Barista

Brasileiros campeões de Brewers e Cup Tasters não participarão dos Campeonatos Mundiais na Itália

Foto: Gustavo Baxter / NITRO

A embaixada da Itália no Brasil divulgou na última segunda-feira (30) que, de acordo com a nova Portaria do Ministro da Saúde, assinada em 28 de agosto de 2021, estão proibidos a entrada e o trânsito no território nacional italiano para pessoas que tenham permanecido ou transitado no Brasil nos 14 dias anteriores à viagem. A nova norma entrou em vigor na terça-feira (31) e é válida até 25 de outubro de 2021.

Com isso, a pergunta que paira sobre o mercado de cafés é: como ficarão os Campeonatos Mundiais de Barismo? Para quem não sabe, as competições de Barista, Brewers e Cup Tasters estão marcadas para acontecer entre os dias 23 e 26 de outubro deste ano, na Itália. Para sabermos mais sobre a atual situação e os planos futuros, conversamos com os nossos representantes!

Julia Fortini, atual campeã brasileira de Brewers , competição de café filtrado, já se decidiu. A mineira não irá competir nos mundiais este ano. “Com essa notícia da Itália, infelizmente eu decidi que o melhor é adiar”, disse. Mesmo com as incertezas, a barista da Academia do Café passou os últimos meses buscando possibilidades de representar o Brasil ainda em 2021. “Quando eles anunciaram o Campeonato Mundial, eu já comecei a correr atrás de todas as possibilidades para eu poder competir, mas já fiquei bem angustiada porque eu não tinha tomado nem a primeira dose da vacina”, contou.

Julia Fortini, atual Campeã Brasileira de Brewers – Foto: NITRO Histórias Visuais

Ao lado de seu companheiro Ivan Heyden, Julia montou um cronograma de treinos que vem seguindo a risca diariamente há quase dois anos. “Venho investindo tempo e me preparando para isso. É um sonho!”. Com a mudança das regras de entrada na Itália, a campeã solicitou à World Coffee Events (WCE) o adiamento de seu título, que foi aprovado. Com isso, Julia representará o Brasil em 2022, no Mundial que está programado para ocorrer em Melbourne, na Austrália.

“A gente fica meio abalada com isso. Estou me preparando, investindo. Estou muito empolgada pra competir em um mundial, mas agora é olhar pra frente. É algo que estava fora do meu controle, então não leia mais…

TEXTO Gabriela Kaneto

Mercado

Torrefadoras de café norte-americanas comentam as tendências do mercado para 2021

Embora 2020 não tenha sido como muitos esperavam, as mudanças que a Covid-19 trouxe ao setor cafeeiro provavelmente terão um impacto duradouro. A torrefadora norte-americana Onyx Coffee Lab é uma das muitas empresas que teve que se adaptar para operar dentro da pandemia global. Jon Allen, fundador da marca, diz que a mudança para o take away foi a tendência mais proeminente do ano.

“A Covid-19 nos obrigou a realmente inovar na forma como as bebidas são apresentadas e saboreadas. Os copos, a apresentação e a forma física de beber uma bebida têm um grande impacto no perfil de sabor, expectativa e prazer geral. Por exemplo, atualmente todas as nossas bebidas são consumidas com tampa ou canudo. Isso afeta a maneira como podemos criar camadas de diferentes experiências táteis, temperaturas e guarnições”, contou Allen. “No geral, temos uma equipe leia mais…

TEXTO As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin • FOTO Café Editora

Café & Preparos

Taiwan sediará os Campeonatos Mundiais de Latte Art, Coffee in Good Spirits e Torra de 2021

Os Campeonatos Mundiais de Latte Art, Coffee in Good Spirits e Torra de 2021 estão marcados para acontecer entre os dias 19 e 22 de novembro, em Taiwan. O evento será realizado no Centro de Exposições Nangang, em Taipei, mesmo local do Mundial de Torra de 2019.

Como parte dessa programação, a temporada de 2021 dos Campeonatos Mundiais de Café será definida, com o Mundial de Brewers juntando-se ao Mundial de Barista, Cup Tasters e Cezve/Ibrik, no evento da Specialty Coffee Association (SCA), em Atenas, Grécia, de 24 a 26 de junho. Os Mundiais são produzidos pela World Coffee Events (WCE), uma subsidiária da SCA.

A competição de Latte Art reconhece os melhores artistas que realizam desenhos no café com o leite por meio de várias rodadas de bebidas e designs que eles devem servir, tanto no palco quanto para o público no Art Bar. Já a disputa de Coffee in Good Spirits destaca a combinação de café e álcool, premiando quem melhor mescla o artesanato de barista e bartender. A competição de Torra, a mais recente dos Mundiais de Café, se concentra na arte de torrar o grão, dando aos concorrentes a oportunidade de criarem curvas de torra para os cafés.

A WCE afirma estar animada em trabalhar com a Taiwan Coffee Association e a Taiwan International Coffee Show nas competições. O país tem uma forte cultura de cafés especiais, com uma estimativa de 4 mil torrefadores, de acordo com a Taiwan Coffee Association, e quinze finalistas do Campeonato Mundial de Café, incluindo Berg Wu, Campeão Mundial de Baristas de 2016; Chad Wang, campeão da World Brewers Cup 2017; Pang-Yu Liu, campeão de degustação da Copa do Mundo de 2014; e Jacky Lai, Campeão Mundial de Torrefação de Café em 2014.

A Taiwan International Coffee Show reunirá pessoas de toda a cadeia de valor do café, que terão a chance de testemunhar os melhores competidores do mundo nos Mundiais.

Mais informações: www.chanchao.com.tw/coffee

TEXTO As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin • FOTO Gustavo Baxter/NITRO

Café & Preparos

Torra do café é tema de painéis na Semana Internacional do Café 2020

Transformar o café cru em grãos secos prontos para a moagem é um processo complexo e fundamental para a qualidade da bebida. A torra é uma arte que exige prática e conhecimentos físicos e químicos para obter o melhor do grão em sabor e aromas. Pensando nessa importância, a Semana Internacional do Café proporcionou encontros para destacar os pontos importantes dessa ciência.

O primeiro deles, realizada no dia 18 de novembro, teve a mediação do músico e coffee lover Lucas Lima, que desde o início da apresentação, deixou claro o amor e carinho pelo mundo do café. “Sempre quis participar desse evento ao lado de profissionais incríveis que entendem de tudo do setor”, afirmou. O painel contou com a presença dos mestres de torra Bruna Mussolini, Tiago de Mello e Thiago Sabino, que falaram das particularidades da profissão e as inúmeras possibilidades que o estilo de torrefação de cada podem trazer para o paladar do consumidor.

De acordo com o Thiago Sabino, o desenvolvimento da produção de diferentes cafés também ampliou as possibilidades de aplicação de técnicas de torra, sendo possível trabalhar resultados sensoriais distintos em um mesmo tipo de grão. O especialista pontuou que é importante conhecer a parte química e os fatores como densidade e estrutura molecular, mas por outro lado, existe um conhecimento intrínseco, que vai além das características técnicas. “Ir para o campo e conhecer a história por trás do grão faz toda a diferença. Voltamos para a torrefação com mais gás”, afirmou.

A mestre de torra Bruna Mussolini também destacou que para a profissão é necessário conhecer todas as vertentes da cadeia do café. Além disso, um bom torrador tem que ser um bom degustador e provar muitos cafés para a abertura de horizontes e a criação de uma memória de sabores. “Quanto mais informações, menor fica a margem de erro de uma torrefação. Por outro lado, é sempre importante o feeling pessoal. Quando você estuda café o seu instinto carrega sua técnica”, disse.

Com uma torrefação dedicada a própria cafeteria, o torrefador Tiago de Mello também contribuiu com sua experiência. “Ao receber o café verde é importante leia mais…

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

Mercado

Será que é possível perceber o equipamento em que é torrado o café?

Roaster Camp of Brazil 2019 respondeu essa e outras perguntas durante uma semana de curso no Centro de Qualidade do Café do IAPAR, em Londrina, Paraná

A Revista Espresso chegou ao Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) – um dos mais importantes centros de pesquisa de café do Brasil – em uma sexta-feira (28/6) para acompanhar o Roaster Camp of Brazil. A turma de 40 alunos participantes do curso – já entrosada – preparava cafés em máquinas de espresso e métodos de infusão. Profissionais de diferentes lugares do Brasil e internacionais trouxeram seus cafés para trocar experiências sensoriais com os colegas.

Pelo segundo ano, o evento, realizado pela Capricornio Coffees, grupo com sede em Piraju (SP), promove o encontro de torrefadores do mercado em atividades de palestras, desafios, testes técnicos, provas de café e aulas com os finalistas internacionais do Campeonato Mundial de Torra, organizado pela World Coffee Events (WCE) e também mestres de torra renomados que são convidados leia mais…

TEXTO Mariana Proença, de Londrina, Paraná • FOTO Mariana Proença/Café Editora

Barista

Doni dos Santos é o vencedor do 2° Campeonato Brasileiro de Torra

Eduardo Scorsin (2° lugar), Doni dos Santos (1° lugar) e Fabio Nakasato (3° lugar)

O grande campeão do 2º Campeonato Brasileiro de Torra foi Donieverson dos Santos, da Bourbon Specialty Coffee, de Poços de Caldas (MG), o mais fiel à curva de torra planejada e obteve maiores notas. Em 2° lugar Eduardo Scorsin (Independente em Curitiba) e em 3° lugar Fábio Nakasato (Isso é Café em São Paulo). Os outros três finalistas foram de Curitiba: Leo Moço (Café do Moço), Hugo Rocco (Moka Clube) e Luiz Eduardo Melo (Supernova Coffee Roasters). Ao todo foram 22 competidores brasileiros.

“O Campeonato é uma forma de valorizar cada vez mais a cafeicultura de qualidade e não só a quantidade. Gostaria de agradecer o Professor Leandro (que também estava competindo) pela oportunidade de estágio em que pude aprender tudo sobre o café especial e pelo apoio do Núcleo de Estudo em Qualidade do Café”, afirma Doni.

Foram três dias intensos, em Curitiba (PR), de muito frio, ansiedade e concentração dos competidores do 2º Campeonato Brasileiro de Torra, que aconteceu no Mercado Municipal paranaense e na cafeteria e torrefação Lucca Cafés Especiais.

Uma competição bem técnica e complexa que começou na última quarta-feira (1°/8). Neste primeiro momento, os competidores puderam testar os torradores da empresa anfitriã Probat Leogap e os cafés paranaenses das Fazendas Pilar e Harmonia. No segundo dia, eles provaram no cupping o próprio café torrado para avaliar as características sensoriais.

Após a degustação, os competidores criaram o seu plano de torra, entregaram aos organizadores e, de acordo com as regras, não ficam com nenhuma cópia. Na tão esperada final da competição, eles tiveram trinta minutos para torrar o café em um Probatone 5 conforme o seu plano criado. O competidor pode fazer até duas torras e deve entregar 1,5 kg do café para avaliação dos juízes.

O júri do campeonato foi presidido pelo polonês Lukasz Jura, representante da World Coffee Events (WCE), que acompanhou de pertinho todas as etapas do campeonato. Os juízes sensoriais foram Georgia Franco (Lucca Cafés Especiais), Paulo Cesar Figueiredo (CarmoCoffees), Paula Dulgheroff (Mundo Café) e André Luís Ribeiro (Campeão Regional de Cup Tasters da Alta Mogiana).



Os juízes avaliaram o desempenho dos torradores com base em critérios como comparação da torra executada com o plano de torra traçado, avaliação sensorial do café torrado e classificação física correta.

O evento é uma ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido em parceria da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).  A Revista Espresso é mídia oficial dos Campeonatos Brasileiros de Barista.

Confira a colocação dos competidores:

1° lugar – Donieverson dos Santos
2° – Eduardo Afonso Scorsin
3° – Fábio Nakasato
4° – Hugo Souza Rocco
5° – Leo Moço
6° – Luiz Eduardo Melo
7° – Arthur Malaspina
8° – Fabiola Jungles
9° – Jonathan de Campos Piazarolo Pereira
10° – Orlando Luis Salvatti
11° – Sidinei Moura da Silva
12° – Juliana Ganan
13° – Jéssica Maciel
14° – Daniel Munari
15° – Amandha Locatelli
16° – Jack Robson Silva
17° – Acauã Auler Rolim
18° – Leandro Carlos Paiva
19° – Reginaldo Cesar Durigão
20° – Thiago de Oliveira Sidney
21° – Saimithon Souza
22° – Thiago Ximenes Naves

TEXTO Natalia Camoleze e Mariana Proença • FOTO Raíssa Castor

Barista

Brasil terá pela primeira vez campeonato de torra de café

Neste ano, entre os dias 15 e 18 de setembro, nosso país realizará pela primeira vez o Campeonato Brasileiro de Torra de Café. A competição acontecerá na cidade de Curitiba (PR) e possui 16 participantes.

A disputa será dividida em duas etapas: a primeira, que será realizada na Indústria de Torradores Probat Leogap, exige que os participantes torrem cafés servidos utilizando um Probatone 5. Estes cafés serão degustados por juízes sensoriais na segunda etapa, que ocorrerá na cafeteria Lucca Cafés Especiais. “Nossa expectativa é de que esse evento será um marco para o segmento, pois é visível o crescimento nos últimos anos do número de pessoas que se interessam cada vez mais pelo universo dos cafés especiais”, disse Paulo Kleinke, diretor da Probat Leogap.

Os 16 participantes são:

Agostinho Douglas Andrade Ramos – São Paulo
Carlos Frigerio – São Paulo
Eduardo Affonso Scorsin – Paraná
Fabíola Jungles – Paraná
Felipe Brazza – Minas Gerais
Francisco Massucci Silveira – São Paulo
Hugo Rocco – Paraná
Jack Robson Silva – Minas Gerais
Jansen Willian de Souza Santos – Rio de Janeiro
Leandro Carlos Paiva – Minas Gerais
Leo Moço – Paraná
Luiz Eduardo Melo – Paraná
Orlando Salvatti – Paraná
Philipe Glazer – Santa Catarina
Robson Rodrigues Ribeiro – Minas Gerais
Thiago de Oliveira Sidney – São Paulo

O competidor que for mais fiel à curva de torra planejada e obtiver as maiores notas na bebida vencerá o campeonato e representará o Brasil no World Coffee Roasting Championship, competição mundial de torra proporcionada pela World Coffee Events (WCE) que acontecerá em dezembro, na cidade de Guangzhou, na China.

Promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento (Apex-Brasil), o Campeonato Brasileiro de Torra de Café é uma ação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”.

World Coffee Roasting Championship
Realizado na cidade chinesa de Xangai, a última edição do campeonato mundial de torra teve como campeão o romeno Alexandru Niculae. Completando o pódio, o russo Dmitrii Borodai ficou com a segunda colocação e Matthew Robley-Simeonsma, do Reino Unido, com a terceira.

A primeira edição do World Coffee Roasting Championship aconteceu em 2013 na cidade de Nice, na França, e teve como campeão o japonês Naoki Goto.

Serviço
Campeonato Brasileiro de Torra de Café
Onde: Curitiba (PR)
Quando: 15 a 18/9
Mais informações: www.brazilcoffeenation.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

BaristaCafezal

Encontro reúne produtores, torrefadores e baristas em Porto Alegre

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Promover a interação entre produtor e consumidor e estimular o diálogo em todas as pontas da cadeia do café são os objetivos do evento Farmer2City, que será realizado entre os dias 29 abril e 1 de maio, em Porto Alegre (RS).

Organizado por Jonathan Hutchins, da microtorrefação de cafés especiais William & Sons Coffee Co., em parceria com a Café Fazenda Ninho da Águia e o Sítio Bela Vista, o encontro pretende levar mais informação ao consumidor e aos profissionais do grão, além de valorizar o trabalho do agricultor.

O evento contará com a presença dos produtores Clayton Barrossa, da Fazenda Ninho da Águia (MG), Alexandre de Andrade Emerich, do Sítio Bela Vista (MG), Moacir Aga Neto, da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Gabriel Drumond, sóciofundador do Mercado Brasco, Kyo Silva, barista da Qod Barbershop, Rodrigo Kirsch, fundador da Terça Expressa e Jonathan Hutchins, fundador e mestre de torra da William & Sons Coffee Co. Palestras, degustações e visitas em cafeterias estão na programação.

Serviço Data: 29 de abril a 1 de maio
Local: Anfiteatro do Centro de Eventos da Sogipa – Rua Barão do Cotegipe, 400 – Porto Alegre (RS)
Inscrições: R$ 30 (até o dia 28/4) e R$ 40 (no dia do evento)
Mais informações: farmer2city.com.br e contato@farmer2city.com.br

TEXTO Da redação • FOTO Alexia Santi

Cafeteria & AfinsMercado

Exclusivo no site – Especial Torra: entrevista com Ensei Neto, consultor em Marketing e Qualidade de Cafés Especiais

e43_IMG_0609 A nova edição da Espresso traz como matéria de capa o tema “torra”. Conversamos com diversos profissionais do setor para produzir um conteúdo relevante para os leitores da revista. Entretanto, o assunto não se encerra na edição. Ainda há muito que se discutir sobre o tema e ouvir a opinião de quem já trabalha com torrefação pode ajudar os iniciantes na prática, além de ser uma boa forma de rever velhos conceitos e se fazer novas perguntas. Durante os meses de abril e maio você vai conferir aqui no site da Espresso um pouco da experiência desses profissionais da torra, que tanto se dedicam para revelar os sabores do grão e trazer o melhor café para a sua xícara. Hoje, confira a entrevista com Ensei Neto, consultor em Marketing e Qualidade de Cafés Especiais. Como é o seu método de torra? Cada lote de café é único, como são todas as coisas da Natureza, por isso que, também, no momento de torrar ele deve ter suas características respeitadas, sendo, portanto, definido um perfil de torra específico. A primeira etapa é a avaliação do comportamento desse lote ao longo do tratamento térmico e como isso se traduz sensorialmente. Depois, sim, defino os pontos que gostaria de ressaltar na xícara para, então, definir como torrar. O primeiro tratamento ou teste é feito para compreender o comportamento do café, pois isso só é possível quando você mantém um ou mais parâmetros constantes. Torrar café, a grosso modo, é um processo que envolve energia e avaliar como esse energia é absorvida ou dispendida revela o caráter do café e como deve ser sua bebida. Como você vê a evolução da torra e das torrefações no Brasil? O movimento das micro e pequenas torrefações começou no final dos anos 1990, sendo a Fazenda Ipanema a pioneira ao ter a operação de torrefação. Isso estimulou os produtores, que no início de 2000 passavam pelas agruras de um ciclo perverso de baixos preços, a procurarem formas de adicionar valor à sua produção. Com o desenvolvimento do mercado de cafés especiais no Brasil, que fez do nosso café um produto de moda, uma nova leva de produtores vem se interessando. Quanto maior o mercado, melhor. Mais competição, mais variedade, mais opções para os consumidores poderem comparar diferentes características e tipos de produtos e serviços. E no exterior? Acredita que novos conceitos têm sido aplicados aos estudos de torra? Ao conversar com meus amigos no exterior, vejo uma preocupação crescente na obtenção de dados com maior precisão (muitos gadgets geeks vem sendo desenvolvidos) e no controle de parâmetros. Isso significa que há consenso de que controlar o processo é muito importante! Ainda é possível falar em torra clara, média e escura ou quando se trabalha com perfil de torra isso não é possível? Costumo dizer que é importante se saber qual é, tecnicamente, o ponto correto. Um exemplo: uma pasta tem seu ponto de cozimento ideal “al dente”. Tecnicamente, este é o ponto correto! No entanto, a partir disso, se alguém gosta de uma pasta molenga, vai deixar mais tempo na água, enquanto que tem pessoas que gostam de pasta levemente cruas, apresentando os pontos brancos. Veja que aqui entra o componente pessoal ou preferência. No caso da torra do café o ponto de torra é exatamente isso: existe um ponto que tecnicamente é o correto. Mais escura ou mais clara é apenas uma escolha por tonalidade de cor. Até porque, necessariamente, a tonalidade externa corresponde à coloração interna das sementes torradas. Quando você torra um café com um perfil e técnicas que aplicamos, a coloração é uma simples consequência.

TEXTO Da redação • FOTO Guilherme Gomes/Café Editora

Cafeteria & AfinsMercado

Exclusivo no site – Especial Torra: entrevista com João Paulo Cipoli Viegas, da Carmomaq

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A nova edição da Espresso traz como matéria de capa o tema “torra”. Conversamos com diversos profissionais do setor para produzir um conteúdo relevante para os leitores da revista. Entretanto, o assunto não se encerra na edição. Ainda há muito o que se discutir sobre o tema e ouvir a opinião de quem já trabalha com torrefação pode ajudar os iniciantes na prática, além de ser uma boa forma de rever velhos conceitos e se fazer novas perguntas. Durante os meses de abril e maio você vai conferir aqui no site da Espresso um pouco da experiência desses profissionais da torra, que tanto se dedicam para revelar os sabores do grão e trazer o melhor café para a sua xícara. Hoje, confira a entrevista com João Paulo Cipoli Viegas, da Carmomaq, empresa de máquinas e equipamentos para torrefações.

Há quanto tempo trabalha no mercado de máquinas de torra?
10 anos

Neste período, você pôde observar um avanço, em termos de profissionais e torrefações, no mercado brasileiro?
Nos últimos anos o número de profissionais especializados em torra vem aumentando significativamente no Brasil, muito em função do aumento da demanda por cafés especiais. Com relação às torrefações, observo um aumento na procura de soluções que possibilitam maior controle dentro dos processos de torra, moagem e empacotamento. Pesquisamos a todo o momento tecnologias que possam ser integradas aos nossos equipamentos, com o objetivo de aumentar eficiência e facilitar controle pelo torrefador.

Os equipamentos Carmomaq são feitos todos no Brasil? Alguma peça é importada?
Nossos equipamentos são fabricados no Brasil com alguns itens importados, principalmente os componentes elétricos e queimadores. Utilizamos itens importados quando não temos nacional com qualidade compatível.

Qual a demanda do cliente? Pela sua experiência, o que os clientes brasileiros buscam quando estão estudando comprar uma máquina de torra?
Qualidade, tecnologia, eficiência e custo acessível.

Quando uma pessoa está estudando comprar uma máquina o que ela deve prestar mais atenção e levar em consideração? Como escolher um torrador para um determinado negócio?
O comprador de um torrador deve avaliar sua real necessidade quanto ao tamanho do equipamento e tecnologia disponível. Aspectos de assistência técnica devem ser considerados.

Na sua opinião, qual a chave para uma boa torra?
Uma boa matéria prima, aliada a um mestre de torra com sabedoria para realçar na torra o que o grão de café tem de melhor e, é claro, um torrador que possibilite a concretização desta arte.

TEXTO Da redação • FOTO Guilherme Gomes/Café Editora