Café & Preparos

Prova de águas revela diferentes resultados para o café

cafe_hario_acaia

Como a água pode afetar o resultado de um café? Nos preocupamos com o melhor grão, com a escolha do método de preparo, em como moer, com a temperatura da água, mas, no fim, derrapamos com a qualidade da água ou com a escolha da água ideal para um determinado café. Já debatemos o assunto algumas vezes na revista Espresso, mas a discussão é ampla, depende de diversas variáveis e sempre rende surpresas. Foi o que aconteceu nesta quinta-feira (7/1), quando nossa equipe provou, ao lado dos baristas Thiago Nego e Regina Machado, nove águas coletadas de diferentes fontes do Parque das Águas de Caxambu (MG). cafe_agua_degustacao

O convite veio de Thiago, que fez a coleta das águas durante a passagem pela cidade mineira no final do último mês de dezembro. Embaladas em garrafinhas compradas no local, as águas foram degustadas uma a uma, in natura, em uma sequência aleatória. A seguir, escolhemos duas águas que se destacaram durante a prova para preparo de um mesmo café, além da água da marca Voss para referência. Confira abaixo as características sensoriais percebidas. agua_degustacao_cafe

Prova I: águas naturais 1 – Fonte Dom Pedro Características sensoriais: doce, carbonatada, sensação de acidez. Origem do nome: o nome é uma homenagem ao Imperador D. Pedro II. Características químicas da água: água mineral carbogasosa, bicarbonatada, alcalina terrosa, fluoretada, radioativa forte.

2 – Fonte Viotti Características sensoriais: salinidade média, frutada. Origem do nome: homenagem ao Dr. Polycarpo Rodrigues Viotti, um médico ilustre que viveu e clinicou em Caxambu. Características químicas da água: água mineral tipo, fluoretada, ferruginosa, carbogasosa e radioativa.

3 – Fonte Venâncio Características sensoriais: doce, salina, corpo macio, certa coloração, com resíduos minerais visíveis. Origem do nome: homenagem a um caxambuense que dedicou grande parte de sua vida ao Parque das Águas, o Sr. Venâncio da Rocha de Figueiredo, que também participou das captações das fontes de Lambari e Cambuquira. Características químicas da água: água mineral alcalina, carbogasosa, alcalino-terrosa-bicarbonatada, cálcica, magnesiana, fluoretada, radioativa.

4 – Fonte Mayrink Características sensoriais: neutra, com finalização seca. Origem do nome: homenagem a Francisco de Paula Mayrink que adquiriu a Empresa das Águas de Caxambu em 24 de maio de 1890. Características químicas da água: água mineral carbogasosa e radioativa, acídulo-gasosa e radioativa.

5 – Fonte Ernestina Guedes Características sensoriais: adstringente, sensação de flúor, coloração turva, salinidade alta. Origem do nome: homenagem à família Guedes que participou do desenvolvimento do município de Caxambu. Características químicas da água: água mineral alcalina bicarbonatada, alcalina terrosa, alcalina terrosa cálcica, alcalino terrosa magnesiana, carbogasosa, ferruginosa, fluoretada e radioativa.

6 – Fonte Beleza Características sensoriais: leite de magnésia, remédio, alta salinidade, dureza alta, finalização persistente. Origem do nome: a fonte, quando voltou a jorrar após algum tempo seca, causou grande surpresa e recebeu então nome de Beleza pela admiração que causava. Características químicas da água: água mineral alcalina bicarbonatada, alcalino terrosa cálcica, alcalino terrosa magnesiana, ferruginosa, fluoretada, carbogasosa e radioativa.

7 – Fonte Duque de Saxe Características sensoriais: alta salinidade, sensação de ferro e acidez. Origem do nome: homenagem ao marido de D. Leopoldina (genro do Imperador). Características químicas da água: água alcalina bicarbonatada, alcalina terrosa, alcalina terrosa cálcica, alcalina terrosa magnesiana, fluoretada, carbogasosa e sulfurosa. Contém enxofre.

8 – Fonte D. Isabel / Conde D’Eu Características sensoriais: salina mais branda que as demais, alta taxa de ferro perceptível pela coloração, carbonatada. Origem do nome: consta que a Princesa Isabel fez uso das águas de uma fonte ferruginosa, localizada no lado esquerdo das margens do ribeirão do Bengo para curar uma suposta infertilidade. Na verdade, as águas ferruginosas da fonte são indicadas para a anemia. Coincidência ou consequência, o fato é que a gravidez imediata contribuiu para a maior notoriedade das águas. Características químicas da água: água mineral bicarbonatada, alcalina terrosa cálcica, alcalino terrosa magnesiana, ferruginosa, carbogasosa, fluoretada e radioativa.

9 – Fonte D. Leopoldina Características sensoriais: carbonatada, herbal, doce, salina Origem do nome: homenagem a Dona Leopoldina, membro da antiga família Imperial Brasileira, filha do Imperador D. Pedro II. Características químicas da água: água mineral, carbogasosa, bicarbonatada, alcalina terrosa, alcalina terrosa cálcica, fluoretada e radioativa.

 

Prova II: duas águas diferentes do Parque das Águas de Caxambu, além da água Voss para referência, para preparo do café catuaí vermelho, do produtor José Alexandre, da comunidade de Forquilha do Rio, de Dores do Rio Preto (ES), processamento natural.

1 – Voss + café Características sensoriais: destacou a acidez do café, a doçura e o corpo médio.

2 – Fonte Dom Pedro + café Características sensoriais: certo amargor, adstringência, baixa acidez.

3 – Fonte Beleza + café Características sensoriais: perda de corpo, doçura e acidez. Certo amargor. As características positivas foram anuladas. Os baristas Thiago e Regina salientam que o resultado não se trata de um aspecto negativo das águas das fontes Dom Pedro e Beleza. “O que aconteceu foi que para este café, neste método de preparo, essas águas não funcionaram. Mas podem render resultados mais satisfatórios com outros cafés ou outros métodos de preparo. Tudo depende. São muitas variáveis e o importante é buscar o que mais agrada o seu paladar e continuar testando para entender o café que você está tomando e como um pequeno detalhe – neste caso, um grande detalhe, a água – pode mudar a bebida na xícara”, diz Thiago Nego. A degustação aconteceu no Sofá Café de Pinheiros, em São Paulo (SP).

A casa oferece o curso “Água: a base de um bom café”, onde são discutidos os aspectos físico-químicos e organolépticos da água. Na aula, o aluno degusta dois cafés diferentes, onde todas as variáveis de preparo são padronizadas. A seguir, um único café é mantido e a única variável é a água, alternada entre sete tipos distintos. O curso é ministrado pela barista e mestre de torra Regina Machado e pela engenheira ambiental, mestre em Hidráulica e Saneamento, Taiana Homobono. As vagas são limitadas.

Serviço Água: a base de um bom café Data: 13 de fevereiro, das 10h às 16h Local: Rua Bianchi Bertoldi, 130 – Pinheiros, São Paulo (SP) Duração: 6 horas (com intervalo de 30 minutos) Número máximo de alunos: 5 Valor: R$ 280,00 à vista ou depósito bancário Inscrições: (11) 3034-5830 ou cursos@sofacafe.com.br.

TEXTO Da redação • FOTO Café Editora

Deixe seu comentário