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Pesquisa Abic: consumo interno de café no Brasil registrou crescimento em 2020

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) realizou uma coletiva de imprensa on-line e divulgou dados que mostram a importância do café no dia a dia dos brasileiros e na indústria nacional.

Os números de consumo revelam que, apesar da crise econômica gerada pela pandemia que afetou diversos setores em 2020, a procura por café seguiu crescendo, com um aumento de 1,34% em relação ao mesmo período analisado no ano anterior.

Em relação à indústria, a Abic revela dados de uma pesquisa qualitativa, a primeira realizada em duas décadas no Brasil, que mostra que 82% do setor é composto por micro e pequenas empresas e a produção industrial se concentra no Sudeste (76,6%).

O consumo interno de café no País registrou crescimento em 2020: foram 21,2 milhões de sacas entre novembro de 2019 e outubro de 2020, o que representa uma alta de 1,34% em relação ao período anterior, que considerou dados de novembro de 2018 a outubro de 2019.

Os números coletados pela Abic revelam ainda que, no ano passado, o Brasil manteve a posição de segundo maior consumidor de café do mundo. Dados da última pesquisa realizada pela Euromonitor em 2019 destacam o País como maior mercado mundial em volume total de café como bebida quente. Quando analisado o consumo per capita, observa-se que, em 2020, ele foi de 5,99 kg por ano de café cru e 4,79 kg por ano de café torrado. O bom desempenho na mesa do consumidor teve impacto direto na indústria: as empresas associadas à Abic registraram um crescimento de 2,19% no período.

Atualmente, as indústrias associadas respondem por 72,4% da produção do café torrado (grão e moído) e representam 85,4% de participação (share) no mercado. A Abic registra em seu banco de dados mais de 3 mil produtos certificados. Abaixo, é possível ver dados detalhados sobre o consumo interno de café no Brasil:

Micro e pequenas empresas são maioria na indústria do café

O estudo qualitativo realizado pela Abic, que traz um perfil da indústria produtora de café no Brasil em 2020, mostra que 82% do setor é composto por micro e pequenas empresas. Os números mostram que 70% delas operam com administração exclusivamente familiar.

Como são pequenos, 80% desses negócios têm até 19 colaboradores e contam com capacidade de produção de até 2 mil sacas por mês. Para se ter uma ideia, há 20 anos, os pequenos produtores representavam apenas 33,4% dos industriais.

“É importante entendermos como a nossa indústria está organizada para identificarmos como podemos auxiliar na melhoria do parque industrial e na estruturação desses negócios, consequentemente oferecendo um produto com ainda mais qualidade para o consumidor”, explica Ricardo Silveira, presidente da Abic.

Os dados de 2020 revelam ainda que a terceirização cresceu de 2% para 7%, mas as produções próprias ainda são a maioria em 93% dos pesquisados. Os principais canais de distribuição são supermercados regionais, redes médias e pequenos varejos, que juntos representam 57,6% do faturamento das indústrias.

Torrado e moído

O café torrado e moído continua na frente, com impacto de 81,4% no faturamento das empresas. Mas, apesar de estar em segundo lugar, o tipo torrado em grão saltou de 3,4% de participação em 2000, para 15% em 2020. Em relação ao tipo de embalagem para café torrado e moído, a almofada continua liderando, com 80,3%, e a embalagem à vácuo, que representava 40%, caiu para 10,2%.

Outro crescimento é o da fonte de aquisição de matéria-prima para a produção de café. Em 2000, a compra realizada diretamente do produtor representava apenas 25,4% do total e atualmente responde por 71%.

Produção industrial tem concentração no Sudeste

A pesquisa mostra que a produção industrial está concentrada no Sudeste, que detém 76,6% do mercado. Em segundo lugar vem o Nordeste, com 15,4%. Para distribuir o café desenvolvido nas empresas, 62% dos associados usam frota própria.

Com o desenvolvimento do setor industrial no Brasil, a Abic comemora a conscientização sobre a importância nos cuidados com o produto que é entregue ao consumidor e também com o meio ambiente. De acordo com a pesquisa, 34% das empresas já implantaram programas de sustentabilidade nas suas unidades.

Já a certificação de produtos com o uso dos selos da Abic teve alta de 85% nos últimos cinco anos. Atualmente, a Associação certifica mais de 3 mil produtos quanto à pureza, sendo 1.041 produtos com a categoria de qualidade certificada, e realiza mais de 5 mil análises para o monitoramento do mercado.

Tecnologia

No ano passado, a Abic lançou o aplicativo ABICAFÉ, que permite que os usuários façam uma rápida consulta no momento da compra para checar se o produto que eles pretendem adquirir é certificado e atende aos padrões exigidos de pureza e qualidade. Essa iniciativa reflete uma série de esforços para buscar soluções e ferramentas que auxiliem no desenvolvimento do agronegócio café.

TEXTO Redação • FOTO Andrea Tummons Ehymer

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