Barista

Jota de Paula vence o Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024

Barista trabalha na cafeteria Jardim do Café, em São José dos Campos (SP)

Da esquerda para direita: Eduardo Olímpio (3º lugar), Jota de Paula (campeão) e Tiago Rocha (2º lugar)

O barista Jota de Paula, da cafeteria Jardim do Café, de São José dos Campos (SP), levou a melhor no Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024, realizado nos dias 22, 23 e 24 de março, no Mercado do Café, em Brasília (DF).

A disputa, que avalia técnicas para realizar desenhos com leite vaporizado no café, teve 18 participantes. Nas eliminatórias, Jota fez uma tartaruga como primeiro desenho, e, como segundo, um mico-leão-dourado. Além dele, foram finalistas: Elves Albino (Abô Botânica e Café, João Pessoa), Eduardo Olímpio (Naveia), Tiago Rocha (Naveia), Gabriel Zanotelli (Baden Torrefação, Porto Alegre) e Ramon Dallabona (Tabenne Coffee, Curitiba). 

Da esquerda para a direita: Eduardo Olímpio, Jota de Paula, Gabriel Zanotelli, Tiago Rocha, Elves Albino e Ramon Dallabona

A final do campeonato aconteceu no domingo (24), e determinava que os competidores entregassem três desenhos aos juízes. Primeiro a se apresentar, Jota também entregou uma arara que, ao lado dos outros dois desenhos, recebeu as maiores pontuações, arrematando o troféu. 

Ao lado dele no pódio, dois nomes conhecidos: Tiago Rocha, de Curitiba, foi campeão brasileiro da categoria em 2019 e ficou em segundo lugar este ano. Já Eduardo Olímpio, de São Paulo, era o atual campeão, e conquistou a terceira posição.

Jota representará o Brasil no Mundial de Latte Art, que acontece entre 27 e 29 de junho na World of Coffee, em Copenhague, Dinamarca. 

O Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024 foi realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Apex-Brasil, como ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”. O leite oficial da edição foi o Nude e, o café, da cafeteria e torrefação Ernesto Cafés Especiais, de Brasília. A Espresso foi a mídia oficial.

TEXTO Gabriela Kaneto e Letícia Souza • FOTO Robson Alselmo

Mercado

“Se a EUDR melhora o meio ambiente, ela terá enormes impactos sociais”, diz Andrea Illy

Afirmação do presidente da illycaffè sobre regulamentação europeia antidesmatamento foi dada em coletiva na manhã desta quinta (21), em São Paulo 

Andrea Illy/Divulgação

No Brasil para a cerimônia de premiação do 33º prêmio Ernesto Illy na noite de quinta (21), o presidente da torrefadora italiana illycaffè participou, pela manhã, de entrevista coletiva para jornalistas do setor. 

Depois de um breve panorama da atuação da empresa no país, Andrea Illy afirmou movimentar-se para criar um fundo de bilhões de dólares ao ano para auxiliar países produtores do grão, reforçou os benefícios e a necessidade da adoção de práticas agrícolas sustentáveis e afirmou que o Brasil é o país mais preparado para as mudanças climáticas

A seguir, os principais trechos da conversa com jornalistas, no Hotel Renaissance, em São Paulo.

$ para o café

“Estamos tentando criar um fundo de resiliência para países produtores com objetivo de melhorar e renovar as plantações. Idealmente, ele deve ter bilhões de dólares por ano. A dificuldade é criar um modelo para ele. Vai ser um milagre se conseguirmos”.

Fundo para o Brasil?

“Devemos considerar que o Brasil é bem financiado por recursos do Estado e se há necessidade de mais investimento privado”.

Economia circular

“2/3 das emissões de carbono vêm da agricultura e a solução é a agricultura regenerativa. Quanto à indústria, a saída é a economia circular”.

By 2050

“Até 2050, 50% das terras adequadas para o café deixarão de ser devido às alterações climáticas”.

Agricultura Regenerativa

“Desde 2018, a illy tem um protocolo do que chama de agricultura virtuosa, que envolve não só sustentabilidade como também saúde. Os princípios: enriquecimento do solo com carbono orgânico, que nutre a microbiota do solo que, por sua vez, desenvolve serviços sistêmicos, como fixação de minerais e lutas microbiológicas contra doenças, resultando na diminuição do uso de defensivos e fertilizantes minerais”.

“A agricultura virtuosa permite que não só nos adaptemos às mudanças climáticas como mitiguemos seus efeitos, com hidratação do solo, aumento de biodiversidade e, acima disso, melhora na qualidade dos cafés”.

EUDR

“É uma ótima proposta. Mas quando se normaliza uma lei, é difícil considerar a complexidade do sistema. Países produtores, por várias razões, não são capazes de ter rastreabilidade de seus cafés para se adaptar a essa lei antidesmatamento. Os problemas serão enormes, principalmente para os países africanos. Se a lei melhora o meio ambiente, ela também terá enormes impactos sociais”.

Brasil e mudanças climáticas

“O Brasil, com diferentes ecossistemas, é o país mais adaptável aos desafios climáticos. No Cerrado Mineiro, além da mecanização, a política é renovar os cafezais a cada 12 anos. Há ainda o fato de que existem 80 milhões de ha de terras degradadas por pastagens, e 2 milhões de ha de cafezais”.

O valor de uma xícara de café

“A regra do jogo é não só aumentar o prazer na xícara mas também diversificar a qualidade, com diferentes origens e métodos de processamento, que tornam o café mais do que um complemento funcional, mas uma experiência sensorial e intelectual”.

2024 e o mercado

“Há eleições presidenciais em três grandes blocos: EUA, Europa e Rússia, que podem mudar o cenário mundial”.

2024 e os preços 

“Difícil falar de preço do café porque falta transparência no mercado. Segundo a OIC, houve um surplus de 1,2 milhões de sacas em 2023 e a expectativa para 2024 é de 4,5 milhões”.

Sobre a La Niña, que já vem

“Ela já é um efeito das mudanças climáticas. Para o Brasil, ela tipicamente traz mais chuva e diminui a temperatura. Mas é difícil prever, de um modo viável, como eventos climáticos podem impactar financeiramente o valor do café”.

Evolução do consumo

“50% do consumo mundial está no norte do mundo ocidental. A penetração nos países ricos já é elevada e, portanto, difícil aumentar esse consumo. Embora autocrático e mais fechado, a China tem enorme potencial de crescimento. Já a Índia tem altas taxas de importação para o café e não aposto que, na próxima década, o país seja um gigante de consumo”.

Inteligência Artificial na agricultura

“Todos os nossos processos são embasados em IA. Sistemas agroecológicos são complexos, e os de saúde, mais ainda. O maior desafio é criar bancos de dados que possam, por sua vez, criar modelos de IA com coerência. Esperamos que a Inteligência Artificial Generativa acelere esse processo”.

TEXTO Por Cristiana Couto

CafezalMercado

Minas Gerais leva a melhor no 33º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso

A noite da última quinta-feira (21) foi de festa para a illycaffè. A empresa italiana realizou, em São Paulo (SP), a cerimônia de premiação do 33º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, que contou com a inscrição de 760 amostras vindas de diferentes regiões do país. 

Minas Gerais se destacou por ser a origem dos três primeiros lugares. Os vencedores nacionais da vez foram Décio Bruxel, de Varjão de Minas, Cerrado Mineiro; Flávio da Costa Figueiredo, de Cabo Verde, Sul de Minas; e Matheus Lopes Sanglard, de Araponga, Matas de Minas.  

Da esquerda para a direita: Flávio Figueiredo, Matheus Sanglard e Décio Bruxel – Foto: Divulgação

A ordem entre eles será divulgada apenas no 9º Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy e reúne os melhores cafeicultores dos países que fornecem grãos para a illy. Além de diplomas e de passagens para a premiação internacional, os ganhadores nacionais foram consagrados com R$ 10 mil cada.

Para selecionar as amostras finalistas, a comissão julgadora da illy analisou quesitos como cor, aspecto, seca, tipo, peneira, teor de umidade, torração e qualidade da bebida. Com início em 1991, a premiação já reconheceu mais de 1.500 produtores brasileiros, destacando a qualidade, a sustentabilidade e o comprometimento na cafeicultura do Brasil. 

Além dos vencedores nacionais, a edição também premiou os destaques nas categorias Regional e Classificador do Ano:

Categoria Regional

Centro-Oeste
Márcio José Gremonesi – Catalão (GO)
Gelsi Zancanaro – Cristalina (GO)

Cerrado Mineiro
Décio Bruxel – Varjão de Minas (MG)
Eduardo Pinheiro Campos – Presidente Olegário (MG)

Sul
Luiz Roberto Saldanha – Jacarezinho (PR)

Sul de Minas
Flávio da Costa Figueiredo – Cabo Verde (MG)
Renato Assis Moreira – Cabo Verde (MG)

São Paulo
Agropecuária da Pedra – Torrinha (SP)
João de Deus Tranquillini – Caconde (SP)

Chapada de Minas
Maria Cacilda Arroyo – Ninheira (MG)
Luís Manuel Fachada Martins da Silva – Angelândia (MG)

Matas de Minas
Matheus Lopes Sanglard – Araponga (MG)
Raimundo Dimas Santana – Araponga (MG)

Classificador do Ano
Luiz Evandro Ribeiro – Cooxupé – Matas de Minas
Edenilson de Oliveira Cabral – Matas Estate Coffee – Matas de Minas
Ricardo Nogueira Coelho – Origem Corretora de Café – Cerrado Mineiro

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

Café & Preparos

Cafés funcionais são unanimidade entre especialistas e apreciadores?

Suplementos à base do grão viram moda em academias e são opção como estimulante físico 

É comum a associação do café como bebida a movimentos e processos históricos na Europa do século XVIII, como o Iluminismo e a Revolução Industrial. Afinal, independentemente de seu aspecto “político”, uma das características que nunca despertou controvérsias desde os árabes é sua capacidade de fornecer foco e disposição a quem o consome.

Porém, no tempo cada vez mais veloz do século XXI, o café cotidiano não parece mais ser suficiente. Aí é que entram os chamados cafés funcionais, produtos em que o ingrediente é associado a outras substâncias para intensificar a capacidade de concentração e de performance em atividades físicas associadas ao bem-estar, como preconizam seus fabricantes. 

A Caffeine Army, que fabrica o SuperCoffee e já está na versão 3.0, combina na bebida energética mais de 20 componentes, como triglicerídeos de cadeia média (uma gordura encontrada no óleo de coco), canela, gengibre, taurina, complexo de vitaminas B e colágeno, além da  cafeína. “A ideia é ser um supercafé, ao adicionar outros benefícios e otimizar o café no corpo”, explica Murilo Allan, sócio e head de marketing da marca.

Além da Caffeine Army, outras empresas embarcaram nesse nicho. Basta uma pesquisa rápida na internet para encontrar cafés funcionais à venda on-line, em lojas de suplementos e em gôndolas de supermercados. Existe até funcionais para veganos, como a UltraCoffee, marca da Plant Power (do mesmo grupo de A Tal da Castanha e da 3Corações), com três opções de sabor à base de plantas (sem uso de leite).

A despeito das boas intenções dos fabricantes, os supercafés são vistos com cautela por profissionais de saúde. “Quem tem sensibilidade à cafeína pode ter taquicardia ao consumi-los. Como é um estimulante, pode ter efeito contrário e causar dificuldade de concentração”, alerta Priscilla Primi Hardt, mestre em nutrição pela USP, nutricionista clínica e funcional. Rafael Café Sforcin, professor de educação física, tem a mesma opinião. “Se um aluno meu quiser aumentar sua disposição, precisa ser avaliado por um profissional”, recomenda. “Às vezes é uma anemia e, no lugar de uma medicação adequada, o aluno engana o organismo com um produto termogênico, jogando cafeína em cima do problema”, analisa. 

“Colocamos cafeína microencapsulada para liberar aos poucos a substância no organismo e não ter o pico usual dos cafés tradicionais”,  explica Allan, que defende um consumo não exagerado do estimulante. “Assim, proporcionamos uma energia duradoura, mas não tão agressiva”, complementa ele sobre o produto, que ainda leva cafés verde (pela alta concentração de ácido clorogênico, um antioxidante) e solúvel – este, denominador comum de todas as receitas dos funcionais.

Versátil no preparo culinário e de bebidas, o café solúvel é uma potência no Brasil – somos o maior produtor e exportador mundial, com cerca de 10% da safra voltada à sua elaboração, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS). E, é claro, os fabricantes estão de olho nos supercafés. 

“O volume não é muito elevado quando comparado a outros consumos”, comenta Eliana Relvas, barista e consultora da ABICS, que vê crescer o interesse pelos cafés funcionais no mundo todo. Para as indústrias, é uma maneira de estar nesse nicho de mercado, com alto valor agregado e ligado à saúde”, analisa. Em 2022, a Caffeine Army faturou R$ 106 milhões com a venda de seus rótulos nos Estados Unidos.

Embora assunto recorrente em academias e entre influenciadores fitness, o café funcional não é familiar entre especialistas e apreciadores da bebida. E, entre os poucos que o provaram, não há unanimidade. “Para quem busca qualidade sensorial, não recomendo”, opina Sforcin, que é apreciador de cafés de qualidade e ressalta a presença de adoçante natural (stevia) na maioria dos produtos. Já a jornalista e especialista em café Gi Coutinho considera o segmento atrativo para o mundo do café. “Pode virar uma bebida gostosa e palatável para o consumidor”, diz. Mas faz seu alerta: “Vejo muita gente nas redes sociais misturando café com café funcional, fazendo uma bomba de cafeína. Isso é preocupante”. Então, fica a dica: beba com moderação.

Reportagem publicada na Espresso #79 (março/abril/maio 2023).

TEXTO Beatriz Marques • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz

Barista

Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024 divulga lista de competidores

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) anunciou hoje (18) os 18 competidores que disputarão o Campeonato Brasileiro de Latte Art 2024. O evento acontece de 22 a 24 de março, em Brasília (DF), no Mercado do Café. 

Os 18 baristas competidores:

César Romano – Curitiba (PR)
Cristian Limas da Rosa – Porto Alegre (RS)
Eduardo Olímpio – São Paulo (SP)
Elves Albino – João Pessoa (PB)
Gabriel Duarte Zanotelli – Porto Alegre (RS)
Leo Mesquita – Rio de Janeiro (RJ)
Isis Rodrigues – Porto Alegre (RS)
Joabner Santana Azevedo – Brasília (DF)
João Michalski – Cascavel (PR)
Jota de Paula – São José dos Campos (SP)
Jonatha Nascimento – João Pessoa (PB)
Juliano Souza – Porto Alegre (RS)
Juliano França – Birigui (SP)
Gael Lirian – Porto Alegre (RS)
Ramon Dallabona – Curitiba (PR)
Tiago Rocha – Curitiba (PR)
Vinicius Dias – São Paulo (SP)
Wesley Oliveira – Porto Alegre (RS)

Os baristas têm que demonstrar criatividade e habilidade ao desenhar com o leite vaporizado sobre o espresso. A competição tem três fases – eliminatórias, semifinal e final –, e a grande final acontece domingo (24).  

O café oficial da edição de 2024 foi torrado pela equipe do Ernesto Cafés Especiais, cafeteria e torrefação brasiliense. Os grãos escolhidos são da variedade catuaí amarelo, de processamento natural, cultivados pelo produtor Augusto Borges, na Fazenda Capadócia, em São Gonçalo do Sapucaí, Mantiqueira de Minas. Na xícara, apresenta notas de chocolate ao leite, com doçura elevada, acidez presente e finalização refrescante.

A Espresso é mídia oficial do Campeonato Brasileiro de Latte Art. Acompanhe os resultados no nosso Instagram.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Latte Art
Quando: 22 a 24 de março, a partir das 12h
Onde: Mercado do Café – 509, bloco C – Asa Sul – Brasília (DF)
Mais informações: www.bsca.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Cafezal

Verônica Belchior é a nova integrante da World Coffee Research

A brasileira Verônica Belchior é a mais nova Cientista Pesquisadora de Avaliação da Qualidade do Café da World Coffee Research (WCR). Com quase 15 anos de experiência em cafés, Verônica é doutora em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Q-Grader desde 2013. Em 2014, criou sua versão do curso de Análise Sensorial de Cafés Especiais e participou do Projeto The Coffee Sensorium.

Seu papel na WCR – organização de pesquisa sem fins lucrativos dedicada a promover sustentabilidade e lucratividade da indústria do café – é contribuir com os programas de pesquisa, desenvolvimento e melhoramento de variedades, particularmente na avaliação da qualidade dos grãos em muitas origens de café pelo mundo. Ela também vai supervisionar e fortalecer a conexão entre o setor, os pesquisadores-colaboradores e os especialistas em melhoramento genético de plantas, agrônomos e outros pesquisadores do WCR. 

Entre suas pesquisas está a criação de modelos estatísticos para classificar cafés analisados por espectroscopia, cromatografia e análise físico-química. “Trabalhar para a World Coffee Research é uma forma de criar algo novo e relevante para o mundo do café e diante das mudanças climáticas”, diz a pesquisadora mineira, em entrevista ao WRC.

Clique aqui para conferir a reportagem completa.

TEXTO Redação

Cafeteria & Afins

OOP Café abre nova unidade em Belo Horizonte

Nova unidade do OOP Café, no centro de Belo Horizonte

O OOP Café inaugurou, em fevereiro, sua nova loja em Belo Horizonte (MG). A terceira unidade da cafeteria, que tem como sócio o norueguês Eystein Veflingstad, fica no centro da capital mineira (rua Rio de Janeiro, 600). O destaque são as janelas generosas que dão vista para a cidade – a cafeteria fica no 25º andar de um edifício. A unidade conta com cafés rotativos, que podem ser preparados no batch brew ou no espresso. Para acompanhar, os destaques são o pão de queijo recheado, o avocado toast e a broa.

Abaixo, a matéria sobre o OOP Café publicada na Espresso #82 (dezembro/janeiro/fevereiro 2024):

Com o objetivo de disseminar a cultura dos cafés especiais na capital mineira, o OOP Café foi inaugurado em 2016, no agitado bairro da Savassi. O OOP Torra surgiu logo depois, em 2017, inicialmente como apoio à cafeteria. “A gente entendeu que a seleção dos grãos e o perfil da torra eram uma espécie de assinatura”, explica o norueguês Eystein Veflingstad, sócio da casa. “Queríamos ter autonomia para escolher o café, ir até o produtor, desenvolver o próprio processo de torra e servir a bebida”, completa. Para Veflingstad, que tem como sócios a mineira Adriene Cobra e a Farmers Coffees, consultoria e trader capixaba, abrir uma torrefação é uma questão de controle de qualidade.

“Isso também significa ter liberdade para seguir o próprio caminho, definir a própria identidade a partir dos perfis de torra”, analisa. A torrefação começou de modo itinerante, passando por vários locais até fixar-se em um galpão da Rua Januária, no centro de Belo Horizonte. O OOP Torra compra café cru, desenvolve a torra e fornece ao mercado. Hoje em dia, Veflingstad está à frente do espaço, ao lado do especialista em cafés especiais Luan Vital. “Meu trabalho é alinhar e avaliar a colheita com os produtores”, conta ele, que também dá treinamentos para clientes de atacado, cursos e consultorias. Já Vital responde pelas torras, que acontecem por demanda e que são desenvolvidas num torrador Atilla. Além de mestre de torra, Vital cuida do dia a dia da torrefação, ao tratar com clientes e monitorar os processos que fazem com que tudo funcione.

Eystein Veflingstad, sócio do OOP Torra

Os cafés têm duas linhas distintas: ou são garimpados a partir de visitas diretas às fazendas ou são selecionados pela Farmers Coffees, sediada em Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. Além dos cafés capixabas, a casa conta com grãos de outras regiões, como Minas Gerais e Bahia. “O trabalho vai da planta até a xícara, com atenção às boas práticas de preservação e regeneração do ecossistema e produção de alimentos saudáveis, o que cria um produto sustentável”, destaca Eystein. Os cafés torrados pela equipe OOP podem ser adquiridos através do e-commerce da marca, que os envia para todo o Brasil. Eles também estão disponíveis nas unidades do OOP Café (Centro, Savassi e Inhotim).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Rio de Janeiro, 600 25º andar
Bairro Centro
Cidade Belo Horizonte
Estado Minas Gerais
País Brasil
Website http://www.instagram.com/oop.cafe
Horário de Atendimento De terça a sábado, das 10h30 às 18h30; aos domingos, das 9h30 às 13h30
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Mercado

Ingressos disponíveis para o São Paulo Coffee Festival 2024

Depois de receber mais de 13 mil pessoas em três dias e servir cerca de 80 mil cafés, o São Paulo Coffee Festival volta à Bienal do Ibirapuera para mais uma edição. Neste ano, o evento, realizado pela Espresso&CO em parceria com a Allegra Group, está marcado para os dias 21, 22 e 23 de junho. Os ingressos estão disponíveis aqui

Ao lado de degustações, diferentes agentes do setor – cafeterias, microtorrefações, fazendas, marcas de equipamentos, acessórios, etc. – estarão presentes com estandes e exposições de produtos e novidades. Palestras, workshops gastronômicos e harmonizações também fazem parte da grade gratuita de atrações, que busca apresentar diferentes experiências ao público.

Opções e valores* de ingressos:

Diário

  • R$ 60 (sexta-feira, 21/6)
  • R$ 80 (sábado ou domingo, 22 e 23/6)

Passaporte

  • R$ 160 (para os três dias de evento)

VIP

  • R$ 170 (diário – sexta, sábado ou domingo)
  • R$ 500 (para os três dias de evento)

*atualizados na quarta-feira, 13 de março

Serviço
São Paulo Coffee Festival 2024
Quando: 21, 22 e 23 de junho
Horário: das 14h às 21h (sexta-feira, 21/6) e das 10h às 18h (sábado e domingo, 22 e 23/6)
Onde: Bienal do Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana – São Paulo (SP)
Informações e ingressos: www.saopaulocoffeefestival.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Barista

Google homenageia flat white

O doodle do Google de hoje, 11 de março, chamou atenção dos aficcionados (ou não) por café ao estampar xícaras e porta-filtros em ilustrações alegres e convidativas. A animação refere-se ao flat white, uma bebida à base de café criada na Austrália ou na Nova Zelândia – os países disputam sua origem – entre as décadas de 1980 e 1990. Tornou-se popular mundialmente, graças à influência das cafeterias de cafés de qualidade. Várias grandes cadeias de café incluem o flat white em seus cardápios, o que ajudou a aumentar sua visibilidade e demanda.

O flat white é feito com uma quantidade maior de espresso e menor de leite vaporizado, e resulta numa bebida de textura mais aveludada do que a de um cappuccino além de sabor predominante de espresso. O tamanho varia com a região e a preferência do barista, mas é geralmente menor que um latte, e costuma ser servido em xícaras pequenas ou copos.

Existem variações regionais. Nos Estados Unidos, costuma ser feito com uma dose dupla de espresso, enquanto na Austrália e na Nova Zelândia a dose única é mais comum. 

TEXTO Redação • FOTO Daniel Ozana/Estúdio Oz

Agricultura de precisão reúne técnicas sustentáveis

Produzir café não é tarefa fácil. Afinal, é um produto natural suscetível a inúmeras variáveis econômicas e climáticas. Diversas ferramentas, porém, têm sido desenvolvidas para auxiliar os produtores nesta questão, e a agricultura de precisão é uma delas. A agricultura de precisão é um conjunto de técnicas que buscam aumentar a sustentabilidade do sistema produtivo, ao reduzir desperdícios e minimizar os impactos negativos no meio ambiente.

No final da década de 2010, houve a transição para o que se convencionou chamar agricultura 4.0 ou agricultura digital. Para Marcelo Chan Fu Wei, doutorando em Engenharia de Sistemas Agrícolas na ESALQ e membro do Laboratório de Agricultura de Precisão – LAP em Piracicaba, a adoção de técnicas de agricultura de precisão (ou AP) é difundida em diversas culturas agrícolas, sobretudo no café, o que originou a expressão cafeicultura de precisão.

Quando detecta-se a necessidade de uma planta, como água ou fertilizantes, o produtor atende o talhão como um todo (talhão é uma unidade de cultivo, ou seja, área que foi dividida conforme suas características e peculiaridades em comum). “A agricultura de precisão entende que o desempenho das culturas não é uniforme no talhão”, explica Wei, referindo-se a fatores como manchas de solo, doenças, pragas ou plantas daninhas. “Assim, a AP propõe que o manejo seja feito conforme a demanda específica do local, em vez de aplicado uniformemente, como é feito na agricultura convencional”, explica. A cafeicultura de precisão, portanto, é um conjunto de técnicas adotadas para manejar o cafezal, considerando as suas variações – estas recebem o nome de variabilidade espacial.

A cafeicultura de precisão inclui desde a análise do solo até a colheita. A partir da análise de solo, diz o especialista, identificam-se regiões que necessitem de aplicações de insumos agrícolas, em maior ou menor grau. “Além disso, com os dados de produtividade, é possível obter mapas de dados detalhados que ajudam a otimizar o gerenciamento de recursos, bem como analisar a lucratividade do produtor”, acrescenta ele, referindo-se às técnicas e análises que identificam possíveis causas da heterogeneidade em um talhão para tomadas de decisão mais assertivas.

Desafios para os produtores

A variabilidade espacial nas áreas de cultivo brasileiras são muitas. A maturação uniforme dos frutos nem sempre acontece, devido principalmente à variabilidade climática (aumento das temperaturas, secas imprevisíveis e padrões de chuva irregulares), que gera floradas irregulares e acentuam diferentes maturações, prejudicando as tomadas de decisão no campo.

Essa desuniformidade desafia a determinação do início da colheita. A Fazenda Daterra, em Patrocínio (MG), [onde as colunistas trabalham] criou estratégias: há monitoramento da maturação dos frutos com mais assertividade por meio da subdivisão dos talhões em setores menores, categorizados de acordo com a variedade, o nível de maturação e a qualidade sensorial. As amostras de cada setor são colhidas periodicamente e, no período de colheita, cada setor é avaliado separadamente, até que o café atinja a porcentagem desejada de frutos maduros. A partir daí, a equipe de qualidade inicia a amostragem para avaliação sensorial de cada setor – afinal, o que interessa é o grão e não a fruta: muitas vezes a cereja pode parecer madura, mas os grãos dentro dela ainda não estão no ápice do sabor. Assim, se não estiverem prontos, as amostragens continuam até chegar no ponto certo.

Com isso, além de um mapa de maturação, é possível obter mapas de qualidade, que permitem separar os cafés em nível de talhão, de setor e até de linhas, para que se extraia a melhor qualidade de cada planta. Essas estratégias são aplicadas em diferentes níveis de complexidade e em áreas diversas.

Num mundo cujos recursos naturais estão cada vez mais escassos, a agricultura de precisão é uma opção eficiente e promissora para  aumentar rendimentos e otimizar insumos. Por meio dela, os produtores trabalham com tranquilidade para garantir, continuamente, uma boa xícara aos consumidores.

A reportagem, reeditada, foi publicada na Revista Espresso #78, e deve ser compreendida no contexto em que foi elaborada (entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023)

TEXTO Diulie Moreira é pesquisadora e Juliana Sorati é assessora de marketing na Daterra Coffees, em Patrocínio (MG) • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes
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