No começo do ano, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) anunciou Vinicius Estrela como novo diretor executivo, em substituição da Vanusia Nogueira, que assumiu a direção da Organização Internacional do Café (OIC).
Vinicius é formado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduado em Gestão de Negócios pelo Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (IBMEC). “Atuei por 15 anos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), tendo gerenciado ações de promoção comercial de diversos setores da economia brasileira, em especial com a carteira de alimentos e bebidas, assim como as plataformas de negócios da entidade em grandes eventos globais, como Olimpíadas, Copa do Mundo e exposições universais. Antes de chegar à BSCA, trabalhava no Escritório da ApexBrasil para a Região Sudeste desde 2019”, conta.
Vinicius Estrela, diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA)
O diretor executivo afirma que sua intenção é contribuir com o excelente trabalho já estruturado pela BSCA e, a partir dele, incrementar oportunidades no mercado internacional e no Brasil para os cafés especiais. “De forma consistente, desejamos ampliar o reconhecimento institucional e o respeito técnico que a entidade construiu ao longo de décadas de trabalho na projeção de um futuro de valorização e crescimento da cadeia produtiva do grão especial brasileiro e internacionalmente, do produtor ao consumidor final”.
Em relação a retomada dos eventos, nacionais e internacionais, que ajudam na promoção dos cafés, Vinicius destaca que todo o setor de HORECA (hotéis, restaurantes e cafeterias) retornou às atividades intensamente com a flexibilização das medidas preventivas relacionadas à covid-19 e a BSCA seguirá preparada para ampliar o market share no nicho global dos cafés de excelência.
“Outro ponto que vislumbramos é a consolidação do mercado on-line, que cresceu e se fortaleceu durante a pandemia. Os cafeicultores brasileiros investem cada vez mais em pesquisa, tecnologia e qualidade e mostraram sua resiliência após os últimos anos de estiagem e geadas, que afetaram o cinturão produtor. Nós continuamos firmes nos processos e sempre buscando a evolução da qualidade e da sustentabilidade, o que nos permite manter o Brasil como o principal provedor mundial de cafés sustentáveis e de reconhecida qualidade, otimizando as etapas da pré-colheita até o consumidor final, sempre focado em qualidade, transparência, rastreabilidade, meio ambiente e social para buscar a sustentabilidade financeira”, explica.
A missão da BSCA, segundo Vinicius, é fomentar e aproximar, cada vez mais, produtores e empresários dos compradores internacionais e isso foi feito, dentro do possível, mesmo no período mais crítico da pandemia, com ações de envio de amostras e as histórias do produto, produtores e propriedades aos importadores. “Agora, com a retomada de eventos presenciais, esse elo produtor-comprador vem se estreitando e se consolidando. Como exemplo, o resultado que alcançamos na World of Coffee na Itália, quando os brasileiros fizeram mais de mil contatos comerciais, mantendo, ainda, um prognóstico para realizar outros US$ 93,6 milhões nos 12 meses seguintes através desse networking realizado por lá. A BSCA seguirá buscando reforçar o apoio ao mercado global, abrindo portas para os produtores brasileiros e atendendo à crescente demanda internacional por cafés de excelência, demonstrando que o Brasil é um verdadeiro celeiro desse produto, com muita qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e em quantidade”, pontua.
Foto: Bean Bros
Em relação ao consumidor final, Vinicius acredita que são pessoas que buscam produtos com práticas socioambientais, com qualidade e que contém a sua história, seja rastreável. “Os consumidores têm ampliado sua presença nos eventos de cafés especiais e, como forma de educar essas pessoas à diversidade, à qualidade e à história por trás de cada xícara, intensificamos nossos trabalhos nesses eventos, levando até esses consumidores todo o contexto grãos, disponibilizando a eles o produto em sessões de cupping e palestras e workshops”.
Sobre a sustentabilidade, a BSCA orienta os cafeicultores sobre como obter certificações de qualidade, por meio de parcerias com instituições de ensino e pesquisa, estão intensificando a capacitação dos cafeicultores com foco nas boas práticas agrícolas, com respeito a meio ambiente e social, e incentivando propriedades a implantarem o cumprimento aos critérios de governança socioambiental, para obterem cada vez mais certificações de sustentabilidade e socioambientais, além de fomentar a qualidade no blend dos produtos finais, para atender uma demanda de exportadores, cooperativas, indústrias, etc. Após propiciar que todos atinjam essa excelência, a BSCA a atesta por meio de seus selos, sinônimo de qualidade e respeito a produtores, consumidores, qualidade, meio ambiente e sustentabilidade como um todo.
Capacitações que também são oferecidas aos baristas, que envolvem desde um conhecimento mais aprofundado sobre as variedades arábica e canéfora, com a formação de Q-Graders e R-Graders em parceria com o Coffee Quality Institute (CQI); passando por cursos de formação de baristas, introdução a cafés especiais e métodos de extração e preparo, na BSCA School; chegando ao Programa Educacional SCA, que realizamos no país com conteúdo extenso sobre introdução e conhecimento ao café, habilidade de baristas, formas de extração manual do café, conceitos sobre café verde, processo de torra e análises sensoriais.
Futuro da BSCA
Vinicius aponta o trabalho na revisão do planejamento estratégico, que irá reforçar os valores da BSCA, consolidar ações e se preparar para uma nova gestão, a qual consolide o Brasil como “A Nação do Café”.
“Otimizar os processos produtivos do café, aproximar o cafeicultor da ponta compradora, promover a imagem de excelência, qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade da nossa cafeicultura, além de estreitar elos com todos os segmentos dos setores público e privado, está no DNA da BSCA e esta é uma diretriz do conselho de administração da entidade para seguirmos eficientes em nossos propósitos. Minha expectativa é que o fortalecimento desta cadeia produtiva, com serviços de apoio da BSCA a todos os elos, seja por meio da educação, com todos os programas educacionais que mencionei acima, seja através da agenda de promoção internacional e nacional, concretize um futuro promissor aos cafés especiais do Brasil”, finaliza.
TEXTO Natália Camoleze