Cafezal

Projeto quer revitalizar o Vale do Café no Rio de Janeiro

Uma viagem ao túnel do tempo até o século XVIII, que envolve belas paisagens, Viscondes, Duques, Condes, Marqueses, Dom Pedro, Princesa Isabel, entre outros nomes que fizeram parte da nossa história.

Esse é o Vale do Café, localizado a cerca de 120 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. Um local que no passado produzia café, aliás, foi essa produção que impulsionou a região na época e criou as fazendas históricas. A região chegou a produzir 75% do café consumido no mundo. Atualmente, são poucas as fazendas que cultivam o café, mas isso está mudando por conta de um projeto desenvolvido pelo Sebrae/RJ.

Para este projeto, intitulado Vocações Regionais da Cafeicultura Fluminense que teve início em 2014, foram escolhidas as regiões Noroeste, Serrana e Vale do Café pela tradição e potencial para produção de cafés diferenciados. O professor da Universidade de Lavras Flavio Borém é um dos coordenadores do projeto e percebeu a perspectiva no lugar que tem entre seus objetivos revitalizar a cafeicultura para produção de cafés especiais e apresentar as possibilidades de agregar valor ao produzido no estado. Algumas fazendas foram selecionadas e por um processo de seleção natural outras saíram.

Segundo Lidia Espindola, analista do Sebrae: “A proposta do programa é revitalizar a cafeicultura no Vale para produção de cafés especiais. Serão dois eixos de atuação: para quem já planta e quer produzir um café especial ou aqueles que querem começar o cultivo”, explicou. Segundo ela, as fazendas participantes contam com o apoio Sebrae/RJ, acompanhamento técnico e poderão utilizar os recursos disponíveis pelo Programa Sebratec, que subsidia 60% dos custos.

A equipe da Espresso foi convidada a conhecer um pouco mais o projeto e as regiões que fazem parte dele. Além do professor Flávio Borém, o projeto conta com a orientação do Sebrae/RJ, a consultoria do produtor João Mattos, da Fazenda Braúna, que auxilia nas orientações técnicas do café, e um coordenador que visita o local e tira dúvidas de cada fazenda. Marcelo Graça, técnico em agropecuária, é um deles que verifica cada passo da lavoura, como por exemplo, se o adubo está certo e se foi aplicado, o que é melhor para cada solo. “É um trabalho de parceria e confiança. Uma relação que se reflete na lavoura”, afirma.

Fazenda Alliança

A proprietária Josefina Durini preparou um belíssimo café da manhã, para nossa equipe, com tudo que é produzido na própria fazenda. A fazenda é orgânica e certificada peça Ecocerta, por isso Josefina deseja, entre outros projetos, realizar uma parceria com escolas e assim levar o seu alimento orgânico para as crianças.

A fazenda é histórica do século XIX e é possível visitar cada cômodo da casa, conhecer móveis da época, que são misturados com obras que Josefina traz de suas viagens, além de visualizar como era o processo do café antigamente.

Para este projeto Josefina apostou no café orgânico. Um trabalho, segundo ela, de formiguinha, que iniciou a plantação entre fevereiro e março de 2017. Foram alguns desafios como área baixa e cuidados para nivelar o terreno que tem uma altitude, de cerca de, 500 metros. Segundo Marcelo, ali foi utilizado o sistema de irrigação por gotejamento e esterco de búfala, aliás, é delas que Josefina aproveita para a produção de queijos, leite, entre outros alimentos.

www.fazendaallianca.com.br

Hotel Fazenda Florença

Foi fundada no século XIX pela família portuguesa Teixeira Leite, que foram atraídos para o Vale do Paraíba por conta da riqueza do café. A atual sede do casarão, que foi erguida em 1852, está aberta para visitação (com horário programado) e você pode mergulhar de cabeça na história que é contada com muita emoção pelo proprietário Paulo Roberto dos Santos.

Há 20 anos Paulo faz parte desta fazenda, “foram seis anos restaurando a casa e como hotel estamos há 14 anos”, afirma. Ele conservou a casa, móveis, louças, espaços ricos em detalhes da época.

Paulo se interessou pelo projeto do Sebrae e não esconde o encantamento na hora de servir o seu próprio café, que define com um gostinho de mel. São cinco hectares, que começaram a ser plantados em 2017. No meio do cafezal, Paulo, vai montar a sua cafeteria, “minha ideia é que as pessoas venham acompanhando todo o cafezal e sua história e depois pare para degustar o café!”, contou Paulo, que deseja ter a cafeteria pronta para o Festival Vale do Café, que acontece no final de julho.

“O projeto me encantou, procuro evitar ao máximo o uso de agrotóxicos. Aqui, onde hoje é o cafezal, era uma área de pasto de éguas, que transformamos e contempla ainda árvores como Ypês, Quaresmeiras, Jabuticabeira, entre outras”, conta Paulo.

O turismo é forte na fazenda que conta com recreação para as crianças, quadra de esporte, campo de futebol, piscinas, entre outros. O hotel conta com a Ala das Roseiras; Quaresmeiras e Nolinas e suítes Master Junior e Master, além de lazer para adultos e crianças.

www.hotelfazendaflorenca.com.br

Fazenda União

Localizada em Rio das Flores, região sul fluminense, a fazenda, do século XIX, foi construída pelo Visconde do Rio Preto e conservada até hoje com mobiliário original e peças recuperadas em antiquários pelo proprietário Mario Vasconcellos Fernandes.

Mario, um colecionador nato, recebeu a nossa equipe, com um jantar em uma mesa preparada tipicamente com pratos e talheres da época de Dom Pedro. A Fazenda é também um hotel histórico focado no turismo, que busca refletir sobre as tradições e costumes da época.

Agora conta com um hectare de café, que começou a ser plantado em meados de fevereiro ou março de 2017. Segundo Marcelo, a fazenda rendeu poucos frutos por problemas no solo, que já estão sendo resolvidos. Por causa do vento, optaram por plantar milho próximo do café para servir de “corta vento” e a plantação de café foi dividida em talhões.

www.fazendauniao.com.br

Fazenda Da Taquara

Marcelo Streva é a sexta geração da família da Fazenda Da Taquara, foi seu tetravó quem fundou o local. Por isso, é com propriedade e brilho nos olhos que Marcelo conta toda a história da família para os turistas que visitam o casarão.

Móveis, retratos, diferentes objetos e até roupas dos seus ancestrais foram conservadas. Marcelo tomou a frente dos negócios em 2015, “foi um ano muito difícil, meu pai tinha mais de 150 mil pés de café, criou um viveiro imenso e de repente não tínhamos mais. Tive que com calma analisar o que fazer e comprar mudas para começar o plantio do café novamente”, conta ele.

Segundo Marcelo ele chegou a cogitar o cultivo do café orgânico, “quando coloquei na ponta do lápis, vi que não seria possível”, conta ele. Atualmente são quatro hectares de café, já comercializados por Marcelo. “Era o único do projeto que já plantava café”, afirma Lidia.

A fazenda é aberta ao público para visitas guiadas com café e almoço e de domingo aberta para almoço.

www.facebook.com/fazendadataquaravisitahistorica

Fazenda Saint Robert

Local que na década de 1960/70 funcionava um hospital para tuberculosos e que após o plano cruzado se transformou em um hotel fazenda. O espaço era do pai do Henrique Marques Lisboa, que comprou a parte dos seus irmãos e investiu no local, criando um espaço para toda a família.

Os adultos que chegam ao local já ganham um vale chopp, para a sexta-feira, e um vale café, para o sábado. A Fazenda conta, ainda, com uma área de recreação, uma mini fazenda, minigolfe, piscinas, um restaurante na sede e o Reserva Aroeira e agora uma plantação de café.

Henrique começou a plantação em 2017 das variedades IPR 100 e Catucai Vermelho. “Hoje, meus filhos assumiram a administração do hotel e eu estou nas aventuras do café, cerveja e cachaça”, afirma. Próximo ao cafezal já existe uma cafeteria, em que os visitantes, podem degustar cafés e as comidinhas deliciosas que são preparadas como tortas e bolos.

www.hotelfazendastrobert.com.br

Conheça a magia do Vale do Café
De 20 a 29 de julho acontece o Festival Vale do Café, em que os visitantes poderão conhecer as fazendas do século XIX. Criado em 2003 o Festival ocorre sempre em julho, oferecendo espetáculos com muita música e história do Vale.

Quem for até lá poderá conhecer a intimidade dos maiores núcleos produtivos do ciclo do café, fazendas históricas de arquitetura tradicional da época como azulejos, pratarias, pinturas, louças, bordados, estátuas, documentos, entre outros.

É necessário comprar o ingresso para participar da programação de cada fazenda. Saiba mais sobre o festival e garanta seu ingresso no site www.festivalvaledocafe.com.br.

Serviço
Festival Vale do Café
Quando: de 20 a 29 de julho
Maiores informações: www.festivalvaledocafe.com.br

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Café Editora

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