, que, segundo a marca, remete à evolução da silhueta do produto e expressa um impulso para o futuro – do modelo anterior, o 100, para o de agora, 200. Disponível nas cores preto opaco, branco brilhante e alumínio com detalhes em vermelho, a M200 possui estrutura feita em metal, o que afirma a abordagem ecológica adotada pela La Cimbali na busca pela redução de elementos plásticos. 

Em questão de funcionamento, a novidade conta com o sistema BDS (Barista Drive System), que identifica automaticamente, junto ao moinho conectado via Bluetooth, a dose certa de café a ser moído (simples ou duplo), ativando apenas os botões da receita desejada e eliminando o risco de erros do barista e desperdícios de matéria-prima. Além disso, a tecnologia Multiboiler, sistema flexível que melhora a qualidade da distribuição e o perfil sensorial do espresso, monitora, de forma precisa e inteligente, o perfil de pressão e a temperatura de cada grupo para cada bebida, aperfeiçoando o resultado final.

Atualmente, a M200 conta com duas versões: a GT1 e a Profile. Na GT1, o sistema controla a temperatura da água de cada grupo, garantindo que o bom resultado seja aplicado em todas as xícaras de maneira igual. Visualmente, essa opção conta com botões em seu painel. Já a Profile permite ao barista personalizar a temperatura da água, o tempo de infusão e o perfil de pressão da extração, o que garante um maior controle no corpo da bebida e na intensidade de notas como acidez e amargor na xícara. Essa versão possui painel de controle touch.

As máquinas da série M200 apresentam sistema térmico patenteado, com caldeiras independentes; conectividade Wi-Fi integrada, que permite enviar os dados de funcionamento para a nuvem ou vice-versa, controlando a funcionalidade e o desempenho à distância; e nova placa eletrônica de última geração, desenvolvida internamente pela La Cimbali. 

Buscando ir além do espresso, a novidade também está disponível junto ao Milk 4 Cold Touch, um dispositivo que permite personalizar até quatro receitas com leite, desde a temperatura até o nível de espuma em cada uma delas. Com essa versatilidade de bebidas, a M200 conta com base regulável em três alturas para facilitar o posicionamento de diferentes tamanhos de xícara.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Responsabilidade compartilhada da xícara à semente para alcançar uma renda digna, próspera e sustentável

Há muito trabalho em andamento para determinar o que ficou conhecido como renda digna para o cafeicultor em diferentes países. A palavra “próspera” foi acrescentada para indicar que só viver não é suficiente para o cafeicultor que também precisa prosperar. Há propostas para acrescentar a palavra “sustentável” porque o mercado requer cada vez mais um café produzido de forma sustentável. Não é suficiente que os produtores tenham renda para apenas viver e prosperar pois eles também precisam receber aquilo que é necessário para produzir café de forma sustentável.

A necessidade de alcançar uma renda digna, próspera e sustentável traz à tona o conceito de responsabilidade compartilhada em toda a cadeia de abastecimento do café, da xícara à semente, para pagar o produtor pela produção sustentável. Deve ser da xícara à semente e não da semente à xícara porque, a menos que o processo comece no consumidor, tudo o que acontecerá é que a pobreza dos cafeicultores aumentará.

Dados preliminares já disponíveis mostram que a renda real do produtor fica aquém da renda digna e muito aquém da renda próspera e sustentável na maioria dos países produtores de café. Em alguns países, a renda digna é 3, 4 ou mais vezes superior à renda real. É evidente que a referência é sempre à renda digna média nos países. Mesmo naqueles países em que a renda média está muito abaixo da renda digna pode haver produtores que tem renda real igual ou acima da renda digna. Por outro lado, no próprio Brasil, onde dados indicam que a renda real está acima da renda digna, se deixarmos as médias de lado poderemos provavelmente verificar que há cafeicultores cuja renda está abaixo da digna e que necessitam apoio para melhorá-la.

Por que há cafeicultores, inclusive no Brasil, com renda real abaixo da renda digna? Mais importante do que saber qual é a renda digna média de referência em cada país, é entender por que a renda de muitos produtores está abaixo, muitas vezes bem abaixo dessa renda de referência. Conhecer esses números – renda real e renda digna – e principalmente suas diferenças em cada região e país ajudará muito nesse diagnóstico do problema, região a região e país a país. A lista de potenciais suspeitos é conhecida: baixa produtividade por falta de acesso à tecnologia, que tem a ver não apenas com seu desenvolvimento e/ou disponibilidade, mas também com sua transferência aos produtores, escassez de investimentos e uso de insumos e equipamentos por falta de financiamento, ineficiência dos mercados, etc. Aqueles entre os itens acima que estão fora da porteira da fazenda e além do controle do produtor estão incluídos no que ficou conhecido como “ambiente facilitador”, que no Brasil é em média muito melhor que nos demais países produtores de café.

A solução para melhorar o ambiente facilitador não está nas mãos de um único ator ou setor do agronegócio café e inclui os governos dos países produtores. O papel do governo é fundamental para melhorar o ambiente facilitador em todos os países. A abordagem ideal é que o governo e o setor privado – cadeia de abastecimento do café e outros – trabalhem juntos para abordar a melhoria do ambiente facilitador que, por sua vez, criará as condições para que os cafeicultores aumentem sua renda. Ainda pode haver espaço para isso no Brasil, no âmbito regional.

O desafio é reunir o setor privado e o governo para desenvolver e implementar um roteiro para melhorar o ambiente facilitador e assim ajudar a fechar a lacuna entre a renda real e a renda digna, próspera e sustentável. Há propostas e discussões em andamento em muitos países, entre associações do café, empresas e governos de países produtores e consumidores. Como não é realista esperar que os consumidores paguem mais pelo café sustentável, o roteiro terá que contar com a responsabilidade compartilhada ao longo da cadeia de abastecimento, desde antes do café chegar ao consumidor até o cafeicultor. Isso pode ser feito? Faria sentido econômico?

Será útil entender como isso foi feito em países onde a diferença entre as rendas real e digna não existe ou é pequena, como na maior parte do Brasil. O que pode ser aprendido com eles e o que é aplicável a outras regiões e países produtores de café? Será a disponibilidade de serviços públicos de extensão e treinamento; o desenvolvimento de cooperativas que apoiam aos pequenos produtores; cadeias de abastecimento eficientes para café, insumos e equipamentos; associações empresariais fortes na área do agronegócio café; regulamentação e incentivos governamentais para facilitar o financiamento; tributação justa e “competitiva”; oportunidades de trabalho e de criar negócios fora da fazenda em áreas de cultivo de café; outros?

A sugestão é usar estudos de caso de países que conseguiram melhorar seu ambiente facilitador para ajudar a criar o roteiro – processo, participantes e ações – para que outras regiões e países produtores de café façam o mesmo e aumentem a renda digna, próspera e sustentável de seus cafeicultores. O passo seguinte é incluir a cadeia de abastecimento de café nos países importadores e consumidores para garantir que essa responsabilidade de aumentar a renda dos produtores também seja compartilhada da xícara à semente, inclusive porque as exigências dos países importadores são crescentes.

TEXTO Carlos Henrique Jorge Brando

Mercado

Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) anuncia novo presidente: Pavel Cardoso

Na última terça-feira (21), na reunião do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), realizada na sede da entidade, no Rio de Janeiro, Pavel Cardoso foi eleito o novo presidente para o triênio de 2022/2025. Cardoso é formado em direito pela Universidade Católica de Salvador e é sócio gestor da Café Sobesa, atuando há mais de 50 anos na comercialização e produção do alimento no estado. Na ABIC, já atuou como vice-presidente de Qualidades e Certificações, no período de 2013/2016, e como vice-presidente Jurídico, entre 2019 e 2022.

No seu discurso de posse, o novo presidente destacou os avanços conquistados pela ABIC em 49 anos de atuação no resgate à credibilidade do café brasileiro, cujos programas de Pureza e Qualidade são reconhecidos internacionalmente pela Organização Internacional do Café (OIC) e referendados em mais de 60 países. Ele afirmou querer dar seguimento a esse trabalho: “Estamos iniciando uma nova fase, vamos fortalecer e expandir ainda mais nossos programas e processos, de forma ampla e responsável, com total empenho, para se obter cada vez mais relevância da nossa Associação.”

O presidente determinou as cinco diretrizes de sua gestão, que visa implementar novos projetos com um olhar para as tendências do mercado. São elas:

  • Defesa da Qualidade Certificada, ampliando os programas de certificações com maior divulgação junto aos Associados e aos consumidores, através das mais diversas ferramentas e tecnologias disponíveis para que o brasileiro possa cada vez mais receber um café de qualidade na sua mesa.
  • Ampliar o Consumo, buscando desenvolver o maior e melhor programa de marketing possível do café brasileiro, com suas ricas e diversas variações, origens, seus benefícios para saúde, contando com o apoio coordenado dos Associados.
  • Estimular a Sustentabilidade e a responsabilidade sócio ambiental, fomentando o desenvolvimento sustentável do mercado e dos Associados, incentivando as boas práticas, o consumo consciente, buscando parcerias para novos processos e soluções que preservem o meio ambiente.
  • Contribuir para a valorização da imagem institucional da ABIC e dos seus Associados, ampliando a qualificação dos números e indicadores setoriais, seus programas, certificações e serviços, e o relacionamento entre os agentes da cadeia, entidades representativas do setor, sindicatos das indústrias de café, visando ampliação da base de Associados e o fortalecimento do café brasileiro na percepção do consumidor.
  • Ampliar as exportações de café torrado e moído com projetos e ações efetivas que apoiem o desenvolvimento e incentivem a internacionalização das indústrias associadas, buscando incrementar toda a cadeia com a exportação do nosso café como produto acabado, com maior valor agregado, visando incrementar a rentabilidade do nosso industrial e criando mais empregos para todo segmento.

Além dessas diretrizes, Cardoso defendeu a participação e fortalecimento  do Conselho Consultivo da ABIC, formado por Almir Filho, que presidiu a ABIC no período 2008/2011, Marcelo Barbieri, CEO da Melitta South America, André Maurino, presidente da JDE Brasil, Ricardo Silveira, ex-presidente da ABIC no triênio 2019/2022, e Vicente Lima, da 3corações.

O presidente destacou que, em 2023, a Associação completará 50 anos: “A ABIC tem muitas conquistas e vitórias a serem comemoradas, atingidas com grandes esforços de todo o setor e dedicação de nossas lideranças”. Ele concluiu seu discurso afirmando haver muitas tarefas a serem feitas, mas que está confiante que sua gestão será pautada pela busca do consenso, sem nunca deixar de lado as  necessidades dos Associados.

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