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Quarentena impulsiona venda on-line e marcas aumentam suas demandas

Com a chegada da quarentena no Brasil em meados de março, os empreendedores tiveram que se reinventar e a compra on-line ganhou um destaque enorme. Com as lojas fechadas e todos em casa, muitas pessoas passaram a se aventurar no ambiente virtual.

Uma pesquisa realizada pelo movimento Compre & Confie, em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), aponta que o e-commerce brasileiro faturou 56,8% a mais nos cinco primeiros meses de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Outra pesquisa, realizada pela consultoria IDC, afirma que no Brasil 52% dos entrevistados pretendem fazer mais compras on-line. A consultoria ouviu três mil consumidores da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru para entender a mudança de comportamento na quarentena.

Com o universo do café não foi diferente. As marcas tiveram que se reinventar para conseguir atender o consumidor. Um exemplo é o Suplicy Cafés Especiais, que precisou fechar as cafeterias e viu suas vendas digitais aumentarem muito. “Investimos em reformular nosso conteúdo on-line, bem como a comunicação em redes sociais. Assim, tivemos um aumento de 400% no site e de 585% na receita”, explica Bruna Caselato, COO da marca.

Segundo Bruna, o Suplicy contava com clientes fiéis on-line, porém não era o foco da rede. “Com a pandemia, demos o foco total e em duas semanas fizemos um site do zero, com novos produtos, atendimento mais simples e fácil, com contato via WhatsApp. Com isso, vimos as vendas crescerem positivamente. Em dois meses, podemos considerar o desempenho do e-commerce como de uma loja física”, afirma.

Muitos questionavam se as vendas e o consumo dos cafés poderiam ser prejudicados durante a pandemia. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Ricardo de Sousa Silveira, aponta que tudo isso que estamos vivendo é muito novo para dimensionar o tamanho de uma ruptura ou crescimento do consumo do café. “Em casa, realmente aumentou o consumo do café. A perda foi em cafeterias, hotéis e restaurantes que foram fechados e os números deles são muito representativos no volume do País”, explica.

Mas o que se percebe é a busca pelo produto para ter em casa. Ricardo comenta que não é a mesma experiência que você tem ao tomar um café em um ambiente charmoso como ao de uma cafeteria, mas acredita que as pessoas seguirão comprando o café, já que hoje em dia existem diversas opções de preço e qualidade, o que atrai a todos os fãs da bebida. Aqui você encontra uma matéria com especialistas em relação ao consumo do café.

Bruna, do Suplicy, explica que mesmo com a reabertura das cafeterias eles irão seguir, cada vez mais, com o foco no online. “Por exemplo, hoje, ao mesmo tempo que estamos crescendo neste canal, estamos buscando novas e melhores alternativas para uma entrega mais barata, rápida, segura e sustentável”, aponta. Em relação à abertura das lojas, a COO entende como uma etapa de adaptação a tudo que estamos vivendo.

A gerente de marketing do Orfeu Cafés Especiais, Lucianna Andrade, afirma que a marca teve uma queda no canal B2B (hotel, restaurante e cafeteria), porém um aumento no e-commerce. No varejo, a cápsula segue com um volume maior de vendas.

“A pandemia trouxe o desafio da marca se reinventar em meio a situação atual. Novos hábitos e consumidores vieram juntos desse novo mundo, assim como nossa parceria à muitos clientes que precisaram do nosso apoio. Fizemos ações, mantivemos unidos para que todos conseguissem passar pelo momento que nos afetou de alguma maneira. Orfeu acredita que o mercado irá se recuperar, na verdade a recuperação já vem dia a dia desde a abertura gradativa dos estabelecimentos”, finaliza Lucianna.

Fernando Dourado, gerente comercial do Santo Grão, também afirma que as vendas na loja virtual dobraram e que os clientes têm procurado bastante o meio digital. “Criamos melhorias com as transportadoras, com pedidos entregues em 24h na região de São Paulo, e conseguimos atender cada vez melhor os nossos clientes”, explica.

Quem já estava nesse meio on-line

Há mais de 15 anos a Café Store atende à demanda dos consumidores por produtos diferenciados do café e que são de difícil acesso no mercado brasileiro, através do site cafestore.com.br. A coordenadora do e-commerce, Juliana Couto, explica que, durante a pandemia, viram um aumento ainda maior nas vendas. “Pelos feedbacks que recebemos em nossos canais de atendimento, muita gente fez a sua primeira compra on-line durante a quarentena e adorou a praticidade e a comodidade de receber em casa. Notamos que o cliente está cada vez mais interessado em tirar suas dúvidas sobre os produtos”.

No final do mês de julho, a marca irá disponibilizar no site o recurso de Assinatura, que permitirá que o cliente recompre de forma automática os seus cafés preferidos dentro da frequência desejada de recebimento.

Dicas da ABComm para se reinventar no digital

– Entenda a jornada do consumidor antes dele chegar ao carrinho de compras e em estratégias que possam melhorar essa experiência em todas as etapas;

– Use ferramentas para avaliar as tendências do mercado e alinhe a sua estratégia de acordo com essas informações;

– Invista em campanhas de marketing digital para expandir a divulgação dos seus produtos e, assim, maximizar sua visibilidade;

– Analise o poder das redes sociais e crie histórias atraentes para posicionar a sua marca;

– Invista em atendimento ao cliente e trabalhe a fidelização, afinal, clientes fidelizados geram recorrência e com isso é possível poupar investimentos atraindo novos leads;

– Não esqueça que o consumidor também mudou. Hoje eles valorizam marcas que pensam neles e que tenham um propósito. Ao se arriscar e apostar em transformação digital agora, isso pode mudar o futuro do seu negócio.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Café Editora

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