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Turismo e lucro crescem em regiões cacaueiras com Indicação Geográfica

Frutos no cacaueiro

Por Lívia Andrade

O azul do mar em contraste com o verde da vegetação é a paisagem que salta aos olhos de quem chega de avião em Ilhéus, no Sul da Bahia. A exuberante floresta deve-se à cabruca, cacau plantado sob a sombra da Mata Atlântica, sistema de cultivo responsável por manter a mata em pé.

Esse patrimônio agroflorestal é um dos requisitos que caracteriza a qualidade das amêndoas do Sul da Bahia – região que, depois de obter sua indicação de procedência (IP), tenta, agora, conquistar uma denominação de origem (DO). A valorização do cacau movimenta Linhares, no Espírito Santo, que também faz seu pedido de DO, e Tomé Açu (PA), que tem visto o turismo crescer desde a obtenção de sua IP há cinco anos. 

Ao todo, o Brasil tem quatro origens do cacau chanceladas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), todas elas na modalidade indicação de procedência (IP). Além do Cacau do Sul da Bahia, que se tornou IP em 2018, do Cacau de Linhares, que conquistou o selo em 2012, e de Rondônia (desde 2023), são também amêndoas de procedência as de Tomé Açu, no Pará (desde 2019). 

Um modelo de produção como a cabruca, que acumula 250 anos de saberes de comunidades locais e que predomina em 78% das fazendas cacaueiras (segundo estudo do Instituto Floresta), reflete a valorização do território – algo intrínseco a qualquer pedido de origem. Mas a importância do território é um de uma série de requisitos de qualidade que caracterizam a conquista de uma IG. E o caminho para obter um selo destes envolve um processo longo, que engloba a elaboração de um dossiê com uma extensa documentação e informações sobre o produto, seu local de produção (solo, altitude, clima) e sua qualidade. Primeira origem de cacau reconhecida no Brasil, o Cacau de Linhares entrou com requerimento em 2009, para obter o reconhecimento como IP somente três anos depois. 

“A IP é um selo de origem e de qualidade”, explica Adriana Reis, gerente de Qualidade do Centro de Inovação do Cacau (CIC) e autora do projeto da IG do Cacau do Sul da Bahia. Além de aumentar a reputação do produto e valorizar a cultura local e seu saber fazer, Adriana explica que o selo da IP abre mercado, principalmente para o segmento de cacau especial, e, consequentemente, atrai o turismo.

O selo também reconhece o terroir único do Vale do Rio Doce, em Linhares, uma terra de aluvião alagadiça, que sofre enchentes em determinados períodos do ano, acumulando matérias orgânicas e sedimentos carregados pelo rio. “Isso confere características à nossa amêndoa”, explica Kellen Kiepper de Jesus Scampini, presidente da Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (ACAU), responsável pelo pedido. “Ela é mais rica em manteiga de cacau e resulta num chocolate com um sensorial mais suave”, diz ela. 

É por esta ligação estreita que relaciona território e sabor que Kellen, por meio da ACAU, está começando a reunir documentos para pleitear a denominação de origem. “A IP foi solicitada com o conhecimento que se tinha na época”, lembra. Agora, ela reconhece que, mais do que a tradição na produção de cacau – característica que ajuda a definir uma indicação de procedência –, as amêndoas provenientes dessa terra de aluvião têm características únicas, que não são encontradas em nenhum outro lugar. 

Já no Sul da Bahia, o desafio é pleitear a DO do catongo, uma variedade de cacau com amêndoas brancas originária de uma mutação genética ocorrida na Bahia. “Esta mutação causa albinismo, e estas amêndoas, depois de fermentadas, se tornam caramelo claro, com características sensoriais específicas e um sabor mais suave”, diz Cristiano Sant’Ana, diretor executivo da IG Sul da Bahia, que está pensando em tornar o catongo o tema de seu doutorado, para embasar a solicitação da DO.

“A DO será muito importante para a Bahia”, explica Sant’Ana. “Até onde eu sei, vai ser a primeira DO de cacau do mundo”, declara. Além disso, vai destacar a catongo, variedade única no planeta. “Isso vai gerar uma agregação de valor ainda maior aos lotes desta variedade e, por tabela, melhorar a inserção no mercado de todas as amêndoas do estado”, completa.

Fruto de cacau aberto

Um divisor de águas 

Independentemente da modalidade da IG, o fato é que ela identifica para o mundo o produto e sua região. Champagne, por exemplo, designa o vinho espumante produzido na região homônima na França, assim como o queijo Canastra leva o nome da Serra em que é produzido em Minas Gerais. No caso do Cacau de Linhares, além da notoriedade, a IP tem ajudado os produtores a agregar valor às amêndoas. “Em épocas de preços normais, já registramos mais de 100% de ágio em relação ao cacau commodity”, explica Kellen. 

Para o Sul da Bahia, a conquista de uma IG foi um divisor de águas. “Ela trouxe um grande avanço ao chancelar o que é e o que não é um cacau de qualidade”, frisa Sant’Ana. “Antes do Caderno Técnico da IG do Sul da Bahia, isso não existia”, completa. Outra contribuição, explica Sant’Ana, é a governança do território, que está sob o guarda-chuva de uma federação, que reúne 16 cooperativas e quatro associações, congregando mais de 3,4 mil produtores espalhados por 83 municípios. Graças a uma série de parcerias com universidades e instituições (Sebrae, Ceplac, Instituto Cabruca, Instituto Arapyaú, Centro de Inovação do Cacau, entre outras), a IG lançou um sistema de rastreabilidade do cacau em blockchain, que gerou melhores negócios aos produtores. 

Mais do que agregar valor à amêndoa, a IG certifica e protege o valor cultural de um produto. No caso do cacau, basta pisar no Sul da Bahia para ver referências do fruto em todos os lugares: o cacau enfeita os jardins da prefeitura, dá nome às lojas da cidade, está presente nas decorações, foi enredo de novela e é um ícone vivo da literatura, reconhecido mundialmente nas obras de Jorge Amado.

A mais recente IG do cacau no Brasil foi conquistada por Rondônia em 2023 e envolve todos os 52 municípios do estado. “Além de sua importância econômica, o cacau faz parte do desenvolvimento histórico e cultural do estado, inspirando nomes de municípios como Cacoal, Cacaulândia e Theobroma, este último derivado do nome científico do cacau, uma planta nativa da Amazônia”, explica Marcileide Zirondi, gestora do projeto da IG do Cacau de Rondônia. 

No passado, Rondônia chegou a produzir entre 20 mil e 40 mil toneladas de amêndoas, mas devido à vassoura-de-bruxa (doença endêmica na região amazônica), a produção caiu para 6 mil toneladas, número atual. “Mas o estado tem a meta de ultrapassar 15 mil toneladas por ano”, explica Marcileide, referindo-se ao aumento da produtividade dos atuais 350 kg/ha para 1.000 kg/ha. Segundo ela, esse crescimento será possível através de inovações tecnológicas e capacitação dos 9,6 mil cacauicultores que atualmente cultivam 17.250 hectares”.

O cacau é estratégico para Rondônia. “É uma planta nativa, que contribui para a preservação ambiental, se adaptando aos sistemas agroflorestais e promovendo a conservação de áreas de preservação permanente e reservas legais”, diz a gestora, destacando que as amêndoas do estado possuem características únicas de sabor e consistência, com qualidades físico-químicas diferenciadas, como o teor de manteiga e o ponto de fusão, essenciais para a produção de chocolates com diversos perfis de sabor e textura.

“A IG trouxe visibilidade ao cacau do estado, o que incentivou alguns produtores e chocolateiros a aprimorar a qualidade e a diferenciação de seus produtos”, explica Mercileide. “Embora seja um processo gradual, alguns agricultores de ponta já colhem os frutos, como Deoclides Pires da Silva, que conquistou prêmios nacionais de melhor cacau em 2022 e 2023”, completa. Agora, a Associação dos Cacauicultores e Chocolateiros de Rondônia (Cacauron), com o apoio do Sebrae e outras 12 instituições, está trabalhando no planejamento estratégico da cadeia para os próximos dez anos.

Cacau no sistema cabruca

Alavanca para o turismo 

A IG também é um catalisador do desenvolvimento regional, fomentando o turismo e os novos negócios. No Espírito Santo, a IG de Linhares fez multiplicar o número de fábricas de chocolate artesanal e uma série de outros produtos vinculados ao fruto, como nibs temperado, mel de cacau e aguardente de cacau. Por falar nesta última, ela tem o nome de Cacauhuatl e é produzida pela Velho Carvalho, empresa do marido de Kellen, que fechou uma parceria com a suíça Billy&Bugga para fabricação de chocolate feito com amêndoas de Linhares e Cacauhuatl, que será vendido na Suíça e no Brasil. Todo este movimento fomentou o turismo de experiência em Linhares. “Estamos com quatro fazendas abertas à visitação com hospedagem e refeição, e a ACAU está mobilizando a governança para avançar mais nesta área”, diz a presidente da associação.

No caso de Tomé Açu (PA), cidade colonizada por imigrantes japoneses que chegaram ao Brasil em 1929, o incentivo para pleitear a IG do cacau foi dado por Masaaki Yamada, professor da Universidade Agrícola de Tokyo, que, em seu doutorado, estudou o sistema agroflorestal de Tomé Açu (Safta), caracterizado pelo consórcio de cacau com outras árvores, como andiroba, e palmeiras, como açaí e dendê. “Em conversa com a diretoria da Camta (Cooperativa Agrícola Mista de Tomé Açu), o pesquisador sugeriu que tentássemos um diferencial, para resguardar e proteger o nosso cacau num mercado tão exigente e competitivo”, diz Silvio Shibata, ex-presidente da Associação Cultural e Fomento Agrícola de Tomé Açu (ACTA), que esteve na coordenação da IG.

De lá para cá, a cidade exportou amêndoas finas com o selo para a Meiji, segunda maior chocolateria do Japão, e passou a receber turistas interessados em conhecer os Saftas, modelo de produção, que ajuda a preservar a floresta na Amazônia. “Hoje, na Rota da Imigração Japonesa – Experiências e Vivências, os visitantes têm a oportunidade de conhecer a história da cooperativa Camta e algumas propriedades com Saftas”, explica Shibata, referindo-se às propriedades como Fazenda Konagano, Casa Suzuki, Agroforestal Sakaguchi, Fazenda Oppata e Fazenda Inada.

O fruto também é um chamariz de visitantes para o Sul da Bahia. “Existe uma influência direta, o cacau atrai os turistas interessados em conhecer mais sobre a história, andar por uma lavoura de cacau e degustar um chocolate”, diz Sant’Ana. Hoje em dia, a região tem várias propriedades abertas ao turismo: Fazenda Irerê, Fazenda Capela Velha, Fazenda Provisão e Chocolate Hotel, entre outras. 

Uma das mais badaladas é a Dengo Origem, fazenda da marca de chocolate Dengo que é sinônimo de qualidade no Brasil. A propriedade fica no caminho de Ilhéus no sentido Itabuna e oferece ao visitante uma imersão no universo cacaueiro – uma experiência do cacau ao chocolate. Num tour guiado, o turista conhece o viveiro de mudas, caminha pela cabruca (onde o cacau é sombreado, também, por árvores frutíferas como jaca e banana, que servem de insumo para as barras de chocolate), “quebra um cacau” e experimenta a polpa que envolve a semente.

Além disso, tem a oportunidade de provar o mel do cacau, conhecer o processo de fermentação e secagem das amêndoas e experimentar chocolates de várias intensidades de sabor. Apesar de bons exemplos, o setor de turismo no Sul da Bahia tem um caminho a trilhar. “Ainda não é como o Vale dos Vinhedos, que tem toda aquela organização entre o setor de turismo e serviços”, finaliza Sant’Ana.

O que é Indicação Geográfica (IG)? 

É uma ferramenta de valorização e um meio de proteger uma região reconhecida por ter tradição na produção de um certo produto, que se destaca por sua qualidade diferenciada e tipicidade.

As modalidades de IGs

1) Indicação de Procedência (IP) valoriza o “saber fazer” e a notoriedade pública de uma região na produção de um determinado produto. Este selo protege a relação entre o produto e sua reputação, em razão da sua origem geográfica.

2) Denominação de Origem (DO) reconhece uma região pela tradição e qualidade na elaboração de um determinado produto e chancela que o produto oriundo daquela localidade tem características singulares, não encontradas em outros lugares.

Por dentro das IGs do cacau

Sul da Bahia
Região: 83 municípios (como Ilhéus, Camamú, Canavieiras e Itabuna)
Variedades: todas
Sistema de produção: no mínimo 50% de cacau cabruca
Padrão: mínimo de 65% de amêndoas totalmente fermentadas, livre de impurezas

Cacau de Linhares
Região: uma determinada área no interior do município de Linhares
Variedades: todas
Sistema de produção: Cabruca, Sistema Agroflorestal (SAF), Pleno Sol
Padrão: amêndoas premium, amêndoas especiais

Cacau de Tomé Açu
Região: município de Tomé Açu
Variedades: todas
Sistema de Produção: Sistema Agroflorestal de Tomé Açu (SAFTA)
Padrão: Amêndoas tipo 1, 2 e 3

Cacau de Rondônia
Região: todos os 52 municípios do estado
Variedades: todas
Sistema de Produção:  SAFs
Qualidade: mínimo de 65% de amêndoas totalmente fermentadas, livre de impurezas

Texto originalmente publicado na edição #86 (dezembro, janeiro e fevereiro de 2025) da revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Lívia Andrade

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Cafés solúveis passam a receber Selos de Qualidade Abics

A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) divulgou hoje (2) que, a partir do dia 11 de junho, os cafés solúveis brasileiros passarão a contar com os Selos de Qualidade da entidade. O primeiro produto a receber o selo será o Café Orgânico Instantâneo Native.

Com o objetivo de encontrar o melhor perfil sensorial para cada aplicação e potencializar os benefícios do consumo de café solúvel em outros produtos, os selos são divididos em três categorias: 

  • Excelência, concedido aos cafés com atributos intensos de acidez, doçura, frutado e aroma mais floral e mel; 
  • Premium, ao produto com notas sensoriais marcantes e intensas, como chocolate, amêndoas e amadeirado e com potência média no paladar;
  • Clássico, que estampa os solúveis com notas amadeiradas, mais potência e baixa acidez.

A criação dos Selos de Qualidade Abics, que integra as ações da entidade para fomentar o consumo de café solúvel, se deu com base no protocolo de análise sensorial desenvolvido pela Associação em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), cuja metodologia avalia a intensidade dos atributos de cada produto.

Atualmente, 21 marcas de café solúvel já foram certificadas no Brasil, através de avaliações realizadas por profissionais treinados e capacitados pela Abics como Instant Coffee Graders (IC Graders), que se tornaram aptos a avaliar e emitir laudos de análise sensorial com base no protocolo desenvolvido pela entidade em cooperação técnica com o ITAL.

TEXTO Redação / Fonte: Abics • FOTO Felipe Gombossy

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Programação do São Paulo Coffee Festival traz novidades nesta 4ª edição

Entre os dias 27, 28 e 29 de junho, o São Paulo Coffee Festival realiza sua 4ª edição na capital paulista. Com uma programação repleta de conteúdos sobre café e gastronomia, o evento, cujos ingressos estão à venda, promete reunir 16 mil visitantes e mais de 150 marcas expositoras na Bienal do Ibirapuera.

Patrocinado pela Café Store, o espaço Sensory Experience chega com uma nova proposta. A dinâmica foi totalmente renovada e, agora, conta com duas experiências sensoriais exclusivas, que convidam o público a explorar os aromas do café em uma imersão olfativa e as diferenças sensoriais da bebida em diferentes situações de consumo, para mostrar como o contexto pode transformar sua percepção. Essas atividades acontecem durante os três dias, em horários selecionados.

Em parceria com a Orfeu Cafés Especiais e a Carmomaq, A Torrefação também traz novidades. Além da tradicional torra ao vivo, o espaço conta agora com uma sala para quem quiser mergulhar de cabeça no universo da torra. Entre as palestras e workshops conduzidos por profissionais do setor na área há temas como “Dicas de como torrar cafés fermentados”, “Como escolher e torrar café para o seu espresso” e “As diferenças entre as torras de arábica x canéfora”, entre outros. 

Como o próprio nome diz, o espaço Latte Art Ao Vivo traz uma grade focada na combinação entre café e leite. Patrocinado pela Nude, o ambiente conta com baristas experientes que vão compartilhar, de forma didática e acessível, as principais técnicas de vaporização do leite e de elaboração do latte art. A ideia é não só assistir mas, também, colocar a mão na massa em oficinas práticas, como as experiências “Aprenda na prática a fazer um coração” e “Faça o seu próprio cappuccino”.

Ampliando os horizontes, o espaço A Cozinha, patrocinado pela 3corações e pela Oster, aborda assuntos para além do café. Panificação, confeitaria, coquetelaria e cozinhas multiculturais permeiam a programação. Neste ano, entre os chefs convidados estão Larissa Takeda, do Pato Rei, que discorre sobre caramelo salgado no painel “Tem sal no meu caramelo”, Fred Caffarena, do Make Hommus. Not War, que faz receitas durante a palestra “Café da manhã na Turquia”, e Rodrigo Freire, do Preto Cozinha, que confere um tempero baiano ao conteúdo “Lelê de milho: uma delícia da Bahia”.

As atrações são gratuitas para os visitantes e não precisam de inscrição prévia. Apenas as programações dos espaços Sensory Experience e A Torrefação têm vagas limitadas, que serão preenchidas por ordem de chegada.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia/SPCF

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Porque a máquina de café full automática A600 da Franke é a solução ideal para seu negócio?

*Publi

No cenário atual, superar desafios, como a escassez de mão de obra e a crescente demanda por café de alta qualidade, é essencial para garantir a satisfação dos clientes. A máquina full automática A600 da Franke Coffee System é a solução ideal, ao combinar inovação de ponta com eficiência operacional para aprimorar tanto a experiência dos clientes quanto a produtividade da equipe.

Projetada com engenharia suíça para simplificar o processo de preparo de café, a Franke A600 é ideal para ambientes com alto fluxo de trabalho e para quaisquer tipos de negócios. Sua tela colorida de 8 polegadas, com toque intuitivo, garante uma operação fácil, seja em sistemas de autoatendimento ou manuseada por sua equipe, permitindo processar os pedidos com apenas um toque e reduzindo erros e desperdícios. Equipada com a tecnologia exclusiva da Franke, o IQFlow, a máquina full automática A600 extrai mais sabor do café do que os sistemas comuns, garantindo padronização e aprimorando a experiência dos clientes xícara após xícara. Além disso, possui sistema simples de uso e processo de limpeza semiautomatizado, liberando os colaboradores para se dedicarem a outros serviços e aos seus clientes, aumentando a eficiência geral.

A versatilidade é outro ponto forte da máquina full automática Franke A600. Ela oferece inúmeras opções para criar uma ampla variedade de bebidas, desde café espresso até café coado, incluindo opções com leite quente ou frio e espuma de leite extremamente cremosa com a qualidade de preparo de um barista profissional. Com recursos opcionais, como o exclusivo Foam Master, e módulos adicionais, como a Flavor Station e o Iced Coffee, é possível expandir o cardápio com bebidas saborizadas e cafés gelados, oferecendo um amplo cardápio para os clientes, o que gera diferenciação e contribui para o aumento das vendas e do ticket médio.

A flexibilidade também é outro destaque da Franke A600. Disponível com conexão fixa de água ou tanque de água portátil, a máquina pode ser facilmente transportada para salas de conferência, áreas externas ou locais onde uma instalação fixa não seja viável. Isso permite oferecer café premium onde quer que seus clientes estejam, seja em ambientes internos ou aproveitando o ar livre.

Além disso, o equipamento também pode trazer mais economia para seu negócio, pois possui um sistema de contagem de doses, o que evita desperdícios e permite que você tenha mais controle das vendas e do seu estoque de café. São máquinas projetadas especialmente para garantir padrão e, portanto, ideais para seu negócio.

Com a Franke A600, você pode proporcionar uma experiência de café excepcional de forma prática, enquanto otimiza o tempo e desloca a energia da sua equipe para outras demandas – sem abrir mão de nada.

Sobre a Franke Coffee Systems

Uma divisão do Grupo Franke, é um dos principais fornecedores globais de soluções em máquinas de café totalmente automáticas para uso profissional. Com uma profunda paixão pelo café, a empresa está comprometida em aprimorar a experiência do cliente por meio de inovações de ponta. 

Para a Franke, café é muito mais do que apenas grãos e máquinas – trata-se de criar momentos especiais, em que um ótimo café servido transforma seus clientes em convidados leais. Com sede na Suíça, a empresa opera com filiais na Alemanha, Reino Unido, Itália, China, Japão e Estados Unidos, com suporte de  uma rede global de serviços e distribuição por mais de 300 parceiros. No Brasil, há dois parceiros credenciados para te assessorar.

Utilize o código FFS25FRAN, cadastre-se no site da Fispal e venha conhecer nossas máquinas automáticas. Esperamos você para um café no Distrito Anhembi, de 27 a 30 de maio, na Rua I – estande 099.

Acesse e saiba mais: franke.com

TEXTO Publi • FOTO Divulgação

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Consumo de café cai quase 16% em abril, diz Abic

Os dados do primeiro quadrimestre do ano de consumo do café no varejo apontam queda no consumo da bebida de 5,13% no país, segundo levantamento feito pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) feito na quinta (22). O consumo de café no varejo representa de 73% a 78% do consumo interno brasileiro.

Em março, a queda foi de 4,87% em relação ao mesmo mês de 2024 e, em abril, a queda foi bem mais acentuada – 15,96%, na comparação com abril do ano passado. 

Os preços subiram em todas as categorias de café. No período de 12 meses até abril deste ano, o café solúvel aumentou 49,85%, o gourmet, 56,62%, e o Tradicional/Extraforte, 85,08%. O menor impacto recaiu sobre os cafés especiais – 29,13% de aumento. A categoria de cápsulas, por outro lado, teve queda de 8,11% no preço médio em relação a abril do ano passado. 

Problemas climáticos, baixos estoques de café e dificuldades logísticas estão entre os fatores responsáveis pelo aumento dos preços dos grãos. Segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o café ficou 80,2% mais caro entre abril de 2024 e abril de 2025 – o maior aumento em 30 anos. 

TEXTO Redação

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Pesquisadores brasileiros desenvolvem roda de sabores inédita para o café canéfora

Estudo identifica 103 descritores sensoriais para a espécie, com o objetivo de promover sua valorização no mercado de cafés especiais

Por Cristiana Couto

Um grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveu a primeira roda de sabores dedicada aos cafés da espécie canéfora. O estudo, que acaba de ser publicado na revista Scientific Reports, um braço da Nature, buscou identificar e organizar os descritores sensoriais da espécie, criando uma ferramenta para avaliação de qualidade e promoção no mercado de cafés especiais. A pesquisa foi conduzida por Fabiana Carvalho (The Coffee Sensorium), e teve a participação dos cientistas Enrique Alves (Embrapa Rondônia) e Lucas Louzada, entre outros.

“Embora a avaliação sensorial de cafés canéfora seja feita por meio de protocolos padronizados, falta no mercado uma ferramenta descritiva específica para a compreensão mais ampla de suas características”, escrevem os autores.

Descrições sensoriais precisas de cafés canéfora são cada vez mais mais importantes num mercado que vem recebendo, nos últimos anos, canéforas brasileiros com qualidade sensorial cada vez maior. Isso porque manejos adequados, melhoramento genético e processos pós-colheita cuidadosos ajudaram a tornar a espécie, que já é mais resistente a pragas, doenças e altas temperaturas, uma alternativa viável ao arábica diante das mudanças climáticas.

A pesquisa sugere, portanto, que a nomenclatura de cafés de alta qualidade deve ser reconsiderada, para incluir os cafés canéforas como de “especialidade”. “A suposição de ‘baixa qualidade’ desviou a captura de C. canephora por mecanismos alternativos da cadeia de suprimentos (por exemplo, comércio justo, comércio direto) e enfraqueceu a motivação para a melhoria da qualidade, comum no mercado de café arábica especial”, dizem os autores. Eles também não deixam de pontuar que, ao se tratar de qualidade, deve-se considerar que genoma, composição química, práticas de cultivo e pós-colheita da espécie foram muito menos estudados do que os cafés arábicas – principalmente no que diz respeito a procedimentos-padrão e/ou potenciais marcadores para a qualidade da bebida.

O estudo envolveu 49 avaliadores de café profissionais (produtores do Brasil e importadores da Suíça), em três sessões de degustação. Foram avaliadas 67 amostras de 13 países diferentes (Brasil, Congo, Costa Rica, Cuba, Equador, Gana, Guatemala, Índia, Indonésia, México, Peru, Uganda e Vietnã), com diferentes processos de pós-colheita (lavados e naturais) e níveis de qualidade (especiais e não-especiais). A roda de aromas resultante, organizada em três níveis (categorias, subcategorias e descritores específicos), contém 103 descritores de aroma e sabor – a posição dos termos na roda foi determinada pela média das pontuações. Entre os descritores mais destacados estão “torrado”, “doce”, “frutado” e “cacau”, enquanto “salgado” apresentou menor frequência.

Segundo os pesquisadores, o protocolo de cupping para canéforas é bastante diferente do protocolo de arábicas, especialmente na avaliação de acidez e doçura, e a padronização é fundamental para a comunicação entre produtores e consumidores.

As amostras selecionadas buscaram representar uma ampla gama de atributos de sabor, e foram transportadas aos avaliadores como grãos de café verde em embalagens a vácuo.

Os autores do trabalho identificaram, ainda, que avaliadores de café de diferentes locais apresentaram diferenças significativas nas classificações de categorias de sabor, como frutado, doce e especiarias, devido às diferenças culturais e de mercado entre europeus e brasileiros. Essas diferenças influenciam a terminologia e a intensidade das notas de sabor. “Avaliadores brasileiros tendem a focar mais em notas doces, enquanto os europeus valorizam notas frutadas”, diz o artigo.

Por exemplo, a categoria “frutado” foi avaliada, em média, em 5,68 pelos avaliadores importadores, mas em 3,84 pelos exportadores. Já a categoria “caramelo” teve a maior média de pontuação, com 21,4. “A interação entre o avaliador e o nível de qualidade do café foi significativa, com importadores avaliando cafés de baixa qualidade mais generosamente”, relatam os autores do artigo.

O estudo destaca, ainda, a necessidade de reconhecer o potencial dos cafés canéfora, incentivando práticas que valorizem sua qualidade e contribuam para a sustentabilidade da cafeicultura global.

TEXTO Por Cristiana Couto • ILUSTRAÇÃO Divulgação

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Expocafé 2025 reúne especialistas e debate o futuro da cafeicultura em Três Pontas (MG)

Evento reúne especialistas, produtores e pesquisadores em uma programação técnica que destaca mecanização, sustentabilidade e protagonismo feminino na cafeicultura

A cidade de Três Pontas (MG) recebe, entre os dias 27 e 29 de maio, a 28ª edição da Expocafé, uma das principais feiras do setor cafeeiro no Brasil. Com entrada gratuita, o evento promove encontros técnicos e comerciais que reúnem pesquisadores, consultores e produtores para discutir os desafios e as inovações da cafeicultura, com foco especial em mecanização, sustentabilidade e mudanças climáticas.

O destaque do primeiro dia da feira é o 14º Simpósio de Mecanização da Lavoura, que debate os avanços no uso de máquinas na cafeicultura de montanha. O consultor Guy Carvalho abre o ciclo com uma palestra sobre evolução tecnológica na produção em áreas de relevo, e Fábio Moreira da Silva (Ufla) encerra com uma análise dos desafios e oportunidades da mecanização nesse contexto.

Na quarta-feira (28), o Simpósio Cocatrel/Ufla traz palestrantes como José Donizeti Alves, referência em fisiologia vegetal, que aborda a resiliência do cafeeiro frente às mudanças climáticas, Carlos Eduardo Cerri (Esalq/USP), que trata do balanço de carbono na cafeicultura, e Kaio Dias, que apresenta estratégias para a construção do perfil do solo visando uma produção mais sustentável. O economista Gil Barabach (Puc-RS) encerra o dia com uma análise das tendências do mercado cafeeiro.

A quinta-feira (29) será dedicada ao protagonismo feminino no campo, com a realização da Expocafé Mulheres 2025 e do 8º Encontro Mineiro de Cafeicultoras, fortalecendo o espaço das mulheres em toda a cadeia produtiva do café.

A realização e a promoção comercial do evento são da Cocatrel e da Espresso&Co, com apoio da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Prefeitura de Três Pontas.

Expocafé 2025
Onde: Aeroporto Três Pontas, Três Pontas (MG)
Quando: 27 a 29 de maio de 2025
Quanto: entrada gratuita
Mais informações: www.expocafeoficial.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Luckin Coffee abre primeira loja nos EUA e desafia Starbucks em Nova York

A Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China, está prestes a inaugurar sua primeira loja nos Estados Unidos, localizada no East Village, em Nova York. A unidade ocupará o número 755 da Broadway, esquina com a East 8th Street, conforme relatado pelo blog local EV Grieve e confirmado pela Nation’s Restaurant News. Embora a data exata de abertura ainda não tenha sido anunciada, a fachada já exibe o letreiro “Opening Soon Luck In New York”, acompanhado do icônico logotipo do cervo azul da marca. 

A expansão para o mercado norte-americano marca um novo capítulo na trajetória da empresa, que superou a Starbucks em número de lojas e receita na China em 2023.  Conforme adiantado pelo Financial Times em outubro de 2024, a Luckin Coffee planejava entrar nos EUA com uma estratégia focada em preços acessíveis, oferecendo bebidas entre US$ 2 e US$ 3, visando competir diretamente com gigantes como a Starbucks. 

Além da loja na Broadway, há indícios de uma segunda unidade em Nova York, na 800 6th Avenue com a 27th Street, embora a empresa ainda não tenha confirmado oficialmente essa informação.

A Luckin Coffee é conhecida por seu modelo de operação sem caixas, priorizando pedidos via aplicativo para retirada e entrega, além de oferecer um ambiente para consumo no local. Seu cardápio inclui bebidas inovadoras, como lattes com leite espesso de Hokkaido e americanos com sabores frutados, características que a empresa pretende introduzir no mercado americano. 

Após enfrentar um escândalo financeiro em 2020, que resultou na saída de seus principais executivos e em uma multa de US$ 180 milhões, a Luckin Coffee reestruturou sua gestão e retomou seu crescimento. A entrada no mercado dos EUA é um passo significativo em sua estratégia de expansão global, com foco em cidades que possuem grande concentração de estudantes e turistas chineses.

TEXTO Redação / Fontes: Eater NY, Nation's Restaurant News e Financial Times

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“A safra de 2026 vai ser muito mais poderosa”, aposta Andrea Illy

Em visita ao Brasil, o presidente da torrefadora italiana illycaffè afirma que a alta no preço do café é fruto de especulação, que a perda na produção de café este ano não será grande e projeta uma safra mais forte em 2026

Andrea Illy

Por Cristiana Couto

No Brasil para a cerimônia de premiação do 34º prêmio Ernesto Illy na noite desta quinta (8), o presidente da torrefadora italiana illycaffè participou, pela manhã, de entrevista coletiva para jornalistas do setor. 

Fervoroso defensor de práticas sustentáveis na cafeicultura e presença constante em projetos de grande impacto para o setor – como na parceria público-privada anunciada em 2024, na reunião do G7 na Itália, focada na cadeia de valor do café, e no Agorai Innovation Hub, centro de inovação em Trieste focado em soluções com inteligência artificial para áreas como agricultura, saúde e finanças –, Andrea illy se diz um otimista em relação aos desafios atuais. Para ele, a safra brasileira tem condições de bater um novo recorde e as altas de preço do arábica na bolsa de Nova York é fruto de especulação. 

Na conversa com jornalistas, o presidente da illycaffè fala sobre a importância e os resultados dos investimentos em agricultura regenerativa, que busca incentivar e implementar desde 2018 como estratégia para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, das necessidades e oportunidades do Brasil como maior produtor do grão e da volatilidade dos preços do café. A seguir, os principais trechos da coletiva.

A “bola” especulativa

É difícil calcular a queda da produção de café, mas ela não é grande. Não a ponto de justificar o nível de preços que atingimos. Esse preço de 4 dólares por libra não é indicativo do desequilíbrio entre demanda e oferta, mas uma “bola” especulativa gigante, favorecida pelas secas no Vietnã e no Brasil. Devemos filtrar um pouco o que nós podemos ler dos mercados.

2026 será poderoso

Pode ser que o pico [de preços] tenha passado. Esperamos que sim. Historicamente, se olharmos gráficos, depois de 12, 14 meses de um pico máximo, o preço cai cerca de 50%. E 2026 vai ser um ano muito mais poderoso. Há condições climáticas muito favoráveis para a produção máxima possível. Devemos considerar ainda que a produção de mudas aumentou 50%. A safra [2026] tende a ser um recorde. Mas isso não é uma previsão, eu não tenho uma esfera de cristal. É um modo de pensar.

Cop30

Em novembro, o Brasil sediará a COP-30, e a illy pretende apresentar um projeto sobre o uso da inteligência artificial na cafeicultura. A complexidade de aspectos econômicos, ambientais e sociais não pode ser analisada sem uma ferramenta como a inteligência artificial. Esse metassistema sócio-econômico-ambiental vai relacionar, prever e simular impactos da agricultura, produtividade, preços, políticas e ações, e chegar a um modelo sistêmico.

O poder da colaboração

Felizmente, percebemos uma conscientização crescente no setor cafeeiro global. Produtores estão adotando novas práticas, consumidores se mostram mais atentos e exigentes, formuladores de políticas públicas começam a escutar. Acima de tudo, acredito no poder da colaboração e cooperação.

Brasil

O Brasil pode se tornar um laboratório para desenvolver esse tipo de colaboração e ter práticas aplicadas também em outros países no futuro.

Agricultura regenerativa 1

A agricultura regenerativa representa um novo paradigma. Ela permite produzir mais e melhor, com menor custo, menos uso de água, menos emissões de carbono e menos necessidade de defensivos agrícolas. Ao mesmo tempo, promove a preservação e a regeneração do solo, oferecendo um café com mais qualidade e menor custo. Desde então, temos dialogado com os produtores sobre a urgência de adotar esse modelo. O que vimos foi uma resposta rápida e comprometida. Hoje, 70% dos produtores que vendem café para nós adotam práticas regenerativas.

Agricultura regenerativa 2

A agricultura regenerativa está se tornando agora mainstream, e sou um otimista. As três estratégias para criarmos uma agricultura clima-resiliente, são, em sequência, melhorar as práticas agronômicas, renovar lavouras com plantas jovens e de variedades mais resilientes para as temperaturas altas e doenças e desenvolver novas áreas de produção.

É preciso um plano nacional de irrigação

O problema meteorológico principal é a distribuição da chuva, que se torna mais e mais irregular, errática. A única maneira de se adaptar a esse problema é a irrigação. E, no Brasil, somente 10% das áreas cultivadas com café são irrigadas. É urgente falar sobre um planejamento nacional para o desenvolvimento da irrigação do café no Brasil. Não está claro se é possível extrair água de aquíferos – que há em abundância em algumas áreas – e quanto se pode extrair.  Outras áreas não têm aquíferos, e dependem de chuvas e da capacidade de se criar reservas. É preciso que haja regulamentação.

Fit to fight

A Illycaffè fechou 2024 com números recordes, mesmo com o aumento do ano passado do custo de café. Assim, somos preparados para enfrentar desafios, para enfrentar esta crise. E estamos dando um jeito de calibrar o aumento dos preços, de maneira a evitar um pico, que pode causar um choque de elasticidade de consumo. Ao mesmo tempo, estamos investindo muito, dobrando a capacidade produtiva, lançando novos produtos.

Lançamentos sustentáveis

Estamos lançando uma nova cápsula feita com 85% de alumínio reciclável. E a nossa nova Illetta tem um consumo 10% menor do que uma máquina comercial.

China competitiva

A China está mudando muito. Nós estamos lá há quase 20 anos, conhecemos o mercado. Mas a China está mudando muito, particularmente depois da covid. Essa mudança é contínua e bastante rápida. Para os jovens, o café não é uma bebida funcional, é uma experiência. Mas, se a China se tornou um grande consumidor de café, ela tem um consumo per capita muito baixo. Mas está iniciando uma produção local que é muito competitiva. Vamos continuar lá, mas o problema é a geopolítica. 

Geopolítica é o problema

Não temos mais a ordem mundial precedente, mas ainda não temos uma nova ordem mundial. Assim, é difícil [traçar] uma estratégia global. Nós temos ideias claras sobre o desenvolvimento na Europa, nos EUA e na China, mas é preciso ver os próximos anos. A curto prazo, esperamos que a situação se estabilize e comecem a ser recriadas condições de comércio internacional.

Estratégia de crescimento

Eu diria que a palavra mais precisa para descrever a nossa estratégia é a coerência. Continuamos na busca da qualidade, no percurso de conhecimento de toda a cadeia, de uma maneira que haja um consumo maior de café de alta qualidade. Isso implica um modelo de crescimento orgânico baseado na busca de qualidade, em desenvolvimento da marca e em envolver sempre mais consumidores. Essa é a estratégia, mesmo nessas novas condições complexas do mercado.

Empresa regenerativa

A agricultura regenerativa é somente a base de um modelo de toda a empresa. Uma empresa regenerativa produz bem-estar, prosperidade e conservação ambiental. Os lucros são um meio para melhorar o impacto, não são uma finalidade. As áreas prioritárias para esse modelo são ter baixo consumo de recursos naturais e minimizar qualquer forma de produção química ou de emissão de carbono. Isso é o grande capítulo da economia circular.

O futuro do café

Vai ter café até, pelo menos, 2040, 2050. Eu acho que vai ter café sempre, porque tem muitas maneiras de se adaptar às mudanças. Quanto mais estudamos, mais encontramos maneiras de nos adaptarmos. 

Os estoques do grão

Estoques são um fenômeno contingente que causa o equilíbrio entre a produção e a demanda e que podem mudar no próximo ano. E, historicamente, não há visibilidade sobre os estoques, pois eles não são quantificados e não se sabe onde estão alocados. Assim, é difícil de interpretar. Mas são fatores contingentes, que podem mudar no próximo ano. 

TEXTO Cristiana Couto • FOTO Divulgação

Mercado

CVA é o novo protocolo de avaliação dos cafés especiais no Brasil

Carmem Lucia Chaves de Brito, presidente da BSCA, e Yannis Apostolopoulos, CEO da SCA, assinam Memorando de Entendimento (MoU)

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Specialty Coffee Association (SCA) anunciaram hoje (8) a assinatura do Memorando de Entendimento (MoU, em inglês) para a adoção do sistema Coffee Value Assessment (CVA) como protocolo oficial de avaliação dos cafés especiais do país. O acordo é semelhante ao assinado pela Federação Nacional de Cafeicultores (FNC) da Colômbia na semana passada.

O Brasil é o segundo país a integrar o CVA em sua estrutura nacional de avaliação. A metodologia foi desenvolvida pela SCA para avaliar não apenas o sabor, mas também atributos físicos, afetivos, descritivos e extrínsecos, oferecendo linguagem compartilhada para ajudar produtores e compradores a se conectarem em torno do valor total do café.

Como parte do acordo, a SCA fornecerá suporte técnico para garantir a implementação bem-sucedida do CVA em todo o país, incluindo o treinamento de degustadores e equipes técnicas da BSCA, assistência na coleta e análise de dados e suporte a eventos liderados pela BSCA, com conteúdo e promoção internacional. 

Além da adoção da metodologia, o acordo também foca na educação e no desenvolvimento profissional da comunidade dos cafés especiais. Para isso, a BSCA prevê a expansão do programa “SCA Education” no Brasil, que oferece treinamentos e certificações reconhecidas internacionalmente.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação