Cafezal

Campanha do Cerrado Mineiro combate uso irregular da Denominação de Origem da região

Para combater o uso indevido de sua denominação, a Região do Cerrado Mineiro lançou a campanha “A verdade é rastreável – promovendo o autêntico Cerrado Mineiro”. A iniciativa busca conscientizar a cadeia cafeeira e a população da importância de consumir cafés autênticos, além de reforçar o valor do selo de origem controlada “Cerrado Mineiro”. 

Uso indevido ou infração às normas da Federação dos Cafeicultores do Cerrado é toda a embalagem – de café verde ou industrializado (torrado e moído) – que comunica a denominação “Cerrado Mineiro” sem que o lote tenha passado pelo processo de certificação de origem e qualidade da Região do Cerrado Mineiro, que tem o registro de Denominação de Origem assegurado pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). 

“Se um café está comunicando em sua embalagem ‘Cerrado Mineiro’ mas não passou pela certificação da Federação, quem garante que a procedência dele é, de fato, o Cerrado Mineiro?”, questiona Juliano Tarabal, diretor-executivo da Federação. “E mais, quem garante a qualidade mínima necessária e o processo de produção deste café?”, completa.

A nova campanha, que também busca promover a valorização do café certificado com o selo nos mercados nacional e internacional, conta com a participação de cafeicultores, exportadores, torrefadores e consumidores que são referência na região. A divulgação inclui redes sociais, áudios e vídeos, materiais impressos como banners e outdoors, totens, entre outros itens promocionais, como camisetas, copos térmicos e bottons. 

O que é Denominação de Origem?

A Denominação de Origem (DO) é um selo de qualidade que identifica produtos originários de uma região específica e que possuem características singulares e diferenciadas, resultado de fatores geográficos, climáticos e culturais. No caso dos cafés da Região do Cerrado Mineiro, essa certificação garante que o produto foi cultivado e processado na área correspondente a 55 municípios e por um dos 4,5 mil produtores que seguiram padrões de qualidade e sustentabilidade, além de  garantir a rastreabilidade.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Mercado

A arte de pensar fora da caixinha

Como um conceito de marca consolidado, combinado com um design de embalagens bem aplicado, pode conquistar consumidores e impactar positivamente nos negócios

“A embalagem é um meio e não um fim”. A afirmação, extraída do livro Design de Embalagens, de Fabio Mestriner, resume a função do design de um pacote no contato da marca de um produto com o consumidor. Embalagens não servem apenas para transporte, mas também para contar a história de seu conteúdo, transmitir os valores de uma marca e, assim, capturar a atenção de quem compra. No caso dos cafés, os diversos pacotinhos encontrados hoje em dia nas prateleiras das cafeterias e nas gôndolas dos supermercados são um bom exemplo de como este mercado evoluiu.

Em pouco mais de uma década, saímos de desenhos de xícaras com grãos espalhados ao seu redor para embalagens singulares, que exploram jogos de cores, ilustrações criativas, além de tamanhos e formatos fora do padrão. Pensar “fora da caixinha” tornou-se um exercício de descoberta da infinidade de caminhos que uma marca pode percorrer para mostrar sua identidade e cativar o consumidor.

Tudo começa pela estratégia de ação de uma marca. “Ter estratégia é o ponto de partida, o norte durante o processo e na hora de decidir caminhos”, afirma Pedro Cappeletti, publicitário e fundador do estúdio Pedro e o Lobo, em São Paulo, referindo-se ao conhecimento do universo da marca, de seu posicionamento, seu propósito e público-alvo.

Pedro Cappeletti, designer responsável pelas embalagens da Orfeu Cafés Especiais, e a garrafa da edição Arara

Desde 2015, Cappeletti cuida da criação das embalagens da Orfeu Cafés Especiais, uma das principais marcas brasileiras de cafés de qualidade do país. De lá para cá, a parceria já rendeu pacotes pardos de pegada rústica, caixinhas com ilustrações coloridas, garrafas de vidro com rótulos elegantes e embalagens inspiradas nas curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer – estas últimas, lançadas em abril. Cappeletti pensa nas embalagens como uma mídia, em que o importante é entender a que ponto da estratégia elas correspondem. “Assim, entendemos a quem elas se dirigem”, explica ele. No caso da Orfeu, que tem várias linhas de café, cada uma atende a partes da estratégia. “Somadas, elas perfazem os objetivos estratégicos da marca”, conclui.

Foi rascunhando sua estratégia que Vinícius Lima, head da marca baiana Colheita das Alegrias, conseguiu explorar os elementos desejados em seus pacotes de café. “Queríamos uma identidade visual vibrante, que transpirasse alegria e tivesse uma profunda conexão com nossa baianidade”, descreve. A equação, que também deveria despertar emoção e desejo “ao primeiro olhar na gôndola”, resultou na combinação de elementos gráficos característicos do café, como flores e grãos, a cores alegres que remetem ao estado. “O grande desafio é chegar a um equilíbrio entre comunicação e design”, acredita Lima. “Uma embalagem superconceitual pode ser interessante, mas pode falhar em comunicar assertivamente o produto”, alerta.

Latinha da empresa baiana Colheita das Alegrias

Ousadia com conceito

Assim como Cappeletti, Diego Ferreira, fundador do Madura Coffee, do Rio de Janeiro, considera que definir o público-alvo é um elemento fundamental na criação do conceito de uma marca e na elaboração de seus produtos. Assim como a Colheita das Alegrias explora elementos baianos, o Madura Coffee busca inspiração na cultura carioca. “Um de nossos rótulos faz referência à bala tamarindo, muito famosa em terras cariocas”, conta Ferreira, referindo-se à embalagem de um de seus cafés carros-chefes.

Além do Tamarindo, o Cura Ressaca, seu drip coffee, venceu ano passado a 5ª edição da Espresso Design, exposição que acontece na Semana Internacional do Café (SIC) e que premia criatividade, originalidade e eficácia das embalagens de cafés. “A cura não é só etílica, mas refere-se também ao cansaço do dia a dia”, explica o fundador do Madura Coffee sobre a escolha criativa do nome do café. Mas ele também dá uma dica: “Não force a barra se uma ideia nova não te representa e não representa a marca.”

Embalagens da carioca Madura Coffee. O drip coffee (à esquerda) foi o vencedor do concurso Espresso Design 2023

Ser ousado sem se distanciar do conceito é o que Juliane Maciel, diretora de negócios da Oitenta Café, destaca como importante na criação de um projeto. “Uma provocação para quem planeja construir uma marca é sempre pensar no consumidor e encontrar gaps no mercado”, ensina. A marca brasiliense apresenta seus cafés em latinhas com diferentes estampas que, de alguma forma, buscam conversar com as notas sensoriais dos lotes.

Para Juliane, o tipo de embalagem escolhida para a marca já chama a atenção dos consumidores, mas seu layout só será relevante se a qualidade dela for boa. “A embalagem sempre deve representar o produto que carrega, as verdades por trás dele”, acredita ela. Isso porque o design de uma embalagem também leva em conta, além da comunicação com o consumidor, outros critérios importantes, como o de acomodar, proteger, preservar e facilitar o transporte dos grãos.

Embalagens da marca Oitenta Café, de Brasília (DF)

A construção de uma marca

Uma marca deve ser a expressão do motivo pelo qual um negócio existe e de como ele se conecta com o mercado consumidor. A frase, que ressoa como um dos principais mandamentos de um manual didático, é o princípio que rege as ações de Fábio Gianetti, diretor de marketing da Orfeu. “Uma marca é bem mais do que um conjunto de elementos visuais”, teoriza Gianetti.

A sequência da engenharia de uma marca parece trabalhosa: é preciso, em primeiro lugar, definir o propósito central da marca e seus valores fundamentais. Depois, estudar o mercado, seus concorrentes e público-alvo. Daí, então, define-se o posicionamento da marca na sua categoria. “Só assim você tem o conhecimento fundamental para escrever um conceito e desenvolver um briefing para a criação de sua marca”, instrui Gianetti, referindo-se ao nome, logotipo, tipo de embalagem, código de cores, entre outros elementos. Se bem feito, garante ele, esse passo a passo ajuda uma marca a diferenciar-se no mercado e estabelecer uma conexão real com os consumidores.

“A construção de uma marca autêntica, sólida e reconhecível perpassa pela visão de valor dos clientes em relação ao seu produto ou serviço”, acrescenta Lima. Com o briefing pronto em mãos, o passo seguinte é buscar referências criativas, tanto no mercado de café como fora dele. “Geralmente, outros mercados trazem insights inspiradores e disruptivos para o setor de cafés”, ensina Cappeletti.

Foi nas décadas de 1980 e 1990 que Guilherme Dossin, sócio e responsável pelo branding e pelas ilustrações da Dude Coffee Company, do Rio Grande do Sul, inspirou-se para construir o DNA da marca. “Meu objetivo era criar uma experiência leve e descontraída de consumo”, define. Os pacotes da marca gaúcha carregam, por exemplo, ilustrações que lembram filmes e personagens da época. “É preciso ter uma proposta de valor clara, ser autêntico e verdadeiro e, por isso, não importa se o conceito é supersimples ou elaborado”, acredita Dossin. Para ele, o importante é ser genuíno, para ter consistência e para que o público assimile a proposta da marca. Ele também reforça a importância de uma equipe alinhada à proposta, tanto em termos estéticos quanto nas mensagens e no tom de voz definidos para a marca.

Embalagens da marca gaúcha Dude Coffee Company

Só beleza não se sustenta

Dois aspectos são essenciais para a percepção da qualidade do café: o visual da embalagem e a sua funcionalidade. “Se o visual for adequado ao posicionamento da marca, ele ajudará a transmitir o padrão de qualidade e o posicionamento do produto pelo tipo e material de embalagem e pela estética do layout, como cores, distribuição de informações, qualidade de impressão e linguagem utilizada”, detalha Gianetti.

A experiência deve permanecer, é claro, durante o consumo do produto. “Não há beleza que sustente uma embalagem que não funciona bem”, garante Gianetti, ao se referir especificamente a detalhes, como a abrir ou fechar a embalagem, e problemas, como vazamentos, má conservação do café e fragilidade do material escolhido, que contribuem para uma percepção negativa.

Coleção da Orfeu Cafés Especiais em homenagem aos 100 anos da Semana de Arte Moderna

Afinal, um produto cuidadosamente selecionado como um café especial precisa de uma embalagem à altura. É por isso que Juliane também não abre mão de detalhes que fazem toda a diferença, como a válvula, que permite a saída dos gases do café recém-torrado mas evita a entrada do oxigênio, que provoca sua oxidação. Ela ainda reforça a importância de incluir informações relevantes e detalhadas do grão, como os selos de qualidade que ele conquistou e detalhes sobre sua origem, que podem ser acessadas em seus pacotes por QR Code. “Isso facilita ao consumidor interpretar nosso produto já na gôndola”, explica ela.

Nos pacotes da Colheita das Alegrias, Lima ainda busca informar o nível de torra, a moagem e as notas sensoriais do café, para antecipar ao cliente o que esperar da bebida, acrescentando, ainda, instruções de preparo. Uma tarefa desafiadora já que, como ele mesmo ressalta, prateleiras de um supermercado exigem da embalagem uma comunicação explícita, simples e objetiva com o consumidor. “Nesse contexto, o ponto de contato com o comprador é rápido e limitado”, lembra ele, comparando-o a uma roupa: “É o primeiro ponto de contato com o produto”.

Outro ponto relevante é a sustentabilidade. Materiais recicláveis, biodegradáveis, compostáveis ou de composição mista minimizam a geração de resíduos e, atualmente, são questões quase obrigatórias.

A evolução do design das embalagens

A evolução do design dos pacotes de café está atrelada a alguns fatores. O primeiro deles, segundo
Cappeletti, é a qualificação do consumo. “Com a ampliação do aumento do poder aquisitivo, não é só a
possibilidade de poder comprar um produto mais caro que importa. É preciso saber qual deles comprar, para quê e quando”, ensina o publicitário.

O modo de consumo, por sua vez, é um reflexo das questões de diferenciação pessoal ou social. Apesar de relativamente recente para os mercados de massa, o fenômeno é inerente ao mercado de luxo. “Isso viabilizou, por exemplo, a supersegmentação de um setor”, explica. E, consequentemente, a diversificação de opções de design para encantar uma gama bem mais ampla do que ele chama de “faixas de atitudes de consumo”.

Outro fenômeno importante é que muitas marcas de café e fazendas produtoras foram assumidas pelas novas gerações, que trabalham para melhorar qualidade, agregar valor a um produto historicamente encarado como commodity e que trazem uma visão mais atual de mercado, consumo e, consequentemente, de diretrizes estéticas para suas embalagens. Cappeletti ressalta, ainda, a qualificação dos departamentos de marketing dedicados ao setor cafeeiro. “Isso é decisivo para a qualidade do design, desde seu briefing até sua aprovação”, conta.

Texto originalmente publicado na edição #84 (junho, julho e agosto de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Mercado

Baden Torrefação e Magian Cacao lançam chocolates com café especial

A collab entre a Baden Torrefação e a Magian Cacao é de dar água na boca. As marcas gaúchas adicionaram dois sabores à linha de chocolates com café especial, que já contava com a opção 45%. “Nós já conhecemos o chocolate da Magian Cacao há bastante tempo, eles têm uma pegada muito parecida com a gente, familiar”, comenta Guert Schinke, barista, mestre de torra e proprietário da Baden Torrefação.

Os lançamentos da vez são o chocolate branco 37% e o chocolate amargo 70%, ambos feitos com cacau amazônico e um nanolote especial torrado pela Baden. Atualmente, o grão escolhido foi um arábica da variedade catuaí 81, de processamento cereja descascado, cultivado por Reginaldo Costalonga, em Vargem Alta (ES). 

Sobre a escolha dos ingredientes, Guert comenta que a ideia é que haja um contraste de sabores entre o café e o chocolate. “Sempre procuramos por um nanolote por ele ser mais complexo sensorialmente, pois não faria sentido colocar um bourbon vermelho, que já tem notas de cacau, por exemplo, em um chocolate”, destaca. “Buscamos algum dos nossos cafés que seja mais frutado, com notas de especiarias, algo assim, e o nanolote sempre tem essa pegada mais exótica”, explica. As origens do cacau e do café variam de acordo com a disponibilidade.

Os chocolates da collab podem ser encontrados por R$ 25 (70 g) nas unidades da cafeteria em Porto Alegre (nos bairros Passo D’Areia e Santana) e no site.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

Mercado

Provamos 6 cafés de diferentes origens produtoras do país

Um total de 58,81 milhões de sacas em 2024. Essa é a estimativa de produção de café do Brasil – o maior produtor e exportador do mundo – para este ano, um aumento de 6,8% em relação a 2023 (os dados são de maio, da Companhia de Abastecimento – Conab). Justamente pelas dimensões continentais e ambientes diversos, a degustação deste mês privilegia seis origens do grão.

O fruto é produzido em diferentes estados e municípios brasileiros, com variações de relevo, clima, manejo e variedades, fatores que influenciam diretamente o resultado final e o valor do grão na xícara. Daí a relevância da Denominação de Origem (DO) – selo concedido pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) que certifica produtos cujas qualidades ou características são obtidas exclusiva ou essencialmente de determinada região. Ou seja, o produto só é daquele jeito por conta do local em que foi produzido, considerando o meio geográfico e os fatores naturais e humanos. É a principal (e mais desejada) certificação das duas categorias de Indicação Geográfica (a segunda é a Indicação de Procedência ou IP).

Na produção de café, seis regiões possuem o selo: Cerrado Mineiro (a primeira DO de café do país, em 2013), Mantiqueira de Minas (que recebeu o selo em 2020), Caparaó (2021), Montanhas do Espírito Santo (2021), Matas de Rondônia (2021) e Canastra (2023). Nesta degustação, selecionamos um café de cada uma dessas denominações. O barista Arthur Rieper, da Café Store, preparou as bebidas no método chemex, a uma proporção de 1 g de café para 12 g de água. Confira as nossas anotações:

1 – SM Cafés – Robusta Amazônico

Um canéfora da variedade robusta R25, cultivado por Geanderson Gambarte em Rio Verde, Matas de Rondônia.
Torrado por: SM Cafés
Aroma: doce, castanhas, chocolate amargo
Sabor: castanhas, amadeirado, frutado
Acidez: alta
Corpo: médio
Finalização: longa, limpa
A redação achou: um bom café, suave
Instagram: @sm_cafes

2- Black Tucano – Fruity Coffee

Um café da variedade catuaí vermelho cultivado por Derio Brioschi, em Venda Nova do Imigrante, região Montanhas do Espírito Santo (ES), a mil metros de altitude.
Torrado por: Black Tucano
Aroma: frutado, melaço
Sabor: floral, melaço
Acidez: média/alta
Corpo: médio
Finalização: limpa, agradável
A redação achou: vai bem a qualquer momento
Instagram: @blacktucanocoffee

3- Cadin de Minas – Docin

Produzido na região da Mantiqueira de Minas (MG) pela Fazenda São José, em Santa Rita do Sapucaí. É um arábica da variedade catuaí vermelho.
Torrado por: Cafetelier
Aroma: especiarias, doce
Sabor: frutado
Acidez: média
Corpo: médio/baixo
Finalização: leve, agradável
A redação achou: uma boa opção para o dia a dia
Instagram: @cadindeminas_

4- Ninho da Águia – Jardim do Sol

Produzido na região do Caparaó (MG) a 1,3 mil metros, na Fazenda Ninho da Águia, no município de  Alto Caparaó. É um blend de arábicas catuaí vermelho e amarelo.
Torrado por: Fazenda Ninho da Águia
Aroma: doce, frutas vermelhas
Sabor: compota de morango, caramelo
Acidez: média
Corpo: alto, aveludado
Finalização: persistente
A redação achou: um café equilibrado, para momentos especiais
Instagram: @cafefazendaninhodaaguia

5- Santiago Café Especial

Um café composto por grãos arábica bourbon amarelo 86, produzido pela Fazenda Santiago a 1,1 mil metros de altitude, em Presidente Olegário, no Cerrado Mineiro (MG).
Torrado por: Santiago Café Especial
Aroma: cravo, picante
Sabor: chocolate amargo, frutado
Acidez: média/baixa
Corpo: médio
Finalização: leve
A redação achou: um café agradável, fácil de tomar
Instagram: @fazendasantiago.cafe

6- Canastra Coffees – Casa Brás

Um geisha cultivado na região da Canastra (MG) por Pedro Brás, na Casa Brás, em Vargem Bonita, a 1,3 mil metros de altitude.
Torrado por: Canastra Coffees
Aroma: doce, mel, caramelo
Sabor: chocolate ao leite, caramelo
Acidez: média/baixa
Corpo: médio/alto
Finalização: presente
A redação achou: um bom café para começar o dia
Instagram: @canastracoffees

Texto originalmente publicado na edição #84 (junho, julho e agosto de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Agência Ophelia

Barista

Primeira fase do concurso Barista Craft Championship termina no domingo (14)

Voltado para baristas, o concurso Barista Craft Championship, da DaVinci Gourmet, marca global de xaropes pertencente à multinacional Kerry, está em sua primeira fase digital, que termina neste domingo, 14 de julho.

A ideia nesta primeira etapa é de que os participantes elaborem uma bebida e enviem uma proposta digital que inclua um vídeo, uma imagem e uma breve descrição da inspiração por trás da bebida escolhida. Este material será analisado pela equipe técnica do concurso, que ressalta a importância dos conteúdos serem enviados em espanhol. As avaliações serão realizadas após o término do prazo de inscrição.

Atenção para as regras da etapa:

Os competidores devem incluir, em sua bebida, pelo menos 10 ml de xaropes DaVinci Gourmet e não mais que três produtos da mesma marca. Além disso, a bebida não deve conter mais de oito ingredientes no total (contando com guarnições e gelo). É fundamental que o café utilizado seja do tipo espresso. A bebida pode ser quente ou fria.

Próxima fase

Com os finalistas já selecionados, a segunda etapa será realizada em setembro, na Cidade do México, onde os participantes disputam o título de Campeão Nacional. Os três primeiros colocados recebem uma premiação em dinheiro. Já o vencedor ganhará também uma viagem à Cingapura para representar o Brasil na final mundial da competição.

TEXTO Redação

Cafezal

Nestlé lança nova variedade de café arábica no Brasil

A partir de métodos tradicionais de melhoramento genético, cientistas da Nestlé desenvolveram a star 4, uma nova variedade de café arábica de alto rendimento, “substancialmente superior ao das variedades mais utilizadas”, segundo Jeroen Dijkman, head do Instituto de Ciências Agrícolas da Nestlé.

A nova variedade, de acordo com a multinacional, vem na esteira de mitigar o impacto das mudanças climáticas na cadeia de fornecimento do café, com emissões menores de gases do efeito estufa oriundos do cultivo do grão – segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change, em inglês, ou IPPC), a área para o cultivo de arábica pode ser reduzida em mais de 50% até 2050.

Além disso, a star 4, que já está registrada, é resistente à ferrugem – doença foliar causada por fungos que ameaça as lavouras de café –, e tem grãos maiores. Segundo a empresa, o alto rendimento também contribui para práticas agrícolas mais sustentáveis. A variedade foi desenvolvida em São Paulo e em Minas Gerais, em parceria com a Fundação Procafé. A nova variedade tem, de acordo com a empresa, “sabor característico do café brasileiro”.

Além do desenvolvimento da star 4, a Nestlé desenvolveu, recentemente, duas variedades de canéfora (roubi 1 e roubi 2), que estão sendo lançadas no México.

Em 2022, a multinacional lançou um Quadro de Agricultura Regenerativa, como apoio para alcançar sua meta de sustentabilidade líquida zero até 2050. No mesmo ano, lançou, ainda, seu Plano Nescafé, ao custo de US$ 1 bilhão, com iniciativas para melhorar a sustentabilidade no cultivo de café e auxiliar agricultores na transição para práticas de agricultura regenerativa até 2030.

TEXTO Fonte: Nestlé, ESG Today • FOTO Jéssica Luisa

Cafezal

Região de Garça: a nova origem do café paulista

O que tem de especial nos grãos de Garça, um dos 15 municípios do centro-oeste paulista que pertence à mais recente Indicação Geográfica do estado, conquistada em 2022

Escultura na entrada de Garça

O ônibus vai se aproximando de Garça e, pela janela, é possível ver os pés de café à beira da estrada. Ao chegar à cidade, as placas já anunciam: “compro café verde”, “vendem-se mudas de café”. Na rotatória, há uma escultura de um trabalhador rural abanando o café na peneira – sinal da sua tradição na produção do grão.

Pelas ruas, muitos caminhões enfileiram-se nos vários armazéns. Eles aguardam para ser carregados de sacas do café, que, antes, era transportado pela estrada de ferro da Linha Tronco Oeste da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF). Por vezes, os trens saíam diretamente do armazém da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para seus destinos. O armazém funciona até hoje, com os trilhos aposentados, e guarda sacas de mais de 60 anos.

Armazém da Conab

A região de Garça é uma das mais recentes das 15 Indicações Geográficas de café do Brasil. A IG, de 2022, abarca 15 municípios do oeste paulista. Um dos maiores polos cafeeiros e de tecnologia (não só) agrícola do estado, Garça vem investindo, cada vez mais, na qualidade de seus cafés.

“Todo lugar planta café bom e café para commodity, a questão é qual o foco que se escolhe trabalhar”, diz Cassiano Tosta, produtor e presidente da Associação dos Cafés Especiais de Garça. Hoje, cerca de 30% do que se colhe na região são cafés especiais, fruto do incentivo trazido pela IG. Desde então, a ideia é identificar as oportunidades para o próximo passo, que é o reconhecimento de características únicas para o pedido de uma Denominação de Origem.

A IG Região de Garça, que é uma Indicação de Procedência, aponta que aquele local tem ligações históricas, vocação para o ofício e que se tornou conhecido como centro de produção de café. A conquista foi possível graças à união de um grupo de produtores, por meio do Conselho do Café da Região de Garça (Congarça), que enxergou que o grão da região merecia ter maior valor agregado. O trabalho com a cadeia produtiva começou a ganhar corpo em 2018, com concursos de qualidade e educação profissional.

Eles estavam certos. Alguns dos cafés inscritos no concurso e avaliados por juízes da Associação Brasileira de Classificadores e Degustadores (ABCD) atingiram 89 pontos. O pedido de IG foi protocolado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2020 e concedido em novembro de 2022. “Agora estamos na fase de capacitar e conceder os selos aos que estão aptos a usá-lo”, explica Tamis Lustri, presidente do Congarça.

Nada mais justo para uma região que tem até uma cidade chamada Cafelândia entre suas localidades, e que teve a primeira cooperativa nacional de produtores a exportar o grão, a Garcafé (as atividades estão suspensas, com planos de retomada nos próximos anos). Já Garça, município que concentra a organização regional e fica a 405 km da capital do estado, tem pouco mais de 44 mil habitantes e café nas artérias e no seu DNA. Prestes a completar cem anos de fundação, a cidade nasceu como povoado com a expansão da cafeicultura para o centro-oeste paulista no fim do século XIX.Foi em Garça que a Espresso conheceu um pouco mais sobre os diferentes modos de trabalhar em busca da qualidade e da identidade da produção local.

Tecnologia e serviços

Além do café – ou por causa dele –, a região é um polo tecnológico no estado de São Paulo. Uma das gigantes do ramo de automação, por exemplo, é de Garça, a PPA. Também é de lá, da cidade de Pompeia, a Jacto, fabricante de maquinário agrícola que revolucionou as lavouras no início dos anos 1980 com a colheitadeira de café que, em terrenos planos ou com pouca inclinação como os do planalto local, substituiu a mão de obra de 30 a 40 pessoas.

Os tubetes para mudas também são crias da região, que agora os utiliza para mudas francas (a partir de uma única cultivar) e enxertadas. A enxertia de robustas nos arábicas é uma das inovações das lavouras locais.

“Na parte de baixo, como cavalo, usamos uma base de robusta, e, na parte de cima, colocamos as cultivares de arábica”, explica Gabriel Correa, do Viveiro Alta Paulista, que produz exclusivamente mudas de café. O processo é delicado e feito a mão com uso de lâminas de barbear para abrir, no “caule” do robusta, a fenda que receberá o arábica.

Viveiro Alta Paulista

Não há interferência do robusta no sensorial dos grãos arábica, mas a planta, por ter 50% a mais de raízes, é mais resistente a estresses hídricos e a pragas como os nematoides. O resultado, que muitos cafeicultores já atestam, é de um aumento de 50% na produção em relação à muda franca já no primeiro ano.

Na outra ponta, a cidade também tem quem invista na qualidade da armazenagem do café verde, como José Olavo Boechat, da Garça Armazéns. “Meu avô era viveirista de mudas, minha família também é produtora e investimos nesse serviço”, conta Boechat. “Trouxemos um Q-Grader e temos um departamento de rebeneficiamento e de qualidade, pois é uma questão de confiança guardar o café dos outros”, detalha. O galpão, com capacidade para 35 mil sacas, tem atualmente 50 produtores entre os clientes e fica em uma ampla avenida da cidade. O Garça Armazéns chama atenção pelo grafite nas paredes externas, que homenageia a cadeia produtiva do café.

Garça Armazéns

Meio ambiente

A Fazenda Figueira Agroflorestal está na mesma família há quatro gerações e, desde 2018, passa por um processo que enxerga não só café, mas todo um ecossistema que precisa estar em harmonia. A proposta de cultivar café em sistema de agrofloresta vem do casal Larissa Cirillo de Rezende Barbosa e Marcelo de Rezende Barbosa, que busca aplicar os conceitos de sintropia, permacultura e agricultura orgânica e biodinâmica na região.

“Estamos plantando o café consorciado com pupunha e mandioca e sombreado por madeira nativa”, explica Marcelo, que também produz plântulas (embrião que resultará na muda) de espécies nativas e sabe que é preciso tempo e dedicação para obter resultados.

Na busca pela sustentabilidade e vivendo ao lado de uma área de reserva ambiental de mata atlântica de planalto, eles têm em sua propriedade uma zona tampão de proteção para a fauna e a flora locais. Esse convívio é fundamental para preservar as nascentes e a água na região, e para que o café possa integrar-se e se adaptar da melhor forma possível aos efeitos da crise climática.

Campo novo

Em 2014, o pai de Cassiano Tosta estava decidido a vender o sítio da família, onde produzia café desde a década de 1970. Morando e trabalhando com comunicação em São Paulo, Cassiano não concordou com a ideia e resolveu, literalmente, mudar sua atividade para outro campo.

Logo de cara resolveu investir nos cafés especiais e suas possibilidades. “Sempre fui apaixonado por café, ficava tomando em casa e fazendo experiências com canela, casca de laranja… aí, voltei pra minha cidade natal e fui estudar”, recorda.

Cassiano anexou outro sítio à propriedade e, hoje em dia, é um pequeno produtor com 14 hectares de café, que geram 30% de grãos especiais que ele processa, torra e comercializa com a marca Café Alta Paulista. Lá, ele investe nas mudas enxertadas, no pós-colheita e em tudo que possa melhorar a qualidade da bebida na xícara. Como presidente da Associação de Cafés Especiais de Garça e membro do Congarça, Cassiano trabalha pela capacitação de toda a cadeia e pela divulgação da região.

As colheitas têm sido boas: os cafés de sua família já ganharam e ficam sempre bem colocados no concurso local, criado em 2018. No ano passado, ficaram em terceiro lugar no 22o Concurso Estadual de Qualidade do Café, com grãos de 89 pontos.

Produtividade

As linhas dos cafeeiros desenham o horizonte a perder de vista. É deles que Albino Moreira Alves tira uma produtividade de 50 a 60 sacas de café por hectare. Isso é possível graças ao investimento na mecanização, na tecnologia e no manejo: hoje, ele e dois funcionários cuidam dos 80 hectares plantados.

Albino é engenheiro de formação, trabalhava com fibra óptica, mas, assim como Cassiano, resolveu voltar às origens: doze anos atrás, comprou a fazenda e investiu na cafeicultura. “Meus pais eram lavradores e arrendavam terras nessa região”, conta.

Todos os processos são mecanizados, com 100% das lavouras irrigadas e adubação de liberação lenta. A escolha de cultivares distintos permite obter colheitas recentes, medianas e tardias. Todo o processamento é feito na fazenda e os cafés de Albino venceram quatro das seis edições do concurso local, além de boas colocações no estadual.

IG Região de Garça em números e fatos

  • 25 mil ha cultivados
  • 800 unidades produtoras
  • 400 famílias produtoras
  • 15 cidades: Álvaro de Carvalho, Alvinlândia, Cafelândia, Duartina, Fernão, Gália, Garça, Guarantã, Júlio Mesquita, Lucianópolis, Lupércio, Marília, Ocauçu, Pirajuí e Vera Cruz
  • 600 mil sacas/ano, em média
  • 650 m de altitude, em média (Planalto de Marília e Serra dos Agudos)
  • Temperatura entre 17,8°C e 18,5°C
  • Já exportou café para 32 países
  • 1052 nascentes (bacias do Rio do Peixe e do Rio Aguapeí)
  • Cultivares principais: icatu amarelo, ouro verde, mundo novo
  • Características principais na xícara: café encorpado, com acidez equilibrada, doçura natural com notas de chocolate, caramelo, frutadas e cítricas

As 15 IGs de café do Brasil

Matas de Rondônia*, Oeste da Bahia, Região do Cerrado Mineiro*, Mantiqueira de Minas*, Matas de Minas, Campo das Vertentes, Canastra*, Sudoeste de Minas, Região de Pinhal, Montanhas do Espírito Santo*, Espírito Santo, Caparaó*, Alta Mogiana, Região de Garça, Norte Pioneiro do Paraná.

*Denominação de Origem (DO). Fonte: INPI

Texto originalmente publicado na edição #83 (março, abril e maio de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Agência Ophelia

Mercado

São Paulo Coffee Festival já tem data marcada para 2025

Entre os dias 21 e 23 de junho, a 3ª edição do São Paulo Coffee Festival reuniu mais de 15 mil pessoas na Bienal do Ibirapuera, um crescimento de 20% na comparação com os anos anteriores. Depois do sucesso deste ano, a organização já anunciou a data para a 4ª edição: 27, 28 e 29 de junho de 2025

O que aconteceu

Além dos estandes das mais de 130 marcas presentes, o evento foi palco de workshops, palestras e experiências sensoriais, culturais e gastronômicas, embalados pela boa comida de restaurantes locais e pelo som de artistas independentes. Voltado principalmente para coffee lovers, consumidores finais e profissionais do setor, o SPCF abriu espaço para os negócios e relações B2B, funcionando como uma plataforma de ativação para produtores, cafeterias, microtorrefações e marcas de produtos que orbitam o universo dos cafés especiais, como chocolates, biscoitos, pães artesanais, matchas e queijos. De acordo com a organização, o ticket médio de compra geral do evento foi de R$ 180.

A grade de programação da edição contou com a 8ª Copa Barista, campeonato que premia os melhores profissionais na preparação de espressos, filtrados e bebidas com leite. Após três dias de disputa, Hugo Silva, da paulistana Sabino Torrefação, foi o grande campeão. O pódio foi composto por Elis Bambil, da Punga Cafés Especiais (SP), na segunda colocação, e por Thiago Sabino, também da Sabino Torrefação, que ficou em terceiro lugar. 

O Sensory Experience foi um espaço em que profissionais do mercado puderam ministrar workshops sobre o preparo da bebida e guiaram experiências sensoriais que compararam diferentes cafés e combinaram a bebida com outros ingredientes. Ainda explorando os sentidos, a área A Torrefação contou com uma imersão pelas lavouras de Minas Gerais através de óculos de realidade virtual, seguida pelo processo de torra realizado ao vivo pela Orfeu Cafés Especiais.

Workshop “Café combina com o quê? Conheça os princípios da harmonização”, ministrado pelo barista Juarez Gomes

Na parte gastronômica, a atração A Cozinha convidou chefs para produzirem ao vivo receitas que levavam café ou que harmonizavam com a bebida. Já o Masterclass Home Barista, única atração paga dentro da programação, trouxe profissionais do Senac para ensinar sobre o preparo na v60 e como combinar o café em drinques. 

O papo cabeça foi realizado no O Laboratório, ambiente aberto que reuniu convidados para debater assuntos importantes, do campo à xícara. Os paineis da edição contaram com temas como diferenças entre arábica e canéfora, criação de métodos brasileiros de preparo, economia circular, primeiros passos para abrir uma torrefação, a importância do terroir, os processos do cacau fino, entre outros. 

Painel “Primeiros passos para abrir uma torrefação”, com Matheus Tinoco (Intertorra), Thiago Sabino (Sabino Torrefação), Julia Nasr (Café Por Elas) e Carol Pereira (Bixo Café)

Para aproveitar tudo isso

Chamado de Food Stations, o espaço externo do São Paulo Coffee Festival contou com sete restaurantes parceiros de referência na capital paulista (Canto do Picuí, Fôrno, Komah, La Peruana, Pita Kebab, Shihoma Deli e T.T. Burger), que elaboraram cardápios especiais para o público do evento. Do lado de dentro, o Hyde Park foi palco de artistas independentes que embalaram a edição com sons de diferentes estilos. Já a área Café & Arte expôs registros feitos pelo fotógrafo Marcos Piffer em suas viagens a lavouras de café de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rondônia.

A 3ª edição do São Paulo Coffee Festival teve realização da Allegra Events e da Espresso&CO, patrocínio master de 3corações, Melitta e Orfeu Cafés Especiais, e apoio da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), A Tal da Castanha, Café Store, Nescafé, Nespresso, Philips Walita, Senac, SumUP e Prefeitura da cidade de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Turismo.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Cafeteria & Afins

Bonita Café – São Paulo (SP)

A esquina da Praça da República com a rua Araújo, no centro da capital paulista, ganhou uma cafeteria há cerca de seis meses. O Bonita Café abriu em uma área com restaurantes famosos, como A Casa do Porco e Z Deli, e ao lado do Cineclube Cortina, espaço cultural também conhecido. A poucos metros dali, está a estação República do Metrô, que facilita o acesso para quem quer visitar a casa.

O Bonita Café é bem movimentado – mesmo em uma tarde de terça-feira chuvosa. O coração da cafeteria é a área de operações, situada bem no meio do ambiente. Ao seu redor ficam as banquetas, para quem quiser sentar no balcão e manter um contato mais direto com os baristas – foi onde escolhemos ficar. De frente para o balcão estão as mesas, dispostas entre a entrada e a calçada.

O espaço, confortável, tem decoração clean, de cores claras. Mesmo pequeno, duas grandes portas ampliam o lugar e permitem ao cliente ter uma boa visão da rua e do movimento. A arquitetura antiga e rústica do prédio da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo, bem à frente, faz um contraste interessante com o design moderno do interior da cafeteria.

Espresso, que pagamos R$ 8

O atendimento foi um ponto positivo em nossa visita. Na hora de escolher o café, pedimos indicações à barista, que nos apresentou quatro opções, explicando sobre o sensorial de cada uma delas. Torrados pela torrefação local Ito Cafés Especiais, escolhemos dois grãos preparados na hario v60: um catucaí amarelo 2SL, da produtora Jozeane Santos, e um catuaí amarelo, do cafeicultor Augusto Borges, ambos cultivados em solo mineiro. A casa tem outros métodos de preparo, como clever, aeropress e french press. Nossas bebidas estavam equilibradas e bem extraídas. O destaque foi o café da Jozeane, que entregou notas de morango e malte, uma acidez alta de fruta madura, corpo médio e retrogosto limpo e prolongado. Realmente, uma boa pedida.

Além da oferta de grãos, a casa oferece o coado do dia, uma alternativa mais em conta. No menu, há também bebidas com leite, como latte, cappuccino, mocha, chai latte e chocolate quente. Entre as opções geladas, estão cold brew, espresso tônica, frappe Oreo, affogato e soda italiana.

Sanduíche copa, que pagamos R$ 25

Para acompanhar os filtrados, escolhemos uma empanada boliviana de palmito e o sanduíche copa, feito de copa, tomate, rúcula e queijo minas padrão no pão ciabatta. A empanada, com recheio cremoso, bem temperado e com pedaços generosos de palmito, cumpriu o papel de salgado (há outros sabores, como carne, carne picante e margherita). O sanduíche, bem montado, destacou-se pelo frescor dos ingredientes e pelo pão bem feito. O único deslize foi a participação do queijo, que ficou em segundo plano, apagado, quando poderia ter mais presença no conjunto.

Entre os doces, escolhemos a tortinha de banana – indicação de um dos baristas pela boa saída que tem na casa – e o brownie. A tortinha fez juz à fama, com casquinha crocante e doce na medida certa. Combinamos o doce com um espresso bem tirado de uma Wega, da Astoria, com notas frutadas, de chocolate e de caramelo, e acidez média. Já o brownie, embora tivesse doçura na medida certa, estava um pouco ressecado, o que atrapalhou de certo modo a experiência de harmonização com o café.

Torta de banana, que pagamos R$ 15

Os utensílios utilizados no Bonita Café contribuíram para uma experiência agradável. Todas as comidinhas chegaram à mesa bem arranjadas em panelinhas de alumínio, decoradas com papel quadriculado, que dava charme ao conjunto. Os filtrados foram extraídos em canecas brancas com o logo da cafeteria e o espresso, servido na clássica xícara da Schmidt, que, apesar de detalhada, não roubou o destaque da bebida.

Gastos:
Hario V60 — R$ 17 (cada)
Espresso — R$ 8
Sanduíche copa — R$ 25
Empanada boliviana — R$ 15
Torta de banana — R$ 15
Brownie — R$ 14
Total: R$ 111

A equipe da Espresso visitou anonimamente a casa e pagou a conta.

Texto originalmente publicado na edição #83 (março, abril e maio de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Praça da República, 167
Bairro República
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://instagram.com/_bonitacafe
TEXTO Equipe Espresso • FOTO Equipe Espresso

Cafezal

Cafés especiais de mulheres do Norte Pioneiro do PR são expostos no Chile

Neste ano, os participantes da Expo Café Chile, feira realizada na capital Santiago, terão a oportunidade de provar os cafés especiais produzidos por mulheres do Norte Pioneiro do Paraná. Os grãos com Indicação Geográfica (IG) estarão disponíveis entre os dias 13 e 14 de julho, no estande da Embaixada do Brasil.

Uma das marcas presentes será a Branca Flor, de Pinhalão, comandada por Rafaela Mazzottini Silva. “Fico agradecida pela oportunidade de levar o café do Norte Pioneiro para fora do país”, comemorou. Para a ocasião, a produtora levará embalagens personalizadas que contam a sua história na cafeicultura. “A IG tem uma importância enorme e acrescentou muito na propriedade e nas nossas vidas”, conta. 

A cafeicultora Rafaela Mazzottini Silva vai representar as mulheres do distrito Lavrinha, de Pinhalão – Foto: Arthur Guerino

Claudionira Inocência de Souza, cafeicultora e coordenadora do grupo das mulheres do café de Matão, em Tomazina, vai acompanhar Rafaela na feira. Ela conta que o projeto Mulheres do Café começou em 2013, no Norte Pioneiro do Paraná. Hoje, a Região concentra em torno de 150 cafeicultoras, que têm acesso a cursos, oficinas e capacitações pelo Sebrae/PR, além de assistência técnica do IDR-Paraná. 

Formalizada em 2010, a associação de cafeicultores do Matão, que até então era formada apenas por homens, ganhou mais um “P” a partir de 2014, e se tornou a Associação de Produtores e Produtoras de Cafés Especiais do Matão (Approcem) com a chegada das mulheres.

“As pessoas não sabem o tamanho da importância daquele ‘P’ nas nossas vidas”, afirma Claudionira, que por quatro anos também foi presidente da Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro (Amucafé). “Já havia um trabalho muito bom dos homens e não foi difícil, para nós, trabalharmos com cafés especiais. Tivemos ajuda da família e construímos um grupo forte, com visibilidade. As mulheres chegaram para somar”.

Claudionira de Souza diz que as mulheres chegaram para somar na cafeicultura do norte pioneiro do Paraná

Ela conta que a maioria dos cafés especiais, na forma crua, é exportada para a Europa e Austrália. Durante o ano, as propriedades recebem de cinco a seis visitas de compradores do exterior. Agora, com a oportunidade aberta a partir da Expo Café Chile, a expectativa é conseguir um novo parceiro comercial. “Somos da agricultura familiar. Não éramos reconhecidas e valorizadas. Hoje, ter esse reconhecimento é bom demais. Faz muita diferença em nossas vidas, famílias e para o norte pioneiro”, agradece a cafeicultora.

Para Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR, a participação no evento representa uma oportunidade de levar os cafés com IG do Norte Pioneiro para mais um país e, ao mesmo tempo, valorizar o trabalho das mulheres cafeicultoras da região. “A IG cumpre o seu papel de gerar desenvolvimento e dar visibilidade para o norte pioneiro, atraindo compradores do Brasil e do exterior”, acrescenta. Além dos cafés do Norte Pioneiro do Paraná, estarão representados, no estande brasileiro, grãos de São Paulo, Minas Gerais e Rondônia. 

TEXTO Redação
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