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Projeto de estudo da Daterra resulta em mel da florada do café

A busca por experiências, oportunidades e análises são constantes na Daterra, produtores de café que passaram a avaliar o trabalho das abelhas na fazenda, testando a produção de um mel da florada do café.

O projeto

Juliana Sorati, assessora de marketing da Daterra, explica que tudo começou não por causa do mel, mas por causa das abelhas. O Luis Norberto, fundador e CEO da Daterra, e a equipe de pesquisa da fazenda começaram os efeitos da polinização por abelhas.

Estudos realizados em outras culturas, como a de maçãs, por exemplo, sugerem que áreas polinizadas por abelhas produzam frutos de melhor qualidade ou com mais produtividade. Como não existem estudos no café, a Daterra decidiu realizá-lo. Para isso, fizeram uma parceria com a AgroBee, startup que conecta apicultores e fazendeiros que queiram trabalhar com abelhas para melhora de produtividade. Através deles, conheceram o Daniel Almeida, do Apiário Judá, que produz mel pertinho da Daterra.

A fazenda foi mapeada e três pontos selecionados para receber as abelhas que voam 1.5 km. Então, para garantir que elas tivessem acesso somente às flores de café, foram posicionadas em áreas sem vegetação frutífera no raio de 1.5 km. Em consequência, foram produzidos 300 kg de mel.

“Quanto à pesquisa do café, vamos entender melhor o impacto das abelhas somente na próxima safra, então não temos o que compartilhar a respeito de melhorias na produtividade ou qualidade por hora”, explica Juliana.

Para a produção do mel na florada, as abelhas ficaram na fazenda por um mês, entre o meio de setembro e o meio de outubro. Depois disso, elas foram recolhidas e o mel passou por etapas de filtragem no apiário do Daniel. Como a florada do café acontece somente uma vez ao ano e as flores duram, em média, apenas três dias, esse mel é um produto muito específico. Quanto ao sabor, Juliana conta que é bem diferente do mel convencional: “ele é menos doce, tem cor amarelo-claro e um sabor bem delicado”.

Ela ressalta que o mel foi uma consequência de um projeto de pesquisa, não foi um objetivo em si, então por isso é difícil falar em produção. Quanto aos cuidados, existem dois bem importantes. O primeiro é avaliar os produtos utilizados nas plantas antes da florada para que não causem nenhum prejuízo às abelhas, mas que também não comprometa a produção da safra – este é, inclusive, um dos tópicos da pesquisa. O segundo cuidado é o físico: o desafio logístico de organizar as regiões que receberam abelhas para evitar picadas nos colaboradores.

“Apesar do desafio, acreditamos muito no valor dessa pesquisa, achamos que ela tem potencial para agregar muito à agricultura brasileira. Mas seguimos nos testes para entender o universo da apicultura. Não temos o objetivo de ter uma produção de mel, mas sim em entender se as abelhas têm algum impacto sobre o café. O mel é um bônus”, completa Juliana.

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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