Mercado

Mercado de cafés no Oriente Médio é tema de palestra em São Paulo

A cafeteria paulistana IL Barista cede seu espaço, no dia 12/3, para uma palestra sobre o mercado de cafés no Oriente Médio dada pela consultora Cleia Junqueira, da The Coffee Connoisseur Collective. A brasileira, que trabalha em torrefações de Dubai há mais de dez anos e já atuou como juíza em campeonatos internacionais e coordenou o Centro de Preparo de Café do Sindicafé-SP,  completa em 2025 duas décadas de trajetória no mercado cafeeiro.

Durante o bate-papo, a especialista apresenta assuntos como o aumento do consumo de café (especialmente solúvel) na região e as preferências do mercado local, além de temas como tecnologia, sustentabilidade, cafés engarrafados e cafeterias drive-thru e com robôs, entre outros.

As vagas são limitadas (30 lugares) e custam R$ 150. As inscrições devem ser feitas pelo telefone (11) 2538-1155. O evento conta com apoio institucional da Câmara de Dubai – Escritório de São Paulo e patrocínio da rede de cafeterias e microtorrefação IL Barista.

Serviço
“Tendências do mercado de café no Oriente Médio” (palestra)
Quando: 12/3
Horário: das 19h às 21h
Onde: Rua do Consórcio, 191 – Vila Nova Conceição – São Paulo (SP)

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Seminário Internacional do Café acontece em maio, em Santos (SP)

Santos (SP) recebe, entre 21 e 23 de maio, a 24ª edição do Seminário Internacional do Café. O evento, voltado para produtores, pesquisadores, exportadores, compradores e representantes da indústria, a agenda deste ano busca oferecer uma visão ampla do cenário mundial e apontar caminhos para superar desafios e atingir grandes marcas no setor.

Entre os temas abordados nos painéis deste ano estão inovação, agro, café, marketing, consumos alternativos, agenda verde e o mercado cafeeiro na visão das empresas. As pesquisas e estudos giram em torno de cenários globais, novidades tecnológicas e tendências de consumo, entre outros assuntos. 

Já confirmaram presença palestrantes como o economista Ricardo Amorim, Bill Murray, presidente e CEO da National Coffee Association, Eileen Gordon Laity, secretária-geral da Federação Europeia do Café, Giuseppe Lavazza, presidente do Grupo Lavazza, Marcos Matos, CEO do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), além de Vanúsia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC) e Hugo Rodrigues, presidente do McCann Worldgroup.

Em 2022, foram registradas 500 inscrições, de mais de 20 países. Elas podem ser feitas no site, que traz mais detalhes da programação. 

Serviço
24ª edição do Seminário Internacional do Café
Quando: 21 a 23 de maio
Onde: Blue Med Convention Center – Pr. Almirante Gago Coutinho, 29 – Ponta da Praia – Santos (SP)
www.seminariocafesantos.com.br 

TEXTO Redação

Barista

Daniel Munari é bicampeão do Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits

O barista curitibano Daniel Munari, da Royalty Quality Coffee, foi consagrado, pela segunda vez, campeão no Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits, que aconteceu em Porto Alegre (RS) entre 1º a 3 de março. Mari Mesquita, de Brasília (DF), conquistou o segundo lugar e Leo Oliva, também de Curitiba (PR), ficou em terceiro. Assista a final da disputa aqui.

A competição, que julga as habilidades no preparo de drinques alcoólicos com café, contou com oito participantes em busca do título. Em sua apresentação, que teve como tema a sustentabilidade na cafeicultura, Munari preparou primeiro o drinque quente, chamado Upcycle, composto por folha seca de figo, óleo de pequi, conhaque sherry cask, licor de umê, cordial de amora e beterraba, soro de leite e café filtrado na clever, que, segundo ele, atribuiu notas de frutas roxas à bebida. Na montagem do drinque gelado, nomeado Deserto, o campeão utilizou tequila, cordial de goiaba, suco de pitaya, solução salina e espresso. Usado em ambos os drinques, o grão escolhido foi um catucaí S2L, fermentado, cultivado por Jean Faleiros na Fazenda Santa Mônica, em Ibiraci (MG), Alta Mogiana. 

Já no irish coffee, o barista utilizou whisky kavalan taiwanês finalizado em barril reaproveitado de vinho do porto, xarope de mel, xarope de agave, creme de leite gaúcho e café – dessa vez, escolheu um catuaí vermelho, seco em terreiro suspenso na Fazenda Santa Mônica, que, na xícara, diz o campeão, apresenta notas cítricas e de laranja. “Escolhi o café do Jean porque ele faz um trabalho de sustentabilidade e regeneração bastante pioneiro. É um produtor que questiona o sistema na cafeicultura”, explicou Munari à Espresso.

Quando perguntado pela nossa equipe sobre a preparação para essa edição, após ter ganhado no último ano, Munari responde: “Os feedbacks que recebemos depois das competições ajudam muito a ganhar pontos importantes, mas garanto que o nervosismo pré-competição é o mesmo todo ano”. 

Munari vai representar novamente o Brasil no Campeonato Mundial da categoria, que acontece em Copenhague, Dinamarca, em junho. No ano passado, ele ficou em oitavo lugar na mesma competição, em Taipei. “A participação no Mundial de Taipei mostrou que é possível sonhar alto, então estou mirando na final. Acredito que na final o jogo muda e todos ficam muito emparelhados. Quem errar menos, ganha”, comenta.

O Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits é realizado pelo projeto “Brazil. The Coffee Nation”, em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Apex-Brasil.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Matheus da Silva/BSCA

Mercado

Nespresso oferece drinques gelados em evento gratuito na capital paulista

Pensando nos dias quentes deste verão, a Nespresso realiza um evento a céu aberto neste fim de semana, 2 e 3 de março, no Parque do Povo, em São Paulo (SP). Com o tema “Californian Dream”, representando o estilo de vida da Califórnia, a programação dos dois dias conta com demonstrações de novidades, masterclasses e degustações gratuitas com parceiros da marca.

Em um estande interativo, a masterclass vai preparar drinques gelados com lançamentos recentes da marca, como as cápsulas Juice Watermelon Flavour Over Ice e Coconut Flavour Over Ice, que fazem parte da linha Barista Creations For Ice. As receitas serão harmonizadas com produtos da Bacio di Latte, que oferecerá degustação de seus  principais sabores de gelato.

O evento é gratuito, basta chegar. Para participar da masterclass, é necessário fazer inscrição no local.

Serviço
Quando: 2 e 3 de março
Horário: 9h às 17h
Onde: avenida Henrique Chamma, 420 – Pinheiros – São Paulo (SP)

TEXTO Redação

Mercado

Pressca anuncia compra de ativos da Bravo Concept, empresa de acessórios para espresso

A Pressca, empresa brasileira inovadora no segmento de cafeteiras portáteis, anunciou em fevereiro a aquisição dos ativos da Bravo Concept, que produz equipamentos profissionais para café. A união das empresas já entrou em vigor. 

De acordo com Ciro Pereira, diretor da Pressca, as negociações começaram em 2020. Concluída a aquisição, a Pressca assegura os direitos de produção, comercialização e utilização da marca Bravo Concept. “Estamos entusiasmados com essa nova jornada e confiantes de que a união entre a Pressca e a Bravo Concept vai elevar a experiência do café”, comemora. 

Gilberto Santos, fundador da Bravo, permanece ativamente envolvido nas áreas técnica e comercial. Ele comenta que, desde o início, a ideia era concentrar esforços na criação e no desenvolvimento de produtos, mas que foi preciso, primeiramente, fortalecer a marca para depois alinhar algum tipo de parceria na produção e no desenvolvimento de novidades. 

“Foi então que comecei a tratar com a Pressca, que tinha o que eu precisava, que é estrutura, engenharia e perfil industrial, além de ser do mesmo nicho. Era o perfil que procurava”, conta Santos à Espresso. “A marca Bravo ainda é minha. Eles vão produzir e vender, e eu vou me dedicar à assistência pós-venda e à criação de novos produtos e melhorias”, explica.

Segundo Pereira, daqui para frente o objetivo é ampliar a produtividade e focar em novidades. “De imediato, queremos dar mais escala para o negócio da Bravo, já que, antes, ficava tudo concentrado no Gilberto”, explica ele. “Vamos manter o primor de qualidade que ele sempre teve e tentar dar uma estrutura maior ao modelo de atendimento”, completa. “Desejamos ampliar mercados fora do Brasil, algo que o Gilberto sempre fez muito bem, e seguir aprimorando produtos e desenvolvendo outros, para atender maiores demandas”, projeta Pereira.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Pressca e Bravo Concept/Divulgação

Mercado

Design e espresso artesanal: conheça a Bruta

Foto: Edu Rodrigues

“Eu comecei a fazer a Bruta de maneira muito intuitiva, um hobby, uma curtição mesmo. Uma maneira de aprender mais sobre café”, conta Edu Rodrigues. O fotógrafo publicitário começou a se interessar pelo café em 2003, quando o mercado ainda engatinhava.

De lá para cá, entrou na onda de preparar espresso em casa. E foi durante a pandemia que finalmente resolveu tirar a ideia do papel e pôr a mão na massa para construir um equipamento artesanal que apresentasse uma boa extração. “A ideia sempre foi fazer uma máquina muito simples, o mínimo para uma pessoa comum fazer um espresso em casa. Achei um torneiro mecânico fresador entediado, com a oficina fechada. Ele topou desenvolver o projeto junto comigo”.

Edu Rodrigues – Foto: Marcos Vilas Boas

Ao todo, a Bruta é feita de aço carbono, aço inox, latão, concreto, cerâmica, vidro e madeiras nobres, exóticas e desconhecidas, resgatadas pelos “caminhos da vida”, como ele mesmo explica. O equipamento não conta com plástico nem papel. Fora o trabalho do torneiro mecânico, o restante é o próprio Edu quem monta, ou seja, é realmente um processo 100% artesanal e cuidadoso, o que faz com que cada peça seja única.

De acordo com ele, a Bruta é ideal para quem quer aprender mais sobre café, se aprofundar, descobrir diferentes características, entender mais sobre os processos de torra, moagem e frescor. “Tem os modelos de parede, os com base de concreto e outros com base de madeira e, eventualmente, alguma graça. Mas mesmo os modelos básicos não são básicos. Todos são numerados e montados um por um. Nenhuma Bruta é igual a outra”.

Aos interessados em saber mais informações ou até mesmo encomendar uma Bruta, basta entrar em contato através do direct do Instagram @bruta_espresso

TEXTO Gabriela Kaneto

Café & Preparos

“Café é uma coisa viva”: como desenvolver o perfil de torra ideal

Alguns mestres de torra costumam chamar café de ”coisa viva”. A expressão pode soar um tanto quanto esquisita e enigmática, mas significa que o café, em todos os seus aspectos, comporta-se de maneira diferente e não linear. 

Esse profissional, inclusive, é craque em sambar conforme a música quando o assunto é lidar com alterações durante o percurso da torra.

Nessa etapa, os grãos se comportam como crianças mimadas, tentam fazer o que querem, quando querem e exigem muito cuidado e atenção. Ao mestre de torra, cabe ficar atento a todas as variáveis que podem afetar o sabor da bebida. Isso inclui desde a temperatura do equipamento, quantidade de calor usado durante a torra, tempo de execução e vida útil do lote do grão cru, até considerar se o ar-condicionado está ligado e se o dia está quente ou frio, seco ou úmido. 

É necessário, ainda, ter conhecimento prévio do que esperar daquele lote que está prestes a entrar no torrador. Informações como tipo de processamento, altitude, região de cultivo e densidade do grão podem guiar esse profissional na hora de configurar o software de torra e o equipamento antes de iniciar o processo. 

Para saber mais sobre essa etapa tão importante da nossa bebida favorita, como desenvolvê-la corretamente e quais desafios enfrentados, conversamos com a Elis Bambil, mestre de torra, professora e consultora na Punga Cafés Especiais, escola de barista e microtorrefação de São Paulo. 

Elis Bambil, mestre de torra, professora e consultora

Como construir o perfil de torra ideal?

Conhecer a matéria-prima que você tem em mãos, testar e provar, testar e provar. Aqui na torrefação, a gente trabalha com perfis sensoriais de cafés achocolatados e frutados, então, quando chega uma amostra, já sabemos mais ou menos o que esperar sensorialmente desse grão, e usamos um perfil base (é uma referência que já foi testada em lotes com características parecidas, como sensorial, densidade, região e processamento) para fazer um teste inicial. 

Aos poucos, após as provas, decidimos como fazer ajustes para deixar o café mais próximo do que queremos ou esperamos dele, alterando a temperatura de entrada do café no torrador, o tempo de secagem do grão, a caramelização ou o desenvolvimento durante a torra.

Entender a densidade do grão com o qual trabalhamos também nos dá um norte sobre a quantidade de energia (calor) que vamos precisar colocar nesse café em determinados momentos da torra.

Quais são as dificuldades no desenvolvimento de um novo perfil?

A principal dificuldade é lidar com uma matéria-prima viva, que foge do meu controle e contraria as minhas expectativas. Há algum tempo, a gente estava com um café que, em teoria, deveria reagir de determinada maneira durante a torra mas que, provavelmente pela alta quantidade de açúcar, torrava de maneira mais rápida do que o esperado.

Já que café é uma coisa viva, como você identifica possíveis mudanças necessárias no perfil e, geralmente, quais são elas?

Não acredito em curvas de torra 100% replicáveis. Gosto de adotar mudanças. Isso envolve conhecer a fundo o café com o qual estou trabalhando e as informações técnicas sobre ele, como o rate of rise – quantos graus celsius o café cresce por minuto. Existe uma média saudável e variável para cada lote, portanto, busco manter essa régua estável enquanto faço modulações no torrador, como quantidade de calor, fluxo de ar, velocidade do cilindro. 

Me atento à temperatura de entrada do café no torrador, ao tempo de cada fase do processo, o que funciona para determinado café e o quanto de temperatura esse café costuma ganhar em cada uma das fases. A partir daí, faço alterações na quantidade de chama, no fluxo de ar e na rotação de tambor, para que esse café se mantenha na média que defini. Depois, faço uma prova para saber se funcionou, e se o perfil sensorial original se manteve.

Como garantir que a replicabilidade da torra aconteça de maneira uniforme em lotes de um mesmo café?

A xícara não mente. Na torrefação, quando percebemos que houve uma variação muito grande do perfil inicial determinado, a gente separa esse café e prova, para garantir que, mesmo com essas mudanças, o café seja entregue como esperado pelo cliente. Mas não é possível garantir replicabilidade total, nem continuar aplicando exatamente o mesmo processo por meses, dias e, até mesmo, horas. Ao longo dos meses, a matéria-prima envelhece lentamente, portanto, observar esse desenvolvimento é importante para fazer alterações no perfil para manter a qualidade do café.

Qual foi seu maior desafio quando começou a torrar café?

Encontrar material científico que validasse as experiências que acontecem durante a torra. 

Na época, existiam poucos artigos traduzidos ou publicados em português. Boa parte do material era estrangeiro. Se você não tem o básico de inglês, isso pode ser um grande entrave.

Ainda, os profissionais que eu conhecia pelo caminho tinham um conhecimento muito empírico e quase holístico sobre a torra. A vivência empírica é valiosa, mas o saber técnico e validado cientificamente é necessário na hora de ensinar o outro. Por sorte, nessa jornada, conheci uma grande amiga, que à época era minha chefe, e que seria minha sócia na torrefação. Com ela, aprendi e continuo a aprender os aspectos físicos e químicos que acontecem no processo de torra, de forma acessível e descomplicada. 

TEXTO Letícia Souza

Cafezal

Café sob a lupa de especialistas

Quantas notas sensoriais podem ser encontradas dentro de uma xícara? Antes que você dê o primeiro gole e faça as suas anotações, profissionais treinados (provavelmente) já analisaram o seu café. Conheça o papel do Q-Grader na compra e avaliação de lotes e a sua importância para a melhoria contínua da qualidade dos grãos brasileiros 

Foto: Agência Ophelia

Quando adquirimos um café especial, é comum encontrarmos na embalagem a descrição sensorial da bebida, como frutas vermelhas, açúcar mascavo, caramelo. Já na xícara, buscamos essas referências principalmente a partir de aroma e sabor, e acessamos nossa memória para identificar novas notas que podem aparecer entre um gole e outro. Para nós, consumidores, esse é um exercício despretensioso, um ritual a cada café tomado. Mas, por trás do prazer sensorial, existem características  complexas, profundamente analisadas por profissionais que se dedicam, diariamente, a identificar, descrever e analisar o melhor (ou não) de cada grão. 

Quem é e o que faz um Q-Grader

Os chamados Q-Graders — provavelmente você já ouviu falar deles — são os responsáveis por avaliar e emitir laudos de qualidade em café. Em inglês, Q é a abreviação de “quality”, enquanto Grader significa classificador, avaliador. Porém, diferentemente do classificador de café, o Q-Grader é uma certificação internacional que habilita profissionais por meio de uma metodologia específica, faz com que eles estejam aptos a avaliar física e sensorialmente um grão, e categorizá-lo como “especial” ou “não especial” dependendo dos atributos positivos e defeitos encontrados. Já o classificador não precisa, obrigatoriamente, ser certificado como Q-Grader.

“Os dois profissionais são extremamente importantes no mercado de cafés, tanto especial quanto comercial”, afirma Donieverson dos Santos, Q-Grader há quatro anos. “Essas profissões são complementares, e fazem com que a avaliação do café seja conduzida com seriedade e profissionalismo, valorizando o produto e destinando-o comercialmente de maneira correta”, completa. 

Como tornar-se um Q-Grader

É necessário realizar o curso de capacitação, oferecido pelo Coffee Quality Institute (CQI). Durante o curso — que também acontece no Brasil, em locais validados pelo CQI —, o profissional é treinado e avaliado em diferentes aspectos relacionados à análise sensorial, para aprofundar-se em certificações específicas: Q-Grader, para cafés arábica, ou Q-Robusta Grader, para cafés canéfora.  

KJ Yeung, Q-Grader há três anos, conta que a avaliação é feita em uma semana – mas não se engane: apesar do pouco tempo, é um aprendizado intenso. “A resiliência do candidato ao treinamento é a peça-chave para a aprovação”, explica KJ Yeung. Segundo ele, além da resistência física e mental durante as aulas e provas, o participante precisa conhecer avaliação sensorial em profundidade, a partir da vivência em provas no dia a dia, ou, pelo menos, uma boa percepção do método. Ainda segundo o profissional, as softskills adquiridas fora do ambiente de trabalho são essenciais: “ter curiosidade, não apenas sensorial, é a base para ser um bom avaliador. Quanto maior a experiência, mais ampla é a percepção de qualidade, que pode ser bem flexível e subjetiva dependendo do lugar”, ensina. Outra característica importante, de acordo com o Q-Grader, é ter senso crítico. “O que não significa ser severo, mas reconhecer, realmente, as características de um café, positivas ou negativas”, destaca. 

Não é necessária nenhuma habilidade especial para ser um bom profissional. Ao longo do tempo, porém, algumas medidas podem ser tomadas para que o desempenho do profissional não seja comprometido, e ele consiga tornar-se referência. Entre elas, evitar o consumo excessivo de álcool e de tabaco, ter uma alimentação balanceada, buscar aumentar sempre seu leque sensorial e manter-se em aprendizado contínuo, além de continuar a ter foco e curiosidade.

Avaliação do café

O café é avaliado e classificado em duas etapas: classificação física e análise sensorial. No caso dos cafés especiais, faz-se primeiramente a amostragem. “Ela deve ser representativa do lote. Se a amostragem não for bem-feita, a análise e a compra do grão podem ser prejudicadas”, aponta a Q-Grader Camila Arcanjo, que atua no ramo há dez anos. 

Na etapa de classificação física, o grão cru (café verde) é avaliado em uma série de fatores, como definição do produto (arábica ou canéfora), porcentagem de umidade, presença de material estranho, defeitos extrínsecos e intrínsecos, odor, cor, tamanho (peneiras) e porcentagem de defeitos (quebra ou catação).

Depois, parte dessa amostra é torrada para o processo de avaliação sensorial. “Aqui, aproveitamos e avaliamos a quantidade de quackers por 100 gramas de café torrado”, explica Camila. Quackers são os ‘grãos pálidos’ definidos na Classificação Oficial Brasileira (COB). “Essa amostra será avaliada no ponto de torra médio, e a granulometria deve permitir que 70 a 75% do pó de café passe por peneira 20 mesh (quanto maior o número do mesh, mais fino será o pó), entre 8 e, no máximo, 24 horas depois da torra”, detalha a especialista.

Durante a análise sensorial, se o produto for comercial, ele será avaliado em diferentes grupos de bebida: estritamente mole, mole, apenas mole, duro, riado, rio ou riozona. Se o café for especial, os parâmetros avaliados irão definir uma determinada pontuação, que geralmente varia de 60 a 100 pontos. Cafés considerados especiais devem pontuar acima de 80. São analisados nesta etapa aroma/fragrância, sabor, finalização, acidez, balanço (equilíbrio), uniformidade, limpeza (ausência de defeitos), doçura e avaliação pessoal.

Foto: Igor do Vale

Divergências entre avaliações

Um Q-Grader que trabalha para um produtor e um Q-Grader de concursos avaliam o mesmo café de formas diferentes? Para Donieverson, isso depende das condições em que o produto é analisado. “O protocolo padroniza a avaliação e dá respaldo para que o café seja avaliado nas mesmas condições, independentemente do local”, diz ele. No entanto, outros fatores podem colaborar para a divergência de avaliações: a calibragem, a experiência e o leque sensorial de cada provador. 

“A calibragem pode ser um dos fatores que colaboram na divergência. Profissionais descalibrados tendem a avaliar cafés de forma equivocada”, acredita ele. A experiência e o leque sensorial também são pontos que podem contribuir. Donieverson destaca ainda que provadores mais experientes, cuja biblioteca sensorial é bem desenvolvida e que tiveram a possibilidade de avaliar cafés de diferentes regiões e propriedades, são mais coerentes. “O ideal é que, caso haja diferença, ela não seja maior do que 1,5 ponto. Se isso acontecer, é recomendável que o café seja novamente avaliado e, se possível, com mais profissionais envolvidos”.

O Q-Grader na indústria e no campo

Este profissional pode trabalhar em diferentes segmentos do setor, como indústrias, tradings, laboratórios de controle e qualidade, fazendas, cooperativas, associações e, também, de forma autônoma, com a emissão de laudos de qualidade e serviços de consultoria. Na indústria, ele atua em várias etapas, mas principalmente na recepção e checagem de qualidade da matéria-prima. “Por meio de avaliação física e sensorial, ele pode aprovar ou rejeitar um lote de café que foi comprado, ao verificar se a qualidade está de acordo com os parâmetros preestabelecidos em contrato”, explica Donieverson. Outro ponto importante é a definição do produto. “Por meio de avaliação sensorial e checagem de qualidade, o profissional pode chamar atenção sobre pontos em alguma etapa do processo industrial, para melhoria e, também, para fazer a seleção de uma linha de perfis que serão utilizados pela marca, direcionando os pontos de acordo com o público e o mercado consumidor”, completa.

No campo, o Q-Grader tem papel fundamental. É ele que faz a avaliação de todos os lotes de café produzidos na propriedade, por meio de metodologia internacional e respeito aos diferentes parâmetros de análise sensorial padronizados, a fim de que o mesmo produto possa ser avaliado por diferentes profissionais, nas mesmas condições ou o mais próximo possível delas. “Sem dúvida, as propriedades com recurso e estrutura para um laboratório, onde seja possível fazer a análise sensorial de todos os lotes cultivados, têm um diferencial”, aponta Donieverson. Ele acredita que é fundamental ter um profissional certificado para auxiliar na avaliação.

É importante, também, que este profissional esteja calibrado com profissionais da mesma região e de áreas diferentes, que lidam com perfis e processamentos distintos de cafés, para que o “vício sensorial” seja menor. Além disso, é importante que não haja restrição de acesso a diferentes terroirs. “Profissionais que estão sempre provando cafés da mesma região ou propriedade tendem a padronizar a avaliação, e avaliar de forma equivocada diferentes qualidades de cafés de qualidade diferentes”, alerta o profissional.”É fundamental,  sempre que possível, a calibragem e a avaliação de diferentes grãos e regiões”, sugere. Por fim, é interessante que haja na propriedade pelo menos dois profissionais para análise sensorial do café, de modo que se possa discutir pontos convergentes e divergentes quanto à amostra analisada. 

O trabalho do Q-Grader também é relevante na venda do café. “Com a classificação e o laudo, chega-se a um valor comercial estimado para o produto”, ensina Donieverson. Com essa análise em mãos, é possível buscar e aplicar o café em diferentes mercados e empresas de compra e venda, para a obtenção de uma rentabilidade atrativa para o produto”, explica. A classificação, porém, é um respaldo para a qualidade, e não um certificado obrigatório para as empresas de comercialização. Ou seja, a negociação deve acontecer de modo que as duas partes sintam-se satisfeitas.

Texto originalmente publicado na edição #81 (setembro, outubro e novembro de 2023) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto

Mercado

Collab lança pitcher de três bicos para preparo de latte art

A Slow Pour Supply, empresa sediada no Texas, nos Estados Unidos, acaba de lançar a pitcher Kimera, em parceria com a WPM Welhome Pro, de Hong Kong. A Kimera chama atenção pelo design diferente dos modelos disponíveis no mercado.

Feita de aço inoxidável recoberto por silicone fosco, a jarra, de 500 ml, não tem alça: o que auxilia em seu manuseio é o formato dela, com três bicos. Além disso, cada um deles tem nomes distintos – e diferentes funções. O bico #06 foi projetado para a criação de corações e tulipas, ao permitir um fluxo mais “versátil” do leite, segundo os fabricantes. Já o #07 é ideal para desenhos mais complexos, como rosetas e tulipas com asas. Quanto ao bico #08, exclusivo da Slow Pour Supply, lembra uma caneta de ponta fina e dá mais precisão ao fluxo do leite quando o objetivo é “arrastar e desenhar”.

Anita Tam, CEO da Slow Pour Supply e responsável pelo projeto do #08, diz que é importante que se pense não apenas na ponta do bico, mas em toda a extensão por onde o leite passa. Para ela, o #08 tem uma abertura maior e uma ponta mais estreita que permite não apenas desenhar linhas mais finas como também obter fluxos diferentes, dependendo da textura do leite e da altura em que ele será jogado.

A Kimera poderá ser pré-encomendada ainda neste mês no site da Slow Pour Supply, por US$ 88, e estará disponível na cor preta, com a capa preta ou rosa – esta cor, por tempo limitado. Os envios devem começar em março.

TEXTO Redação / Fonte: Daily Coffee News • FOTO Divulgação/Slow Pour Supply

Mercado

La Marzocco lança máquina de espresso mini para preparos em casa

 

A La Marzocco acaba de lançar um novo equipamento para os fãs de espresso. Chamada Linea Mini, a novidade é inspirada na Linea Classic, com design moderno e funcionalidades que auxiliam o preparo de uma boa bebida em casa.

Produzidas em Florença, na Itália, as minimáquinas têm os mesmos componentes de um equipamento profissional. E, mesmo pequena, também traz caldeira dupla e um grupo integrado, o que permite estabilidade de temperatura e eficiência de energia. 

Outros recursos são um temporizador de disparo integrado, que permite monitorar precisão e consistência do preparo; um vaporizador de toque frio e ponta de polímero, que, segundo a empresa, produz um leite mais aveludado; e um sistema de pré-infusão com duas válvulas. A Linea Mini também tem ajuste fácil de pressão, enxágue com duração personalizável e modo de espera para otimizar o uso de energia.

Variáveis como temperatura e pré-infusão podem ser controladas por um aplicativo, que faz do celular uma tela de operações da máquina. Dicas, relatórios diários, tutoriais e avisos de manutenção e de limpeza também são recebidos através do app. 

A Linea Mini está disponível nas cores branco, preto, vermelho, azul claro e amarelo, por a partir de R$ 41 mil.

Mais informações: www.marzocco.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Divulgação
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